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quarta-feira, 25 de março de 2020

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - QUINTO DOMINGO DA QUARESMA


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé! 



Chegamos ao Quinto Domingo da Quaresma. Depois de quarenta dias de grande jejum, continuada penitência e profundo retiro de oração, vamos contemplar hoje a Ressurreição e a Vida. Este Quinto Domingo da Quaresma, pelos antigos era chamado de "Domingo da Paixão" - ressaltado pelos acontecimentos da ressurreição de Lázaro. Ressurreição que causou ódio das autoridades civis daquele tempo contra Jesus, que dava um sinal de como deveria ser sua própria ressurreição. O acontecimento de hoje conduz à Páscoa da morte e ressurreição de Jesus Cristo.

A experiência batismal estabelece e manifesta a sintonia existente entre os três últimos domingos da Quaresma. No Terceiro Domingo da Quaresma, no acontecimento da Samaritana, falou-se em água viva, em água que jorra para a vida eterna, e Jesus apresentou-se como quem é capaz de dar de beber esta água salvadora. No Quarto Domingo da Quaresma, Jesus revelou-se como a luz do mundo. A água e a luz fazem crescer, vivificam os seres vivos. Sem água e sem luz, conhecemos a morte. A partir da água e da luz, Jesus reafirma sua divindade e seu poder de dar a vida, e a vida plena, que não se acaba.

O motivo da celebração eucarística é a ressurreição e a vida de todos os que se deixam conduzir pela palavra de Deus. Dela nos vem a força e a esperança para continuar na caminhada rumo à Páscoa, superando toda tristeza e morte. O profeta Ezequiel anuncia ao povo que Deus deseja comunicar a vida a quem está sob o jugo da morte. Jesus, ao ressuscitar Lázaro, concretiza o sonho do profeta e se apresenta como “a ressurreição e a vida”. Deus não quer que seu povo viva em condições de mortos-vivos e abandonado à própria sorte. Jesus ama seu povo e, por isso, ordena que desatemos as amarras que mantêm as pessoas presas. Viver segundo o Espírito de Deus é fazer nossas opções de Jesus.

O Profeta Ezequiel prega para um povo “morto”, caído por terra e sem esperança de vida. Um povo vencido e desanimado no exílio, que é visto como um monte de ossos secos. A “palavra profética” é palavra recriadora. Por isso, o que parece impossível aos homens, pode se transformar numa ocasião para Deus revelar a sua força recriadora. Lentamente os ossos são revivificados pelo Espírito de Deus. O povo renova-se à medida que vai tomando consciência da sua dignidade.

O Apóstolo Paulo fala do espírito que vivifica, mesmo se o corpo estiver morto. O espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos fará viver até os nossos corpos mortais. Esta vida nova, vida habitada pelo Espírito, requer superação de tudo o que não agrada a Deus. A partir da Ressurreição de Cristo quem determina o ser e agir do ser humano, não é mais o pecado e o egoísmo, mas o Espírito; não é mais a morte, mas a vida.

Jesus está a caminho de Jerusalém. É sua última viagem. Em Betânia, apenas a uns 3 km de Jerusalém, faz o grande milagre da ressurreição de Lázaro. Betânia era parada obrigatória dos peregrinos de Jerusalém. Ali eles tomavam banho, preparavam-se para entrar na cidade santa. Não poderia ser diferente com Jesus e com os apóstolos. A parada de Jesus foi na casa de Maria, de Marta e de Lázaro, seus íntimos amigos.

A figura de Lázaro, encerrado no sepulcro e amarrado em faixas, personifica o discípulo que, ao convite do Senhor, necessita sair de seu mundo (aqui o sepulcro é imagem forte disso), para ganhar a vida. A vida do batizado implica rupturas e mudanças radicais com determinadas práticas de vida, ao mesmo tempo em que ele se insere numa comunidade de vida. Na Quaresma, somos chamados à conversão, a deixar projetos que nos prendem ao egoísmo e a apostar na tarefa de criar um mundo solidário, com mais vida. Temos de anunciar, mais com ações do que com palavras, que acreditamos que só é parceiro de Deus quem defende a vida e que tudo será possível com amor autêntico e coerente.

