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quinta-feira, 26 de abril de 2012

HOMILIA PARA O QUARTO DOMINGO DO TEMPO PASCAL DE 2012


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé! 

            “O Quarto Domingo do Tempo Pascal, é o domingo do Bom Pastor e o Dia Mundial de Oração pelas Vocações!

            A mística pascal continua e, neste domingo, a comunidade sente-se especialmente enriquecida e animada com a presença viva de Jesus como Bom Pastor. Jesus ressuscitado é o Bom Pastor que doa sua vida pelas ovelhas. Ele as conhece pelo nome e elas reconhecem a voz de seu pastor. Boa Nova que revela ternura e cuidado para com seu povo, em especial, com os doentes e sofredores. [...]

            Vivemos uma cultura da coisificação da pessoa. Se lhe atribuímos códigos e senhas. Não existe, porém, som mais deleitoso, do que ouvir alguém nos chamar pelo nome. Pessoalmente tenho grande dificuldade de guardar o nome das pessoas, embora não esqueça suas fisionomias. É algo que me entristece, porque é bom demais ser reconhecido pelo nome ao invés de identificado por códigos, apelidos pejorativos ou senhas. O que não suporto é o fingimento que muitas vezes disfarça nossa incapacidade de guardar na memória nomes de pessoas com quem nos relacionamos. Irrita-me profundamente quando alguém, seja ao telefone, seja pessoalmente, me peça que adivinhe quem é! Peço que se identifique de uma vez. Mas a questão de conhecer o rebanho, as ovelhas pelo nome e essas reconhecerem nossa voz é bem mais profundo e transcendente do que simplesmente lembrar o nome deste ou daquele colaborador em nossas Comunidades Eclesiais, Sociais, Políticas ou Profissionais. [...]

‘Uma verdadeira conversão pastoral deve estimular-nos e inspirar-nos

atitudes e iniciativas de autoavaliação e coragem de mudar várias

estruturas pastorais em todos os níveis, serviços, organismos,

movimentos e associações’ (CNBB. DGAE. DOC. 94. N. 26).



            A sociedade atual, sobretudo os jovens e adolescentes, se move pela busca de figuras referenciais para sua vida. Os padrões editados pela mídia projetam modelos que condicionam as pessoas a assumi-los, por vezes com consequências nefastas. Cantores e artistas famosos, atletas bem sucedidos etc., alimentam o sonho de autorrealização, de fama e de ser um herói para milhões de indivíduos. Estes ‘ídolos’ mexem com o universo imaginário e simbólico das pessoas, sobretudo dos mais jovens.

            Jesus  é o Bom Pastor, não simplesmente em oposição à figura dos pastores mercenários, mas porque valoriza e conhece suas ovelhas e é reconhecido por elas. Ele dá a vida por elas por uma opção de amor. Portanto, Jesus se apresenta à comunidade como Bom Pastor, movido pela lógica do amor e não por interesses e favores pessoais, a exemplo dos mercenários. Quem não ama sua comunidade (seu povo) até à doação de sua vida, não pode ser considerado pastor exemplar. [...]

            O Dia Mundial de Oração pelas Vocações nos convida a rezarmos ao Senhor que envie pastores configurados com Cristo, o Bom Pastor! A começar dos Ministros Ordenados aos Agentes de nossas Pastorais, somos também convidados à conversão, à coerência e ao bom senso em nossas atividades, que devem estar sempre pautadas sobre o Projeto Evangelizador e Missionário de Jesus Cristo, o Bom Pastor! Quem não gasta sua vida pela Comunidade (o rebanho) corre o risco de compreender sua vocação como ‘meio de vida’, o que se torna geralmente um desastre. Por isso é fundamental conhecer Jesus Cristo ressuscitado e identificá-lo como o Bom Pastor a ser seguido. [...]

            Conhecer Jesus e tê-lo como modelo de vida implica conhecer seu amor e aderir ao estilo de seu agir. A mútua relação entre Jesus e os seus gera e nutre a relação de intimidade, de confiança, de diálogo, de pertença, de segurança. Não é em vão que a palavra pastoral evoca: zelo, cuidado, carinho, misericórdia, compaixão, amor, dedicação, ternura, atenção às pessoas e às suas necessidades.

            O agir do Bom Pastor torna-se referencial da ação eclesial e dos diferentes serviços pastorais da Igreja em favor do povo. Por isso, falar de Pastoral na Igreja é ter presente Jesus Cristo, o Bom Pastor, enviado pelo Pai, que dá a vida pelas suas ovelhas (cf. Jo 10,11.15) e à ‘sua’ missão de pastoreio confiada à Igreja, colocando pastores à sua frente. Fazer pastoral é exercer a missão de Jesus e em nome de Jesus Bom Pastor lembra a generosidade e a disponibilidade de um número incontável de batizados, engajados nos serviços da ação evangelizadora e pastoral da Igreja. A nossa atuação pastoral é relacional, de amizade, é oblativa em união com a caridade do Bom Pastor, é transformante, porque faz de nós um sinal claro do próprio Jesus (cf. Papa Bento XVI. Mensagem para o Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes).

            Pela atuação da pessoa do Papa, Bispos, Presbíteros, Religiosos, Religiosas e das Lideranças Leigas, Jesus, o Bom Pastor, continua doando sua vida, manifestando seu carinho e sua atenção por nós, pelas comunidades, em especial, por doentes e sofredores. Estes são os privilegiados da ternura e do cuidado do Bom Pastor” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB n. 21, pp. 43-48).

            Nossas Comunidades, com razão, são cada vez mais exigentes. Sejamos Bons Pastores para elas. Sejam elas, Queridas Ovelhas para nós. Essa relação só será possível se rezarmos com o coração configurado com Jesus Cristo ressuscitado e vivo entre nós, como o modelo de Bom Pastor:





Jesus, divino mestre,

que chamastes os apóstolos a vos seguir,

continuai a passar pelas nossas famílias e comunidades.

Despertai corações generosos

para vos seguir como apóstolos leigos,

como sacerdotes,

como religiosos e religiosas,

servidores voluntários do povo de Deus

e de toda a humanidade. Amém.



            Desejando-lhes abundantes bênçãos, com ternura e gratidão o abraço sempre fiel e amigo,

Padre Gilberto Kasper

(Ler At 4,8-12; Sl 117(118); 1 Jo 3,1-2 e Jo 10,11-18)