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quarta-feira, 30 de maio de 2018

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - NONO DOMINGO DO TEMPO COMUM


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal?
Salvar uma vida ou deixa-la morrer” (Mc 3,4).

            Hoje, especialmente hoje, como todos os domingos, é festa. Grande festa, pois é domingo, dia semanal em que celebramos a Páscoa do Senhor e nossa Páscoa. Como, aliás, diz uma das orações do Missal: “Senhor, Pai santo, é nosso dever e salvação, dar-vos graças e bendizer-vos, porque, neste domingo festivo, nos acolhestes em vossa casa. Hoje, vossa família, reunida para escutar vossa Palavra e repartir o Pão consagrado, recorda a ressurreição do Senhor, na esperança de ver o dia sem ocaso, quando a humanidade inteira repousará junto de vós. Então, contemplaremos vossa face e louvaremos sem fim vossa misericórdia”.
            O Senhor nos fala, quando são proclamadas as Escrituras. Somos convidados a alimentarmo-nos dela, comungando-a como comungamos o pão consagrado, que é Seu próprio Corpo dado a nós, tornando nosso coração seu “Porta-Jóias”, seu “Sacrário” ou seu “Tabernáculo” Que tal comunhão da Palavra e da Eucaristia continue ressoando aos nossos ouvidos e aquecendo nosso coração.
            Nas celebrações deste tempo litúrgico, chamado comum, nossas comunidades são convidadas a acompanhar o caminho de Jesus, seus passos, suas ações e palavras, como foram guardadas e transmitidas pela comunidade de Marcos.
            A página do Livro do Deuteronômio propõe um dia de descanso dedicado ao Senhor da vida. Para o povo da antiga aliança, esse dia era o sábado; para nós, cristãos, é o domingo. Todos (patrões, trabalhadores, escravos) têm direito a um dia de descanso semanal. É dia de comemorar e celebrar a vida. A justificativa é não voltar à situação de escravidão vivida no Egito.
            Enquanto a primeira leitura ressalta a importância do sábado como momento de descanso e de valorização da vida, o evangelho é um convite a nos libertarmos do legalismo doentio. Apesar de importante, a lei do sábado não pode sufocar a vida, pois esta tem precedência sobre qualquer dia. Jesus nos ensina que toda lei é feita para servir e libertar a vida humana.
            As dificuldades e as fraquezas humanas não podem nos separar de Deus. Ao contrário, servem para revelar a força e a grandeza do Senhor. Paulo nos diz que somos “vasos de barro”. Todavia, mesmo sendo frágeis, Deus conta conosco para levar adiante seus planos. A força divina atua na fraqueza humana.
            Ser a mão estendida de Deus contra as forças do mal, contra a corrupção que produz tanta injustiça, tanto sofrimento e tanta morte, traz a perseguição. Apesar das muitas diferenças, podemos dizer que estamos vivendo situações e desafios parecidos com os que viviam a comunidade de Marcos e a de Jesus.
            Ao mercado romano que se abastecia dos produtos do latifúndio escravagista, corresponde, de certa forma, o modelo de desenvolvimento do capitalismo extrativista que nos foi imposto por várias instituições internacionais e nacionais, pelas grandes corporações e pelos investidores do sistema financeiro. Promovem um desenvolvimento enganoso, centrado na entrega do território à exploração desmedida do minério, às hidroelétricas e às monoculturas, sem respeitar os povos originários nem a população local.
            Da mesma forma, à sinagoga legalista, correspondem, de certa maneira, as comunidades que se contentam com a celebração de ritos litúrgicos, com as devoções e com um falso moralismo, ignorando pobres e pecadores.
            Estender a mão para contrastar estes males, provoca a reação de órgãos poderosos que querem nos afligir, nos angustiar, nos perseguir, nos derrubar.
Que o Espírito Santo de Deus e seu santo modo de operar nos ilumine, para sermos humildes e termos a admirável fé que teve aquele homem da mão seca, que foi capaz de ver, no ser divinamente humano, Jesus de Nazaré, a presença perfeita do Deus solidário, o Deus da vida.
            Insisto sempre comigo mesmo e com meus interlocutores, que nossa fé só amadurecerá na medida em que for comprometida com os valores essenciais ao cristão: amor gratuito, verdade, justiça, liberdade e paz. A vivência em nossas Comunidades, Pastorais e Movimentos de uma madura, logo comprometida, só será verdadeira, na medida em que tivermos coragem de profunda conversão, coerência entre o que cremos e vivemos e bom senso, que nos incentive ao zelo e sensibilidade pastorais sempre!
Sejam sempre muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Dt 5,12-15; Sl 80(81); 2Cor 4,6-11 e Mc 2,23-28-3,6).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Junho de 2018, pp. 21-24 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum (Junho de 2018), pp. 18-22.