Somos convidados a preparar-nos bem, a fim de que esta seja a mais rica Páscoa já celebrada em nossa vida pessoal, comunitária e social.  O alívio do perdão e da reconciliação revestirá a Celebração da nossa principal festa anual: a Páscoa da Ressurreição do Senhor e nossa de sentido mais profundo, oferecendo-nos, diante de nossa Cultura de Sobrevivência, novas esperanças, perspectivas, ânimo e sentido de vida verdadeira.

Sejamos pessoas melhores depois de passarmos por uma Quaresma tão concreta, com exigências tão desafiadoras para protagonizarmos a salvação de todas as vidas que estão ao nosso alcance, que se nos foram impostas pelo Coronavírus. Sejamos cada dia mais Anjos uns dos outros.

Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler Ez 37,12-14; Sl 129(130); Rm 8,8-11 e Jo 11,1-45).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Março de 2020, pp. 92-96 e Roteiros Homiléticos da CNBB para a Quaresma (Março de 2020), pp. 40-45.


QUARESMA: TEMPO DE PERDÃO E MISERICÓRDIA!


Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Tereza de Ávila, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com


               A Quaresma nos conclama ao perdão e à misericórdia em relação aos outros. Nem sempre conseguimos perdoar. Alguns dizem que: "Perdoar é esquecer!". Prefiro pensar que perdoar é lembrar sem rancor! Nem sempre é possível esquecer, mas o perdão e a misericórdia são essenciais, se quisermos que os exercícios quaresmais nos edifiquem e nos conduzam à verdadeira libertação que a Páscoa do Senhor nos propõe. Um coração cheio de rancor, bolor, mágoas, rusgas e incapacidade de perdoar, é um coração amargo e infeliz.
              
Na parábola do Pai Misericordioso, temos além do mais novo, o filho mais velho. O Evangelho de São Lucas no capítulo 15, versículos 25 a 32, descreve a dificuldade que o irmão mais velho tem, de perdoar o mais novo. Sempre fez tudo certinho, foi o filho obediente e o peralta agora é homenageado? Isso é inconcebível, quando não se conhece a capacidade de perdoar e nem a misericórdia que Deus tem para com o pecador arrependido.
              
Em nossa sociedade temos muitos "irmãos mais velhos", incapazes de perdoar. Isso é muito comum nas famílias, nas instituições eclesiais e políticas, quando selamos a testa das pessoas, determinando-as "pecadoras". Esquecemos o que rezamos na oração que o próprio Cristo nos ensinou: "... perdoai-nos assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido...". Se Deus ouvisse este pedido, estaríamos perdidos. Há muitos entre nós, que se atribuem o direito de julgar, condenar e determinar a sentença, como se não tivessem nenhum pecado. Tenho dó de quem é assim! Quantos pecados mais "fedidos" tal pessoa não estará tentando esconder atrás de quem foi descoberto? Ninguém é melhor do que ninguém. Só Deus não decepciona, já que não existe criatura humana sem defeitos, erros, deslizes, enfim pecados a serem perdoados.
             
O Evangelho de São João, capítulo 8, versículos 1 a 11 narra o episódio da mulher surpreendida em adultério. Os mesmos "prostitutos" que utilizaram de seus serviços pedem sua condenação. Quiseram colocar Jesus numa armadilha. Armadilhas semelhantes às que nós tramamos uns contra os outros, sobretudo quando a inveja nos aguça por dentro, para "tirar de campo" ou "puxar o tapete" de quem nos faz sombra e aparece mais do que nós.
             
"Quem dentre vós não tiver pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra" (Jo 8, 7). Penso que o jeito é mesmo responder aos apelos da Quaresma, para celebrarmos uma Páscoa verdadeira: sejamos os protagonistas do perdão e da misericórdia de Deus! É preferível enganar-se por perdoar e exercer a misericórdia, do que acertar por uma justiça despida de amor!

