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quinta-feira, 30 de março de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - QUINTO DOMINGO DA QUARESMA

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!


 Chegamos ao Quinto Domingo da Quaresma. Depois de quarenta dias de grande jejum, continuada penitência e profundo retiro de oração, vamos contemplar hoje a Ressurreição e a Vida. Este Quinto Domingo da Quaresma, pelos antigos era chamado de "Domingo da Paixão" - ressaltado pelos acontecimentos da ressurreição de Lázaro. Ressurreição que causou ódio das autoridades civis daquele tempo contra Jesus, que dava um sinal de como deveria ser sua própria ressurreição. O acontecimento de hoje conduz à Páscoa da morte e ressurreição de Jesus Cristo.

A experiência batismal estabelece e manifesta a sintonia existente entre os três últimos domingos da Quaresma. No Terceiro Domingo da Quaresma, no acontecimento da Samaritana, falou-se em água viva, em água que jorra para a vida eterna, e Jesus apresentou-se como quem é capaz de dar de beber esta água salvadora. No Quarto Domingo da Quaresma, Jesus revelou-se como a luz do mundo. A água e a luz fazem crescer, vivificam os seres vivos. Sem água e sem luz, conhecemos a morte. A partir da água e da luz, Jesus reafirma sua divindade e seu poder de dar a vida, e a vida plena, que não se acaba.

O motivo da celebração eucarística é a ressurreição e a vida de todos os que se deixam conduzir pela palavra de Deus. Dela nos vem a força e a esperança para continuar na caminhada rumo à Páscoa, superando toda tristeza e morte. O profeta Ezequiel anuncia ao povo que Deus deseja comunicar a vida a quem está sob o jugo da morte. Jesus, ao ressuscitar Lázaro, concretiza o sonho do profeta e se apresenta como “a ressurreição e a vida”. Deus não quer que seu povo viva em condições de mortos-vivos e abandonado à própria sorte. Jesus ama seu povo e, por isso, ordena que desatemos as amarras que mantêm as pessoas presas. Viver segundo o Espírito de Deus é fazer nossas opções de Jesus.

O Profeta Ezequiel prega para um povo “morto”, caído por terra e sem esperança de vida. Um povo vencido e desanimado no exílio, que é visto como um monte de ossos secos. A “palavra profética” é palavra recriadora. Por isso, o que parece impossível aos homens, pode se transformar numa ocasião para Deus revelar a sua força recriadora. Lentamente os ossos são revivificados pelo Espírito de Deus. O povo renova-se à medida que vai tomando consciência da sua dignidade.

O Apóstolo Paulo fala do espírito que vivifica, mesmo se o corpo estiver morto. O espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos fará viver até os nossos corpos mortais. Esta vida nova, vida habitada pelo Espírito, requer superação de tudo o que não agrada a Deus. A partir da Ressurreição de Cristo quem determina o ser e agir do ser humano, não é mais o pecado e o egoísmo, mas o Espírito; não é mais a morte, mas a vida.

Jesus está a caminho de Jerusalém. É sua última viagem. Em Betânia, apenas a uns 3 km de Jerusalém, faz o grande milagre da ressurreição de Lázaro. Betânia era parada obrigatória dos peregrinos de Jerusalém. Ali eles tomavam banho, preparavam-se para entrar na cidade santa. Não poderia ser diferente com Jesus e com os apóstolos. A parada de Jesus foi na casa de Maria, de Marta e de Lázaro, seus íntimos amigos.

A figura de Lázaro, encerrado no sepulcro e amarrado em faixas, personifica o discípulo que, ao convite do Senhor, necessita sair de seu mundo (aqui o sepulcro é imagem forte disso), para ganhar a vida. A vida do batizado implica rupturas e mudanças radicais com determinadas práticas de vida, ao mesmo tempo em que ele se insere numa comunidade de vida. Na Quaresma, somos chamados à conversão, a deixar projetos que nos prendem ao egoísmo e a apostar na tarefa de criar um mundo solidário, com mais vida. Temos de anunciar, mais com ações do que com palavras, que acreditamos que só é parceiro de Deus quem defende a vida e que tudo será possível com amor autêntico e coerente.

