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quarta-feira, 26 de julho de 2023

NOSSAS QUERMESES!

 

O Dicionário Aurélio define a Quermesse como “feira beneficente, com barraquinha, leilão de prendas, etc.” Depois de rabiscar algumas linhas sobre a importância do Dízimo que mantém o culto de nossas Comunidades Paroquiais, como suas pastorais, manutenção dos templos e tantas outras despesas que implicam na administração de uma Paróquia instalada, gostaria de tratar brevemente sobre as quermesses, que também são fontes de recursos para a manutenção de nossas Comunidades Paroquiais.

Gosto de pensar, que se cada cristão católico que, mais ou menos, participa de nossas atividades paroquias, oferecesse mensalmente, um porcento de seus rendimentos à sua Comunidade, em forma de dízimo livre e consciente, não precisaríamos nos preocupar tanto com promoções que visem arrecadar fundos para sua manutenção. As Quermesses ou eventos afins teriam maior motivação de confraternização, de encontro de irmãos que professam a mesma fé, enriquecendo, assim, a sinodalidade de nossa Igreja, promovendo também por meio de eventos sociais, a comunhão, participação e missão, especialmente no testemunho de que somos todos irmãos, filhos de uma Igreja que é mãe e mestra e que ama muito todos os seus filhos e filhas!

É muito lindo perceber o comprometimento de nossos agentes de pastoral na preparação de uma Quermesse. Não obstante as inúmeras dificuldades, especialmente financeiras, dos que colaboram com nossas Comunidades, todos se revestem de entusiasmo, ânimo e grande disponibilidade na busca de recursos para a realização da melhor Quermesse a cada ano. Há uma competitividade saudável entre as equipes de trabalho, porque cada uma quer organizar da melhor maneira sua tarefa, sua barraca, seu compromisso para com o evento em preparação.

 As pessoas tem participado como nunca antes das Quermesses realizadas pelas inúmeras Paróquias por todos os lados. Milhares de pessoas surpreenderam positivamente com sua presença e efetiva participação. Isso também é percebido nos grandes shows ao ar livre e nas festas comemorativas de cunho social. Eu ficaria muito feliz se o mesmo acontecesse com nossas celebrações de Missas, que em comparação, se percebe bem mais devagar e tímido. Quermesses e barzinhos, bem como tantos outros eventos sociais contam com multidões, quando para a participação nas Missas de nossas Igrejas ainda se ouve inúmeras desculpas. Há exceções, muito raras de algumas Comunidades, que têm seus espaços litúrgicos lotados, tanto nas celebrações dominicais, como nas especiais. Não esqueçamos que “Domingo sem Missa é Semana sem Graça”!

Mas também os encontros de pessoas que sentem saudades umas das outras, participando de nossas Quermesses, podem servir de testemunho de que nos amamos e desejamos formar uma grande e linda Família de Deus! Por isso lanço o convite para que todos participem da Quermesse na Igreja Santa Tereza de Ávila no Jardim Recreio nos próximos dias 4 e 5 de agosto (sexta e sábado), sempre a partir das 19 horas. Sou testemunha da dedicação exemplar de uma equipe de Eventos coordenada pelo Sr. Daniel Dandun e sua linda Família, que ao longo de meses prepara com profundo amor à Igreja, essa Quermesse, cuja renda será destinada às necessárias reformas e melhorias de nossa Paróquia, que o Dízimo ainda não consegue cobrir e contemplar.



Estarei aguardando a todos de braços abertos para esse encontro de irmãos e irmãs na fé, independente da forma como cada um a professa. Contamos com a participação de todos e desde já agradecemos profundamente a cada um e a todos os benfeitores que nos ajudam a preparar essa Quermesse, que só será linda com a sua presença e participação!

Pe. Gilberto Kasper

         Teólogo

quarta-feira, 19 de julho de 2023

O RETIRO ESPIRITUAL ANUAL DOS PADRES!

 

De 17 a 21 de julho, no Seminário Santo Antônio, Alto da Serra, em São Pedro (SP), os Padres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, juntamente com o Arcebispo Metropolitano, Dom Moacir Silva, se encontram em Retiro Espiritual. O pregador é o Padre José Rafael Solano Dúran, Pároco da Catedral Metropolitana Sagrado Coração de Jesus de Londrina (PR).



O Retiro Espiritual Anual dos Padres é um dos eventos mais fortes e marcantes na vida da Igreja particular. São dias de recolhimento, deserto, reflexão e revisão da vida espiritual dos Padres que, em torno de seu Arcebispo, avaliam sua vida ministerial e buscam novo ânimo e novas perspectivas para o ministério pastoral. Ser cada vez mais pastor configurado com Cristo, o Bom Pastor!

Vivemos tempos em que se exige muito dos padres. Os avanços tecnológicos tomam demasiado tempo deles e se espera por respostas imediatas. Daí correr o risco de os padres serem engolidos pelo ativismo, por tarefas intermináveis, exigências pastorais que se avolumam, mas nem sempre se aprofundam. Os dias de retiro sugerem que os padres descansem, desliguem seus aparelhos e se distanciem, fisicamente, de suas Comunidades. Já as Comunidades confiadas aos Padres têm a obrigação de rezarem pelo êxito do retiro espiritual de todos os Padres e do Arcebispo da Arquidiocese.

