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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - VIGÉSIMO SÉTIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Outubro - Mês Missionário!

“Missão é servir”!

“Quem quiser ser o primeiro seja o servo de todos” (Mc 10,44).

Meus queridos Amigos e irmãos na Fé!      
“Estamos no início do mês de outubro, mês missionário, do Rosário, da Juventude, Ano da Paz, Mês que sedia a partir de hoje até o dia 25, o Sínodo Ordinário dos Bispos, convocado pelo amado Papa Francisco, e que se ocupará com a vocação e a missão da Família diante dos desafios de um mundo tão sedento de Deus e valores. 
As leituras do 27º Domingo do Tempo Comum apresentam uma temática sempre atual: a união matrimonial. Fruto do amor de um homem e uma mulher, o matrimônio aparece como projeto de Deus para o ser humano na busca da realização e da felicidade. Esse amor fiel, construído e fundamentado na doação e na entrega, será para o mundo um reflexo do amor de Deus para com o ser humano. Os textos bíblicos situam o debate em seu verdadeiro horizonte, trazendo a intenção originária do Criador. Essa forma enfatiza a fidelidade no matrimônio, proibindo explicitamente o divórcio. O adultério é a ruptura de uma relação que deve ser concebida não como um simples contrato legal, mas como uma disposição de vida, uma aliança estável, à semelhança daquela que o mesmo Deus fez com seu povo, alimentada pelo amor e não pela lei.
            O ser humano foi criado para a comunhão com os outros. A família, comunidade primeira da sociedade, é querida e abençoada por Deus. Solidário conosco e nosso irmão, Jesus nos instrui sobre o profundo sentido do matrimônio. Formamos família que vive a prática do amor fraterno e busca tornar novas as relações entre homens e mulheres, superando preconceitos e atitudes de dominação.
            Os seres humanos foram criados para viver em harmonia uns com os outros. Ao se encarnar, Jesus tornou-se solidário com a humanidade, participando da mesma sorte. O projeto inicial de Deus é homem e mulher vivendo o amor e o benquerer.
            A liturgia proposta para este domingo é uma reafirmação da vocação de todo ser humano: o amor. Sem ele a vida não deixa de ser uma experiência de solidão que condena qualquer um à triste experiência da morte. Como diz São Paulo: “sem o amor, nada sou”.
            Atualmente, a constante mudança dos valores em nossa sociedade, apresentada principalmente pelos meios de comunicação social, dificulta a fidelidade dos esposos. Em muitos casos, uma simples dificuldade já serve de motivo para a separação. Existem uniões que já começam praticamente pensadas para durarem determinado tempo: sem o sacramento, com separação de bens...
            A separação será sempre o fracasso do amor. Só o amor eterno, manifestado em um compromisso indissolúvel, está de acordo com o que o Criador nos ensinou, respeitando desta forma seu verdadeiro projeto.
            É interessante observar como o Evangelho de Marcos, em sua primeira parte trata da fidelidade, do verdadeiro matrimônio e das consequências do adultério. Deus faz aliança conosco. O matrimônio também é uma aliança, que naturalmente implica em fidelidade! Quando rompemos a fidelidade, cometemos adultério. Sou até mais ousado, em pensar, que facilmente nos “prostituímos”, traindo a aliança de Deus conosco! Isso acontece quando mentimos, fingimos e maliciamos pessoas, comportamentos, atitudes, eventos... Depois que Jesus, em casa, orienta seus discípulos sobre o tema da necessária fidelidade em toda relação humana, acolhe as crianças: “Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o reino de Deus é dos que são como elas”.
            Dois pensamentos merecem nossa atenção. As características da criança que perdemos, tornando-nos adultos: sinceridade, espontaneidade e pureza. Quando crescemos tornamo-nos mentirosos, fingidos e maliciosos. Eis o convite a recuperarmos as características das crianças. A outra questão a ser levada em conta, é que de cada separação, divórcio ou infidelidade, quem mais sofre as consequências do desamor, são as crianças. Os filhos de um casal que, muitas vezes, não passam de um cruel acidente, susto ou simplesmente um detalhe! Pode haver maior irresponsabilidade, egoísmo, desumanidade e insensibilidade? Depois nos perguntamos por que o mundo está tão enfermo, violento, deprimido e desencantado! Ou levamos a sério o amor com sabor divino que nos é permitido viver, ou não ousemos brincar de criaturas humanas, porque nem os animais são tão selvagens como nossa arrogância e prepotência, de queremos ser deuses sobre os outros!
            Inicia-se neste domingo até o dia 25 de outubro em Roma, o Sínodo Ordinário dos Bispos sobre A Família! Será a XIV Assembleia Geral Ordinária, que tratará sobre o tema “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”!
            Neste domingo, levaremos os envelopes para a Coleta das Missões. Seja nossa partilha consciente e generosa. Não deixemos para colocar nossa oferta no Dia Mundial das Missões, 18 de Outubro próximo. Naquele domingo devolveremos nossos envelopes, contendo o resultado do esforço que fizermos ao longo desses dias, partilhando de nossa pobreza, com os Missionários e as Missionárias do Mundo todo, que com inúmeras dificuldades dependem de nossa oferta generosa, para poder anunciar o Evangelho de Jesus Cristo. Seja esta a nossa Coleta mais consciente, porque realizada no Ano da Paz!
            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão o abraço amigo,

Padre Gilberto Kasper
(Ler Gn 2,18-24; Sl 127(128); Hb 2,9-11 e Mc 10,2-16)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Outubro de 2015, pp. 22-25 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo

Comum de Outubro de 2015, pp. 38-43.