Somos convidados a preparar-nos bem, a fim de que esta seja a mais rica Páscoa já celebrada em nossa vida pessoal, comunitária e social. Não deixemos para celebrar o rico Sacramento da Confissão na última hora, na Semana Santa! Aproveitemos os Mutirões de Confissões nas Foranias de nossa Arquidiocese, que reúnem dezenas de Sacerdotes cada noite, em praticamente todas as Paróquias para atender-nos e devolver-nos a paz que o pecado nos tira. Os Padres também precisam de tempo oportuno e necessário para bem prepararem-se para as solenes celebrações de toda a Semana Santa! Procurar a confissão de última hora, geralmente frustra tanto o Sacerdote como quem o busca. A confissão deve ser celebrada e não improvisada. É compensador ver e sentir as pessoas celebrarem sua Reconciliação com Deus, consigo mesmas e com os outros! O alívio do perdão e da reconciliação revestirá a Celebração da nossa principal festa anual: a Páscoa da Ressurreição do Senhor e nossa de sentido mais profundo, oferecendo-nos, diante de nossa Cultura de Sobrevivência, novas esperanças, perspectivas, ânimo e sentido de vida verdadeira.

Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler Ez 37,12-14; Sl 129(130); Rm 8,8-11 e Jo 11,1-45).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Abril de 2017, pp. 16-20 e Roteiros Homiléticos da CNBB para a Quaresma (Abril de 2017), pp. 42-49.

NOSSO SILÊNCIO DIALOGA COM O CRIADOR!

Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente e Coordenador da Teologia na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP S.A., Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.

A vida pode ser uma sucessão de coincidências felizes, de encontros prazerosos, de união entre as pessoas. Mas nem sempre é isso o que vemos ao nosso redor. Na correria diária, são muitos os “ruídos” que tiram o nosso sossego e atrapalham a nossa convivência. Nosso silêncio dialoga com o Criador! Já no entardecer da Quaresma, somos convidados ao difícil exercício do silêncio, que nos ajudará a sermos melhores diante de nós mesmos, dos outros e principalmente porque ouviremos o que nos tem a dizer nosso Criador!
            Por vezes nos tornamos porta-vozes da difamação ao invés de instrumentos da Paz. Quando não tivermos nada de bom para falar de algo ou sobre alguém, o silêncio será nossa voz e ecoará no coração misericordioso do Pai. O silêncio nem sempre é um exercício fácil, principalmente em meio a tantos meios tecnológicos modernos, bem como a liberdade de expressão!
            Na era da Internet, toda e qualquer mensagem se propaga num piscar de olhos. Fatos que ocorrem num canto do planeta atravessam fronteiras, chegando a outras cidades, outros países e continentes com a rapidez de um clique. Alimentadas pela fofoca, histórias que envolvem a intimidade das pessoas tomam proporções inimagináveis e invadem nossos lares como se fossem verdades absolutas. E essas histórias fomentam antipatias, preconceitos e desprezo.
            Outro agente semeador de discórdia é a necessidade que alguns têm de impor suas idéias e sua maneira de ser. Parecem querer provar a si mesmos que são superiores aos outros. Muitas pessoas gostam de recitar a Oração de São Francisco, como um poema em homenagem à Paz. É fundamental que todos compreendam que a construção desta Paz, em nível mundial ou dentro de casa, depende de cada um de nós. Depende de uma mudança de conduta pessoal. Nas palavras de São João Paulo II e retomadas pelo amado Papa Francisco, num discurso que fez em Assis, a Paz é descrita como um canteiro de obras aberto a todos: “A paz é uma responsabilidade universal: passa através de milhares de pequenos atos da vida cotidiana. Por seu modo cotidiano de viver com os outros, as pessoas optam pela Paz ou a descartam”.
            Sempre que deparamos com a tentação da discórdia, é bom lembrar o exemplo da Família de Nazaré. Foram muitas as apreensões vividas por Maria, José e o Menino Jesus enquanto buscavam um lugar seguro para morar, mas em nenhum momento perderam o sentido da união. Mantiveram-se juntos para o que desse e viesse.
            Assim também deve ser a nossa vida. Não podemos nos perder uns dos outros. E, mais importante ainda, não podemos nos perder de Deus, que é a fonte de toda união. Não nos afastemos de sua Palavra em nossa vida pessoal, familiar, social e profissional. A fé em Deus nos ensina a contribuir para a união entre os seres humanos.
            Esse discernimento nos leva a refletir antes de realizarmos toda e qualquer ação. A reflexão é o exercício dos sábios. Quando desenvolvemos o hábito de refletir, conseguimos criar um equilíbrio entre razão e emoção, atuando com mais cordialidade e gentileza. Nossas palavras serão mais adequadas, nossas conversas mais oportunas e positivas. Nossas decisões serão mais justas. Nosso comportamento dará aos outros a certeza de que Nosso silêncio dialoga com o Criador!

