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quinta-feira, 31 de maio de 2012

HOMILIA PARA A SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE


Fonte da imagem: http://sacrificiovivoesanto.wordpress.com/2012/03/27/queimando-a-mufa-com-a-santissima-trindade/

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            “Com a solenidade de Pentecostes, encerrou-se o tempo pascal. Celebramos a Solenidade da Santíssima Trindade, muito recente no calendário da liturgia romana, datada do ano de 1334. Com o Concílio Vaticano II, deixou-se de ser uma celebração temática e recebeu um sentido mais bíblico-celebrativo.

            A sua celebração é contemplação: junta o sentido da Encarnação e da Redenção realizados na história, onde o Deus Vivo é protagonista. Não desenvolve uma teologia sobre a Santíssima Trindade, mas celebra a renovação da aliança com o Pai que nos criou e nos libertou, entregando-nos o dom da vida plena em Jesus Cristo, seu Filho amado, o Verbo encarnado que, por sua vez, nos confiou, com sua morte e ressurreição, o dom de seu Espírito” [...]

            Gosto de mergulhar no mistério da Santíssima Trindade, pensando num Amante – o Pai, num Amado – o Filho e no Amor com o qual o Filho é amado – o Espírito Santo! [...]

            Somos chamados, na ação litúrgica, a renovar o compromisso batismal. Fomos batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Mergulhamos na dinâmica do amor trinitário. A nossa vocação é sermos comunidade, ícone da Santíssima Trindade, sinais de comunhão, de ajuda mútua, de partilha, de solidariedade, num mundo divido, individualista, ganancioso, desesperançado e violento.

            E, tantas vezes, tentados a fabricar deuses, facilmente nos submetemos a seus caprichos e seduções. Aceitamos ídolos que nos são impostos e que favorecem a uns poucos e geram a morte de muitos. Em consequência, amargamos a exploração, a opressão e a violência.

            O Deus verdadeiro é Javé. O Deus que liberta para que todos tenham vida. Ele é nosso parceiro e libertador. Um Deus que é comunidade. Que mora na comunidade. Que ensina a viver em comunidade e que nos salva em e com a comunidade.

            A Igreja sempre celebra a Páscoa do Senhor, o Salvador, e por Ele dá graças ao Pai, o Criador, no Espírito de amor, o Santificador. Toda celebração é trinitária. A liturgia é a celebração da Páscoa e, pela nossa participação, mergulhamos no mistério inefável da Trindade, fonte e meta do peregrinar da humanidade.

            Acreditamos que a Santíssima Trindade é a melhor comunidade. Pelo Batismo, somos mergulhados no mistério do seu amor (o útero da Igreja), e nos tornamos participantes da vida trinitária. E Deus, nosso Pai, nos dá o Reino de herança, adotando-nos como filhos e filhas. Ele elimina, pelo Espírito de Jesus, o medo que nos escraviza e aprisiona. Esse Deus se revela na prática das comunidades, que vão refazendo os gestos de Jesus até que o mundo seja transformado e tudo se torne posse da Trindade.

            O Batismo, feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, significa: consagração, ser marcado pela Trindade a serviço da justiça, dedicação total e entrega a tudo o que Jesus ensinou.

            Deus é nosso Pai. Nossa relação com Ele exprime o que há de mais íntimo e carinhoso. Podemos, pelo Espírito, chamá-lo ‘Abbá, meu Pai, exatamente como Jesus o fez (cf. Mc 14,36). Na condição de filhos e filhas, recebemos a herança do Pai, que nada reserva para si. Senhor e dono absoluto de todas as coisas, tudo nos dá. A síntese da herança é o Reino de Deus.

            Somos convocados a ser sinal do carinho do Pai, a cuidar da obra que Ele criou, a defender as pessoas, filhos e filhas de Deus, trabalhar para a vida ficar do jeito que Deus Pai sempre quis” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB n. 22, pp. 15-23).

