Pesquisar neste blog

quarta-feira, 24 de abril de 2024

O BRASIL QUE TODOS MERECEM!

 O BRASIL QUE TODOS MERECEM!

Quanto mais medito a “Ambiguidade humana e graça de Deus – A origem do mal” no terceiro capítulo do Livro de Gênesis, especialmente o diálogo do Criador com o Homem (Gn 3, 8-13), concluo que até nossos dias a história se repete, no que diz respeito à transferência de responsabilidades! O homem remete sua culpa à mulher e esta à serpente no cenário do Éden. “Fiz, mas não tenho culpa, porque foi ela que me tentou!”

No atual cenário político não parece ser diferente. Os que vão sendo descobertos em suas falcatruas, roubalheiras, desvios de verbas públicas, corrupção sistêmica e responsabilidade fiscal remetem a terceiros seus atos, mesmo que tenham tido conhecimento ou não disso ou daquilo. Perdeu-se totalmente a consciência do ridículo. Nossos Governantes, especialmente alguns Deputados e Senadores reeleitos, que mais parecem com raposas de campanha (não são todos), subestimam seus eleitores decepcionados com as inúmeras revelações do que costumo chamar de diabólico, porque enganoso, mentiroso, cruel e nem por último criminoso.

Não me refiro aos bilhões de reais que escorrem pelos bolsos de tantos homens públicos, utilizados para o bem pessoal ou de coleções de sapatos de suas esposas. Segundo o Magistério da Igreja Católica, a Teologia Moral nos ensina que alguém arrependido de ter roubado algo de maior ou menor valor, e tendo a coragem de confessá-lo, será orientado a devolver o roubado, a fim de que reencontre a paz que tal pecado lhe roubou. Se os bilhões desviados dos cofres públicos fossem devolvidos a quem de direito, já teríamos uma boa solução para a crise que se instalou em nosso rico Brasil: crise política, econômica e principalmente ética. Porque não acredito que os “Corruptos poderosos” condenados a alguns anos de prisão, se convertam. Gosto de pensar que quando se encurta uma calça, é na barra da mesma que se corta e nunca na cintura. Os subservientes que paguem pelos verdadeiros mandantes.

Devemos ser misericordiosos como o Pai é misericordioso. Mas se lermos o texto de Gênesis 3, 14-24, veremos que a atitude de Deus foi a imposição de uma penitência corretiva. Não basta arrepender-se, pedir perdão e não corrigir os estragos que nossa atitude causou. Ao invés disso, um remete a culpa ao outro. Se cada um assumir sua parcela de responsabilidade, chegaremos ao consenso de que é necessária uma imediata conversão ou radical mudança, que devolva não só o dinheiro desviado e gasto indevidamente, como a dignidade do Povo tão pacífico, trabalhador e sofrido, porque subestimado em sua capacidade de discernir o certo do errado e o verdadeiro culpado do inocente. Para que isso aconteça, será necessário rever o equilíbrio, a educação básica sem gritos histéricos e ameaçadores, as manifestações que depredam bens públicos e privados, o diálogo e respeito com o diferente!

A transferência de responsabilidades não leva a lugar nenhum, a não ser a um poço de areia movediça. Já passou da hora de colocar a mão na consciência, ter um pouquinho de vergonha na cara e uma dose de humildade, a fim de redesenharmos o Brasil que todos merecem!

Pe. Gilberto Kasper - Teólogo


quarta-feira, 17 de abril de 2024

UMA MAÇÃ POR SEMANA!

UMA MAÇÃ POR SEMANA!


Segundo de quatro filhos fiquei órfão de pai aos quatro anos de idade. Minha mãe tinha apenas 25 anos. Entregou seu marido com 27 anos e nossa irmãzinha mais nova, com apenas cinco meses, no dia do enterro de nosso pai. Ficou com três meninos: meu irmão mais velho com seis, o mais novo com dois e eu com quatro anos. Nunca quis casar-se novamente e viveu seus 73 anos como uma das mais virtuosas mulheres que conheci. Especializou-se como costureira de calçados. Trabalhava sozinha para “criar” os filhos, saindo às 6 horas da manhã, retornando às 21 horas. Morávamos com os avós paternos. Mesmo antes de freqüentar a escola, éramos responsáveis pelos serviços domésticos, cuidando dos animais, plantação em terrenos arrendados. Desde a limpeza geral, o cultivo do jardim na frente e da horta nos fundos da casa, ficava por conta dos três “Guris”, monitorados pela avó com o chicote na mão. Somente depois de todas as tarefas cumpridas, tínhamos uma hora diária de diversão. Brincávamos no quintal da casa e quando o serviço era aprovado, tínhamos o privilégio de jogar futebol num campinho gramado em frente de nossa casa. 

Nos finais de semana, minha mãe se encarregava da roupa: lavar e passar. Aos sábados, bem cedinho, andava do Bairro Liberdade onde crescemos, na cidade de Novo Hamburgo (RS) até o Centro – um trajeto de quatro quilômetros – a pé, para comprar o que não cultivávamos na horta de casa. Embora tivéssemos um rico pomar próximo à estrebaria das vacas, do cavalo, do chiqueiro de porcos e do galinheiro, nem todas as frutas vingavam.

Uma de nossas alegrias se resumia a uma maçã por semana! Eu era tão agradecido ao sacrifício de nossa mãe, reconhecendo com quanta dificuldade nos proporcionava uma maçã por semana, tratando-se de uma fruta possível apenas na mesa das famílias economicamente privilegiadas, que comia a minha – a minha maçã – bem devagar. Eu a escondia debaixo da cama e ela chegava a ficar preta, pois durava do sábado à terça-feira. A cada mordida, eu rezava uma Ave Maria de gratidão, valorizando o esforço e a dedicação de oferecer o possível, com um salário mínimo, suado mensalmente, por minha amada mãe!

A pobreza material não deve ser vista como “vergonha”. Enriquecer a pobreza com criatividade é o caminho da dignidade. A dignidade humana se conquista com educação de berço, valorizando os pequenos gestos e partilhando de nossa própria pobreza com os que têm ainda menos do que nós. Ser pobre ou desprovido de necessidades básicas não nos permite sermos mal-educados, desonestos, “barraqueiros” e desrespeitando o bem-comum, especialmente os espaços públicos reservados para todas as pessoas de boa vontade. Lamento tanto ver tanta sujeira em torno do que chamados de pobreza, quando muitas vezes também deixamos de cumprir com nossas obrigações, as mais básicas, como deixar um banheiro público limpo depois de usá-lo; não jogando nas calçadas ou praças objetos que não nos servem mais!

Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo



quarta-feira, 10 de abril de 2024

QUEM FOI QUE TE CONVIDOU?

 

  QUEM FOI QUE TE CONVIDOU?

 

Eu estava com oito anos de idade. Estudava no Colégio Sagrado Coração de Jesus, na Vila Santo Afonso de Novo Hamburgo (RS). Servia como coroinha na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, cuja Igreja Matriz fica situada em frente ao Colégio. Os Jesuítas, aos finais de semana, colaboravam com o Pároco nas celebrações e atividades pastorais. Iam de São Leopoldo, onde está o imenso Colégio Cristo Rei, na época Casa de Formação dos Padres Jesuítas, hoje Centro de Espiritualidade da Diocese de Novo Hamburgo.