quarta-feira, 22 de março de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - QUARTO DOMINGO DA QUARESMA

LAETARE – DOMINGO DA ALEGRIA

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!



            Na caminhada para a Páscoa já próxima, somos convidados a deixar atitudes de tristeza e desânimo e assumir a alegria e o otimismo, porque o Quarto Domingo da Quaresma - LAETARE é o domingo que antecipa as alegrias da festa da Páscoa que a Quaresma prepara nas entranhas de nossas Comunidades de Fé, Esperança e Amor, no íntimo de cada cristão. Jesus cura nossa cegueira e ilumina as trevas que alienam a vida das pessoas, principalmente as que desrespeitam a Criação! Deus vê fundo, não se deixa enganar pelas aparências. Nossa fé em Jesus leva-nos a superar os valores do mundo e os seus preconceitos e assumir os riscos que ela comporta, denunciando toda maldade fruto das trevas. Deus não age segundo critérios humanos: ele vê o coração dos homens, não as aparências. O encontro com Jesus, luz da humanidade, transforma nossa vida de trevas em vida iluminada. A partir do batismo, somos novas criaturas; por isso, devemos agir com bondade, justiça e verdade. Agradeçamos a Deus pelo novo olhar a nós concedido, capaz de reconhecer na assembleia, na palavra e no pão partilhado os sinais da presença de Cristo que salva.

O Quarto Domingo da Quaresma é tradicionalmente conhecido como o Domingo Rosa, o Domingo da Alegria. A comunidade cristã celebra a proximidade da Páscoa da Ressurreição de Cristo. É bom que nos alegremos nesta certeza. Fomos salvos pela ressurreição de Cristo e esta celebração festiva anual está próxima. Nós cristãos nos alegramos, porque Cristo nos salvou.

Saul, como rei de Israel, não conseguia mais governar o povo com justiça e por isso devia ser substituído. O profeta Samuel unge Davi, o último entre os oito irmãos, como rei de Israel. A escolha e a unção do rei Davi nos ajudam a entender o sentido do Batismo, especialmente o simbolismo da unção.

Pelo salmo responsorial (Sl 23/22), a comunidade suplica ao Senhor que restaure suas forças, derramando sobre ela o óleo do seu amor e a transforme em instrumento de salvação na sociedade.

O Apóstolo Paulo, fazendo referência ao contraste “trevas e luz”, ressalta a conduta dos cristãos - vivam como “filhos da luz”. Nisto há uma relação direta com o Evangelho. A luz que os outros contemplarão nos cristãos brotará do testemunho, da prática das boas obras de bondade, justiça e verdade. “Pelos frutos os conhecereis”. O batizado é iluminado pela luz de Cristo, para se tornar luz do mundo.

A cura do cego de nascença nos toca de perto, porque em certo sentido todos somos... “cegos de nascença”. O próprio mundo nasceu cego. Segundo o que nos diz hoje a ciência, durante milhões de anos houve vida sobre a terra, mas era uma vida em estado cego, não existia ainda o olho para ver, não existia a própria vista. O olho, em sua complexidade e perfeição, é uma das funções que se formam mais lentamente. Esta situação se reproduz, em parte, na vida de cada ser humano.