            O grande convite da Solenidade da Santíssima Trindade, celebrada no Nono Domingo Litúrgico do Tempo Comum, é adotarmos uma verdadeira Teologia da Ternura. Saibamos herdar da Comunidade Perfeita do Pai, do Filho e do Espírito Santo, a sermos protagonistas do amor gratuito, da verdade, da justiça, da liberdade e da paz, sendo uns para com os outros, Anjos revestidos de pura ternura!
            Sejam sempre muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço,

Padre Gilberto Kasper
(Ler Dt 4,32-34.39-40; Sl 32(33); Rm 8,14-17 e Mt 28,16-20)

terça-feira, 29 de maio de 2012

Silêncio e Palavra: Caminhos da Evangelização

Mensagem do Papa para a Jornada Mundial das Comunicações Sociais


CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 24 de janeiro de 2012 (ZENIT.org) .- "Silêncio e Palavra: caminhos da evangelização" é o tema escolhido por Bento XVI para a 46ª Jornada Mundial das Comunicações Sociais que, neste ano, acontecerá no domingo 20 de Maio. O Papa emitiu a sua mensagem no dia em que se comemora São Francisco de Sales, patrono dos jornalistas. Oferecemos aos nossos leitores o texto completo da mensagem:
Amados irmãos e irmãs, 

Ao aproximar-se o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2012, desejo partilhar convosco algumas reflexões sobre um aspecto do processo humano da comunicação que, apesar de ser muito importante, às vezes fica esquecido, sendo hoje particularmente necessário lembrá-lo. Trata-se da relação entre silêncio e palavra: dois momentos da comunicação que se devem equilibrar, alternar e integrar entre si para se obter um diálogo autêntico e uma união profunda entre as pessoas. Quando palavra e silêncio se excluem mutuamente, a comunicação deteriora-se, porque provoca um certo aturdimento ou, no caso contrário, cria um clima de indiferença; quando, porém se integram reciprocamente, a comunicação ganha valor e significado.

O silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, não há palavras densas de conteúdo. No silêncio, escutamo-nos e conhecemo-nos melhor a nós mesmos, nasce e aprofunda-se o pensamento, compreendemos com maior clareza o que queremos dizer ou aquilo que ouvimos do outro, discernimos como exprimir-nos. Calando, permite-se à outra pessoa que fale e se exprima a si mesma, e permite-nos a nós não ficarmos presos, por falta da adequada confrontação, às nossas palavras e ideias. Deste modo abre-se um espaço de escuta recíproca e torna-se possível uma relação humana mais plena. É no silêncio, por exemplo, que se identificam os momentos mais autênticos da comunicação entre aqueles que se amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo enquanto sinais que manifestam a pessoa. No silêncio, falam a alegria, as preocupações, o sofrimento, que encontram, precisamente nele, uma forma particularmente intensa de expressão. Por isso, do silêncio, deriva uma comunicação ainda mais exigente, que faz apelo à sensibilidade e àquela capacidade de escuta que frequentemente revela a medida e a natureza dos laços. Quando as mensagens e a informação são abundantes, torna-se essencial o silêncio para discernir o que é importante daquilo que é inútil ou acessório. Uma reflexão profunda ajuda-nos a descobrir a relação existente entre acontecimentos que, à primeira vista, pareciam não ter ligação entre si, a avaliar e analisar as mensagens; e isto faz com que se possam compartilhar opiniões ponderadas e pertinentes, gerando um conhecimento comum autêntico. Por isso é necessário criar um ambiente propício, quase uma espécie de «ecossistema» capaz de equilibrar silêncio, palavra, imagens e sons.

Grande parte da dinâmica actual da comunicação é feita por perguntas à procura de respostas. Os motores de pesquisa e as redes sociais são o ponto de partida da comunicação para muitas pessoas, que procuram conselhos, sugestões, informações, respostas. Nos nossos dias, a Rede vai-se tornando cada vez mais o lugar das perguntas e das respostas; mais, o homem de hoje vê-se, frequentemente, bombardeado por respostas a questões que nunca se pôs e a necessidades que não sente. O silêncio é precioso para favorecer o necessário discernimento entre os inúmeros estímulos e as muitas respostas que recebemos, justamente para identificar e focalizar as perguntas verdadeiramente importantes. Entretanto, neste mundo complexo e diversificado da comunicação, aflora a preocupação de muitos pelas questões últimas da existência humana: Quem sou eu? Que posso saber? Que devo fazer? Que posso esperar? É importante acolher as pessoas que se põem estas questões, criando a possibilidade de um diálogo profundo, feito não só de palavra e confrontação, mas também de convite à reflexão e ao silêncio, que às vezes pode ser mais eloquente do que uma resposta apressada, permitindo a quem se interroga descer até ao mais fundo de si mesmo e abrir-se para aquele caminho de resposta que Deus inscreveu no coração do homem.