O Padre Ivo Müller fizera seu estágio pastoral como Diácono transitório, em nossa Paróquia. Depois de ordenado Sacerdote foi celebrar uma de suas Primeiras Missas em nossa Igreja Matriz. Nós, os Coroinhas, preparamos tudo com grande zelo, para que a Primeira Missa do Néo-Sacerdote fosse solene!

As Senhoras do Apostolado da Oração prepararam um jantar muito chique no Salão Paroquial. A Irmã Neófita, hoje na feliz eternidade, era minha professora no Segundo Ano do então primário, hoje Ensino Fundamental I. Ela conhecia uma de minhas habilidades em declamar poesias. Para homenagear o Padre Ivo Müller a irmã pediu-me que decorasse uma das poesias do Padre Paulo Aripe de Alegrete (RS). Foi um grande poeta e preservava a tradição gaúcha, como CTG – Centro de Tradições Gaúchas e a Missa Criola. Suas poesias, em sua maioria, eram voltadas à linguagem gauchesca. Uma delas chamava-se “Minha Primeira Missa”! Esta poesia contém quarenta longos versos. Foi a escolhida para que eu a declamasse antes de servirem o jantar ao Néo-Sacerdote no Salão Paroquial muito lindamente preparado.

Terminada a Solene Primeira Missa do Padre Ivo, fomos ao Salão Paroquial. Eu, de família muito humilde, jamais vira um Salão tão lindo e cheio de pessoas, prestes a jantarem, manifestando assim sua gratidão por um Padre tão querido da Comunidade. Padre Ivo Müller era acolhedor e tratava com especial dedicação crianças, jovens e idosos. Todos o admiravam, eu inclusive.

Tão logo Padre Ivo adentrou ao salão, depois de cumprimentado por todos, alguém pediu silêncio. Já sentados às mesas, puseram-me sobre uma delas, bem no meio do salão, diante da mesa do Néo-Sacerdote. Dona Generosa, a acordeonista de nosso CTG, brindou-nos com um belíssimo fundo musical e eu comecei a declamar aquela longa poesia: “Minha Primeira Missa”, em homenagem ao Padre Ivo. Ficara muitas horas ensaiando diante do espelho até chegar aquele dia. Minha declamação foi perfeita. Principalmente as Senhoras do Apostolado, mas também o Padre Ivo, permitiam lágrimas de grande emoção escorrem rostos abaixo. Alguns se diziam arrepiados de tanto que gostaram da poesia, uma verdadeira prece de gratidão de um Padre recém-ordenado.

Terminada a homenagem, o Padre Ivo me segurou no colo e me cobriu de beijos e abraços. Eu ainda muito pequeno, mais parecia um botijão de gás, ouvia os aplausos e elogios de todos os lados, mas sentindo-me um tanto deslocado e envergonhado por não ser aquele meu ambiente: era chique demais para alguém tão pobre e simples como eu. Mesmo assim as Senhoras do Apostolado e o Padre Ivo insistiram que eu me assentasse à mesa para jantar com eles. Resisti, mas me convenceram e sentei-me próximo a um grupo de Senhoras ainda muito emocionadas.

Quando já me haviam servido a salada, senti uma mão firme e pesada sobre meus raquíticos ombros. Olhei para trás e vi a Irmã Neófita, vestida de hábito negro olhando com um olhar repreensivo para mim. Falou com voz firme, embora em som baixo: “Quem foi que te convidou para jantar? Teu serviço já acabou, some daqui. Este lugar não é para ti”. Sem nada dizer, levantei-me e saí correndo entre as mesas. Corri quatro quilômetros até chegar em casa, chorando, sem nada dizer a ninguém. Por muitos anos senti dificuldade de aceitar qualquer convite para jantar. Depois, com excelentes terapias superei o trauma, e escrevo hoje para pedir aos meus leitores: jamais traumatizemos uma criança. Amemos as crianças e sua pureza sempre!

Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo



quarta-feira, 3 de abril de 2024

DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA!

 

DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA!

 

 


 

 

 Ser misericordiosos como o Pai é um desafio e ao mesmo tempo é nossa vocação, pois fomos criados para ser “imagem e semelhança de Deus”. Celebraremos no Segundo Domingo da Páscoa, que encerra a Oitava da Páscoa, O Domingo da Divina Misericórdia!

 

                      A Misericórdia é um sentimento nobre, suscita compaixão e perdão; lembra a nossa miséria (miseri) e o coração (cordis) bondoso de Deus. Contudo, no pensamento hebraico, misericórdia também significa aquele sentimento que tem origem nas entranhas maternas (rahamin), semelhante àquele amor do pai que acolhe ao filho pecador e tem carinho com o filho mais velho que não perdoa o irmão. Ser misericordiosos como o Pai é também viver a fidelidade ao seu amor quando amamos e nos preocupamos com nossos irmãos.

 

                      Ser misericordiosos como o Pai num mundo violento e intolerante é um desafio que nos oferece a chance de apagar as chamas de violência e desrespeito que a vida e dignidade humanas têm sofrido ultimamente. fanatismo, terrorismo, discriminação, intolerância são sintomas de uma sociedade sem inteligência que não sabe conviver com o diferente e com quem tem opiniões diferentes das que a mídia apresenta. Ser misericordiosos significa apresentar as condições para um diálogo franco e fraterno apontando soluções mediadas pela compreensão e por uma visão abrangente do mundo e da pessoa humana.

 

Misericórdia não gera resignação, apatia, desmotivação. Ao contrário, suscita esperança num modo de agir que não alimenta violência. A misericórdia alimenta o sentimento da bondade, da nova oportunidade ao passo que a violência mata as possíveis soluções para uma convivência pacífica. Misericórdia é o sentimento que cresce no coração dos que têm certeza que o outro é uma pessoa que merece outra chance, que precisa ser ajudada a se libertar das próprias escravidões e sentir-se novamente amparada por aquele sentimento amoroso que o pai dedicou ao filho mais novo que errou muito longe de casa. (Cf. Lc 15).

 

Ser misericordiosos não é o mesmo que ficar sentados de braços cruzados e esperar a banda passar, mas trabalhar em favor do bem, da verdade, da justiça e da fraternidade. Ser misericordiosos é também gritar em defesa da vida, é desmascarar as mentiras travestidas em propagandas enganosas que desrespeitam o direito do povo ser religioso e ter suas manifestações de fé; é também orientar para o bem os que andam iludidos pelo mal.

 

Ser misericordiosos é colaborar com a paz e torná-la realidade no meio onde vivemos; é praticar a caridade não por meio de discursos e sim pela atitude não discriminatória nem racista; é também entender Jesus Cristo quando diz “quero a misericórdia, não o sacrifício” (Cf. Mt 9,13).