MISERICORDIOSOS COMO O PAI!

Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do FAC – Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.

O Papa Francisco nos convoca a viver um “Ano Santo Extraordinário” no qual coloca em destaque a Misericórdia Divina. Ser misericordiosos como o Pai é um desafio e ao mesmo tempo é nossa vocação, pois fomos criados para ser “imagem e semelhança de Deus”. Como dizia meu falecido pai, a imagem está em nosso rosto, a semelhança está em nossas atitudes. O Ano Santo comemora também os cinquenta anos da conclusão do Concílio Ecumênico Vaticano II, um marco importantíssimo na vida da Igreja.

                        A Misericórdia é um sentimento nobre, suscita compaixão e perdão; lembra a nossa miséria (miseri) e o coração (cordis) bondoso de Deus. Contudo, no pensamento hebraico, misericórdia também significa aquele sentimento que tem origem nas entranhas maternas (rahamin), semelhante àquele amor do pai que acolhe ao filho pecador e tem carinho com o filho mais velho que não perdoa o irmão. Ser misericordiosos como o Pai é também viver a fidelidade ao seu amor quando amamos e nos preocupamos com nossos irmãos.

                        Ser misericordiosos como o Pai num mundo violento e intolerante é um desafio que nos oferece a chance de apagar as chamas de violência e desrespeito que a vida e dignidade humanas têm sofrido ultimamente. Fanatismo, terrorismo, discriminação, intolerância são sintomas de uma sociedade sem inteligência que não sabe conviver com o diferente e com quem tem opiniões diferentes das que a mídia apresenta. Ser misericordiosos significa apresentar as condições para um diálogo franco e fraterno apontando soluções mediadas pela compreensão e por uma visão abrangente do mundo e da pessoa humana.

Misericórdia não gera resignação, apatia, desmotivação. Ao contrário, suscita esperança num modo de agir que não alimenta violência. A misericórdia alimenta o sentimento da bondade, da nova oportunidade ao passo que a violência mata as possíveis soluções para uma convivência pacífica. Misericórdia é o sentimento que cresce no coração dos que têm certeza que o outro é uma pessoa que merece outra chance, que precisa ser ajudada a se libertar das próprias escravidões e sentir-se novamente amparada por aquele sentimento amoroso que o pai dedicou ao filho mais novo que errou muito longe de casa. (cf. Lc 15).

Ser misericordiosos não é o mesmo que ficar sentados de braços cruzados e esperar a banda passar, mas trabalhar em favor do bem, da verdade, da justiça e da fraternidade. Ser misericordiosos é também gritar em defesa da vida, é desmascarar as mentiras travestidas em propagandas enganosas que desrespeitam o direito do povo ser religioso e ter suas manifestações de fé; é também orientar para o bem os que andam iludidos pelo mal.

Ser misericordiosos é colaborar com a paz e torná-la realidade no meio onde vivemos; é praticar a caridade não por meio de discursos e sim pela atitude não discriminatória nem racista; é também entender Jesus Cristo quando diz “quero a misericórdia, não o sacrifício” (cf. Mt 9,13).

Tomo a liberdade de parafrasear Dostoievki, e escrevo que “a misericórdia salvará o mundo”.


(Fonte: Pe. João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Mogi Guaçu, Diocese de São João da Boa Vista)

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - VIGÉSIMO SEXTO DOMINGO COMUM

DIA DA BÍBLIA!