A narrativa do cego de nascença serve para demonstrar como se chega à fé plena e madura no Filho de Deus. Jesus nos recorda, com o sinal da cura do cego de nascença que, além dos olhos físicos, há outros olhos que devem abrir-se ao mundo. São os olhos da fé.

A fé é a luz que ilumina a nossa vida e dá alento ao nosso peregrinar terreno. O próprio Cristo apresenta-se como luz que nos ajuda a descobrir os verdadeiros valores e nos capacita a viver fraternalmente. Assim, iluminados por Cristo, seremos reflexo de sua luz. Vivamos na alegria da fé que se manifesta na confiança em Deus!

Conhecemos bem o ditado popular: "O pior cego é aquele que não quer enxergar..." Este Domingo Laetare, da Alegria, o Quarto Domingo do Tempo Quaresmal é um forte apelo a todos nós: que enxerguemos bem a realidade em que vivemos como Filhos da Luz, assumindo com coragem e ousadia nossos compromissos batismais. Muitas vezes é mais cômodo não querer enxergar, pois isso exige comprometimento, perdas, desinstalação do comodismo que nos impermeabiliza a críticas e cobranças. O cristão que não se esforça por prevalecer a verdade, a justiça, a liberdade e o amor gratuito e, a partir desses valores essenciais promove a dignidade humana entre as pessoas, principalmente as que se encontram em situações de risco, não assume seu batismo. Acovardar-se diante do pecado é tão grave como ceder a ele. E quem cede ao pecado, sem lutar por superá-lo caridosa e fraternalmente, vira as costas para Deus: deixa-o falando sozinho. Quanto maior a responsabilidade do serviço de qualquer autoridade e pessoa pública, mais vulnerável a mesma fica. Haja oração pela santificação daqueles que são, de alguma forma, autoridade aqui ou acolá... Tal pessoa se torna vazia, seca, oca do amor que lhe foi conferido no dia de seu batismo, bem como do chamado a viver sua vocação específica. Talvez nossa falta de compromisso com a luz enderece tantos irmãos nossos às seitas mercantilistas, cada vez mais crescentes em torno de nossas comunidades, que ainda estão demasiadamente acomodas em sua missionariedade!

Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler 1Sm 16,1.6-7.10-13; Sl 22(23); Ef 5,8-14 e Jo 9,1-41).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Março de 2017, pp. 82-86 e Roteiros Homiléticos da CNBB da Quaresma (Março de 2017), pp. 36-41.

quarta-feira, 15 de março de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - TERCEIRO DOMINGO DA QUARESMA

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

"Na verdade, sois, Senhor, o salvador do mundo.
Senhor, dai-me água viva a fim de eu não ter sede!"(Jo 4,42.15).

Na caminhada rumo à Páscoa do Senhor, chegamos ao Terceiro Domingo da Quaresma. Um domingo marcadamente batismal. Pela escuta da Palavra de Deus, somos convidados a dar um passo novo na fé que recebemos no Batismo.

Sabemos o dia em que fomos batizados? O nome de quem nos batizou? Temos convivido com nossos padrinhos de Batismo? Celebramos apenas o dia de nosso nascimento, cuja data se encontra nos documentos que nos identificam como cidadãos de uma sociedade? Certamente a maioria comemora seu aniversário natalício com bolos, churrascos, "parabéns", recepções, enfim. Mas e o aniversário batismal é igualmente celebrado? Gosto de pensar, sem pré-julgar, que fica difícil comemorar, celebrar uma data que nem lembramos. E como ficam então os compromissos batismais? Quem não sabe o dia de seu Batismo, certamente não o celebra e não comemorando-o também não o assume, pelo menos conscientemente. Talvez haja um compromisso inconsciente ou meramente preceitual, o que empobrece nossa participação na adoção filial que acontece, quando mergulhados no útero da Igreja, passamos a ser herdeiros de Deus e de tudo que é d'Ele, principalmente integrando Sua grande família: a Família de Deus! Que tipo de filhos nos sentimos nesta família de Deus, a Igreja de Jesus Cristo?