 

Que Jesus Misericordioso nos ampare nesse tempo de tantos desencontros, tornando-nos pessoas melhores hoje do que fomos ontem. Saibamos aprender a amar um amor verdadeiro a partir das “surras” que levamos aqui e acolá. Aprendamos a valorizar a vida a partir de pequenos gestos de solidariedade, que temperados pelo amor, nos tornarão ainda mais Anjos uns dos outros!

 

Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

 

 

 

 

 

quarta-feira, 27 de março de 2024

AS CELEBRAÇÕES DO TRÍDUO PASCAL!

 AS CELEBRAÇÕES DO TRÍDUO PASCAL!


Os três dias, que vão da tarde da quinta feira à tarde do domingo (Calendário Romano 19) constituem o tríduo “da morte, da sepultura e da ressurreição” do Senhor. Na origem, a sexta e o sábado foram caracterizados pelo jejum, o domingo pela alegria, sem que houvesse qualquer celebração a não ser a vigília. Desse ponto de vista, não se pode dizer que o tríduo seja uma extensão da vigília. Ele constitui uma realidade essencial e pressuposta para que a noite pascal se revista plenamente de seu sentido: com efeito, ela é a passagem do jejum à festa, como foi, para o Cristo, a passagem da morte à vida.

A celebração da quinta-feira santa encontra seu ápice na Instituição da Eucaristia. É, também, o dia da instituição do sacerdócio. “Fazei isto em memória de mim”!

A celebração não eucarística da sexta feira santa (Palavra, Oração Universal, Veneração da Cruz e Comunhão) tem por fim introduzir mais profundamente no mistério pascal e preparar a comunidade para a Vigília Pascal.

 No centro, acha-se a Vigília Pascal, que celebra toda a história da salvação, culminando na morte e ressurreição do Cristo. Ela comporta uma Celebração com o Rito da Bênção do Fogo Novo, a Preparação do Círio Pascal, a Proclamação da Páscoa, a Liturgia da Palavra e Batismal (com a renovação das Promessas Batismais) e a Liturgia Eucarística. É “a mãe de todas as Vigílias e Celebrações”!

 Na quinta feira santa, às 9 horas, na Catedral Metropolitana de São Sebastião, concelebraremos a Missa da Unidade com a Bênção dos Santos Óleos, presidida por nosso Arcebispo Metropolitano, Dom Moacir Silva. É também nesta ocasião que os Presbíteros renovam diante do Arcebispo e do Povo de Deus reunido, suas promessas sacerdotais. 

 As Celebrações do Tríduo Pascal serão celebradas na Igreja Matriz da Paróquia Santa Tereza de Ávila no Jardim Recreio de Ribeirão Preto. Na Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres, celebraremos apenas as Missas Dominicais às 9 horas. Enquanto nosso Templo continuar naquele cenário deprimente, fica difícil celebrarmos à noite. As pessoas não se sentem seguras de irem à Santo Antoninho ao anoitecer. É lamentável, mas esta continua sendo nossa atual realidade, embora após à Celebração da Páscoa, iniciaremos as obras de reforço estrutural das colunas internas de nossa amada Santo Antoninho, já autorizadas pelo atual Conselho do CONPPAC, a quem somos agradecidos!

Iniciando na quinta feira santa às 18 horas, celebraremos as Instituições dos Sacramentos da Eucaristia, da Ordem e da Humildade (o Lava-Pés) e a Vigília Eucarística após à Missa. A celebração da Paixão e Morte do Senhor será na sexta feira santa (Dia de Jejum e Abstinência, bem como Coleta para os Lugares Santos) na parte da tarde às 15 horas. A Vigília Pascal no sábado santo será à noite às 18 horas. No domingo da Ressurreição do Senhor, celebraremos a Missa Solene às 9 horas na Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres nos Campos Elíseos e às 18 horas na Igreja Matriz da Paróquia Santa Tereza de Ávila no Jardim Recreio. Sejamos próximos uns dos outros na oração, abraçando-nos espiritualmente. Celebremos o Tríduo Pascal com novas esperanças, perspectivas e sentido de vida cristã! Aproveitemos essa pós-graduação do abraço fraternal! Abençoada, Feliz e Santa Páscoa!


Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

quarta-feira, 20 de março de 2024

COLETA DA SOLIDARIEDADE!

 COLETA DA SOLIDARIEDADE!


A Abertura da Semana Santa acontecerá no próximo domingo, dia 24 de março, quando em nossas Comunidades teremos a Celebração Eucarística com a tradicional Bênção e Procissão dos Ramos. É o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor!


Com o Domingo de Ramos, descortina-se a Semana Santa em que a Igreja celebra os mistérios da salvação levados a cumprimento por Cristo nos últimos dias da sua vida, a começar pela entrada messiânica em Jerusalém.

Os ramos abençoados lembram que estamos unidos a Cristo na mesma doação pela salvação do mundo, na labuta árdua contra tudo o que destrói a vida. Neste ano somos convidados a seguir as orientações da Campanha da Fraternidade, refletindo a situação da fome em nosso país, dialogando sem radicalismos e polarizações: Fraternidade e Amizade Social “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Cuidemos uns dos outros!

Se durante a Quaresma fizemos o propósito de “não falar mal de ninguém”, o Domingo de Ramos que abre a grande Semana Santa nos convida ao balanço: conseguimos não falar mal de ninguém ao longo deste grande deserto em preparação à festa da Páscoa? Os pregos de hoje, que crucificam Jesus na pessoa do próximo é, frequentemente a língua ferina, que mente, calunia, difama, destrói a oportunidade de o outro crescer. Muitas vezes por pura inveja. Quantas vezes não suportamos que o outro seja melhor!

Será também o domingo da prestação de contas de todos os nossos exercícios quaresmais de oração com melhor qualidade, de jejum consciente, pensando naqueles que não têm o que comer todos os dias e, finalmente a profunda, sincera e generosa caridade! Sejamos honestos e devolvamos, no espírito da Coleta da Solidariedade os frutos saborosos colhidos em benefício dos que tem menos do que nós. A entrega de nossa partilha deverá ser o que na verdade deixamos de consumir na Quaresma, neste tempo tão rico de conversão, perdão, misericórdia e reconciliação. Ninguém terá o direito de reter qualquer centavo desta, que é a Coleta da Fraternidade. Não deixemos que nada desvie a coleta de sua verdadeira finalidade! Isso seria feio e grave pecado contra a justiça!

 Aguardamos orientações de nossa Arquidiocese de Ribeirão Preto e da Equipe que coordena a Campanha da Fraternidade, como a partilha de nossa pobreza, através da Coleta da Solidariedade será revertida aos projetos, especialmente aos que enfrentam a Fome. No Brasil a desigualdade social ainda é gritante. E esses gritos ecoam no coração misericordioso de Deus por mais justiça, verdade, liberdade, amor e paz! Muitos deles buscam suas refeições em latões de nosso lixo perecível, o que para nós cristãos, deveria ser impensável, porém é a mais cruel realidade!

 Pe. Gilberto Kasper

                    Teólogo

quarta-feira, 13 de março de 2024

QUARESMA: TEMPO DE PERDÃO E MISERICÓRDIA!

 

QUARESMA: TEMPO DE PERDÃO E MISERICÓRDIA!