Com Santa Teresa de Calcutá podemos concluir: “Devemos amar a pessoa boa, porque merece e a pessoa má, porque precisa de nosso amor”!




domingo, 22 de março de 2020

Missas para acompanhar de casa

Dentre as medidas tomadas para conter o avanço do Coronavirus as pessoas estão ficando mais em suas residências evitando aglomerações. As Igrejas também estão fazendo sua parte transmitindo as missas e celebrações. Seguem dicas de links para acompanhar de casa:

CNBB: https://www.cnbb.org.br/confira-dias-e-horarios-das-missas-transmitidas-pelas-emissoras-de-tv-de-inspiracao-catolica/

Missa Privada celebrada pelo Pe. Gilberto Kasper na Igreja Santa Teresa D'Avila no Jardim Recreio, domingo dia 22 de março às 19 horas pela ribeiraowebnews.com.br

Pelo Facebook procure a página da Catedral de São Sebastião do Ribeirão Preto-SP e também da Arquidiocese de Ribeirão Preto.

Vamos permanecer unidos em oração.

quarta-feira, 18 de março de 2020

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - QUARTO DOMINGO DA QUARESMA


LAETARE – DOMINGO DA ALEGRIA

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé! 




             Na caminhada para a Páscoa já próxima, somos convidados a deixar atitudes de tristeza e desânimo e assumir a alegria e o otimismo, porque o Quarto Domingo da Quaresma - LAETARE é o domingo que antecipa as alegrias da festa da Páscoa que a Quaresma prepara nas entranhas de nossas Comunidades de Fé, Esperança e Amor, no íntimo de cada cristão. Jesus cura nossa cegueira e ilumina as trevas que alienam a vida das pessoas, principalmente as que desrespeitam a vida, como dom e compromisso! Deus vê fundo, não se deixa enganar pelas aparências. Nossa fé em Jesus leva-nos a superar os valores do mundo e os seus preconceitos e assumir os riscos que ela comporta, denunciando toda maldade fruto das trevas. Deus não age segundo critérios humanos: ele vê o coração dos homens, não as aparências. O encontro com Jesus, luz da humanidade, transforma nossa vida de trevas em vida iluminada. A partir do batismo, somos novas criaturas; por isso, devemos agir com bondade, justiça e verdade. Agradeçamos a Deus pelo novo olhar a nós concedido, capaz de reconhecer na assembleia, na palavra e no pão partilhado os sinais da presença de Cristo que salva.

O Quarto Domingo da Quaresma é tradicionalmente conhecido como o Domingo Rosa, o Domingo da Alegria. A comunidade cristã celebra a proximidade da Páscoa da Ressurreição de Cristo. É bom que nos alegremos nesta certeza. Fomos salvos pela ressurreição de Cristo e esta celebração festiva anual está próxima. Nós cristãos nos alegramos, porque Cristo nos salvou.

Saul, como rei de Israel, não conseguia mais governar o povo com justiça e por isso devia ser substituído. O profeta Samuel unge Davi, o último entre os oito irmãos, como rei de Israel. A escolha e a unção do rei Davi nos ajudam a entender o sentido do Batismo, especialmente o simbolismo da unção.

Pelo salmo responsorial (Sl 22/23), a comunidade suplica ao Senhor que restaure suas forças, derramando sobre ela o óleo do seu amor e a transforme em instrumento de salvação na sociedade.

O Apóstolo Paulo, fazendo referência ao contraste “trevas e luz”, ressalta a conduta dos cristãos - vivam como “filhos da luz”. Nisto há uma relação direta com o Evangelho. A luz que os outros contemplarão nos cristãos brotará do testemunho, da prática das boas obras de bondade, justiça e verdade. “Pelos frutos os conhecereis”. O batizado é iluminado pela luz de Cristo, para se tornar luz do mundo.

A cura do cego de nascença nos toca de perto, porque em certo sentido todos somos... “cegos de nascença”. O próprio mundo nasceu cego. Segundo o que nos diz hoje a ciência, durante milhões de anos houve vida sobre a terra, mas era uma vida em estado cego, não existia ainda o olho para ver, não existia a própria vista. O olho, em sua complexidade e perfeição, é uma das funções que se formam mais lentamente. Esta situação se reproduz, em parte, na vida de cada ser humano.