FESTA DE CORPUS CHRISTI!


Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente e Coordenador da Teologia na Associação Faculdade de Ribeirão Preto da UNIVERSIDADE BRASIL/UNIESP S.A., Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com


A Festa de Corpus Christi é a celebração em que solenemente a Igreja comemora a instituição do Santíssimo Sacramento da Eucaristia; sendo o único dia do ano que o Santíssimo Sacramento sai em procissão às nossas ruas; em 
que os fiéis agradecem e louvam a Deus pelo inestimável dom de Eucaristia, na qual o próprio Senhor se faz presente como alimento e remédio de nossa vida.
O Papa Urbano IV (1262-1264), que residia em Orvieto, cidade próxima de Bolsena, onde vivia São Tomás de Aquino, informado do milagre eucarístico: da hóstia consagrada começaram a cair gotas de sangue sobre o corporal após a consagração. Alguns dizem que isto ocorreu porque o Padre Pedro de Praga, da Boêmia, Itália, teria duvidado da presença real de Cristo na Eucaristia, então, ordenou ao Bispo Giacomo que levasse as relíquias de Bolsena a Orvieto. Isso foi feito em procissão. Quando o Papa encontrou a Procissão na entrada de Orvieto, teria então pronunciado diante da relíquia eucarística as palavras: “Corpus Christi”.
Em 11 de agosto de 1264 o Papa emitiu a bula "Transiturus de mundo", onde prescreveu que na quinta-feira após a oitava de Pentecostes, fosse oficialmente celebrada a festa em honra do Corpo do Senhor.
Em 1290 foi construída a belíssima Catedral de Orvieto, em pedras pretas e brancas, chamada de "Lírio das Catedrais". Antes disso, em 1247, realizou-se a primeira procissão eucarística pelas ruas de Liège, como festa diocesana, tornando-se depois uma festa litúrgica celebrada em toda a Bélgica, e mais tarde, em todo o mundo no séc. XIV, quando o Papa Clemente V confirmou a Bula de Urbano IV, tornando a Festa da Eucaristia um dever canônico mundial.
            Em 1317, o Papa João XXII publicou na Constituição Clementina o dever de se levar a Eucaristia em procissão pelas vias públicas. A partir da oficialização, a Festa de Corpus Christi passou a ser celebrada todos os anos na primeira quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade. A celebração normalmente tem início com a missa, seguida pela procissão pelas ruas da cidade, que se encerra com a bênção do Santíssimo.
É uma ocasião ímpar de testemunhar nossa fé, de que a Eucaristia é a alma da Igreja. Não existe Igreja sem Eucaristia. É, também, oportunidade de invocar bênçãos sobre as famílias, os enfermos, os surrados pela vida de nossa rica cidade. Que a Festa de Corpus Christi deste ano tenha um sabor de menos violência, menos mentiras maquiadas de verdades, menos corrupção, menos inveja, menos competição na busca de poder e prestígio. Que a Festa de Corpus Christi impulsione todos os cristãos e cidadãos da cidade de Ribeirão Preto a melhorarem sua qualidade de vida, sendo Anjos uns dos outros!