 

 

 

               A Quaresma nos conclama ao perdão e à misericórdia em relação aos outros. Nem sempre conseguimos perdoar. Alguns dizem que: "Perdoar é esquecer!". Prefiro pensar que perdoar é lembrar sem rancor! Nem sempre é possível esquecer, mas o perdão e a misericórdia são essenciais, se quisermos que os exercícios quaresmais nos edifiquem e nos conduzam à verdadeira libertação que a Páscoa do Senhor nos propõe. Um coração cheio de rancor, bolor, mágoas, rusgas e incapacidade de perdoar, é um coração amargo e infeliz.

              

Na parábola do Pai Misericordioso, temos além do mais novo, o filho mais velho. O Evangelho de São Lucas no capítulo 15, versículos 25 a 32, descreve a dificuldade que o irmão mais velho tem, de perdoar o mais novo. Sempre fez tudo certinho, foi o filho obediente e o peralta agora é homenageado? Isso é inconcebível, quando não se conhece a capacidade de perdoar e nem a misericórdia que Deus tem para com o pecador arrependido.

              

Em nossa sociedade temos muitos "irmãos mais velhos", incapazes de perdoar. Isso é muito comum nas famílias, nas instituições eclesiais e políticas, quando selamos a testa das pessoas, determinando-as "pecadoras". Esquecemos o que rezamos na oração que o próprio Cristo nos ensinou: "... perdoai-nos assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido...". Se Deus ouvisse este pedido, estaríamos perdidos. Há muitos entre nós, que se atribuem o direito de julgar, condenar e determinar a sentença, como se não tivessem nenhum pecado. Tenho dó de quem é assim! Quantos pecados mais "fedidos" tal pessoa não estará tentando esconder atrás de quem foi descoberto? Ninguém é melhor do que ninguém. Só Deus não decepciona, já que não existe criatura humana sem defeitos, erros, deslizes, enfim pecados a serem perdoados.

             

O Evangelho de São João, capítulo 8, versículos 1 a 11 narra o episódio da mulher surpreendida em adultério. Os mesmos "prostitutos" que utilizaram de seus serviços pedem sua condenação. Quiseram colocar Jesus numa armadilha. Armadilhas semelhantes às que nós tramamos uns contra os outros, sobretudo quando a inveja nos aguça por dentro, para "tirar de campo" ou "puxar o tapete" de quem nos faz sombra e aparece mais do que nós.

             

"Quem dentre vós não tiver pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra" (Jo 8, 7). Penso que o jeito é mesmo responder aos apelos da Quaresma, para celebrarmos uma Páscoa verdadeira: sejamos os protagonistas do perdão e da misericórdia de Deus! É preferível enganar-se por perdoar e exercer a misericórdia, do que acertar por uma justiça despida de amor!

 

Com Santa Teresa de Calcutá podemos concluir: “Devemos amar a pessoa boa, porque merece e a pessoa má, porque precisa de nosso amor”!

 

Perdoemos sempre a quem nos machuca, magoa, trai, faz mal. A sensação em nossos porões da intimidade será de uma leveza tão grande, muito parecida com os aromas emanados do sepulcro vazio, de onde Jesus ressuscita, a cada perdão concedido!

 


Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

 

quarta-feira, 6 de março de 2024

QUARESMA: TEMPO DE RECONCILIAÇÃO!

 

QUARESMA: TEMPO DE RECONCILIAÇÃO!

 

 

                   O Quarto Domingo da Quaresma, chamado Laetare, porque de certa forma antecipa as alegrias preparadas neste forte Tempo de Reconciliação, remete-nos a um dos Sacramentos mais ricos da Igreja, embora subestimado, quando não banalizado: O Sacramento da Reconciliação! Depois da Eucaristia, é o Sacramento da Reconciliação que nos coloca de volta, diante do amor e do perdão de Deus. Para mim, o Sacramento da Reconciliação é como um antibiótico espiritual, que nos impermeabiliza espiritualmente, diante de todas as tentações que procuram afastar-nos do amor de Deus. Como é boa a sensação de termos sido perdoados ou de termos conseguido perdoar a alguém que nos machucou, ofendeu ou prejudicou!

                   

O Evangelho de São Lucas nos apresenta os passos do Sacramento da Reconciliação, na parábola do Pai Misericordioso, contada por Jesus no capítulo 15. O filho mais novo sai de casa, vira as costas para o pai, gasta numa vida desenfreada toda parte da herança que lhe coube e chega ao fundo do poço. Sob os escombros da rejeição, da exclusão e da discriminação da sociedade, faz a experiência da vida longe do pai. O pai sofre com a ausência do filho, mas não corre atrás. Fica esperando pacientemente. Deixa o filho fazer a experiência da miséria humana, da vida sem sentido e vazia de amor.

                   

No momento em que o filho se arrepende, ele mesmo dá o passo de volta: a conversão começa a acontecer, a fim de conduzi-lo à reconciliação! Não adianta procurarmos o Sacramento da Reconciliação por mero cumprimento de preceito, ou para agradar os pais, ou o marido a esposa. Deus espera que a iniciativa seja nossa, só nossa. Quando o pai avista a volta do filho, então sim, corre ao seu encontro; nem o deixa chegar. Abraça-o, sinal de acolhida; beija-o, sinal do ósculo da paz, devolvendo-lhe a paz que o pecado, o afastamento, lhe havia roubado; oferece-lhe uma túnica limpa, sinal de que não há mais o direito de culpar-se, pois obteve o perdão incondicional; sandálias nos pés, sinal de dignidade, pois só os filhos dos empregados andavam descalços; anel no dedo, sinal de herdeiro, mesmo que tenha esbanjado tudo o que havia herdado, volta a ser herdeiro do pai. E finalmente, o novilho gordo, a festa, a Eucaristia, que simboliza a ação de graças pela volta do filho, que estava morto e reviveu, perdido e foi reencontrado (cf. Lc 15,1-3.11-24).

 

                   Assim também nós somos convidados a celebrar a Reconciliação com Deus, conosco mesmos e com os outros, para que a Quaresma produza seus efeitos saborosos. oração de modo especial, pelo mundo afora. O Papa Francisco, quando trata da misericórdia de Deus, costuma afirmar que o Confessionário é o único Tribunal de onde o réu confesso sai absolvido!

 


           Pe. Gilberto Kasper

                    Teólogo

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

QUARESMA: TEMPO DE CONVERSÃO!

 QUARESMA: TEMPO DE CONVERSÃO!


A Quaresma é um dos mais ricos tempos de conversão. Converter-se espiritualmente, significa mudar o que não está bem interiormente. As pessoas perderam a noção de pecado. Já na década de 50 do século passado, o Papa Pio XII afirmava que um dos maiores males de nossa geração, seria a perda da noção de pecado. Parece que o pecado foi extinto, perdeu seu sentido de existir, só porque determinados comportamentos tornaram-se frequentes entre as pessoas e suas relações. Diz-se: "Isso já não é mais pecado, pois todo mundo faz...". Mas não é bem assim. O sentido de pecado não perdeu suas características, e existe tanto hoje como no tempo de Jesus. Talvez não se faça mais uma determinada listinha de pecados como antigamente. O importante é remetermo-nos à própria consciência, e esta sinalizará se cometemos ou não pecado.