No fundo, este fluxo incessante de perguntas manifesta a inquietação do ser humano, sempre à procura de verdades, pequenas ou grandes, que dêem sentido e esperança à existência. O homem não se pode contentar com uma simples e tolerante troca de cépticas opiniões e experiências de vida: todos somos perscrutadores da verdade e compartilhamos este profundo anseio, sobretudo neste nosso tempo em que, «quando as pessoas trocam informações, estão já a partilhar-se a si mesmas, a sua visão do mundo, as suas esperanças, os seus ideais» (Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2011). 

Devemos olhar com interesse para as várias formas de sítios, aplicações e redes sociais que possam ajudar o homem actual não só a viver momentos de reflexão e de busca verdadeira, mas também a encontrar espaços de silêncio, ocasiões de oração, meditação ou partilha da Palavra de Deus. Na sua essencialidade, breves mensagens – muitas vezes limitadas a um só versículo bíblico – podem exprimir pensamentos profundos, se cada um não descuidar o cultivo da sua própria interioridade. Não há que surpreender-se se, nas diversas tradições religiosas, a solidão e o silêncio constituem espaços privilegiados para ajudar as pessoas a encontrar-se a si mesmas e àquela Verdade que dá sentido a todas as coisas. O Deus da revelação bíblica fala também sem palavras: «Como mostra a cruz de Cristo, Deus fala também por meio do seu silêncio. O silêncio de Deus, a experiência da distância do Omnipotente e Pai é etapa decisiva no caminho terreno do Filho de Deus, Palavra Encarnada. (...) O silêncio de Deus prolonga as suas palavras anteriores. Nestes momentos obscuros, Ele fala no mistério do seu silêncio» (Exort. ap. pós-sinodal Verbum Domini, 30 de Setembro de 2010, n. 21). No silêncio da Cruz, fala a eloquência do amor de Deus vivido até ao dom supremo. Depois da morte de Cristo, a terra permanece em silêncio e, no Sábado Santo – quando «o Rei dorme (…), e Deus adormeceu segundo a carne e despertou os que dormiam há séculos» (cfr Ofício de Leitura, de Sábado Santo) –, ressoa a voz de Deus cheia de amor pela humanidade.

Se Deus fala ao homem mesmo no silêncio, também o homem descobre no silêncio a possibilidade de falar com Deus e de Deus. «Temos necessidade daquele silêncio que se torna contemplação, que nos faz entrar no silêncio de Deus e assim chegar ao ponto onde nasce a Palavra, a Palavra redentora» (Homilia durante a Concelebração Eucarística com os Membros da Comissão Teológica Internacional, 6 de Outubro de 2006). Quando falamos da grandeza de Deus, a nossa linguagem revela-se sempre inadequada e, deste modo, abre-se o espaço da contemplação silenciosa. Desta contemplação nasce, em toda a sua força interior, a urgência da missão, a necessidade imperiosa de «anunciar o que vimos e ouvimos», a fim de que todos estejam em comunhão com Deus (cf. 1 Jo 1, 3). A contemplação silenciosa faz-nos mergulhar na fonte do Amor, que nos guia ao encontro do nosso próximo, para sentirmos o seu sofrimento e lhe oferecermos a luz de Cristo, a sua Mensagem de vida, o seu dom de amor total que salva.

Depois, na contemplação silenciosa, surge ainda mais forte aquela Palavra eterna pela qual o mundo foi feito, e identifica-se aquele desígnio de salvação que Deus realiza, por palavras e gestos, em toda a história da humanidade. Como recorda o Concílio Vaticano II, a Revelação divina realiza-se por meio de «acções e palavras intimamente relacionadas entre si, de tal modo que as obras, realizadas por Deus na história da salvação, manifestam e confirmam a doutrina e as realidades significadas pelas palavras; e as palavras, por sua vez, declaram as obras e esclarecem o mistério nelas contido» (Const. dogm. Dei Verbum, 2). E tal desígnio de salvação culmina na pessoa de Jesus de Nazaré, mediador e plenitude da toda a Revelação. Foi Ele que nos deu a conhecer o verdadeiro Rosto de Deus Pai e, com a sua Cruz e Ressurreição, nos fez passar da escravidão do pecado e da morte para a liberdade dos filhos de Deus. A questão fundamental sobre o sentido do homem encontra a resposta capaz de pacificar a inquietação do coração humano no Mistério de Cristo. É deste Mistério que nasce a missão da Igreja, e é este Mistério que impele os cristãos a tornarem-se anunciadores de esperança e salvação, testemunhas daquele amor que promove a dignidade do homem e constrói a justiça e a paz.