A água, princípio de vida, é presença marcante na liturgia quaresmal. Celebrar a eucaristia é aproximar-se de Jesus, dom do Pai e fonte de água viva para a vida eterna. Vamos beber do poço que é o próprio Cristo, para que nos sustente na busca da vida plena. Somos convidados a não fechar o coração, mas ouvir a voz do Senhor, que se oferece como água viva para nossa existência. Junto com a samaritana, queremos nos aproximar do poço onde Jesus nos espera. A água é fundamental para que haja vida; comecemos a valorizá-la mais. A humanidade tem sede de Jesus. Cristo morreu por todos, estabelecendo a paz da humanidade com Deus
.
Na celebração deste Terceiro Domingo da Quaresma, o Pai nos oferece o dom da água viva e nos convida a aderir pessoal e comunitariamente a Jesus, o Messias enviado de Deus. Jesus transforma as circunstâncias simples e comuns da vida, como o buscar água num poço, em momentos especiais, de graça e de salvação. Ele é a água viva para sede mais ardente que todos sentimos, essa sede que atinge a raiz mais profunda de cada um de nós. Como batizados, nos vemos refletidos no drama da anônima samaritana. Muitas vezes, também nós carregamos relacionamentos feridos, sedentos de verdade e de autenticidade. Tão sedentos ficamos que, clamando por água, reclamamos ou duvidamos da presença de Deus, a exemplo dos israelitas na travessia do deserto.

Quaresma é, para nós batizados, um tempo oportuno para sentarmos junto a tantos “poços” onde, corações inquietos e necessitados, bebemos da água, até nos saciarmos de tanta sede de vida nova. Quaresma é tempo propício para o diálogo calmo e sem preconceitos. Compartilhar a água que sacia verdadeiramente, vivifica e transforma. É a oportunidade para abandonar os “cântaros” inúteis e encher os espaços vazios da vida com novas atitudes de fraternidade e solidariedade, especialmente no que tange ao cuidado com a vida e os Biomas Brasileiros.

A Festa Litúrgica de São José, Esposo de Maria e Padroeiro da Igreja neste ano fica transferido para a segunda-feira, dia 20 de março.

Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler Ex 17,3-7; Sl 94(95); Rm 5,1-2.5-8 e Jo 4,5-42).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Março de 2017, pp. 52-66 e Roteiros Homiléticos da CNBB da Quaresma (Março de 2017), pp. 30-35.

O PAI VÊ O SEGREDO!

Pe. Gilberto Kasper

Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente e Coordenador da Teologia na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP S.A., Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
Ao longo da Quaresma, ouvimos Deus, o nosso Pai, falar carinhosamente ao nosso coração chamando-nos a nos voltar para Ele. Quaresma é o tempo propício para um silêncio do coração para ouvir o que realmente nos interessa.
           
Nestes quarenta dias, que iniciamos recebendo cinzas sobre nossas cabeças, teremos muitas oportunidades de fazer revisão de nossa vida, avaliarmos as escolhas e melhorar nossas decisões olhando para frente, para o caminho que está pronto para nele andarmos. Essa peregrinação de Quarenta dias é o nosso êxodo, nossa caminhada de libertação para celebrarmos a vitória de Cristo Ressuscitado em nossa vida e no mundo.
           
Para este tempo santo, o que podemos carregar sem pesar nossas costas e para alívio de nossa consciência são os chamados “exercícios quaresmais” que nos ajudam a aproveitar a paisagem do caminho sem nos perder na estrada: Oração, Jejum e a Esmola.
           
A Quaresma é tempo próprio de Oração, a atitude que nos recorda sempre que somos filhos de Deus, que a Ele recorremos como o Pai bondoso e cheio de compaixão. Na oração nos relacionamos pessoalmente com Deus, abrimos nosso coração e confiamos em seu amor. A oração nos lembra de nossa responsabilidade com a criação; somos “Herdeiros de Deus”, fiadores dos bens naturais para manter viva a “vida no planeta”.
           