A narrativa do cego de nascença serve para demonstrar como se chega à fé plena e madura no Filho de Deus. Jesus nos recorda, com o sinal da cura do cego de nascença que, além dos olhos físicos, há outros olhos que devem abrir-se ao mundo. São os olhos da fé.

A fé é a luz que ilumina a nossa vida e dá alento ao nosso peregrinar terreno. O próprio Cristo apresenta-se como luz que nos ajuda a descobrir os verdadeiros valores e nos capacita a viver fraternalmente. Assim, iluminados por Cristo, seremos reflexo de sua luz. Vivamos na alegria da fé que se manifesta na confiança em Deus!

Conhecemos bem o ditado popular: "O pior cego é aquele que não quer enxergar..." Este Domingo Laetare, da Alegria, o Quarto Domingo do Tempo Quaresmal é um forte apelo a todos nós: que enxerguemos bem a realidade em que vivemos como Filhos da Luz, assumindo com coragem e ousadia nossos compromissos batismais. Muitas vezes é mais cômodo não querer enxergar, pois isso exige comprometimento, perdas, desinstalação do comodismo que nos impermeabiliza a críticas e cobranças. O cristão que não se esforça por prevalecer a verdade, a justiça, a liberdade e o amor gratuito e, a partir desses valores essenciais promove a dignidade humana entre as pessoas, principalmente as que se encontram em situações de risco, não assume seu batismo. Acovardar-se diante do pecado é tão grave como ceder a ele. E quem cede ao pecado, sem lutar por superá-lo caridosa e fraternalmente, vira as costas para Deus: deixa-o falando sozinho. Quanto maior a responsabilidade do serviço de qualquer autoridade e pessoa pública, mais vulnerável a mesma fica. Haja oração pela santificação daqueles que são, de alguma forma, autoridade aqui ou acolá... Tal pessoa se torna vazia, seca, oca do amor que lhe foi conferido no dia de seu batismo, bem como do chamado a viver sua vocação específica. Talvez nossa falta de compromisso com a luz enderece tantos irmãos nossos às seitas mercantilistas, cada vez mais crescentes em torno de nossas comunidades, que ainda estão demasiadamente acomodas em sua missionariedade!

Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler 1Sm 16,1.6-7.10-13; Sl 22(23); Ef 5,8-14 e Jo 9,1-41).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Março de 2020, pp. 72-76 e Roteiros Homiléticos da CNBB da Quaresma (Março de 2020), pp. 34-39.


QUARESMA: TEMPO DE RECONCILIAÇÃO!


Pe. Gilberto Kasper

Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Tereza de Ávila, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.


                   O Quarto Domingo da Quaresma, chamado Laetare, porque de certa forma antecipa as alegrias preparadas neste forte Tempo de Reconciliação, remete-nos a um dos Sacramentos mais ricos da Igreja, embora subestimado, quando não banalizado: O Sacramento da Reconciliação! Depois da Eucaristia, é o Sacramento da Reconciliação que nos coloca de volta, diante do amor e do perdão de Deus. Para mim, o Sacramento da Reconciliação é como um antibiótico espiritual, que nos impermeabiliza espiritualmente, diante de todas as tentações que procuram afastar-nos do amor de Deus. Como é boa a sensação de termos sido perdoados ou de termos conseguido perdoar a alguém que nos machucou, ofendeu ou prejudicou!
                   
O Evangelho de São Lucas nos apresenta os passos do Sacramento da Reconciliação, na parábola do Pai Misericordioso, contada por Jesus no capítulo 15. O filho mais novo sai de casa, vira as costas para o pai, gasta numa vida desenfreada toda parte da herança que lhe coube e chega ao fundo do poço. Sob os escombros da rejeição, da exclusão e da discriminação da sociedade, faz a experiência da vida longe do pai. O pai sofre com a ausência do filho, mas não corre atrás. Fica esperando pacientemente. Deixa o filho fazer a experiência da miséria humana, da vida sem sentido e vazia de amor.
                   
No momento em que o filho se arrepende, ele mesmo dá o passo de volta: a conversão começa a acontecer, a fim de conduzi-lo à reconciliação! Não adianta procurarmos o Sacramento da Reconciliação por mero cumprimento de preceito, ou para agradar os pais, ou o marido a esposa. Deus espera que a iniciativa seja nossa, só nossa. Quando o pai avista a volta do filho, então sim, corre ao seu encontro; nem o deixa chegar. Abraça-o, sinal de acolhida; beija-o, sinal do ósculo da paz, devolvendo-lhe a paz que o pecado, o afastamento, lhe havia roubado; oferece-lhe uma túnica limpa, sinal de que não há mais o direito de culpar-se, pois obteve o perdão incondicional; sandálias nos pés, sinal de dignidade, pois só os filhos dos empregados andavam descalços; anel no dedo, sinal de herdeiro, mesmo que tenha esbanjado tudo o que havia herdado, volta a ser herdeiro do pai. E finalmente, o novilho gordo, a festa, a Eucaristia, que simboliza a ação de graças pela volta do filho, que estava morto e reviveu, perdido e foi reencontrado (cf. Lc 15,1-3.11-24).

                   Assim também nós somos convidados a celebrar a Reconciliação com Deus, conosco mesmos e com os outros, para que a Quaresma produza seus efeitos saborosos. Aconteceram em nossas Foranias, na Arquidiocese de Ribeirão Preto, os chamados Mutirões de Confissões, que segundo Orientações de nosso Arcebispo Metropolitano, Dom Moacir Silva, foram suspensos no dia 14 de março deste mês, devido ao agravamento da situação do Coronavírus no Brasil e no Estado de São Paulo: “Os mutirões ficam suspensos, porém, os padres deverão reforçar, isto é, aumentar o atendimento das confissões nas paróquias”.  “As 24 Horas para o Senhor, neste ano, terá início com a Missa de Abertura, e será somente de adoração e de oração; oração de modo especial, pelo mundo que enfrenta a Pandemia do Coronavírus”. O Papa Francisco, quando trata da misericórdia de Deus, costuma afirmar que o Confessionário é o único Tribunal de onde o réu confesso sai absolvido!



quarta-feira, 11 de março de 2020

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - TERCEIRO DOMINGO DA QUARESMA


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!




 "Na verdade, sois, Senhor, o salvador do mundo.
Senhor, dai-me água viva a fim de eu não ter sede!"(Jo 4,42.15).


Na caminhada rumo à Páscoa do Senhor, chegamos ao Terceiro Domingo da Quaresma. Um domingo marcadamente batismal. Pela escuta da Palavra de Deus, somos convidados a dar um passo novo na fé que recebemos no Batismo.

Sabemos o dia em que fomos batizados? O nome de quem nos batizou? Temos convivido com nossos padrinhos de Batismo? Celebramos apenas o dia de nosso nascimento, cuja data se encontra nos documentos que nos identificam como cidadãos de uma sociedade? Certamente a maioria comemora seu aniversário natalício com bolos, churrascos, "parabéns", recepções, enfim. Mas e o aniversário batismal é igualmente celebrado? Gosto de pensar, sem pré-julgar, que fica difícil comemorar, celebrar uma data que nem lembramos. E como ficam então os compromissos batismais? Quem não sabe o dia de seu Batismo, certamente não o celebra e não comemorando-o também não o assume, pelo menos conscientemente. Talvez haja um compromisso inconsciente ou meramente preceitual, o que empobrece nossa participação na adoção filial que acontece, quando mergulhados no útero da Igreja, passamos a ser herdeiros de Deus e de tudo que é d'Ele, principalmente integrando Sua grande família: a Família de Deus! Que tipo de filhos nos sentimos nesta família de Deus, a Igreja de Jesus Cristo?

A água, princípio de vida, é presença marcante na liturgia quaresmal. Celebrar a eucaristia é aproximar-se de Jesus, dom do Pai e fonte de água viva para a vida eterna. Vamos beber do poço que é o próprio Cristo, para que nos sustente na busca da vida plena. Somos convidados a não fechar o coração, mas ouvir a voz do Senhor, que se oferece como água viva para nossa existência. Junto com a samaritana, queremos nos aproximar do poço onde Jesus nos espera. A água é fundamental para que haja vida; comecemos a valorizá-la mais. A humanidade tem sede de Jesus. Cristo morreu por todos, estabelecendo a paz da humanidade com Deus.
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Na celebração deste Terceiro Domingo da Quaresma, o Pai nos oferece o dom da água viva e nos convida a aderir pessoal e comunitariamente a Jesus, o Messias enviado de Deus. Jesus transforma as circunstâncias simples e comuns da vida, como o buscar água num poço, em momentos especiais, de graça e de salvação. Ele é a água viva para sede mais ardente que todos sentimos, essa sede que atinge a raiz mais profunda de cada um de nós. Como batizados, nos vemos refletidos no drama da anônima samaritana. Muitas vezes, também nós carregamos relacionamentos feridos, sedentos de verdade e de autenticidade. Tão sedentos ficamos que, clamando por água, reclamamos ou duvidamos da presença de Deus, a exemplo dos israelitas na travessia do deserto.

Quaresma é, para nós batizados, um tempo oportuno para sentarmos junto a tantos “poços” onde, corações inquietos e necessitados, bebemos da água, até nos saciarmos de tanta sede de vida nova. Quaresma é tempo propício para o diálogo calmo e sem preconceitos. Compartilhar a água que sacia verdadeiramente, vivifica e transforma. É a oportunidade para abandonar os “cântaros” inúteis e encher os espaços vazios da vida com novas atitudes de fraternidade e solidariedade, especialmente no que tange ao cuidado com a vida, como dom e compromisso.

Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler Ex 17,3-7; Sl 94(95); Rm 5,1-2.5-8 e Jo 4,5-42).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Março de 2020, pp. 53-57 e Roteiros Homiléticos da CNBB da Quaresma (Março de 2020), pp. 27-33.

QUARESMA: TEMPO DE CONVERSÃO!


Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Tereza de Ávila, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com


               A Quaresma é um dos mais ricos tempos de conversão. Converter-se espiritualmente, significa mudar o que não está bem interiormente. As pessoas perderam a noção de pecado. Já na década de 50 do século passado, o Papa Pio XII afirmava que um dos maiores males de nossa geração, seria a perda da noção de pecado. Parece que o pecado foi extinto, perdeu seu sentido de existir, só porque determinados comportamentos tornaram-se frequentes entre as pessoas e suas relações. Diz-se: "Isso já não é mais pecado, pois todo mundo faz...". Mas não é bem assim. O sentido de pecado não perdeu suas características, e existe tanto hoje como no tempo de Jesus. Talvez não se faça mais uma determinada listinha de pecados como antigamente. O importante é remetermo-nos à própria consciência, e esta sinalizará se cometemos ou não pecado.
               
Gosto de pensar que pecado é tudo aquilo que nos tira a paz interior, causa-nos medo, angústia ou vergonha por termos feito algo contra Deus, contra nós mesmos ou contra alguém. Pecado é o afastamento do amor de Deus. É deixar Deus falando sozinho, virando-lhe as costas. Assim como muitas vezes nossos adolescentes agem com os pais, pensando que seus princípios estejam ultrapassados. Logo a arrogância, a prepotência, a ganância e a autossuficiência gritam mais alto.
                
A conversão é voltar-se novamente para Deus, a quem damos as costas, deixando-O falar sozinho. É olhar nos olhos de Deus. É estar diante de Deus rosto a rosto e sentir-se envolvido pelo amor com o qual nos criou à sua imagem e semelhança. Isso nem sempre é fácil. Muitas vezes nosso orgulho é maior do que nossa humildade. Aqui está uma grande dificuldade de nossos tempos: o auto-perdão. Não é fácil admitir que erramos, que nos enganamos, o que se torna uma grande dificuldade de perdoar-nos a nós mesmos e, consequentemente aos outros.
                
Com facilidade nos atribuímos o direito de julgar os outros, até mesmo negando-lhes o perdão. Isso significa que temos a pretensão de sermos "deuses" sobre os outros. Outras vezes, escondemos nossos erros atrás dos erros dos outros, a fim de não sermos descobertos. Esse tipo de atitude é um desastre nas relações humanas, sobretudo em determinados grupos de pessoas, que desempenham algum serviço na sociedade, que os coloque em evidência, como nas esferas sociais, econômicas, políticas, familiares e nem por último, eclesiais. Esse esconderijo é o principal ingrediente do pecado da inveja, que antes parece um câncer que embora se manifeste, ninguém aceite.

A conversão implica uma "reconciliaterapia". Isto é: admitir as próprias fraquezas, aceitá-las e com a ajuda do perdão que vem de Deus convertê-las em virtudes. Só então produziremos frutos saborosos e contribuiremos por uma sociedade mais humana, justa e fraterna!


quarta-feira, 4 de março de 2020

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS DO SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!



 "Meu coração disse: Senhor, buscarei a vossa face.
É vossa face, Senhor, que eu procuro,
não desvieis de mim o vosso rosto! (Sl 26,8s).


Na caminhada quaresmal rumo à Páscoa, neste Segundo Domingo da Quaresma, Jesus nos convida a subir com ele à montanha para, na intimidade e antecipadamente, contemplarmos sua glória de transfiguração, a fim de que, no cotidiano, na planície, entre as inúmeras atividades sociais, culturais e religiosas, nos exercitemos no cuidado da vida.  Estamos no tempo quaresmal, um tempo especial de reflexão e conversão. Uma ocasião privilegiada para rever nosso modo de agir, tomar novas decisões e promover mudanças significativas. Na caminhada rumo à Páscoa, somos convidados a contemplar e proteger a vida, também como uma forma concreta de louvar e servir ao Criador, no desrespeito à pessoa humana, de alguma forma.

A Páscoa de Cristo se manifesta na comunidade que descobre no rosto desfigurado do pobre o rosto luminoso do Pai. É preciso sair do comodismo e deixar que a glória de Deus se manifeste em nós. Subindo à montanha, somos convidados a ouvir o que Jesus tem para nos dizer e contemplaremos sua face resplandecente.

A exemplo de Abraão somos convidados a sair de nós mesmos e confiar nas promessas de Deus. Somos chamados a transfigurar nossa vida e transformar a realidade em que vivemos. Todos somos chamados à santidade.

"Este é o meu filho muito amado,
no qual eu pus o meu amor: escutai-o!"(Mt 17,5).

A transfiguração de Cristo nos sugere que, se escutarmos a palavra do Filho amado do Pai, seremos fortalecidos na decisão de trabalhar por um mundo melhor.

Antes da missão, os apóstolos deviam ser confirmados na fé e introduzidos no conhecimento da verdadeira identidade de Cristo e dos mistérios do Reino. Jesus é o servo sofredor e sua glória passa pela cruz. A exigência é: “escutem o que ele diz!” A glória revelada manifesta-se em estreita vinculação com a obediência à Palavra.

E o que Jesus nos diz, afinal? "Amai-vos uns aos outros..." Será que ainda sabemos amar? Contemplamos filhos matando pais; mães jogando filhos em latas de lixo e córregos; pessoas sendo corrompidas, de alguma maneira; babás decepando a mãozinha de criança com apenas três meses; jovens morrendo por dez reais; trânsito violento, irresponsável e desrespeitoso, enfim, pessoas parecendo bichos selvagens! Que amor é esse? Enquanto não soubermos como é bom amar gratuitamente, com sabor divino, ficaremos dependurados na cruz, sem chegarmos à Transfiguração de Jesus!


Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler Gn 12,1-4; Sl 32(33); 2 Tm 1,8-10 e Mt 17,1-9).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Março de 2020, pp. 35-38 e Roteiros Homiléticos da CNBB da Quaresma (Março de 2020), pp.22-26.








MEU CORAÇÃO EM FESTA!


Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Tereza de Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

Inicio a Primeira Semana da Quaresma deste ano com meu coração em festa! E por meu coração estar em festa, sinto a necessidade de agradecer.

Agradeço a Deus pelo dom da vida e da vocação ao serviço gratuito por um Reino de Amor. Meu desejo de ser padre nasceu comigo. Desde que me conheço por gente, sempre quis ser padre. Entre erros e acertos, a realização do meu desejo de ser padre já completou 30 anos. Se por vezes me senti um serviço inútil, um “Cedro do Líbano caído”, meu amor pela Igreja de Jesus Cristo, em nenhum momento “pestanejou”! Por conseguinte, é incondicional o amor que sinto pela Igreja particular de Ribeirão Preto.

Agradeço a Dom Moacir Silva, nosso amado Arcebispo Metropolitano, que me envia e me confia esta querida porção do Povo de Deus, instalada como Paróquia Santa Tereza de Ávila há 34 anos. Espero saber corresponder a sua confiança e em nenhum momento decepcionar este Povo Bom, que armou aqui sua tenda, ou melhor, de acordo com as Diretrizes da Ação Evangelizadora da Arquidiocese de Ribeirão Preto, a sua casa, construída sobre os Pilares da Palavra, do Pão, da Caridade e da Ação Missionária.

Dom Moacir, ao me fazer com a elegância e burilada fineza que lhe é própria, o pedido para mais esse serviço, levei um susto. Logo perguntei se deveria deixar, nesse momento, a tão amada e ao mesmo tempo tão surrada Santo Antoninho, Pão dos Pobres. A resposta foi imediata: “Não, meu pedido é que cuide das duas Comunidades: A Paróquia Santa Tereza de Ávila e a Santo Antoninho”! Confesso que continuei assustado, mas logo meu pensamento se remeteu a Abraão, sem é claro, a pretensão de qualquer comparação. Mas se Abraão não hesitou em sair da zona de seu conforto para ir, onde o Senhor lhe mostraria, porque eu temeria em aceitar um pedido de meu, de nosso Senhor, que acredito fielmente, fala por meio de Dom Moacir, hoje nosso bom Pastor?

Vim com simplicidade. Já com certa idade avançada. Mas vim para amar, acolher e respeitar todos os queridos irmãos e as queridas irmãs, que constituem esta já madura Comunidade. Vim juntar-me à história, que sei, é rica porque conduzida pelo Espírito Santo, sob o Patrocínio de Santa Tereza de Ávila, e frágil porque formada por criaturas humanas. Vim despretensiosamente. Quero muito caminhar com todos, indistintamente, em meio a este jardim de rosas, sabendo que as rosas são tão mais lindas e perfumadas desde que botões até o seu desabrochar, quanto mais têm seus caules espinhosos.

Mas nada poderá dar errado, se todos nos voltarmos ao verdadeiro espírito de “Comunhão e Participação”, continuando inseridos na belíssima experiência desta tão organizada e unida Forania. Pude perceber a riqueza da Forania Santa Maria Goretti, ao agendar as atividades previstas para o ano de 2020. Como passarei a integrar esta e continuar na Forania Santo Antônio, fui pedindo a Santo Antônio e Santa Tereza de Ávila que me ajudassem o quanto possível, a participar de ambas, sem que uma atrapalhasse a outra. E não é que deu certo? Por isso nada poderá dar errado se todos estivermos dispostos a seguir fielmente o magnífico Plano de Pastoral aprovado em nossa 15ª Assembleia Arquidiocesana, em que foram definidas, em comunhão com a CNBB, as Diretrizes da Ação Evangelizadora da Arquidiocese de Ribeirão Preto.

Espero poder contar com a colaboração de todos, a fim de que esta Comunidade Paroquial continue sendo uma “filha querida, bela e perfumada” como as rosas de Santa Tereza de Ávila, de nossa Família Arquidiocesana, governada com tanta dedicação e esmero por nosso bondoso Arcebispo Metropolitano, Dom Moacir Silva. Santa Tereza de Ávila nos encoraje e interceda por cada um e cada uma de nós! Por isso sinto meu coração em festa!