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            Estamos celebrando o último domingo do mês de setembro. Neste dia, recordamos, de uma maneira toda especial, a Bíblia. Nenhum outro livro conseguiu ser traduzido para tantas línguas e chegar a tantos povos como a Bíblia, na qual encontramos a Palavra de Deus. Mesmo escrita há séculos, consegue ser sempre atual e importante para qualquer momento de nossa vida.
            A liturgia deste 26º Domingo do Tempo Comum se apresenta com uma série de ensinamentos, que manifestam a essência da Bíblia. Claramente, podemos ver, pelas palavras de Jesus, que ninguém pode autodenominar-se dono da verdade e muito menos se sentir como exclusivamente único na promoção do bem, em nome de Deus. Temos que ser capazes de reconhecer e aceitar a presença e a ação do Espírito de Deus, através de tantas pessoas boas não pertencentes à nossa instituição, que talvez não pratiquem os mesmos ritos e devoções por nós praticados, nem professem nossa fé, mas que também são sinais do amor de Deus neste mundo.
            O Espírito de Deus não está preso a nenhuma instituição, mas age livremente e pode se servir dos instrumentos mais inesperados. A páscoa de Jesus se manifesta nos grupos e pessoas que, independentemente de credos, se doam a favor dos pequenos e procuram realizar o bem em meio à sociedade. Neste dia da Bíblia, acolhamos com alegria a carta que o Pai celeste deixou para cada um de nós.
            Pode haver profetismo ligado a uma instituição, mas existem outros não menos verdadeiros, fato reconhecido por Moisés e por Jesus. A palavra de Deus nos mostra que a defesa dos pequenos e a vivência da justiça transcendem instituições e crenças.
            O dom da palavra para profetizar e anunciar as maravilhas de Deus não é exclusividade de algumas pessoas ou de alguns grupos. Riqueza acumulada é sinal de morte; partilhada, sinal de vida. Venha de onde vier, o bem sempre será bem-vindo.
            A liturgia deste domingo nos coloca, mais uma vez, no contexto do ensinamento de Jesus a seus discípulos, enquanto caminham para Jerusalém. Apresenta alguns elementos importantes que precisam ser continuamente recordados. Tanto a primeira leitura quanto o evangelho, nos recordam que Deus não é propriedade de ninguém. Nenhuma igreja, instituição ou hierarquia possui o monopólio do Espírito, nem pode contratá-lo e, muito menos, acorrentá-lo. O Espírito, porém, está em todos aqueles que, pela prática dos valores ensinados por Jesus, estão abertos e dispostos a assumir o caminho que leva à verdadeira construção do Reino de Deus, que não é comida nem bebida, mas amor, paz, justiça, solidariedade, partilha.
            Nossa comunidade deve ser capaz de promover o diálogo e saber valorizar as ações boas de outros grupos.
            O verdadeiro cristão não tem inveja do bem que outros fazem, não sente ciúmes se Deus atua através de outras pessoas, mas esforça-se, cada dia, por testemunhar os valores do Reino e alegra-se com os sinais da presença de Deus em tantos irmãos que lutam por construir um mundo mais justo e fraterno.
            A postura de Jesus evitou que a comunidade se fechasse em si mesma. Hoje poderíamos até dizer que sua orientação tendeu a um discurso ecumênico. Para reafirmarmos essa postura, é interessante lembrar que, há 50 anos, o Concílio Ecumênico Vaticano II reconheceu a ação do Espírito Santo, no movimento pela unidade dos cristãos.
            O evangelho também nos coloca diante do problema do escândalo dos pequenos na comunidade. É importante entender que “os pequenos” não são necessariamente as crianças, mas os excluídos, os pobres, os doentes, os órfãos, as viúvas e os estrangeiros. Originariamente, o sentido da palavra “escândalo” significa “pedra de tropeço”. Então, ai de quem for essa pedra e for causa de tropeço. Ela pode ter até mesmo certas atitudes que não permitem o crescimento da comunidade. Esta é uma advertência especial aos líderes que são os primeiros responsáveis pela comunidade.
            A radicalidade exigida por Jesus não deve ser considerada no âmbito físico. Usando imagens e linguagem tipicamente semitas, Jesus manda cortar e jogar fora tudo o que possa causar problemas, seja no contexto pessoal ou comunitário, mesmo se isso exigir uma atitude drástica, a fim de não sermos motivo de queda para ninguém.
            A Bíblia é a Carta de Amor de um Deus apaixonado pela Humanidade. Orienta-nos, sobretudo neste domingo, à coerência entre o que pensamos, celebramos, rezamos e vivemos em nossas relações humanas. Jesus, Moisés e Tiago são muito lúcidos em suas orientações para nossas Comunidades de Fé, Oração e Amor. Devemos estar atentos: líderes eclesiais, agentes de pastoral, autoridades religiosas, mas também e, principalmente as autoridades políticas! Ai de nós, se escandalizarmos a quem quer que seja. Geralmente os maiores escândalos são promessas impossíveis de serem cumpridas, mentiras deslavadas, corrupção, desvio de enorme quantidade de verbas, falcatruas escancaradas, subestimando a capacidade de discernimento dos cidadãos. Pior, é quando os eleitores não exercem sua cidadania. Quando votam por interesses pessoais e não pelo BEM COMUM!