O texto é de responsabilidade do seu autor. Deseja publicar neste blogue? Envie para demetriolpbjr@gmail.com


quarta-feira, 23 de maio de 2018

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE



Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            Com a solenidade de Pentecostes, encerrou-se o tempo pascal. Celebramos a Solenidade da Santíssima Trindade, muito recente no calendário da liturgia romana, datada do ano de 1334. Com o Concílio Vaticano II, deixou-se de ser uma celebração temática e recebeu um sentido mais bíblico-celebrativo.
            A sua celebração é contemplação: junta o sentido da Encarnação e da Redenção realizados na história, onde o Deus Vivo é protagonista. Não desenvolve uma teologia sobre a Santíssima Trindade, mas celebra a renovação da aliança com o Pai que nos criou e nos libertou, entregando-nos o dom da vida plena em Jesus Cristo, seu Filho amado, o Verbo encarnado que, por sua vez, nos confiou, com sua morte e ressurreição, o dom de seu Espírito.
            Gosto de mergulhar no mistério da Santíssima Trindade, pensando num Amante – o Pai, num Amado – o Filho e no Amor com o qual o Filho é amado – o Espírito Santo!
            Somos chamados, na ação litúrgica, a renovar o compromisso batismal. Fomos batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Mergulhamos na dinâmica do amor trinitário. A nossa vocação é sermos comunidade, ícone da Santíssima Trindade, sinais de comunhão, de ajuda mútua, de partilha, de solidariedade, num mundo dividido, individualista, ganancioso, desesperançado e violento.
            E, tantas vezes, tentados a fabricar deuses, facilmente nos submetemos a seus caprichos e seduções. Aceitamos ídolos que nos são impostos e que favorecem a uns poucos e geram a morte de muitos. Em consequência, amargamos a exploração, a opressão e a violência.
            O Deus verdadeiro é Javé. O Deus que liberta para que todos tenham vida. Ele é nosso parceiro e libertador. Um Deus que é comunidade. Que mora na comunidade. Que ensina a viver em comunidade e que nos salva em e com a comunidade.
            A Igreja sempre celebra a Páscoa do Senhor, o Salvador, e por Ele dá graças ao Pai, o Criador, no Espírito de amor, o Santificador. Toda celebração é trinitária. A liturgia é a celebração da Páscoa e, pela nossa participação, mergulhamos no mistério inefável da Trindade, fonte e meta do peregrinar da humanidade.
            Acreditamos que a Santíssima Trindade é a melhor comunidade. Pelo Batismo, somos mergulhados no mistério do seu amor (o útero da Igreja), e nos tornamos participantes da vida trinitária. E Deus, nosso Pai, nos dá o Reino de herança, adotando-nos como filhos e filhas. Ele elimina, pelo Espírito de Jesus, o medo que nos escraviza e aprisiona. Esse Deus se revela na prática das comunidades, que vão refazendo os gestos de Jesus até que o mundo seja transformado e tudo se torne posse da Trindade.
            O Batismo, feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, significa: consagração, ser marcado pela Trindade a serviço da justiça, dedicação total e entrega a tudo o que Jesus ensinou.
            Deus é nosso Pai. Nossa relação com Ele exprime o que há de mais íntimo e carinhoso. Podemos, pelo Espírito, chamá-lo “Abbá, meu Pai, exatamente como Jesus o fez (cf. Mc 14,36). Na condição de filhos e filhas, recebemos a herança do Pai, que nada reserva para si. Senhor e dono absoluto de todas as coisas, tudo nos dá. A síntese da herança é o Reino de Deus.
            Somos convocados a ser sinal do carinho do Pai, a cuidar da obra que Ele criou, a defender as pessoas, filhos e filhas de Deus, trabalhar para a vida ficar do jeito que Deus Pai sempre quis.
            O grande convite da Solenidade da Santíssima Trindade, celebrada no Nono Domingo Litúrgico do Tempo Comum, é adotarmos uma verdadeira Teologia da Ternura. Saibamos herdar da Comunidade Perfeita do Pai, do Filho e do Espírito Santo, a sermos protagonistas do amor gratuito, da verdade, da justiça, da liberdade e da paz, sendo uns para com os outros, Anjos revestidos de pura ternura!
            Sejam sempre muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço,

Padre Gilberto Kasper
(Ler Dt 4,32-34.39-40; Sl 32(33); Rm 8,14-17 e Mt 28,16-20)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Maio de 2018, pp. 100-103 e Roteiros Homiléticos da CNBB, para o Tempo Comum (Maio/2018), pp.07-12.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SOLENIDADE DE PENTECOSTES


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“O amor de Deus foi derramado em nossos corações
pelo seu Espírito que habita em nós, aleluia!” (Rm 5,5; 10,11).