Palavra e silêncio. Educar-se em comunicação quer dizer aprender a escutar, a contemplar, para além de falar; e isto é particularmente importante paras os agentes da evangelização: silêncio e palavra são ambos elementos essenciais e integrantes da acção comunicativa da Igreja para um renovado anúncio de Jesus Cristo no mundo contemporâneo. A Maria, cujo silêncio «escuta e faz florescer a Palavra» (Oração pela Ágora dos Jovens Italianos em Loreto, 1-2 de Setembro de 2007), confio toda a obra de evangelização que a Igreja realiza através dos meios de comunicação social.


Vaticano, 24 de Janeiro – dia de São Francisco de Sales – de 2012.
Benedictus PP XVI

sexta-feira, 25 de maio de 2012

HOMILIA PARA A SOLENIDADE DE PENTECOSTES DE 2012


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

“O amor de Deus foi derramado em nossos corações

Pelo seu Espírito que habita em nós, aleluia!” (Rm 5,5; 10,11). 

            “O Domingo de Pentecostes (no qual desemboca todo o tempo pascal) recorda o Espírito Santo, dom do Pai, Amor de Deus derramado sobre nós, condição de nossa comunhão no Cristo Ressuscitado, fonte da transformação pascal de toda a realidade. Esta festa ativa em cada um de nós a vocação e a capacidade para o encontro, para  o amor, para a união, para a doação, como pede a aclamação ao Evangelho: Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”.

            No Pentecostes, o mistério pascal é celebrado como um todo (morte, ressurreição, ascensão, envio do Espírito).

            Neste dia, o mistério pascal atinge a sua plenitude no dom do Espírito derramado em nossos corações. Imbuídos deste mesmo Espírito somos capacitados para o anúncio da Boa Notícia, sem temer perseguições, nem morte.” [...]

            Devido à importância da Solenidade de Pentecostes, celebramos sua Vigília. A Palavra de Deus da Vigília de Pentecostes, “é uma mensagem que nos ajuda a superar as divisões e nos convida a saciar com a água viva oferecida por Jesus.

            As três grandes e permanentes tentações da humanidade acabam em desastre: a pretensão da subida acaba em queda; a concentração, em dispersão; o nome famoso, em infâmia (Ler Gn 11,1-9). Jesus é a fonte de água viva que sacia a sede da humanidade (Ler Jo 7,37-39). Temos os primeiros frutos do Espírito, que vem em socorro de nossa fraqueza (Ler Rm 8,22-27).

            Na Solenidade de Pentecostes o Espírito do Senhor desceu sobre nós e nos congregou na mesma fé e numa só família. O universo todo se rejubila conosco pela presença do Espírito criador e unificador.

            O Espírito de Deus, recebido no batismo, desafia-nos a falar a linguagem do amor, compreensível a todos, e assumir o compromisso proposto por Jesus.

            A comunidade santificada pelo Espírito fala de modo que todos entendem. A linguagem que todos entendem é a do amor com sabor divino. Quem descobre a capacidade do amor gratuito, nem precisa de palavras: basta amar e todo o resto acontece naturalmente. Isto é, falar a linguagem do amor divino, significa esforçar-se por promover, quer bem, perdoar e ser sempre querido e terno nas relações humanas.

            A presença do Espírito, prometido por Jesus, torna a comunidade acolhedora e reconciliadora. Uma comunidade que não dá espaço para a ação do Espírito Santo, torna-se estéril, fechada e incapaz de acolher, amar o diferente e muito menos perdoar. A comunidade que acolhe os dons do Espírito do Senhor, não é mera instituição engessada em normas, regimentos, funções e cargos, mas gasta-se, consome-se por amar as pessoas com o amor proposto pelo próprio Cristo Senhor.