Ao longo dos meus trinta e três anos e meio de ministério preguei 92 retiros espirituais. Neste mês de agosto pregarei o 93º. Poderia dar-me por satisfeito. Não basta pregar retiros. Chega o momento em que também o pregador sente a sede de abastecer-se, desde os porões de sua intimidade, da companhia mais profunda de Jesus Cristo, que não poucas vezes fazia seus próprios retiros: algumas vezes sozinho, outras vezes com os seus discípulos.

Para que o retiro alcance seus objetivos, de renovar a espiritualidade presbiteral de cada padre, não bastam um magnífico pregador, nem um tema promissor. O retiro é pessoal. Será o coração de cada padre que acolherá, a seu modo, tudo o que lhe é proposto durante o retiro: o ambiente afastado dos afazeres hodiernos, as pregações e celebrações geralmente muito bem preparadas e criativas, só terão ressonância, se os ouvidos dos padres forem dóceis ao essencial no retiro espiritual: a voz de Deus, o apelo de Jesus Cristo e a ação do Espírito Santo na vida de cada um.

Não por último, o retiro proporciona aos padres de um mesmo Presbitério com seu Arcebispo, momentos fortes de encontro, perdão, superação de diferenças, reconciliação e a renovação de grande fraternidade sacerdotal e caridade pastoral. O retiro tem o objetivo de libertar os padres das relações mal resolvidas, como a inveja clerical, a busca de prestígio, a ganância por cargos e poder sobre os outros. Convidados a despirem-se de quaisquer pretensões, o retiro espiritual robustece os padres em sua missão na Igreja para o mundo, dependendo sobremaneira da intensa oração das Comunidades que merecem padres cada dia mais santos: vazios de si próprios e encharcados dos dons do Espírito Santo. Rezemos uns pelos outros!

Pe. Gilberto Kasper

         Teólogo

quarta-feira, 12 de julho de 2023

QUEM AINDA NÃO RECEBEU LIGAÇÕES INCONVENIENTES?

 

Como reagimos diante de ligações inconvenientes? Quem ainda não as recebeu? Refiro-me às ligações de telemarketings, que se tornaram uma espécie de “cultura de sobrevivência” para milhares de brasileiros e que há muitos anos vem ocorrendo, especialmente remetidas às pessoas aposentadas. Eu me irrito profundamente com tais ligações, que insistentemente oferecem produtos, os mais diversos. Trata-se de uma avalanche de ofertas supérfluas, incitando ao consumismo exacerbado.

Fui orientado a bloquear os números dos telefones que insistentemente ligam, geralmente nas horas mais impróprias. Já bloqueei uma centena de números, mesmo assim novos números ligam com as mesmas ofertas. São operadoras de telemarketing, de telefonia, de financeiras oferecendo empréstimos consignados, entre outros.

Conhecemos, também, ligações provenientes de Casas de Detenção. O Sistema Judiciário e Penitenciário de nosso País continua vulnerável, não conseguindo conter a entrada de celulares nas Penitenciárias, de onde vêm incontáveis ligações, algumas delas ameaçadoras, outras tentando clonar os celulares das pessoas de boa índole.

Outros tipos de ligações inconvenientes são as que simulam sequestros de filhos, de pais, avós ou amigos. Conheço inúmeras pessoas que já receberam ligações afirmando que em seu poder se encontrariam pessoas que sequer existem. Mães de filhos apenas do sexo masculino recebendo ligações mentirosas, de que uma de suas filhas fora sequestrada, com o intuito de bandidos querendo o pagamento de resgates. Tentativas de outros golpes similares são tão frequentes, a ponto de não atendermos mais ligações não identificadas, e por isso, deixarmos não poucas vezes, de atender pessoas que buscam auxílio espiritual, que desejam agendar um atendimento ou outro compromisso de real importância para ambos, de acordo com nosso ministério sacerdotal.

Algumas dessas ligações pretendem preencher o isolamento social, que também proporcionam inconveniências.  Esse isolamento social descortina uma carência afetiva na sociedade, ainda mais aguda, ou antes, velada, de pessoas especialmente muito ativas, e que de repente são condicionadas a uma certa ociosidade, bem como de pessoas já antes isoladas por pura exclusão tanto familiar como social. Aumentam notoriamente os casos de depressão, fruto da mesma exclusão. Passamos a utilizar em demasia as novas tecnologias: Celulares, Notebooks, Internet, Whatsapp e Links para nos comunicarmos o quanto possível, sem o calor humano do abraço, do aperto de mão, da presença física, porém, para afirmar e reafirmar a todo o momento, de que estamos juntos, unidos, respirando a esperança de tempos melhores.

Não obstante as ligações inconvenientes, concluímos de que precisamos bem menos do que pensávamos para não simplesmente sobreviver, mas viver uma vida saudável, feliz, onde não se esgota a esperança de que sendo Anjos uns dos outros, seremos também verdadeiros protagonistas da paz entre as pessoas, onde ainda cheiramos o odor horroroso da mentira, da disputa, da busca desenfreada de poder e prestígio. Exalemos o perfume da paz, só então seremos felizes de verdade!