            O Domingo de Pentecostes (no qual desemboca todo o tempo pascal) recorda o Espírito Santo, dom do Pai, Amor de Deus derramado sobre nós, condição de nossa comunhão no Cristo Ressuscitado, fonte da transformação pascal de toda a realidade. Esta festa ativa em cada um de nós a vocação e a capacidade para o encontro, para o amor, para a união, para a doação, como pede a aclamação ao Evangelho: Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”.
            No Pentecostes, o mistério pascal é celebrado como um todo (morte, ressurreição, ascensão, envio do Espírito).
            Neste dia, o mistério pascal atinge a sua plenitude no dom do Espírito derramado em nossos corações. Imbuídos deste mesmo Espírito somos capacitados para o anúncio da Boa Notícia, sem temer perseguições, nem morte.
            Devido à importância da Solenidade de Pentecostes, celebramos sua Vigília. A Palavra de Deus da Vigília de Pentecostes é uma mensagem que nos ajuda a superar as divisões e nos convida a saciar com a água viva oferecida por Jesus.
            As três grandes e permanentes tentações da humanidade acabam em desastre: a pretensão da subida acaba em queda; a concentração, em dispersão; o nome famoso, em infâmia (Ler Gn 11,1-9). Jesus é a fonte de água viva que sacia a sede da humanidade (Ler Jo 7,37-39). Temos os primeiros frutos do Espírito, que vem em socorro de nossa fraqueza (Ler Rm 8,22-27).
            Na Solenidade de Pentecostes o Espírito do Senhor desceu sobre nós e nos congregou na mesma fé e numa só família. O universo todo se rejubila conosco pela presença do Espírito criador e unificador.
            O Espírito de Deus, recebido no batismo, desafia-nos a falar a linguagem do amor, compreensível a todos, e assumir o compromisso proposto por Jesus.
            A comunidade santificada pelo Espírito fala de modo que todos entendem. A linguagem que todos entendem é a do amor com sabor divino. Quem descobre a capacidade do amor gratuito, nem precisa de palavras: basta amar e todo o resto acontece naturalmente. Isto é, falar a linguagem do amor divino significa esforçar-se por promover, querer bem, perdoar e ser sempre querido e terno nas relações humanas.
            A presença do Espírito, prometido por Jesus, torna a comunidade acolhedora e reconciliadora. Uma comunidade que não dá espaço para a ação do Espírito Santo torna-se estéril, fechada e incapaz de acolher, amar o diferente e muito menos perdoar. A comunidade que acolhe os dons do Espírito do Senhor, não é mera instituição engessada em normas, regimentos, funções e cargos, mas se gasta, consome-se por amar as pessoas com o amor proposto pelo próprio Cristo Senhor.
            Os dons recebidos do Espírito são para a edificação da comunidade. Não poucas vezes tentamos apropriar-nos do Espírito Santo ou considerar-nos plenos de todos os dons. Sabemos que o próprio Espírito Santo sopra onde quer. Nem todos somos portadores de todos os dons do Espírito Santo. Cada um recebe os dons de acordo com as suas qualidades que colocados a serviço da Comunidade, é que a edificam e não sacrificam como muitas vezes acontece. Há frequentemente pessoas nas Comunidades, que se sentem insubstituíveis, ou ainda aquelas que pensam que sem elas a Comunidade não sobreviverá. Uns querem fazer tudo, outros se comprometem muito pouco, o que empobrece a Igreja. Cada um deve saber o que faz melhor e enriquecer a Comunidade, consumindo-se por ela, gratuitamente.
A ação do Espírito manifesta no mundo a salvação de Deus, destinada a todo ser humano. O Espírito nos fortalece e anima a formar comunidades comprometidas em viver a unidade na diversidade. Ele nos conduz a permanecer em comunhão com o Senhor ressuscitado, deixando-nos envolver pela presença de amor e vida nova.
            O Espírito do Senhor nos liberta de todas as formas de opressões, de pecado, para vivermos fraternalmente como irmãos e irmãs. Como os discípulos, o Espírito nos plenifica da presença de Deus, capacitando-nos para sermos anunciadores da Boa Nova de Jesus. O Espírito age em nós e em toda a criação, que geme em dores de parto (Rm 8,22), aguardando a manifestação plena da salvação.
            As palavras do Papa Emérito Bento XVI nos ajudam a entender a ação perene do Espírito na Igreja e no mundo: “Pudemos assim constatar, com alegria e gratidão, que ela fala em muitas línguas; e isto não só no sentido externo de estarem representadas todas as línguas do mundo, mas também, e mais profundamente, no sentido de que nela estão presentes os mais variados modos de experiência de Deus e do mundo, a riqueza das culturas, e só assim se manifesta a vastidão da existência humana e, a partir dela, a vastidão da Palavra de Deus. Além disso, pudemos constatar também um Pentecostes ainda a caminho; vários povos aguardam ainda que seja anunciada a Palavra de Deus na sua própria língua e cultura” (Exortação apostólica pós-sinodal, Verbum Domini, Brasília: Edições CNBB, 2010, p.12).
            Renascidos pela água e pelo Espírito, nos tornamos comunidade de fé, presença e prolongamento do Cristo ressuscitado na realidade bem concreta, sobretudo lá onde se faz mais necessário, pois assim como em Jesus, o Espírito é derramado sobre nós e nos envia para anunciar a Boa-nova aos pobres; para proclamar a liberdade aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor.
            Que nesta Solenidade de Pentecostes se cumpra em nós esta palavra de Escritura e nos faça missionários sem-fronteiras.
            A Festa de Pentecostes anima a Igreja a experimentar a presença e a ação do Espírito depois da ressurreição de Jesus até os dias presentes. É um (re) viver atual, pois aquilo que aconteceu com Jesus, no início de sua atividade messiânica, repete-se agora através da Igreja, na missão. O Pentecostes está para os Atos dos Apóstolos, como o batismo de Jesus está para os Evangelhos. O batismo de Jesus foi o Pentecostes de Jesus, o Pentecostes foi o batismo de Jesus.
            Com a força do Espírito Santo, buscamos descobrir as convergências necessárias para o anúncio e o testemunho do único Evangelho que é Cristo Senhor, como autênticos missionários e profetas, ungidos pelo Espírito.
            Com esta celebração, culmina a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, sentindo a verdadeira prática de um único Evangelho e um único Pastor.
Que a Solenidade de Pentecostes nos anime a sermos verdadeiros discípulos e missionários de Jesus Cristo, Senhor de nossa vida!
            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Padre Gilberto Kasper
(Ler At 2,1-11; Sl 103(104); 1Cor 12,3-7.12-13 e Jo 20,19-23).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Maio de 2018, pp. 78-85 e Roteiros Homiléticos  da CNBB para o Tempo Pascal (Maio/2018), pp. 59-64.