            Os dons recebidos do Espírito são para a edificação da comunidade. Não poucas vezes tentamos apropriar-nos do Espírito Santo ou considerar-nos plenos de todos os dons. Sabemos que o próprio Espírito Santo sopra onde quer. Nem todos somos portadores de todos os dons do Espírito Santo. Cada um recebe os dons de acordo com as suas qualidades que colocados a serviço da Comunidade, é que a edificam e não sacrificam, como muitas vezes acontece. Há, frequentemente pessoas nas Comunidades, que se sentem insubstituíveis, ou ainda aquelas que pensam que sem elas a Comunidade não sobreviverá. Uns querem fazer tudo, outros se comprometem muito pouco, o que empobrece a Igreja. Cada um deve saber o que faz melhor e enriquecer a Comunidade, consumindo-se por ela, gratuitamente” (Cf. Liturgia Diária da Paulus de Maio de 2012, pp. 88-94).

“Assim como o Pai me enviou,

Também eu vos envio:

Recebei o Espírito Santo!” (Jo 20,21-22).



            “A ação do Espírito manifesta no mundo a salvação de Deus, destinada a todo ser humano. O Espírito nos fortalece e anima a formar comunidades comprometidas em viver a unidade na diversidade. Ele nos conduz a permanecer em comunhão com o Senhor ressuscitado, deixando-nos envolver pela presença de amor e vida nova.

            O Espírito do Senhor nos liberta de todas as formas de opressões, de pecado, para vivermos fraternalmente como irmãos e irmãs. Como os discípulos, o Espírito nos plenifica da presença de Deus, capacitando-nos para sermos anunciadores da Boa Nova de Jesus. O Espírito age em nós e em toda a criação, que geme em dores de parto (Rm 8,22), aguardando a manifestação plena da salvação.

            As palavras do Papa Bento XVI nos ajudam a entender a ação perene do Espírito na Igreja e no mundo: ‘Pudemos assim constatar, com alegria e gratidão, que ela fala em muitas línguas; e isto não só no sentido externo de estarem representadas todas as línguas do mundo, mas também, e mais profundamente, no sentido de que nela estão presentes os mais variados modos de experiência de Deus e do mundo, a riqueza das culturas, e só assim se manifesta a vastidão da existência humana e, a partir dela, a vastidão da Palavra de Deus. Além disso, pudemos constatar também um Pentecostes ainda a caminho; vários povos aguardam ainda que seja anunciada a Palavra de Deus na sua própria língua e cultura’ (Exortação apostólica pós-sinodal, Verbum Domini, Brasília: Edições CNBB, 2010, p.12).

            Renascidos pela água e pelo Espírito, nos tornamos comunidade de fé, presença e prolongamento do Cristo ressuscitado na realidade bem concreta, sobretudo lá onde se faz mais necessário, pois assim como em Jesus, o Espírito é derramado sobre nós e nos envia para anunciar a Boa-nova aos pobres; para proclamar a liberdade aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor.

            Que nesta Solenidade de Pentecostes se cumpra em nós esta palavra de Escritura e nos faça missionários sem-fronteiras” (Cf. Roteiros Homiléticos da CNBB, N. 16).

            Santo Antônio faleceu na Festa de Pentecostes no dia 13 de Junho de 1231. Em nossa Igreja Santo Antoninho, celebraremos a Festa da Vinda do Espírito Santo, tanto na Missa das 8 como na das 10 horas com nova esperança, novo sentido e perspectiva de vida em Comunidade! Seja nosso Espaço Cultural de Espiritualidade acolhedor dos dons do Espírito Santo! Sintam-se acolhidos todos os que nos enriquecem com sua presença, permitindo-nos sempre mais partilhar de nossa pobreza!

            Que a Solenidade de Pentecostes nos anime a sermos verdadeiros discípulos e missionários de Jesus Cristo, Senhor de nossa vida!

            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Padre Gilberto Kasper
(Ler At 2,1-11; Sl 103(104); 1Cor 12,3-7.12-13 e Jo 20,19-23)

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Dia de Santa Rita


Neste Dia 22 de Maio comemoramos o Dia de Santa Rita!

Agradecemos pela presença desta Santa em nossas vidas e sempre rogamos e pedimos pela nossa proteção e benção!

Em Ribeirão Preto há a tradicional missa e festa na Igreja de Santa Rita no Bairro Jardim Independência; e no Bairro das Palmeiras, há duas capelas, uma antiga e outra mais recente (veja fotos abaixo) que também comemora este mês e este dia em especial com muita festa, missas, procissão e quermesse!