                

Gosto de pensar que pecado é tudo aquilo que nos tira a paz interior, causa-nos medo, angústia ou vergonha por termos feito algo contra Deus, contra nós mesmos ou contra alguém. Pecado é o afastamento do amor de Deus. É deixar Deus falando sozinho, virando-lhe as costas. Assim como muitas vezes nossos adolescentes agem com os pais, pensando que seus princípios estejam ultrapassados. Logo a arrogância, a prepotência, a ganância e a autossuficiência gritam mais alto.

                 

A conversão é voltar-se novamente para Deus, a quem damos as costas, deixando-O falar sozinho. É olhar nos olhos de Deus. É estar diante de Deus rosto a rosto e sentir-se envolvido pelo amor com o qual nos criou à sua imagem e semelhança. Isso nem sempre é fácil. Muitas vezes nosso orgulho é maior do que nossa humildade. Aqui está uma grande dificuldade de nossos tempos: o auto-perdão. Não é fácil admitir que erramos, que nos enganamos, o que se torna uma grande dificuldade de perdoar-nos a nós mesmos e, consequentemente aos outros. 

                 

Com facilidade nos atribuímos o direito de julgar os outros, até mesmo negando-lhes o perdão. Isso significa que temos a pretensão de sermos "deuses" sobre os outros. Outras vezes, escondemos nossos erros atrás dos erros dos outros, a fim de não sermos descobertos. Esse tipo de atitude é um desastre nas relações humanas, sobretudo em determinados grupos de pessoas, que desempenham algum serviço na sociedade, que os coloque em evidência, como nas esferas sociais, econômicas, políticas, familiares e nem por último, eclesiais. Esse esconderijo é o principal ingrediente do pecado da inveja, que antes parece um câncer que embora se manifeste, ninguém aceite.

 

A conversão implica uma "reconciliaterapia". Isto é: admitir as próprias fraquezas, aceitá-las e com a ajuda do perdão que vem de Deus convertê-las em virtudes. Só então produziremos frutos saborosos e contribuiremos por uma sociedade mais humana, justa e fraterna!


Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

DEUS PERDOA SEMPRE, O HOMEM DE VEZ EM QUANDO, A NATUREZA JAMAIS!

 

Todos os dias temos assistido desastres climáticos. Uns mais assustadores do que outros. Terremotos, as já sempre esperadas enchentes de verão em nosso amado Brasil, com desabamentos de morros derrubando casas e levando não somente os imóveis, mas ceifando vidas e mais vidas, rodovias se partindo ao meio, avenidas de grandes metrópoles e cidades menores mais parecendo rios com correntezas violentas arrastando tudo que encontram pela frente, como automóveis e nem por último pessoas.

 

Os geólogos têm dito que tudo isso já é previsto. Que desastres naturais acontecem mesmo, de tempos em tempos, que placas subterrâneas se movem e com isso há a erupção de vulcões adormecidos e que terras tremem, marés sobem vultuosamente com tais deslocamentos.

 

Os ambientalistas advertem há décadas, de que o desrespeito para com a natureza surpreenderá os habitantes do Planeta com catástrofes, como as que assistimos agora. Desmatamentos, explorações e grilagens ilegais, invasões irregulares de Biomas, que deveriam ser protegidos tanto pelo Estado como por seus cidadãos, as tímidas políticas públicas, que contemplem especialmente moradias dignas para milhões de brasileiros que ainda vivem em barracos, comunidades (favelas), nas encostas de morros perigosos, criaturas humanas obrigadas a viverem como bichinhos engaiolados, por conta de uma Cultura de Sobrevivência.

 

A ganância de alguns que se endeusam sobre a maioria das pessoas, pode ser uma atitude que promova as catástrofes naturais, a cada ano mais frequentes. Porém, na hora em que a natureza reclama seu espaço de volta, não escolhe pobres ou economicamente privilegiados. É verdade de que os mais vulneráveis, aqueles que sobrevivem em casebres, barracos nas encostas dos morros que tantas vezes deslizam, são os que mais sofrem e até morrem nessas tragédias. Mas a natureza também engole automóveis importados, mansões, sítios e fazendas de alto nível.

 

Há poucos anos os desastres naturais atingiram a região serrana do estado do Rio de Janeiro. No ano passado foi a vez do Rio Grande do Sul, em plena primavera com três ciclones. Outras regiões do País, como Pernambuco, Bahia, Minas Gerais tampouco escapam de tragédias parecidas, causando estragos incalculáveis e ceifando dezenas de vidas. E assim foram interrompidos tantos sonhos de pessoas queridas e trabalhadoras, que ao longo de um ano inteiro economizaram seu dinheirinho para usufruir os feriados em regiões que há mais de 70 anos não viam tamanha tragédia natural.

 

De quem seria a responsabilidade de tudo isso? Penso que é hora de olharmos para dentro de nós. Procurar culpados fora de nós, pode não nos responder à pergunta: De quem é a culpa? De Deus? Do Homem? Da Natureza? Ora, Deus perdoa sempre, o homem de vez em quando, a natureza jamais.

 

Enquanto não tomarmos consciência da parcela de nossa responsabilidade pessoal diante do meio ambiente, da natureza tão perfeita que de graça recebemos para viver felizes e não simplesmente sobrevivermos, os desastres naturais continuarão ocorrendo, talvez não apenas nos próximos verões, mas em qualquer uma das estações. Penso que a urgente atitude nossa deve ser o respeito. O respeito talvez não resolverá o estrago já feito, mas ajudará a amenizar nossas condições de vida, como seres humanos.

 

Respeitemos com ternura e gratidão a Deus que perdoa sempre, ao homem que perdoa de vez em quando e a natureza que não perdoa jamais.

 


Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

QUARTA-FEIRA DE CINZAS - INÍCIO DA QUARESMA!

QUARTA-FEIRA DE CINZAS - INÍCIO DA QUARESMA!


A Quarta-Feira de Cinzas, celebrada nesta semana, inicia na Igreja um período de quarenta dias de preparação à principal Festa dos Cristãos: A Páscoa do Senhor!  Daí o nome: QUARESMA! É um tempo muito rico e que nos propõe alguns exercícios penitenciais, que visam melhorar nossa qualidade de vida, como cristãos, filhos de Deus e irmãos uns dos outros. A Quaresma vai da Quarta-Feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-Feira Santa, exclusive. A Igreja prescreve tanto para a Quarta-Feira de Cinzas, como para a Sexta-Feira Santa um Dia de Jejum e Abstinência o que não significa que ao longo deste tempo não se façam tais ou outros exercícios que nos levem a uma maior solidariedade e fraternidade para com os mais pobres.

               

Os exercícios quaresmais de penitência são: a oração, o jejum e a esmola! Os cristãos são chamados a aprimorar a qualidade de sua relação com Deus através de maior tempo de recolhimento e oração, na meditação da Palavra e na escuta da vontade de Deus para com a humanidade; a aprimorar a qualidade de sua relação consigo mesmos através do jejum e a aprimorar a qualidade de sua relação com os irmãos menos favorecidos, através da esmola, que melhor soaria como partilha!