quarta-feira, 9 de maio de 2018

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR

Dia Mundial das Comunicações Sociais
Dia das Mães


 Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!


"Homens da Galileia, porque estais admirados,
olhando para o céu?
Este Jesus há de voltar do mesmo modo
que o vistes subir, aleluia!"(At 1,11).


Em comunhão com todos os cristãos, celebramos a Ascensão de Jesus, plenitude da Páscoa, que atualizamos na Eucaristia. A Igreja comemora neste domingo da Ascensão do Senhor, o 52º Dia Mundial das Comunicações Sociais, com o tema: A verdade vos tornará livres” (Jo 8,32) – Notícias falsas e jornalismo de paz (Papa Francisco). Ao longo da semana, preparamo-nos para a Solenidade de Pentecostes, rezando pela Unidade dos Cristãos à luz do tema: “A tua destra, Senhor, esplendorosa de poder” (Ex 15,6). Finalmente na liturgia deste domingo elevamos nossas preces pelas mães vivas e falecidas, neste dia a elas dedicado!

Jesus despede-se dos seus; antes, porém, conclama-os para que dêem continuidade à missão por ele iniciada e derrama sobre eles a bênção, sinal de sua presença contínua.

Jesus, ao despedir-se, deixa aos discípulos a tarefa de continuar a missão que ele iniciou. A Ascensão revela nova presença de Jesus, em sinais visíveis de transformação e libertação. Elevado ao céu, Cristo é a cabeça da Igreja e o Senhor da humanidade.