Nosso Jejum é oportunidade para lembrar que Deus nos criou para a liberdade; não fomos criados para nenhuma escravidão nem para os vícios. Jejum é a atitude de quem vence o consumismo, rejeita a ganância e respeita a natureza e não lhe esgota seus dons.
           
E a Caridade, ou seja, a “Esmola”, só tem verdadeiro significado como consequência da oração e do jejum. A prática da caridade nos permite “ver o outro como um dom”!  Nossa esmola, como ensina o evangelho, deve ser praticada em segredo, sem propaganda, pois o “Pai sabe o que está no segredo” de nosso coração. O Pai vê o Segredo!
           
Oração, Jejum e Esmola são três atitudes que nos ajudam a responder aos apelos da Campanha da Fraternidade deste ano. Vemos um descaso total de autoridades, das pessoas e das grandes empresas que, movidos por ganância e ávidos por lucro destroem os nossos biomas e assim ameaçam a vida.
            Os desastres e tragédias ambientais são fruto da omissão do Estado na preservação da água, da fauna e da flora. Em Mariana e em Santo Antonio de Posse a imprensa noticiou o tamanho do desastre que compromete as fontes de água, as matas e animais. O surto de febre amarela em Minas é resultado daquele mar de veneno que estourou. E do jeito que vai, não vai sobrar nem a mula sem cabeça, nem o boi tatá. Entrarão para as estatísticas dos “animais em extinção”
            A ganância empresarial está fazendo adoecer o “pulmão do mundo”, a Amazônia, e se não houver cuidados imediatos, fica irreversível. Depois, não adianta chorar... O consumismo de nossos dias cria uma população mais egoísta, autossuficiente e pouco fraterna que exige seus direitos e não reconhece o outro como irmão; o consumismo gera uma fome de coisas desnecessárias para disfarçar o vazio de cada ser humano.

            Assim mesmo, a caridade é a atitude que concretiza o amor gerando partilha generosa que defende a vida dos mais pobres para que recebam o que é devido e não vivam de migalhas; a caridade não é refresco de consciência pesada, mas consequência da oração sincera, do jejum libertador que nos faz acordar para a missão querida por Deus. A caridade, cheia de compaixão, transforma a realidade, nos aproxima dos irmãos e nos faz construtores da sociedade que respeita e valoriza cada pessoa, “dom de Deus para nós”.


(Parceria com Pe. João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Mogi Guaçu – SP)

quarta-feira, 8 de março de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS DO SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

"Meu coração disse: Senhor, buscarei a vossa face.
É vossa face, Senhor, que eu procuro,
não desvieis de mim o vosso rosto! (Sl 26,8s). 

Na caminhada quaresmal rumo à Páscoa, neste Segundo Domingo da Quaresma, Jesus nos convida a subir com ele à montanha para, na intimidade e antecipadamente, contemplarmos sua glória de transfiguração, a fim de que, no cotidiano, na planície, entre as inúmeras atividades sociais, culturais e religiosas, nos exercitemos no cuidado da vida.  Estamos no tempo quaresmal, um tempo especial de reflexão e conversão. Uma ocasião privilegiada para rever nosso modo de agir, tomar novas decisões e promover mudanças significativas. Na caminhada rumo à Páscoa, somos convidados a contemplar e proteger a vida, também como uma forma concreta de louvar e servir ao Criador, no desrespeito à natureza, de alguma forma.

A Páscoa de Cristo se manifesta na comunidade que descobre no rosto desfigurado do pobre o rosto luminoso do Pai. É preciso sair do comodismo e deixar que a glória de Deus se manifeste em nós. Subindo à montanha, somos convidados a ouvir o que Jesus tem para nos dizer e contemplaremos sua face resplandecente.

A exemplo de Abraão somos convidados a sair de nós mesmos e confiar nas promessas de Deus. Somos chamados a transfigurar nossa vida e transformar a realidade em que vivemos. Todos somos chamados à santidade..

"Este é o meu filho muito amado,
no qual eu pus o meu amor: escutai-o!" (Mt 17,5).

A transfiguração de Cristo nos sugere que, se escutarmos a palavra do Filho amado do Pai, seremos fortalecidos na decisão de trabalhar por um mundo melhor.