                

Nossa oração, como diálogo, só é capaz de chegar ao coração de Deus, quando brota do nosso próprio coração. Do contrário seria a mesma coisa, como falar num telefone desconectado. Nosso jejum não pode reduzir-se a uma simples dieta que nos ajude a emagrecer, porque deixamos de consumir certas guloseimas que geralmente engordam. Não podemos esquecer que nossa região possui um dos lixos mais luxuosos do Brasil, ou seja, comida manufaturada jogada no lixo. Mais esbanjamos do que consumimos do necessário. É a comida que sobra nos pratos por conta de etiquetas já ultrapassadas ou que azeda nas panelas de nosso povo. Nossa esmola não pode reduzir-se a um simples desencargo de consciência ou ato de dó. Deve transcender ao esforço de que todos, principalmente os que têm menos do que nós, possam viver com igual dignidade humana.

                

A Campanha da Fraternidade sugere a Coleta da Solidariedade que acontece em todas as Comunidades do Brasil no Domingo de Ramos. O resultado dessa Coleta é investido em projetos de promoção humana, favorecendo os que tantas vezes nossa sociedade de consumo exclui, mas que sempre foram os preferidos de Deus. Gosto de sugerir que esta Coleta seja o resultado dos exercícios quaresmais de penitência: a oração, o jejum e a abstinência que remetemos aos mais pobres do que nós. De nada valerá contribuir com a Coleta da Solidariedade, colocando determinado valor que não nos faça falta. Mas se nossa contribuição for o resultado do nosso jejum e de nossa abstinência, durante os quarenta dias da Quaresma, o valor será agradável a Deus e produzirá frutos saborosos em benefício dos mais necessitados. Sugiro que façamos as contas de quantos refrigerantes, sorvetes, carnes ou outros prazeres deixaremos de consumir por conta de nosso jejum e de nossa abstinência. O resultado destes é que deveria ser oferecido no dia da Coleta e jamais uma quantia qualquer. Nosso jejum e nossa abstinência só agradarão ao coração de Deus, enquanto forem revertidos em benefício de quem tem menos do que nós.


Neste ano o tema da Campanha da Fraternidade nos convida a debruçar nossa consciência, de modo ainda mais contundente sobre os irmãos e as irmãs, que não têm o que comer todos os dias: Fraternidade e Amizade Social, com o lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).


Um jejum que costumo adotar, bem como sugerir aos meus interlocutores é o “jejum da língua”. Durante a Quaresma não falar nada mal de ninguém. Parece um exercício fácil, porém é uma difícil penitência, passar quarenta dias sem falar nadinha mal de quem quer que seja. Se não souber nada de bom das pessoas com quem convivo, devo calar-me. Este jejum talvez seja mais difícil em tempos de tantas Fake News, porém deverá agradar ao coração misericordioso de Deus. Qual pai quer ouvir seus filhos falando mal uns dos outros? Se Deus é nosso Pai, devemos nos comportar como irmãos que se respeitam, que se queiram e que se amam muito!

                

Sejamos, nesta Quaresma, melhores do que em todas as anteriores. Assim seremos mais autênticos diante de Deus, de nós mesmos e dos outros.


Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

O TRÂNSITO CONTINUA MATANDO!

 

O TRÂNSITO CONTINUA MATANDO!

 

Durante o primeiro mês do ano acompanhamos os mais diversos Veículos de Comunicação divulgando amplas reportagens por um Trânsito mais educado, humano e menos violento. Já conhecemos as estatísticas assustadoras de vítimas do trânsito principalmente da cidade de Ribeirão Preto. Insisto, como muitos sociólogos, na afirmação de que o trânsito de uma cidade demonstra o grau de educação do povo da mesma. E então nossa resposta se dá na estatística do elevado número de óbitos e fraturados. Todos, frutos de nosso egoísmo, falta de atenção, sensibilidade, raiva, pressa, sem falar nas constantes infrações que vamos cometendo, como avançar sinal vermelho, vias preferenciais sem observar a Placa “PARE”, falando ao celular e acelerando para que ninguém nos ultrapasse.

 

Ninguém escapa da tragédia em que se transformou o trânsito de nossa Metrópole. Tem-se a impressão de que motoristas, motociclistas e nem por último transeuntes pedestres fazem questão de viver no limite do perigo, colocando, igualmente, a vida dos outros em risco iminente de morte.

 

As grandes avenidas se tornam cada vez mais perigosas. Já nos bairros, as vias preferenciais são desrespeitadas com boa sinalização ou não. Mesmo assim a fiscalização por radares continua “atrás das moitas” de grandes avenidas. A arrecadação seria bem superior, se os Guardas multassem abertamente mais naquelas vias tão amplamente divulgadas pelas reportagens exibidas nesse primeiro mês do ano. As multas seriam bem mais volumosas e a pontuação nas carteiras de habilitação talvez sensibilizassem mais nosso povo pela punição, já que transitam, egoisticamente, sem educação.

 

Alguns afirmam que a sinalização da cidade está precária. Não concordo. Observo carros e motos ignorarem os sinais mais visíveis e evidentes, sem nenhum escrúpulo. Os acidentes já se tornaram tão triviais, que nos acostumamos a eles sem nenhuma indignação. Por isso certos psicanalistas afirmam que as pessoas estilam ódio, raiva e desalentos no trânsito, como “válvulas de escape”, sem importarem-se mais com o valor da vida, como se espera do ser humano.

 

O desrespeito no trânsito começa com a não observância dos sinais. Passa depois para xingamentos mal-educados e muitas vezes agressivos. Daí para uma batida ou atropelamento basta mais alguns segundos e pronto. Não vejo por que a facilitação de armas em nosso País, já tão menos pacífico do que há alguns anos. A má condução de qualquer veículo se tem tornado armas perigosas, ferindo e matando como nunca antes. Por isso meu apelo a todos os queridos interlocutores: não procuremos culpados fora de nós mesmos; façamos cada um, nossa parte, reassumindo com responsabilidade o valor da própria vida e da vida do próximo. Só assim o trânsito deixará de ser uma tragédia. Causaremos menos despesas na Saúde, no bolso e certamente evitaremos um número bem menor de mortes causado pela simples irresponsabilidade ao volante!

 

O trânsito continua matando! No último dia 29 de janeiro morreu o motociclista Paulo Sérgio Porfírio, de apenas 54 anos de idade, “vítima de um atropelamento na madrugada da sexta-feira, dia 26 de janeiro, no cruzamento das ruas Prudente de Moraes e Garibaldi, região central de Ribeirão Preto. Porfírio trabalhava como entregador do jornal Tribuna Ribeirão, completaria 10 anos de casa em agosto próximo”. “Ele aguardava no sinal vermelho quando, por volta de 04h30, teria sido atingido por trás por um veículo não identificado e que se evadiu do local, sem prestar socorro. Ele era casado e deixou dois filhos, um de 17 e outro de 19 anos de idade” (cf. publicação do Jornal Tribuna Ribeirão de 30/01/2024).