Que as ligações inconvenientes não nos robotizem, porque mais do que nunca, necessitamos humanizar-nos!



Pe. Gilberto Kasper

         Teólogo

quarta-feira, 5 de julho de 2023

CELEBRANDO 120 ANOS DA SANTO ANTONINHO!

 

No dia 13 de junho de 2023, a Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres, carinhosamente conhecida como Igreja Santo Antoninho, celebrou 120 anos de fundação. A pedra fundamental, segundo informações da Cúria da Arquidiocese de São Paulo, foi implantada em 1892. O templo é o mais antigo, em pé, da cidade de Ribeirão Preto. Foi Capela da Vila Emília, depois da Família Proença da Fonseca e em 1989, através de testamento assinado pela então última herdeira viva, Hilma Proença da Fonseca Mamede, foi doada à Arquidiocese de Ribeirão Preto “para cultivar a fé católica da Família Proença da Fonseca”. Adjudicada do complexo do imóvel que compreendia a Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas, incendiada no dia 7 de setembro de 2019 e demolido, o que sobrara da antiga residência da Família em 2021, bem como do Mosteirinho onde viveram os Padres Scalabrinianos e os Monges Beneditinos Olivetanos no início do século XX, a Arquidiocese de Ribeirão Preto obteve a escritura do imóvel, que em 2009 foi tombado provisoriamente pelo CONPPAC – Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto.

Depois que os Monges Beneditinos Olivetanos passaram a residir em seu Mosteiro próprio, a Igreja Santo Antoninho passou a ser atendida por sacerdotes diocesanos (há 80 anos portanto), como Padre Euclides Gomes Carneiro, que celebrou a primeira Missa na Capelinha, de portas abertas para o povo no dia 10 de maio de 1903, Monsenhor João Lauriano, então Vigário Geral da Diocese, Cônego Arnaldo Álvaro Padovani, este último, ao longo de décadas, por inúmeros padres mais jovens e zelosos, como o Pe. Márcio Luiz de Souza, o Pe. Josirlei Aparecido da Silva e o Pe. Giovanni Augusto, que o auxiliaram quando já sentia o peso da idade, pelos Missionários Claretianos, como o saudoso Pe. Lauro Edgar de Araújo Franco, CMF, que me acolheu para minha primeira Missa como reitor daquele Espaço Cultural Ecumênico de Espiritualidade, vontade expressa por Dom Joviano de Lima Júnior, o então Arcebispo, que me enviou para esse fim àquela simpática e acolhedora Igrejinha no dia 20 de abril de 2008, com a provisão de reitor assinada no dia 17 de abril do mesmo ano. Dom Joviano faleceu sonhando com a Santo Antoninho e o Mosteirinho atrás dela, restaurados, bem como a Casa da Amizade ao lado, desenvolvendo sua verdadeira função, se tornando um Centro Social ou Cultural a serviço dos mais pobres da cidade, como consta no próprio testamento. As queridas irmãs portuguesas desejavam que se continuassem suas obras de caridade: a distribuição dos pães aos pobres e a hospitalidade às parturientes vindas do interior, que não tivessem como se hospedar enquanto aguardassem atendimento na Santa Casa situada no mesmo bairro dos Campos Elíseos.


Desde o tombamento em 2009, da Igreja conjuntamente com a Academia que já não existe mais, fizemos um árduo caminho de tentativas de restaurar a Santo Antoninho, sem êxito. Levamos 5 anos, 6 meses e 35 dias para obter a autorização da construção de 2 banheiros e a instalação da água. Essa realidade mudou desde 2018, quando por iniciativa do Engº José Roberto Romero e seus tantos amigos, formamos o Grupo dos Amigos da Igreja Santo Antoninho. No início éramos mais de cem pessoas. Com a Pandemia o Grupo diminuiu consideravelmente, mas continua vivo! Além disso, contamos atualmente com Membros do CONPPAC, presidido pelo Dr. Lucas Pereira, bem mais atentos, solícitos e dispostos a nos ajudar a preservar e posteriormente restaurar nossa Santo Antoninho. Somos profundamente agradecidos pela atenção que tanto os já citados, como também o Secretário da Cultura, Pedro Leão, os Arquitetos Anderson Abe, o Arthur que foi o arquiteto responsável pela restauração do Theatro Pedro II, o Amir Kalil Dib, o Rodrigo Simões e tantos outros, dispensam à Santo Antoninho que clama por restauro!

Finalmente, nosso Arcebispo Metropolitano, Dom Moacir Silva, que nesses 10 anos de seu governo renovou sua confiança e nos apoiou em todos os desafios que se nos foram impostos, presidindo a Missa de ação de graças pelos 120 anos da Santo Antoninho, acolha nossa mais profunda gratidão e a renovação de nossa fidelidade na busca da restauração desse pedacinho da história e tão importante patrimônio de nossa Arquidiocese e Cidade de Ribeirão Preto!

 


Pe. Gilberto Kasper

         Teólogo