Segue abaixo link com a matéria exibida no Jornal Da Clube, da TV Clube, afiliada à Rede Bandeirantes de Televisão em Ribeirão Preto: http://www.jornaldaclube.com.br/videos/5842/dia-de-santa-rita-de-cÁssia

A Santa das causas impossíveis e urgentes.

Ó Santa Rita de Cássia, não me quereis ajudar e consolar?
Quereis afastar o vosso olhar e a vossa piedade do meu
coração tão provado pela dor? Também vós, minha querida
Santa, sabeis o que é o Martírio do Coração, pelas dores
atrozes que sofrestes, pelas lágrimas que santamente der-
ramastes. Ah! Vinde em meu auxílio, falai, rezai, intercedei
por mim que não ouso fazê-lo junto ao Coração de Deus,
Pai de Misericórdia e Fonte de toda Consolação. Alcançai-
-me a graça que tanto desejo e necessito:(fazer o pedido).
Apresentada por Vós que sois tão cara a Deus, a minha
prece será certamente atendida. Dizei ao Senhor, que esta
graça servi-me-á para melhorar minha vida e os meus há-
bitos e proclamar na Terra e no Céu a Misericórdia Divina.
Rezar: 3 Ave Marias, 3 Pai Nossos e fazer o Sinal da Cruz.


terça-feira, 22 de maio de 2012

Quando a comunicação ganha valor e significado

Já estamos no 46º Dia Mundial das Comunicações Sociais. O tema deste ano nos surpreende: “Silêncio e Palavra: caminho de evangelização”. Acostumados ao uso constante de palavras na comunicação, nem nos damos conta da importância do silêncio. No entanto, é o silêncio que cria o espaço necessário para que a palavra possa ser bem recebida. Diz Bento XVI: “Quando palavra e silêncio se excluem mutuamente, a comunicação deteriora-se, porque provoca aturdimento ou, no caso contrário, cria um clima de indiferença; quando porém  se integram reciprocamente, a comunicação ganha valor e significado.”

Valorizemos o silêncio para que possamos chegar à plenitude da comunicação.



+ Joviano de Lima Júnior,sss

Arcebispo de Ribeirão Preto




quinta-feira, 17 de maio de 2012

HOMILIA PARA A SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR DE 2012


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!


"Homens da Galileia, porque estais admirados,

olhando para o céu?

Este Jesus há de voltar do mesmo modo

que o vistes subir, aleluia!" (At 1,11).


Em comunhão com todos os cristãos, celebramos a Ascensão de Jesus, plenitude da Páscoa, que atualizamos na Eucaristia. A Igreja comemora neste domingo da Ascensão do Senhor, o 46º Dia Mundial das Comunicações Sociais, com o tema: “Silêncio e Palavra: Caminho de Evangelização”(Papa Bento XVI). Ao longo da semana, preparamo-nos para a Solenidade de Pentecostes, rezando pela Unidade dos Cristãos à luz do tema: “Graças sejam dadas a Deus, que nos dá a vitória por meio do Senhor nosso Jesus Cristo” (1 Cor 15,57).

“Jesus despede-se dos seus; antes, porém, conclama-os para que dêem continuidade à missão por ele iniciada e derrama sobre eles a bênção, sinal de sua presença contínua.

Jesus, ao despedir-se, deixa aos discípulos a tarefa de continuar a missão que ele iniciou. A Ascensão revela nova presença de Jesus, em sinais visíveis de transformação e libertação. Elevado ao céu, Cristo é a cabeça da Igreja e o Senhor da humanidade” (cf. Liturgia Diária de Maio de 2012 da Paulus, São Paulo, p. 66).


"Ide ao mundo, ensinai aos povos todos;

convosco estarei, todos os dias, até o fim dos tempos,

diz Jesus" (Mt 28,19s). 

"As palavras de Jesus e sua presença viva, que estará sempre em nosso meio, nos colocam a caminho e nos incentivam a sermos fieis à missão. Elas nos impelem a sair de nós mesmos para abrir-nos a um novo horizonte, que possibilita a todos os seres humanos a alegria de sentirem-se filhos de Deus e irmãos entre si.

O Ressuscitado nos confia o anúncio da Boa Nova da salvação, libertando-nos da estagnação para nos empenhar na promoção da vida. Toda a comunidade recebe a ordem de fazer discípulos, batizando-os e ensinando-os a observar os ensinamentos deixados por Jesus. Da comunhão de amor, pelo batismo, deve surgir uma humanidade nova, alicerçada na filiação divina e na fraternidade.