Antes da missão, os apóstolos deviam ser confirmados na fé e introduzidos no conhecimento da verdadeira identidade de Cristo e dos mistérios do Reino. Jesus é o servo sofredor e sua glória passa pela cruz. A exigência é: “escutem o que ele diz!” A glória revelada manifesta-se em estreita vinculação com a obediência à Palavra.

E o que Jesus nos diz, afinal? "Amai-vos uns aos outros..." Será que ainda sabemos amar? Contemplamos filhos matando pais; mães jogando filhos em latas de lixo e córregos; pessoas sendo corrompidas, de alguma maneira; babás decepando a mãozinha de criança com apenas três meses; jovens morrendo por dez reais; trânsito violento, irresponsável e desrespeitoso, enfim, pessoas parecendo bichos selvagens! Que amor é esse? Enquanto não soubermos como é bom amar gratuitamente, com sabor divino, ficaremos dependurados na cruz, sem chegarmos à Transfiguração de Jesus!


Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler Gn 12,1-4; Sl 32(33); 2 Tm 1,8-10 e Mt 17,1-9).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Março de 2017, pp. 44-46 e Roteiros Homiléticos da CNBB da Quaresma (Março de 2017), pp.25-29.

quarta-feira, 1 de março de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

Neste Primeiro Domingo da Quaresma, em comunhão com a Igreja, iniciamos um caminho batismal. A Quaresma tem caráter essencialmente batismal, sobre o qual se fundamenta o caráter penitencial. A Quaresma é tempo de vivência profunda do mistério da morte e da ressurreição de Cristo. Uma experiência que acontece na comunidade de fé.

Neste domingo, com Jesus, somos conduzidos pelo Espírito ao deserto. A Quaresma, tempo especial de reflexão e conversão, é uma ocasião privilegiada para rever nosso modo de agir, tomar novas decisões, promover mudanças significativas. Nesta Campanha da Fraternidade a Igreja nos convida a dirigir esse processo de conversão para a defesa da vida,  a criação que Deus criou com sabedoria. Somos chamados a contemplar e proteger a vida, também como forma concreta de louvar e servir a Deus, a partir da “FRATERNIDADE: Biomas Brasileiros e Defesa da Vida”. “Cuidar e guardar a criação” (Gn 2.15).

Conduzidos pelo Espírito de Deus, celebramos em louvor daquele que venceu as tentações. Em comunhão com Jesus, vamos nos alimentar com o pão da Palavra e da Eucaristia, para também nós podermos superar toda tentação e obstáculos em nossa caminhada. 

A história humana se move entre o projeto de Deus e o poder do mal. Fortalecidos pela palavra de Deus, podemos vencer, a exemplo de Jesus, as forças que geram opressão e morte no mundo.

A humanidade continua a pecar contra a vida da criação, obra de Deus, negociando-a. As tentações de cada dia nos afastam do projeto de Jesus. Há o contraste entre Adão, desobediente a Deus e responsável pelo pecado, e Cristo, obediente a Deus e responsável pela graça.
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Como o Filho de Deus, somos tentados, a todo instante, a nos desviarmos do projeto de Deus e a trilharmos nosso projeto pessoal, segundo nossos interesses, e a fazermos uso ou nos servirmos da vida da criação em vista do lucro (de nosso bem-estar descabível). Basta lembrarmos as inúmeras denúncias da imprensa sobre alguns dos pecados que se tornaram públicos: escândalos com desvio de verbas, mensalões, homicídios devastações da obra maravilhosa do Criador! Eles manifestam a ganância do ser humano e sua pouca preocupação com o destino de seu próximo e com o cuidado da vida.

A Palavra de Deus (deste domingo), não nos condena por nossos pecados, mas nos alerta para o triste fim a que eles nos levam: desarmonia consigo mesmo, com a natureza, com os outros e com Deus, ou seja, a morte. .
Gosto de pensar que o problema não é o pecado, o problema também  não é a tentação, pois ela existe;
e nem mesmo o mal parece ser o problema. O problema consiste em ceder ao pecado, à tentação e ao mal.