            Desejando-lhes bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Padre Gilberto Kasper
(Ler Nm 11,25-29; Sl 18(19); Tg 5,1-6 e Mc 9,38-43.45.47-48)

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Setembro de 2015, pp. 78-80 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum – Setembro de 2015, pp. 32-37.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - VIGÉSIMO QUINTO DOMINGO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

Animados pela celebração do Mês da Bíblia, na qual encontramos a Palavra por excelência, que se diferencia das que normalmente ouvimos, queremos orientar nosso agir tentando entender, a cada domingo, o que Deus nos fala. À medida que celebramos o Tempo Comum o anúncio da Paixão é uma realidade muito próxima.
            A liturgia deste domingo apresenta a palavra como luz para nossa vida e nos coloca diante de duas realidades que, continuamente, nos interpelam e até exigem nossa opção: a “palavra do mundo” e a “palavra de Deus”. Convida-nos a pensar no modo como nos situamos na comunidade cristã e na sociedade e até que ponto esta palavra é capaz de orientar nosso agir.
            Discípulos dele (de Jesus) somos chamados a tomar posição, em meio aos conflitos sociais, a favor do direito e da justiça e pôr-nos a serviço de todos, principalmente dos empobrecidos, sem ambicionar honrarias. Façamos de nossa prática religiosa não um trampolim para o prestígio, mas um sinal de nosso compromisso com o reino de Deus.
            A Palavra de Deus denuncia as intenções perversas dos injustos contra os justos, ensina que a inveja e a rivalidade são causas de obras más e nos convida a abraçar Cristo no pobre e no pequeno.
            A presença do justo sempre incomoda os perversos e corruptos. Jesus anuncia novamente sua paixão e convida os discípulos para a humildade e o serviço. A inveja e a rivalidade são causa de muitos males na comunidade.
            Jesus denuncia e pede que tenhamos cuidado com o poder, com as tentativas de domínio sobre os outros, com os sonhos de grandeza, com as manobras para conquistar honras, lucros e privilégios, com a busca desenfreada por títulos e posições de prestígio, pois são atitudes que revelam uma vida segundo a “palavra do mundo”.
            Jesus nos convida a uma opção de vida que manifeste o que ele mesmo é, tendo nos deixado como testamento: um coração simples e humilde, capaz de amar e acolher a todos em especial os excluídos, sem necessidade de retribuição e reconhecimento público.
            Não há meio termo, Jesus é claro e exigente: quem quiser segui-lo deve acolher sua proposta e consequentemente seus desafios. Como Igreja devemos estar dispostos a testemunhar nossa fé por meio de atitudes que manifestem a verdadeira palavra que é Caminho, Verdade e Vida.
            Os “ímpios” descritos pelo autor da primeira leitura são que, além de não aderirem aos valores de Deus, ainda zombam dos costumes e dos valores religiosos, por considerarem essas práticas religiosas inadequadas para os dias de hoje, ou seja, não compatíveis com a modernidade. Os justos, com sua prática de vida, acabam por ser uma espécie de empecilho aos ímpios que se sentem continuamente questionados. Estes reagem, atacando os justos e colocam Deus a prova para ver até onde ele permite o sofrimento dos que o temem.
            O Livro da Sabedoria nos oferece uma palavra de ânimo, muito oportuna para nossos dias, pois todo justo será recompensado e sua vida experimentará a plena e definitiva vida que Deus reserva para aqueles que escutam suas palavras, aceitam seus desafios, trilham seus caminhos e se comprometem com a construção de um mundo mais fraterno, lutando pela justiça e pela paz.
            Quem optar viver segundo a “palavra de Deus’” não terá facilidades, nem viverá em um romantismo mágico pelo qual tudo acabará em alegrias e grandes realizações. Estará, porém, sujeito a críticas, a perseguições, a incompreensões e até ao próprio fracasso. Entretanto não serão as situações contrárias que farão com que desanimemos na prática da justiça.