'Uma vez que todo o Povo de Deus é um povo enviado, a missão de anunciar a Palavra de Deus é dever de todos os discípulos de Jesus Cristo, em consequência do seu batismo. Nenhuma pessoa que crê em Cristo pode sentir-se alheia a esta responsabilidade que deriva do fato de ela pertencer sacramentalmente ao Corpo de Cristo. Esta consciência deve ser despertada em cada família, paróquia, comunidade, associação e movimento eclesial. Portanto, toda a Igreja, enquanto mistério de comunhão, é missionária, e cada um no seu próprio estado de vida, é chamado a dar uma contribuição incisiva para o anúncio cristão' (Exortação apostólica pós-sinodal, Verbum Domini, Brasília: Edições CNBB, 2010, p. 125). 

Nesta semana de oração pela unidade das Igrejas cristãs, invoquemos o Espírito de Deus para que habite em nós e seja nosso sustento na missão que recebemos do próprio Ressuscitado" (cf. Roteiros Homiléticos Continental da CNBB N. 16). 

"Eis que estou convosco todos os dias,

até o fim dos tempos, aleluia!" (Mt 28,20). 

A Solenidade da Ascensão do Senhor, remete-nos às Metas do Projeto de Ação Missionária da Arquidiocese de Ribeirão Preto, propostas por nosso Arcebispo Metropolitano, Dom Joviano de Lima Júnior,sss: 

1. Proclamar a Palavra nas visitas missionárias, em todos os encontros pastorais, nas reuniões, nos grupos de estudo e de oração. Como os discípulos de Emaús, ouvir a Palavra e anunciar o Querigma da salvação, para que a chama da missão se acenda nos corações.

2) Convocar à ação missionária permanente os movimentos e pastorais, despertando em seus integrantes o ardor missionário.

3) Descobrir e formar novas lideranças, entre os leigos e leigas, para que atendam ao convite de Jesus à missão, para que a nossa Igreja particular de Ribeirão Preto seja cada vez mais servidora e missionária.

4) Atualizar a missão que Jesus confiou aos seus discípulos, através de uma evangelização inculturada, com novos métodos, expressões e ardor missionário.

5) Evangelizar as famílias, indo ao encontro de suas necessidades e acolher os casais de segunda união.

6) Despertar os jovens para a missão, incentivando-os a evangelizar os ambientes onde se encontram com simplicidade e alegria" (Plano de Ação Pastoral - Arquidiocese de Ribeirão Preto (2011-2015), SIM - Projeto de Ação Missionária - Ser Igreja em Missão, p. 32). 

Sintamo-nos cada vez mais missionários por todos os lugares, junto a todos com quem convivemos o hodierno de nossa vida cristã. Não tenhamos vergonha e nem guardemos nosso amor a Jesus Cristo somente para nós. Anunciemo-lo com a vida e, de acordo com São Francisco de Assis, se necessário, usemos também, da Palavra! Nosso testemunho é fundamental. O ditado popular: "Religião não se discute..." se desatualiza diante da conclamação à nossa missionariedade e discipulado em todos os ambientes! (cf. Conclamação das DGAE da CNBB, repetidas na 50ª Assembleia em Aparecida em abril de 2012). 

Rezaremos, especialmente pelos Comunicadores também em nossas Celebrações deste Domingo, 8 e 10 horas, a quem somos profundamente agradecidos por divulgarem nossa modesta colaboração na Evangelização Virtual. Sejam sempre muito abençoados:

·         Márcio Smiguel Pimenta da PASCOM: www.arquidioceserp.org.br

·         Rodrigo Simões do GRUPO EVIDÊNCIA Top: www.rodrigosimoes.com.br

·         Demétrio Pedro Bom Júnior do SISTEMA CLUBE DE COMUNICAÇÃO: www.demetriolpbjr.blogspot.com e www.tollelege-rp.blogspot.com

·         CMN 750 – AM – A RÁDIO DA FAMÍLIA – Sebastião Xavier

·         Welgima: www.tudoporjesusemaria.webnode.com.br de Belo Horizonte, MG.

·         Jornal TRIBUNA de Ribeirão Preto: José Paulo e Hilton.