Quanto mais públicos, mais vulneráveis nos tornaram ao pecado, à tentação e ao mal. Somos tentados a ceder ao poder sobre os outros; à inveja dos outros (por conta disso machucamos, maltratamos e surramos os outros com nossa língua felina e nossa incapacidade de perdoar - um padre que não consegue perdoar estaria habilitado a dispensar a absolvição?) e à desenfreada busca de prestígio (necessitamos de elogios e precisamos aparecer sempre mais do que os outros), escondendo nossos limites atrás dos limites dos outros. Isso me parece abominável e profundamente contraditório à proposta do Primeiro Domingo da Quaresma, que nos conclama a uma profunda e verdadeira conversão ao BEM! Só quem é bom sabe o quanto é maravilhoso ser BOM! 

Desejando a todos uma Quaresma muito abençoada, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Gn 2,7-9; 3,1-7; Sl 50(51); Rm 5,12-19 e Mt 4,1-11).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Março de 2017, pp. 25-29 e Roteiros Homiléticos da CNBB  da Quaresma (Março de 2017), pp. 19-24.

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - QUARTA-FEIRA DE CINZAS

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé! 

Iniciamos, nesta Quarta-Feira de Cinzas, dia de Jejum e Abstinência, o sagrado tempo da Quaresma para celebrarmos, de coração renovado, o mistério pascal de Jesus. Desde os tempos mais antigos, a Quaresma foi considerada como período de renovação espiritual, de revigoramento interior, para o testemunho do Evangelho.

A celebração da bênção e a imposição das cinzas lembram as palavras de Jesus: "Convertei-vos e crede no Evangelho". Na abertura da Quaresma, tempo favorável de conversão, as leituras fazem forte apelo de mudança de vida e nos convidam a intensificar as práticas de caridade, oração e jejum. 

Quaresma, quarenta dias que nos separam da grande festa da Páscoa da Ressurreição do Senhor! Neste tempo, procuremos trilhar o caminho da conversão proposto pelo Evangelho e pela Campanha da Fraternidade, que nos leva a refletir sobre o tema: “FRATERNIDADE: Biomas Brasileiros e Defesa da Vida” e sobre o lema: “Cuidar e guardar a criação” (Gn 2,15). (Ler no Site: www.arquidioceserp.org.br a PASCOM, convidando ao Lançamento da Campanha da Fraternidade).

Quaresma é tempo de voltar para o Senhor, ele é benigno e compassivo. Há três grandes práticas quaresmais: caridade, oração e jejum. Neste tempo favorável, reconciliemo-nos com Deus e com os irmãos.

Pela escuta da Palavra do Mestre e pela acolhida da misericórdia divina revelada em Jesus, superam-se a falsidade e a infidelidade, constitui-se o novo povo de Deus. É nesta perspectiva que podemos compreender a palavra do Evangelho proposto para a celebração da Quarta-Feira de Cinzas: os cristãos são chamados pelo Mestre a assumirem, com fidelidade, as obras da justiça - no relacionamento com o próximo: a partilha; para com Deus: a oração; para consigo mesmo: o jejum.

Na caminhada quaresmal, somos convidados a experienciar o Deus que acolhe nossa penitência, corrige nossos vícios, cuida de nós incansavelmente, fortifica nosso espírito fraterno, nos dá a graça de sermos nós também misericordiosos.

Agradecemos a todos que colaboraram na confecção do material anexado! Sintam-se incluídos no cálice precioso do Senhor, como nossa forma de gratidão!

Na Igreja Santo Antoninho, teremos a Celebração da Abertura da Quaresma com o Início da Campanha da Fraternidade de 2017, às 19 horas desta Quarta-Feira de Cinzas!

Desejando-lhes um Tempo muito rico de Bênçãos Quaresmais, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Jl 2,12-18; Sl 50(51); 2 Cor 5,20-6,2 e Mt 6,1-6.16-18).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Março de 2017, pp. 15-18 e Roteiros Homiléticos da CNBB para a Quaresma (Março de 2017), pp. 12-18).