            As palavras de Jesus e sua presença viva, que estará sempre em nosso meio, nos colocam a caminho e nos incentivam a sermos fieis à missão. Elas nos impelem a sair de nós mesmos para abrir-nos a um novo horizonte, que possibilita a todos os seres humanos a alegria de sentirem-se filhos de Deus e irmãos entre si.

O Ressuscitado nos confia o anúncio da Boa Nova da salvação, libertando-nos da estagnação para nos empenhar na promoção da vida. Toda a comunidade recebe a ordem de fazer discípulos, batizando-os e ensinando-os a observar os ensinamentos deixados por Jesus. Da comunhão de amor, pelo batismo, deve surgir uma humanidade nova, alicerçada na filiação divina e na fraternidade.

“Uma vez que todo o Povo de Deus é um povo enviado, a missão de anunciar a Palavra de Deus é dever de todos os discípulos de Jesus Cristo, em consequência do seu batismo. Nenhuma pessoa que crê em Cristo pode sentir-se alheia a esta responsabilidade que deriva do fato de ela pertencer sacramentalmente ao Corpo de Cristo. Esta consciência deve ser despertada em cada família, paróquia, comunidade, associação e movimento eclesial. Portanto, toda a Igreja, enquanto mistério de comunhão é missionária, e cada um no seu próprio estado de vida, é chamado a dar uma contribuição incisiva para o anúncio cristão” (Exortação apostólica pós-sinodal, Verbum Domini, Brasília: Edições CNBB, 2010, p. 125).

Nesta semana de oração pela unidade das Igrejas cristãs, invoquemos o Espírito de Deus para que habite em nós e seja nosso sustento na missão que recebemos do próprio Ressuscitado.  

Sintamo-nos cada vez mais missionários por todos os lugares, junto a todos com quem convivemos o hodierno de nossa vida cristã. Não tenhamos vergonha e nem guardemos nosso amor a Jesus Cristo somente para nós. Anunciemo-lo com a vida e, de acordo com São Francisco de Assis, se necessário, usemos também, da Palavra! Nosso testemunho é fundamental. O ditado popular: "Religião não se discute..." se desatualiza diante da conclamação à nossa missionariedade e discipulado em todos os ambientes!

Rezaremos, especialmente pelos Comunicadores também em nossas Celebrações deste Domingo, a quem somos profundamente agradecidos por divulgarem nossa modesta colaboração na Evangelização Virtual. Que nossas mães vivas e falecidas sintam a ternura e a gratidão de seus filhos neste dia a elas dedicado!

Desejando-lhes bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Padre Gilberto Kasper

(Ler At 1,1-11; Sl 46(47); Ef 1,17-23 e Mc 16,15-20)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Maio de 2018, pp. 48-51 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo Pascal (Maio de 2018), pp. 55-58.



MAIO DEDICADO À MATERNIDADE CRISTÃ!


Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente e Coordenador da Teologia na Faculdade de Ribeirão Preto da UNIVERSIDADE BRASIL e UNIESP S.A., Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

O mês de maio começa celebrando a Festa de São José, Operário, embora seja bem mais dedicado à MULHER! Comemora as Noivas, as Mães e é considerado pelos cristãos católicos, um mês dedicado à MARIA, Mãe de Jesus.

Gostaria de refletir muitos temas, mas pensei em escrever algo sobre o sentido da maternidade cristã, a partir das milhares de mães que assumem seus filhos sozinhas. São as que nossa sociedade chama de “mães solteiras”! É interessante observar que nunca ouvi ninguém chamar uma mãe, casada, direitinho, ou cujo pai assume com ela o filho, de “mãe casada”!

Continuamos com o péssimo hábito de discriminar as pessoas, vivendo, muitas vezes, às escondidas, disfarçando gravidez antecipada, aliás, nas últimas décadas, a maioria das crianças nasce aos sete meses, ou me engano? Casamentos ou contratos de estabilidade conjugal forçados, que não passam de hipocrisia, para não admitir, ou então não sentir-se motivo de conversinhas de vizinhos maldosos seriam válidos? Certamente a gravidez simplesmente, sem a certeza do amor gratuito, com sabor divino, profundo e verdadeiro, não é razão suficiente para “mentir” fidelidade diante de testemunhas, de ministros assistentes a matrimônios com aparatos megalomaníacos, como fotografias, filmagens, festas em renomados espaços de elegância exacerbada. São simplesmente nulos. Não acontece então o verdadeiro casamento, eis uma farsa.

Penso que estaria na hora de revermos o verdadeiro sentido da maternidade cristã. O que significa ser mãe, com ou sem parceiro? Ser mãe implica uma vocação específica, sublime, nobre e abençoada por Deus, o Criador. Ser mãe é gerar vida com amor. Para ser mãe de verdade, é preciso “fazer amor” e não simplesmente relação sexual por mero prazer hedonista. É, por isso possível, dissociar vocação ao matrimônio da vocação materna? Penso que não. Quem se casa sem querer constituir Família, utiliza-se de uma Instituição Sagrada: A Família, colocada de bruços nas últimas décadas, continua sendo a célula da sociedade. Precisa urgentemente ser reerguida e reassumida por pessoas que ainda acreditam em valores humanos e promovem a pessoa na sociedade, que ao contrário, a coisifica.

Quero, neste mês de maio, prestar minha homenagem muito terna, às mães que chamam de “solteiras”: mulheres corajosas, especiais, que desempenham também o papel de pais, para educar e amar divinamente os filhos que geraram, tantas vezes com dificuldades impostas pela própria família, pelos parentes e por uma sociedade que precisa ser mais amorosa, fraterna e misericordiosa com elas. Quem julga, fala mal, condena e determina a sentença sobre qualquer pessoa e seu comportamento, ousa prepotentemente ser deus sobre o outro. Minha ternura a todas as Mães do mundo, sobre as quais invoco as bênçãos da Sagrada Família de Jesus, Maria e José!




quarta-feira, 2 de maio de 2018

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SEXTO DOMINGO DO TEMPO PASCAL

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!



            O Sexto Domingo do Tempo Pascal tem um sabor de despedida, mas também de grande esperança a partir do convite que o Senhor Ressuscitado nos faz: amar-nos como Ele nos ama!
            Jesus se apresenta neste domingo como o amigo que nos ama até a doação da própria vida. Agindo assim conosco, ele nos convida a amar-nos uns aos outros com amor igual ao seu.
            Deus revela seu amor a todos; derrama seu Espírito sobre a comunidade, ajudando-a a superar os preconceitos e produzir abundantes frutos de amor e de vida no meio do mundo.
            A Igreja, guiada pelo Espírito Santo, é convidada a ir a todas as culturas e realidades. Quem ama consegue chegar a Deus, pois ele é amor. Gastar a vida em favor de alguém é o maior gesto de amor que uma pessoa pode realizar.
            Aproximamo-nos da despedida visível de Jesus entre os seus, para entrarmos num período de presença sensível do Ressuscitado entre nós até os dias de hoje. Só quem ama o amor com sabor divino consegue fazer esta experiência de sentir Jesus presente em sua vida, na vida do outro, mesmo tão diferente de nós, bem como nos Sacramentos, Sinais que viabilizam o cheiro da presença de Jesus Ressuscitado em Sua Igreja e em cada um que n’Ele se acendeu na Vigília Pascal! Paira um pressentimento que cada despedida traz consigo, no coração dos que viam Jesus Ressuscitado em Seu corpo glorioso. Parece que está por vir um “vazio e sensação de saudade profunda”. Mas Ele vai preparando-os para que sejam sinais concretos de Sua presença entre nós, e lhes confere a Missão do Querigma, isto é, anunciar até os confins da terra a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo!
            Dóceis aos apelos de nossos Bispos reunidos na 56ª Assembleia Geral da CNBB em Aparecida, se nos é renovado o convite a sermos as testemunhas e os discípulos do Mestre renovando num mundo onde a Cultura da Morte tenta sobressair-se, a Cultura da Esperança e da Vida!
            Parece-me oportuno lembrar a pequena estória que alguns já conhecem certamente: QUANTO CUSTA O SEU MILAGRE?

                        QUANTO CUSTA O SEU MILAGRE?
 “Uma garotinha foi para o quarto e pegou um vidro de geléia que estava escondido no armário e derramou todas as moedas no chão.
Contou uma por uma, com muito cuidado, três vezes. O total precisava estar exatamente correto. Não havia chance para erros.
Colocando as moedas de volta no vidro e tampando-o bem, saiu pela porta dos fundos em direção à farmácia Rexall, cuja placa acima da porta tinha o rosto de um índio.
Esperou com paciência o farmacêutico lhe dirigir a palavra, mas ele estava ocupado demais. A garotinha ficou arrastando os pés para chamar atenção, mas nada. Pigarreou, fazendo o som mais enojante possível, mas não adiantou nada. Por fim tirou uma moeda de 25 centavos do frasco e bateu com ela no vidro do balcão. E funcionou!
- O que você quer? - perguntou o farmacêutico irritado. - Estou conversando com o meu irmão de Chicago que não vejo há anos -, explicou ele sem esperar uma resposta.
- Bem, eu queria falar com o senhor sobre o meu irmão -, respondeu Tess no mesmo tom irritado. - Ele está muito, muito doente mesmo, e eu quero comprar um milagre.
- Desculpe, não entendi. - disse o farmacêutico.
- O nome dele é Andrew. Tem um caroço muito ruim crescendo dentro da cabeça dele e o meu pai diz que ele precisa de um milagre. Então eu queria saber quanto custa um milagre.
- Garotinha, aqui nós não vendemos milagres. Sinto muito, mas não posso ajudá-la. - explicou o farmacêutico num tom mais compreensivo.
- Eu tenho dinheiro. Se não for suficiente vou buscar o resto. O senhor só precisa me dizer quanto custa.
O irmão do farmacêutico, um senhor bem aparentado, abaixou-se um pouco para perguntar à menininha de que tipo de milagre o irmão dela precisava.
- Não sei. Só sei que ele está muito doente e a minha mãe disse que ele precisa de uma operação, mas o meu pai não tem condições de pagar, então eu queria usar o meu dinheiro.
- Quanto você tem? - perguntou o senhor da cidade grande.
- Um dólar e onze cêntimos -, respondeu a garotinha bem baixinho. - E não tenho mais nada. Mas posso arranjar mais se for preciso.
- Mas que coincidência! - disse o homem sorrindo. - Um dólar e onze cêntimos! O preço exato de um milagre para irmãozinhos!
Pegando o dinheiro com uma das mãos e segurando com a outra a mão da menininha, ele disse:
- Mostre-me onde você mora, porque quero ver o seu irmão e conhecer os seus pais. Vamos ver se tenho o tipo de milagre que você precisa...
Aquele senhor elegante era o Dr. Carlton Armstrong, um neurocirurgião. A cirurgia foi feita sem ônus para a família, e depois de pouco tempo Andrew teve alta e voltou para casa.
Os pais estavam conversando alegremente sobre todos os acontecimentos que os levaram àquele ponto, quando a mãe disse em voz baixa:
- Aquela operação foi um milagre. Quanto será que custaria?
A garotinha sorriu, pois sabia exatamente o preço: um dólar e onze cêntimos! - Mais a fé de uma criancinha.
Em nossas vidas, nunca sabemos quantos milagres precisaremos.
Um milagre não é o adiamento de uma lei natural, mas a operação de uma lei superior. Sei que você vai passar esta bola pra frente!”

O PREÇO DO SEU MILAGRE É A SUA FÉ!




            Quantos milagres de Amor poderemos intermediar entre nossos irmãos, especialmente os menos favorecidos! Gosto sempre de repetir que Justiça e Misericórdia somam Amor com sabor divino! Procuremos zelar por nossas relações: não cometamos injustiças nem por acepção e muito menos por discriminação de pessoas! Somos todos iguais em dignidade diante do Criador! Ninguém é melhor do que ninguém! Mas podemos ser melhor uns para com os outros, SEMPRE!
            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão o abraço amigo,

Padre Gilberto Kasper
(Ler At 10,25-26.34-35.44-48; Sl 97(98); 1 Jo 4,7-10 e Jo 15,9-17)

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Maio de 2018, pp. 30-33 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo Pascal (Maio/2018), pp. 51-54.