 

Com esse meu artigo, expresso minha solidariedade aos familiares do falecido Paulo Sérgio Porfírio, e presto a ele minha sincera homenagem, suplicando a quem o atropelou, que assuma as consequências de seu ato, tenha sido por fatalidade ou por falta de responsabilidade. E minha súplica se estende aos queridos leitores, de que sejamos mais humanos – Anjos de Guarda uns dos outros – porque infelizmente o trânsito continua matando!

 

Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo



quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

VENHA A NÓS O VOSSO REINO DE DEUS!

 

Todos os dias, em todos os cantos do mundo os cristãos pedem confiantemente que venha a nós o Reino prometido e inaugurado por Jesus. “Venha a nós o vosso Reino”, diariamente rezamos, diariamente pedimos e diariamente confiamos nesse Reino que já mostra os seus sinais entre nós, mas que na eternidade será total, eterno e sem fim.

 

            Ao enviar os apóstolos, Jesus lhes dá como uma das recomendações anunciar que “o Reino de Deus está próximo”! E, tanto ontem, no tempo de Jesus como hoje, em nossos dias, o Reino está presente entre nós, mas nem sempre conseguimos identifica-lo. São tantos contra testemunhos, tanta violência, mentira, desrespeito para com a vida e as pessoas que nós nos vemos pedindo o Reino e, por vezes nos desesperamos com a sua demora. Talvez a imagem de Reino que também confundiu os irmãos Tiago e João pode confundir alguns que imaginam o Reino de Deus como se fosse semelhante aos impérios de poder ditatoriais que surgem nesse milênio em que vivemos. Os inimigos do Reino, os que trabalham para a “besta” (cf. Ap 13) são experts em confundir e mentir, e assim lançam o desânimo entre os que buscam viver o mandamento do amor que o Divino Mestre ensinou. Dizem que o diabo joga cartas e que quando vê que está perdendo o jogo, tira da manga a carta do desânimo... Aí começam as pessoas pensar que nada vai melhorar.

 

            Mas o Reino de Deus vem! Os seus sinais os vemos indicados naquele sermão da Montanha em que Jesus fala dos que tomarão parte nesse Reino (Mt 5,6,7); para esse Reino nos dirigimos comprometendo-nos como o faz aparecer o reinado de Cristo entre nós. A João e Tiago que buscavam destaque, Jesus ensina o caminho do serviço, da doação da própria vida, do despojamento de si em favor dos outros. Para esse caminho não basta somente falar, é preciso a prática coerente da verdade; servir não é o mesmo que cobrar aos outros o que não fazem; tal cobrança é sim feita através de atitudes que nos mostram empenhados em paralisar as estruturas que geram maldade, as estruturas daquela violência da falta de educação e grosseria que demonstram o mal encalacrado no interior de quem não ama.

 

            O Reino de Deus se mostra naquelas pessoas que servem e cuidam dos pobres, dos prisioneiros, dos doentes sem fazer deles uma bandeira política; o Reino de Deus dá seus sinais quando nós nos unimos em favor daqueles que mais necessitam de cuidados e aos quais não pedimos nada em troca; o Reino de Deus acontece quando a nossa palavra, aquilo que falamos se comprova por meio da caridade que realizamos. O Reino se mostra quando trabalhamos contra a violência e contra a corrupção. “O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas é paz, alegria e fraternidade”. O Reino de Deus não é teoria e não está à venda em nenhuma imobiliária, pois é gratuito como o coração de nosso Deus que nos ama sem medidas.

 

            Esse Reino que todos os dias pedimos que venha, está entre nós; nós colaboramos com ele quando nos fazemos irmãos, próximos, servidores dos que nos estendem as mãos em busca de algo. Tomemos as atitudes necessárias para entrar na Festa do Reino que nunca se acaba. A porta é estreita, então, para que ninguém fique entalado ao chegar, uma recomendação do Mestre para nos acostumarmos aqui com o Reino definitivo que virá. É só ler Mateus 25, 31-46.

 

            Depois de longas férias, voltam nesta semana os Representantes do Povo Brasileiro, eleitos legitimamente para servirem o povo e não se servirem dele: Deputados Federais, Senadores, Deputados Estaduais e Vereadores. O Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas e as Câmaras de Vereadores são convocadas a trabalhar zelosamente por todo o Povo Brasileiro, mesmo sendo de oposição. Espera-se a superação das diferenças partidárias. Saibam os eleitos representar, de verdade, cada cidadão brasileiro, independentemente de ideologias. Ninguém deveria “apropriar-se” de poder, cargo ou prestigio, a não ser para servir incansavelmente a todos os brasileiros. Está na hora de respeitar o Povo Brasileiro, promovendo-o em sua dignidade. Cessem as divergências políticas, dê-se lugar à tão desejada e verdadeira democracia, que contempla cada um e todos os filhos desta “Pátria Amada”, sem excluir ninguém. Somos um País pacífico e lindo. Povo acolhedor e alegre. Não deixemos que nos roubem nossas virtudes, porque uma de nossas identidades marcantes é a bem-aventurança que, mesmo pobres, nos enriquece: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu” (Mt 5,3).

 

(Parceria com Pe. João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Mogi Guaçu – SP)

 


Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

 

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

“ESTOU COM FOME”!

 

  “ESTOU COM FOME”!

 

Constatamos um aumento assustador de pessoas em esquinas com semáforos de nossa cidade, com papelões nas mãos e a inscrição “Estou com Fome”. A maioria mal vestida, com aparência de extrema pobreza. É uma das “cortinas” que a realidade nua e crua abre, sugerindo a gritante desigualdade social entre nós. Algumas dessas pessoas são extremamente educadas e se demonstram compreensivas quando não atendidos em seus apelos de uma moeda. Já outras se parecem mais irritadas e até mesmo agressivas quando não obtêm êxito em seus pedidos. Já assisti automóveis sendo riscados por alguns outros, que transitam num piscar de olhos entre carros aguardando o sinal abrir. As “drogas sintéticas” já chegaram a Ribeirão Preto, e as pessoas delas dependentes mais parecem “Zumbis”; pessoas andando de um lado a outro, sem conseguirem parar de pé. Que tragédia, meu Jesus de Deus!

Fico imaginando o perigo a que se expõem essas pessoas, podendo ser atropeladas por algum condutor desavisado, impaciente, apressado seja de carro ou de moto. Não assisti a nenhuma notícia de atropelamento nesses locais, até agora, graças a Deus!

Quando me vem a tentação de pré-julgamento à cabeça, de que tais pessoas sejam dependentes químicos ou alcoólatras, meu coração me avisa, de que na aparência deles, pode-se contemplar a presença do próprio Cristo. E como deve ser então meu comportamento diante de situação caótica como essa? Ajudar com algum valor? Ter sempre algum dinheiro à disposição para evitar mexer em carteira e atrasar o arranque do carro na hora em que o sinal abre? Dizer que não tenho dinheiro à mão naquele momento? Ou simplesmente ignorar a pessoa que se aproxima com o papelão na mão ou a mão estendida? Não há outro jeito a não ser perguntar a própria consciência.