            O texto que nos é proposto na carta a São Tiago leva o cristão a fazer uma sincera análise sobre a origem das discórdias que destroem a verdadeira vida das comunidades cristãs. O autor exorta a comunidade para que não perca os valores cristãos autênticos e coloque em prática a palavra de Deus, que se encontra, de maneira privilegiada, em Jesus Cristo, fazendo de suas vidas um dom de amor aos irmãos, traduzindo em gestos concretos de partilha, serviço, solidariedade e fraternidade.
            Vigiemos para que nosso coração não esteja ocupado por ambições, invejas, orgulhos, competições, egoísmos que nada mais criam que divisões e nos impedem de entrar na vida plena.
            Jesus teve dificuldade de fazer com que entendessem. Ainda hoje podemos ter essa mesma dificuldade. Não temos tempo para saborear e entender a palavra de Deus, pois nossas preocupações podem estar sobre outras realidades. Será que não ficamos falando tantas coisas que não são tão importantes ou fundamentais? Por isso, a dinâmica de Jesus é muito importante: sentou-se, chamou mais perto, tomou a criança como exemplo... Sempre vai educando os discípulos sobre que tipo de messias é e como quer que sejam os que se dispõem a segui-lo. O evangelho é um contínuo ensinamento, mas a cegueira dos discípulos persiste. Quem quiser segui-lo deve dispor-se a servir.
            Assim como no tempo de Jesus, o interesse de saber quem é maior toma conta de muitas rodas de conversas e orienta as ações de muitas pessoas hoje, determinando as prioridades e os investimentos. Neste dia, cabe uma pergunta: em que estamos investindo nosso tempo, nossas energias, nosso dinheiro, enfim, nossa própria vida? Em realidades passageiras que, aparentemente, podem ser importantes, pois vivemos em uma sociedade capitalista e imediatista, ou em ações que conscientemente constroem pessoas, famílias e um mundo que proporcione o prazer de uma vida integral? Jesus nos convida a abandonarmos nossos sonhos egoístas e orientarmos nosso agir para a essência de sua proposta.
            No Reino de Deus não há uma escala hierarquizada de pessoas que possam ser umas mais importantes que as outras, mas há uma proposta de amor que se realiza no próximo. Algo difícil para nossos dias. O próximo, neste caso, está simbolizado pela criança que é sinal dos que são os últimos. Assim, a proposta de Cristo deve começar pelos que são últimos: os sem direitos, os fracos, os pobres, os indefesos, os facilmente manipulados, tal como eram vistas as crianças em seu tempo. O maior é aquele que ama e serve”.
            Pouco tempo antes de sua páscoa, tive o privilégio de conversar longamente com o Pe. Léo da Canção Nova, enquanto aguardávamos nosso voo atrasado no aeroporto de Navegantes (SC) com destino a São Paulo. Havia muita neblina. Entre as tantas coisas profundas que ouvi do Pe. Léo, lembro a propósito da Palavra de Deus deste domingo, duas: “Sempre tive muita pena dos pobres. Depois que fiquei doente e percebi que não era de nada, passei a ter pena dos ricos. Os pobres, quando chamados à eternidade, não terão praticamente nada a deixar para trás. Mas coitados dos ricos, que acumulam coisas desnecessárias. Quando esses forem chamados a deixarem este mundo, terão de deixar tudo que acumularam para trás. De quantos projetos precisei abrir mão, desde que soube que tenho pouco tempo de vida. É doloroso demais...” “O cristão autêntico é como um bambu: vem ventos fortes que o levam ao chão e ele se reergue... vem as chuvas fortes, e ele se refresca, porque não teme as tempestades... vem os relâmpagos e ele os absorve e enterra... o bambu, como o cristão, por mais que seja surrado, nunca desiste de crescer para o alto!”
            Não desanimemos jamais. Olhemos para o alto e façamos dele nosso destino, nosso Fim Último, porque lá está a esperança de nosso futuro e de nossa felicidade verdadeira!
Sejam todos muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço fiel e amigo,

Padre Gilberto Kasper
(Ler Sb 2,12.17-20; Sl 53(54); Tg 3,16-4,3 e Mc 9,30-37)

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Setembro de 2015, pp. 62-64 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum – Setembro de 2015, pp. 27-31.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - VIGÉSIMO QUARTO DOMINGO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

O Mês da Bíblia que estamos trilhando, instituído em 1971, tem como meta instruir os fiéis sobre a Palavra de Deus e difundir o conhecimento das Sagradas Escrituras. Já dizia São Jerônimo que ignorar as Escrituras é ignorar o próprio Cristo. A implantação desse mês temático colaborou na aproximação do Povo de Deus com a Bíblia. Cresce a consciência e o esforço para a necessária animação bíblica de toda a pastoral. Propondo o estudo e a reflexão do Evangelho de Marcos para este mês, a Igreja deseja reforçar a formação e a espiritualidade de seus agentes e fiéis, no seguimento de Jesus Cristo.
            Na caminhada litúrgica que fazemos nos reunimos para celebrar o Vigésimo Quarto Domingo do Tempo Comum, em que os discípulos de Jesus são interrogados pelo Mestre sobre quem dizem que ele é. Pedro responde categoricamente: “Tu és o Messias!”. A partir do contato que estamos tendo com o Evangelho de Marcos, o que podemos afirmar da identidade de Jesus? Certamente já temos respostas muito oportunas.
             Pensem comigo, se a situação não se parece? Seguramente nossos políticos, a cada momento, diariamente, buscam saber de seus assessores, como estão as pesquisas oficiais e oficiosas. Imagino que a pergunta deles aos assessores deva ser muito parecida com a de Jesus aos discípulos: “O que diz o povo a meu respeito? Vocês acham que temos chance de ganhar as próximas eleições? Que pensa a sociedade que eu sou?” A resposta dos discípulos é muito precisa quanto ao que pensa o povo sobre a identidade de Jesus: totalmente equivocada! Ainda o povo não conhece bem a Jesus. A impressão que o evangelista passa, que isso para Jesus não é o que mais interessa. O interessante mesmo para Jesus é a opinião, a noção, o conhecimento dos mais próximos; daqueles escolhidos a dedo, em que Ele colocou toda sua confiança e a quem prepara para se tornarem um seguimento Seu: discípulos e missionários, outros cristos num mundo ingrato, violento, vazio de valores e oco de Deus! É onde entra a profissão de Pedro, que deverá ser sempre a de qualquer cristão autêntico, sem medo de perder sua vida, sua posição social, seu emprego, sua honra, seu prestígio por nada: “Tu és o Messias!”. Resposta que implica uma compreensão clara da cruz, do calvário, da zombaria, dos açoites daqueles que pretendem comprar nossa consciência (nosso caráter a qualquer preço). Só reconhece Jesus como o próprio Deus conosco quem faz a experiência de ser livre para amar, falar sempre a verdade, ser coerente, transparente, não decepciona, vive a justiça, promove o bom senso e a verdadeira paz.
            No dia 14 de Setembro, celebramos a Festa da Exaltação da Santa Cruz e a Festa de Nossa Senhora das Dores no dia 15. Dor, sofrimento são coisas que os homens e mulheres de nosso tempo procuram, de muitos modos, diminuir, abreviar e até eliminar. O que dizer então do luto? Abreviam-se, em geral, cada vez mais o tempo dos velórios, misturam-se elementos diversos para tornar esses momentos o menos traumático possível. Por que temos tanto medo da morte, quando é uma das raras certezas que temos? Não seria melhor olhar a morte com mais humanidade, melhorando, cada vez, que ela passa por perto e leva de nosso convívio alguém que amamos nossa qualidade de vida? Cada vez que me encontro num velório, imagino-me confinado naquele pedacinho de madeira... E se fosse eu? O que seria de mim? Por que corremos tanto atrás de bens materiais, prestígio, poder, cargos, funções, quando todos, sem escapar ninguém, um dia teremos de responder à eternidade, quando de lá ecoar nosso nome? Não consigo compreender, como nossas pretensões, ganâncias, egoísmos, mesquinharias e desamores possam conduzir nossas relações, se um dia tudo acabará na eternidade, diante de Deus, d’Aquele que Pedro chama de Messias? Nem por último: não levamos nada conosco. Estaremos despidos de qualquer posse, mas vestidos de valores que procuramos cultivar como: humildade, mansidão, ternura e tantas outras belezas humanas! Por isso, ter medo da morte é desconhecer Jesus, estar equivocado quanto à sua identidade. É fé imatura, esclerosada, ressequida, murcha, inútil, já que nossa verdadeira fé se debruça sobre a esperança de que morrendo, veremos Deus como Deus é. E isso basta!
            O salmo 114(115) expressa a confiança em Deus que é amor-compaixão. O Senhor liberta a vida da morte, enxuga dos olhos os prantos e os pés do tropeço. Qual o limite de nossa confiança em Deus? Além das palavras do salmista, a liturgia deste domingo nos apresenta as palavras do “servo de Javé e o primeiro anúncio da Paixão feito por Jesus.
            O evangelho deste domingo constitui a parte central do Evangelho de Marcos. Jesus, no caminho, interroga os discípulos para saber o que o povo e eles mesmos conseguiram entender a seu respeito. Depois de ouvir aquilo que é opinião do povo, dirige-se diretamente a eles. Pouco antes, Jesus os repreendera porque estavam como que cegos, “têm olhos, mas não vêem” (Mc 8,18), e seus corações endurecidos não lhes permitem entender sua verdadeira identidade. Pedro é muito exato em sua resposta: “Tu és o Messias”. A imposição do silêncio por parte de Jesus se deve, certamente, à ideia distorcida que Pedro e os demais discípulos têm a seu respeito, o que se comprova mais adiante na outra reação de Pedro.
            Jesus, anunciando sua Paixão, o modo como o Pai realizará nele sua obra salvífica, deseja eliminar todo mal-entendido. Vejamos se também nós, ao basearmos o crescimento do Reino de Deus em fama, triunfo, aplausos alcançados, templos cheios, não estamos seguindo os critérios dos homens...
            Quais seriam as palavras de Jesus para nós, seus discípulos hoje?
            Hoje, torna-se cada vez mais pesada a cruz do testemunho autêntico de fé e do seguimento. Em muitos ambientes sociais, é pesada a cruz da identidade da fé católica; a cruz dos conflitos familiares; a cruz das intrigas entre lideranças (também entre políticos que ao invés de apresentarem suas propostas e capacidades, gastam seu tempo atirando pedras no telhado dos outros, mesmo tendo a maioria deles seu telhado de vidro, de alguma maneira); a cruz da incerteza e da carência de dignas condições de vida; a cruz da fome, do desemprego, da falta de saúde, da educação, da exclusão, das promessas não cumpridas...
            Finalmente, somos convidados a colocar-nos no lugar de Jesus sempre: calçar suas sandálias, pensar seus pensamentos, falar suas palavras, agir seu imensurável amor por todos, indistintamente!
            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Padre Gilberto Kasper
(Ler Is 50,5-9; Sl 114(115); Tg 2,14-18 e Mc 8,27-35)

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Setembro de 2015, pp. 44-46 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum (Setembro de 2015), pp. 21-26.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - VIGÉSIMO TERCEIRO DOMINGO COMUM

SETEMBRO - MÊS DA BÍBLIA!

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

Estamos no 23º Domingo do Tempo Comum. Com o intuito de uma interação sempre maior entre a Palavra e a Eucaristia, as duas mesas que constituem um só ato de culto, é que propomos a reflexão da liturgia deste final de semana. Neste Ano B, em que acompanhamos o Evangelho de Marcos, a Palavra nos propõe um encontro com aquele que anunciou e mostrou presente o Reino de Deus, por suas ações e ensinamentos: Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem.
            O refrão: “Ide pelo mundo, e proclamai a Boa Nova a toda criatura!”, que sintetiza a tarefa principal do missionário e discípulo descrito em Marcos, acompanhado do Salmo 145(146), foi o escolhido para a Celebração de minha Ordenação Presbiteral há mais 25 anos.  Canta-lo neste domingo, remete minha profunda saudade àquela manhã, em que fui ordenado Presbítero para sempre. Tenho procurado viver com fidelidade, não obstante meus incontáveis limites, a missionariedade e o discipulado, sob meu lema sacerdotal: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia (Mt 5,7).”
            Sabendo que a liturgia “não esgota toda a ação da Igreja” (SC, n.9), mas é seu cume e fonte (SC, n.10), importa também, que, especialmente neste Mês da Bíblia, nos empenhemos, pessoal e comunitariamente, para um encontro com Cristo na Palavra. Como nos dizem os bispos reunidos em Aparecida: “A Palavra de Deus não são meras palavras. A Palavra é uma pessoa que fala e fala a outra pessoa. E, por ser pessoa, busca estabelecer uma relação...” (Discípulos e Servidores da Palavra de Deus na Missão da Igreja, Documentos da CNBB, n. 97, introdução).
            A atividade de Jesus em território pagão realça a universalidade da sua missão. Marcos assim destaca que Jesus veio para comunicar a vida a todas as pessoas, abolindo a distinção entre povos impuros e povo puro.
            O gesto da imposição das mãos, solicitado pelos que trouxeram o homem surdo, era um gesto familiar a Cristo e de uso tradicional para a transmissão de poder e autoridade, para a transmissão de bênçãos. Os que trouxeram o enfermo pensavam, pois, que esse gesto fosse essencial para a cura. Jesus, apartando-se da multidão com o surdo-mudo, queria muito provavelmente evitar qualquer mal-entendido de cunho messiânico. Jesus colocou os dedos em seus ouvidos, como que indicando que ia abri-los, e, cuspindo, com a saliva tocou a língua dele. Vale lembrar que, na antiguidade, a saliva era considerada remédio medicinal. Os gestos e os toques de Jesus vão despertando, excitando a fé daquele homem, preparando-o para o que vai realizar (ver Is 50,4-5). Antes da palavra de ordem para a cura, Jesus, olhando para o céu suspirou, assim indicando que a cura que haveria de seguir era obra do Pai, a fonte de todo o bem. Depois de sua oração silenciosa, ordenou a cura: abre-te (efatá)! “Imediatamente seus ouvidos se abriram e sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade”. Uma vez que Marcos não se refere nem à possessão, nem a algum espírito, como faz em tantos outros casos, é bem provável que se tratasse de um defeito natural. Cristo, consciente de que realizava o plano do Pai e não buscava “atrair os holofotes” sobre si mesmo, além de afastar-se da multidão para realizar a cura, recomenda insistentemente que não o digam a ninguém. Marcos evoca Isaías, lembrando que Jesus havia feito os surdos ouvirem e os mudos falarem. Foi Jesus mesmo que, interrogado pelos mensageiros do Batista se ele era o Messias, deu exatamente essa resposta (cf. Mt 11,1-6; Lc 7,18-23).
            Quando os israelitas exilados encontravam-se desanimados e abatidos, o profeta oferece-lhes um oráculo de esperanças e de reconforto: “Coragem! Não temais! O vosso Deus vem para vos salvar!” (v.4). Segundo o profeta, Deus está para entrar em ação em favor deles. Com Jesus tem início o cumprimento dessas promessas messiânicas. Num tempo em que a falta de sentido, a desesperança, a depressão campeiam inexoravelmente, cada cristão em particular, nossas comunidades em uníssono devem oferecer uma mensagem de alento, colocando-se ao lado dos perseguidos e marginalizados; testemunhando ao mundo que Deus, nosso Pai, cuida de todos como seus filhos e filhas.
            As injustiças e desigualdades que verificamos constantemente em nossa sociedade, as quais, muitas vezes, são banalizadas, jamais poderão ser aceitáveis no seio das comunidades cristãs (2ª leitura). Os preconceitos discriminatórios, praticados dentro das comunidades cristãs, constituem pecados graves que precisam ser extirpados, uma vez que estas foram constituídas justamente para ser um sinal de esperança para os empobrecidos e marginalizados.
            Redimidos e adotados como filhos e filhas, esperamos pela fé em Jesus Cristo, de nosso bondoso Pai, a verdadeira liberdade e a herança eterna. Jesus Cristo em sua atividade provoca a admiração das pessoas, porque faz bem todas as coisas.
            Alimentados e fortalecidos pela Palavra e pelo Pão, dons de Jesus Cristo, esperamos viver com ele para sempre. Esperamos ainda que a nossa participação na Eucaristia reforce entre nós os laços da amizade.
            Vejamos o que mais, em nossa comunidade, podemos fomentar em termos de estudo e celebração em torno da Palavra de Deus.
            Não basta celebrarmos uma liturgia bem preparada. Não basta contarmos com uma multidão de fiéis em nossas celebrações, que saem das mesmas tão vazias como nelas entraram. Há até mesmo quem se satisfaz em ver seu Templo lotado de fiéis em busca de gestos espetaculosos, como curas emocionais, geralmente equivocadas, quando não enganosas. A surdes e a mudes continuarão reinando em nosso mundo tão oco de Deus. É necessário e urgente, anunciar o espetacular, e este se chama ninguém, a não ser Jesus Cristo, Deus de Amor no meio de nós! O grande e único milagre do “efatá” já aconteceu a todo aquele que se digna chamar-se cristão: é aberto ao anúncio do Reino de Deus, que é um Reino de Amor, Verdade, Justiça, Liberdade e de Paz! Só quem acolhe Jesus na pessoa do outro, mesmo surdo, mudo, cego, coxo, pobre e marginalizado, porque diferente das convenções de uma sociedade consumista e hipócrita e de comunidades que se desfiguram do verdadeiro cristianismo, compreende sua missão e seu discipulado nos dias atuais!
            Sejam todos sempre muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,

Padre Gilberto Kasper
(Ler Is 35,4-7; Sl 145(146); Tg 2,1-5 e Mc 7,31-37)

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Setembro de 2015, pp. 27-29 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum (Setembro de 2015), pp. 15-18.

SETEMBRO É O MÊS DEDICADO À BÍBLIA

Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do FAC – Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.

Embora todo mês de Setembro seja dedicado à Bíblia, o Dia da Bíblia é celebrado na memória de São Jerônimo a 30 de Setembro, que além de presbítero e doutor da Igreja, é o Patrono dos Exegetas, os que se debruçam sobre o aprofundamento do estudo da Bíblia. O século IV depois de Cristo, que teve o seu momento culminante no ano de 380 com o edito do imperador Teodósio no qual se estabelecia que a fé cristã devesse ser adotada por todas as populações do império, está repleto de grandes figuras de santos: Atanásio, Hilário, Ambrósio, Agostinho, João Crisóstomo, Basílio e Jerônimo, dálmata, nascido entre 340 e 350 na cidadezinha de Strido. Romano de formação, Jerônimo é um espírito enciclopédico. Sua obra literária nos revela a cada instante o filósofo, o retórico, o gramático, o dialético, capaz de escrever e pensar em latim, em grego, em hebraico, escritor de estilo rico, puro e robusto ao mesmo tempo. A ele devemos a tradução em latim do Antigo e Novo Testamentos, que se tornou, com o título de Vulgata, a Bíblia oficial do cristianismo.

            Jerônimo é uma personalidade fortíssima: em toda parte por onde vai suscita entusiasmos ou polêmicas. Em Roma ataca os vícios e hipocrisias e preconiza também novas formas de vida religiosa, atraindo para elas algumas influentes damas patrícias (de Roma), que o seguiram depois na vida eremítica de Belém. A fuga da sociedade deste exilado voluntário era um gesto ditado por um sincero desejo de paz interior, não sempre duradouro, uma vez que, para não ser esquecido, reaparecia, de vez em quando com algum novo livro. Os "rugidos deste leão no deserto" eram ouvidos tanto no Ocidente como no Oriente. Suas violências verbais não perdoavam ninguém.

            Este homem extraordinário estava consciente de suas próprias culpas e de seus limites (batia-se no peito com pedras por causa dos seus pecados), mas estava consciente também dos seus merecimentos. No livro Homens Ilustres, onde apresenta um perfil biográfico dos homens ilustres, conclui com um capítulo dedicado a ele mesmo. Morreu aos 72 anos, em 420, em Belém, como Patrono dos Biblistas “O mundo atual apresenta inúmeras características novas, que desafiam o sacerdote em sua missão de anunciar a Palavra de Deus” (Cf. Subsídios Doutrinais da CNBB nº 5).

        Por isso, em nossa Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres, realizamos, mensalmente, um Estudo Bíblico, coordenado por Amália Terezinha Balbo Di Sicco e Mary Di Sicco Genaro, sob a assessoria de seu reitor. No quarto sábado de cada mês, das 10 às 12 horas, procuramos aprofundar para melhor conhecer a Bíblia: A Palavra de Deus Revelada, e assim amá-la mais e vivê-la melhor. Procuramos, em nosso Estudo Bíblico, aprimorar “A Ação Querigmática em seu conteúdo: “Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo”, e em sua forma: “oração, acolhida, diálogo assertivo e anúncio’ com o esforço da conversão, bom senso e coerência” (Cf. Pe. Luís Henrique Eloy e Silva). Sintam-se  convidados a participar; assim estaremos colocando em prática uma das Prioridades de nosso Plano Arquidiocesano de Pastoral: A FORMAÇÃO DE LÍDERES! Neste mês de setembro nosso estudo será dia 19 entre 10 e 12 horas!