·         AMIR CALIL DIB – JORNAL GAZETA RIBEIRÃO (Coluna Social)


            Desejando-lhes bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,


Padre Gilberto Kasper 

(Ler At 1,1-11; Sl 46(47); Ef 1,17-23 e Mc 16,15-20)

terça-feira, 15 de maio de 2012

SERIA CRUEL, NÃO FOSSE DIABÓLICO

             Quando falamos de Pessoa Humana, pensamos naquela pessoa criada à imagem e semelhança de Deus, e não na pessoa que criou Deus à sua imagem e semelhança. Não cabe a nenhuma autoridade, nem mesmo ao Supremo Tribunal Federal, julgar pautado em silogismos, a dignidade que é atribuída à criatura predileta do Criador, a pessoa. Descrever o útero de uma mãe que carrega dentro de si um feto anencefálico de “caixão”, seria cruel, não fosse diabólico.

Sabemos que “silogismo” é a dedução formal em que, postas duas proposições, as premissas, delas se tira uma terceira, a conclusão. No Brasil, o aborto não é considerado crime quando há risco para a vida da mãe ou quando a gravidez é resultado de estupro. Agora a Suprema Corte em quem toda a nação deposita sua confiança, decide que também não é mais considerado crime abortar fetos anencefálicos: criancinhas gestadas sem cérebro. Garantem que só nestes casos, e em nenhum outro mais, é permitido o aborto, sem ser considerado crime.

            Os Ministros da Suprema Corte levaram 7 anos, 9 meses e 26 dias para chegar à cruel decisão do último dia 12 de abril de 2012. Daqui há alguns anos, o Supremo Tribunal Federal será formado por outros Ministros, que poderá usufruir das decisões do atual com ainda maior ousadia, a não ser que se considerem imortais, colocando-se no lugar do Criador, esquecendo suas condições de meras criaturas, que esperávamos, garantissem a dignidade da vida humana aos Brasileiros. Isso, se não forem “abortados” de suas cadeiras no STF por desrespeito à vida humana ou por conta de algum escândalo, desses que estamos acostumados a assistir no Congresso Nacional. Não estaríamos caminhando para uma situação de eugenia, de total desrespeito aos direitos humanos?

            Daqui há pouco determinar-se-á que abortar um feto sem o dedo menor, sem uma das mãozinhas ou alguma outra anomalia também não será considerado crime. Sim, porque não cansamos de ouvir de nossos Governantes, de que a saúde da mulher, também da abortiza, deve ser uma questão de “Saúde Pública”. Sabemos que a Saúde Pública de nosso País não consegue nem curar a dor de barriga de seus cidadãos. Teria o SUS condições de amparar, zelar e assumir a saúde das mães pobres e grávidas, especialmente em pré-natal? Nem as pessoas conveniadas conseguem agendar exames mais sofisticados, como ultrassom ou outros? Quantas mães grávidas morrerão nas filas de mais de dez horas, quando não dias de espera por um atendimento realmente digno?

            Algum dos seletos leitores conhece alguém que tenha cometido  aborto, julgado, condenado e preso? Pois lhes garanto que conheço centenas de mulheres presas ao próprio remorso e arrependimento e, nos procuram 50 ou 60 anos mais tarde para afirmarem que não conseguem perdoar-se de jeito nenhum. Tais traumas psicológicos são diferentes dos de uma mãe que descobre gerar uma vida, mesmo que anencefálica?

            A Nota da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB sobre o assunto de Nº 0340/12 é de profundo lamento: “Ao defender o direito à vida dos anencefálicos, a Igreja se fundamenta numa visão antropológica do ser humano, baseando-se em argumentos teológicos éticos, científicos e jurídicos. Exclui-se, portanto, qualquer argumentação que afirme tratar-se de ingerência da religião no Estado laico. A participação efetiva na defesa e na promoção da dignidade e liberdade humanas deve ser legitimamente assegurada também à Igreja”.

            Também em nome dos alunos do Curso de Bacharel em Teologia da UNIESP, que coordeno; da Reitoria Santo Antônio, Pão dos Pobres; do Centro do Professorado Católico da Arquidiocese de Ribeirão Preto e de todas as Mães que atendo em direções espirituais, independente de suas crenças e profissões religiosas, registro a mais profunda decepção em relação ao julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 54. Sentir-se “criador” e perder a noção de que somos meras criaturas, seria cruel, não fosse diabólico! Continuamos convictos de que a vida humana é sagrada e sua dignidade inviolável.

Pe. Gilberto Kasper

Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.