A questão parece ser muito mais profunda do que simplesmente resolver o que a consciência pessoal indica. Até que ponto sou eu o responsável por tamanha “enfermidade social”? De quem seria a responsabilidade? Como agir?

Conhecemos incontáveis iniciativas que amenizam a fome, o frio, as necessidades básicas das pessoas em situação de rua em nossa cidade. Muitas de nossas Comunidades de Fé com seus abnegados agentes de pastoral, de religiões diversas, vão ao encontro desses nossos irmãos, levando-lhes alimentos, vestuários, cobertores e produtos de higiene. Outras tantas Comunidades oferecem cestas básicas e têm milhares de famílias em situação de extrema vulnerabilidade. Há, também, iniciativas muito criativas de empresas, agremiações, da iniciativa privada, enfim. Ninguém duvida das demonstrações de solidariedade descobertas, especialmente em tempo do Natal e Passagem de Ano. O povo é profundamente solidário e fraterno. Sensível e não hesita em partilhar da própria pobreza para amenizar necessidades básicas que causam dor e indignação. Mas tais auxílios pontuais não resolvem o problema.

Sabemos que somos um país rico. Nossa cidade também é considerada ricamente privilegiada. Porém, sabemos também, que a menor fatia do bolo dos orçamentos públicos, que só existem porque pagamos impostos, os mais altos, é destinada à Secretaria da Assistência Social. Haja criatividade para atender às demandas que crescem a cada dia. A criatura humana continua sendo relegada a segundos, terceiros e quartos planos de políticas públicas desumanas. É também verdade que a maioria das pessoas que pedem nos semáforos, não aceita acomodação nas casas de acolhimento, quando abordadas pelos Servidores da Assistência Social.

Ao invés de esmola já passou da hora de juntos, encontrarmos soluções mais criativas que devolvam a dignidade das pessoas em situação de vulnerabilidade. Não bastam respostas imediatas e rasas à nossa consciência ou o que muitos chamam de “desencargo de consciência”. É urgente remetermos nossas sugestões de soluções criativas às OSCs (Organizações da Sociedade Civil ou ONGs), levando-as mais a sério e colaborando para que consigam desenvolver seus Projetos Sociais com mais tranquilidade. Porque são elas, as OSCs, como o FAC – Fraterno Auxílio Cristão, por exemplo, que promovendo as pessoas em sua dignidade humana, que evitam ou pelo menos diminuem pessoas nos semáforos com os papelões nas mãos, dizendo: “Estou com Fome”!



Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

TEOLOGIA DA TERNURA!

 TEOLOGIA DA TERNURA!


Há 34 anos, na manhã de um sábado, dia 20 de janeiro de 1990, Festa de São Sebastião, na Catedral Metropolitana de Ribeirão Preto, ajoelhado sobre o túmulo do primeiro Bispo de nossa Arquidiocese, Dom Alberto José Gonçalves, por imposição das mãos de nosso amado Dom Arnaldo Ribeiro, fui ordenado Sacerdote para Sempre! Muitos erros e acertos, grande experiência de vida e profunda gratidão a cada dia, sem nenhum momento de arrependimento, pelo sim dado com minhas mãos entre as mãos do Arcebispo.

 


               Quantas pessoas passaram por minha vida nestes 34 anos? Pela vida de quantas pessoas passei eu? Penso ser um momento de avaliação, de balanço, de gratidão e de pedido de perdão, pelas vezes em que não consegui ser um bom padre! Escolhi como lema sacerdotal, a quinta bem-aventurança do Sermão da Montanha: "Bem-Aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7), já que sempre me senti um servo inútil e indigno da graça do ministério sacerdotal! Mesmo assim Deus me quis Padre, tamanha é Sua Bondade, Seu Amor e Sua Misericórdia para comigo.

 

               Ao longo do amadurecimento no meu exercício ministerial, fui descobrindo que a melhor maneira de ser fiel ao Sacerdócio, é adotar a Teologia da Ternura! Mesmo que não tenha conseguido ser fiel, como quis ou deveria sempre me acompanhou o esforço pessoal por ser um sacerdote bom e misericordioso, a exemplo de São João Maria Vianney, o Cura D'Ars, cuja vida conheci no primeiro Seminário que me acolheu na Arquidiocese de Porto Alegre (RS), dedicado a ele. Como ele, o Sacramento que mais gosto de celebrar, é o da Reconciliação, depois, é claro, da Eucaristia. Como é bom ser dispensador do perdão de Deus àqueles que perderam sua paz interior para o pecado. Pois é no Sacramento do Perdão, que Jesus nos devolve a paz que o pecado nos rouba. Tenho sido muito feliz ao acolher tantas pessoas em nossa amada Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres nos Campos Elíseos há 16 anos, e desde o dia 1º de março do ano de 2020, da também já amada Paróquia Santa Tereza de Ávila no Jardim Recreio de Ribeirão Preto, que são para mim, lugares ideais para a santificação de meu sacerdócio, colaborando na santificação de tão queridos irmãos e irmãs na fé!

                                                                                                                                   

                Como coroinha na Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus, no Bairro Santo Afonso e Coordenador da Catequese, Regente do Coral e Animador de Comunidade na Capela Santo Antoninho, no Bairro Liberdade em Novo Hamburgo (RS) ou brincando de Missa com os vizinhos na estrebaria de casa, minha vocação ao sacerdócio foi se confirmando a cada dia que passava. Sentia sempre a necessidade de perdoar, desde tenra idade a quem me ofendesse ou machucasse. Nunca consegui bater em ninguém. Mas sempre fui muito peralta e, mais pedia perdão do que precisava perdoar. Daí meu lema sacerdotal ser a bem-aventurança da misericórdia. 

 

               Que eu consiga viver meu sacerdócio pautado nos olhos de Deus, que promovem a justiça e amar as pessoas com o coração de Jesus, que dão sentido ao meu lema e à minha fidelidade sacerdotal: "Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”! E em cada Eucaristia que celebro, cabem todas as pessoas que me ajudaram a ser Padre, no precioso cálice do Senhor, como minha mais sublime e profunda gratidão!


                 Para selar a ternura de Deus em meu Sacerdócio, celebrarei minha ação de graças no recolhimento. Passarei em oração silenciosa. Sei que poderei contar com as orações dos amigos, o melhor presente que poderia receber. Estarei ausente das Redes Sociais, especialmente com telefones desligados! Conto com a compreensão dos que insistirem em ligar. Rezemos em silêncio, porque até mesmo nosso silêncio Deus escuta.


Aqueles que desejarem me cumprimentar, por favor, façam-no na oração por mim e sintam o carinho de minha oração por cada um dos que meu Sacerdócio permitiu amar! O maior presente será sempre a participação de uma das Celebrações das Santas Missas que celebro na Igreja Santa Tereza de Ávila no Jardim Recreio aos sábados e domingos às 18 horas, bem como na Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres, aos domingos às 9 horas, na Avenida Saudade, 202, nos Campos Elíseos em Ribeirão Preto. O mais precioso presente de um sacerdote é ver sua Igreja cheia de gente, saindo cheias de Deus, e não do padre!


Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo