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quarta-feira, 27 de março de 2019

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - QUARTO DOMINGO DA QUARESMA - LAETARE


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé! 




            Na caminhada rumo à Páscoa, atingimos o quarto estágio de nosso grande retiro. À medida que os dias passam, e as festas pascais se aproximam, aumenta nossa alegria. “Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações”(Is 66,10s).
            O Senhor nos acolhe e convida a tomarmos parte no banquete do seu amor misericordioso, deixar o nosso coração transbordar de alegria com a música da festa, com as coisas boas que aconteceram na convivência com as pessoas e a buscar no interior de nossa vida motivos para bendizer o Senhor.
            Neste Quarto Domingo da Quaresma ressoa o convite de participarmos na alegria do Pai que, agora, por meio de Jesus Cristo, acolhe e salva os pecadores. O amor e a bondade de Deus libertam as pessoas de suas misérias, da solidão e do desespero. Para que isto aconteça, se faz necessário entrar na lógica do amor e da bondade do Pai que se revelam em Jesus.
            Como filhos pródigos reconduzidos ao aconchego familiar pelo abraço amoroso do Pai, começamos a experienciar o amor de Deus que, na Páscoa de seu Filho Jesus, nos perdoa e nos acolhe com carinho em sua casa. À luz do gesto do Pai misericordioso entendemos melhor que a “fé, que atua pelo amor” (Gl 5,6), torna-se um novo critério de entendimento e de ação que muda toda a vida do homem. Na descoberta diária do seu amor, ganha força e vigor o compromisso missionário dos crentes que jamais pode faltar. Com efeito, a fé cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria.
            Assim como o povo de Deus celebrou a Páscoa e se alimentou dos frutos da terra após entrar na terra prometida, vamos nos nutrir da palavra da vida, que nos torna novas criaturas em Cristo e nos faz experimentar a acolhida carinhosa do Pai celeste.
            O povo se liberta à medida que consegue o sustento com o próprio trabalho. Elementos básicos da boa convivência familiar são a reconciliação, a alegria e o diálogo. A encarnação de Jesus reconciliou-nos com Deus e nos tornou novas criaturas.
            Celebrando hoje o mistério do amor misericordioso de Deus, vemos que a parábola põe em cena três personagens: o pai, o filho mais novo e o filho mais velho. Três figuras que se transformam em referenciais para o nosso modo de ser e agir.
            O pai é o protagonista da parábola. É apresentado como uma figura excepcional, que conjuga o respeito pelas decisões e pela liberdade dos filhos, com um amor gratuito e sem limites. Esse amor manifesta-se na comoção com que abraça o filho que volta, mesmo sem saber se esse filho mudou a sua atitude de orgulho e de autossuficiência em relação ao pai e a casa. Trata-se de um amor que permaneceu inalterado, apesar da rebeldia do filho. Um pai que continuou amando, apesar da ausência e da infidelidade do filho.
            O filho mais novo é ingrato, insolente e obstinado, que exige do pai muito mais do que aquilo a que tem direito. Da perda dos bens materiais brota a consciência da dignidade perdida e da condição de filho desperdiçada. Aqui emerge a grandeza da relação filial com o pai. Decididamente, o jovem filho empreende o caminho de retorno à casa do pai. É o apelo do tempo quaresmal: “Deixai-vos reconciliar com Deus”! O abraço reconciliador do pai faz o pecador experienciar a alegria do perdão.
            Na cena há alguém que não entende a festa e nem a suporta: o filho mais velho. Ele é o “certinho” que sempre fez o que o pai mandou, que cumpriu as normas e que nunca passou por sua cabeça abandonar a casa do pai. No entanto, seu modo de proceder se pauta mais pela lógica da “justiça” do que da “misericórdia”. Este filho está satisfeito em servir um pai-patrão e incomodado diante do “pai cuja alegria é perdoar”.
            A Quaresma ao mesmo tempo em que nos convida ao retorno à casa do Pai, “deixando-nos reconciliar por ele”, apela à misericórdia solidária: “Jesus Cristo ensinou que o homem não só recebe e experimenta a misericórdia de Deus, mas é também chamado a ter misericórdia para com os demais”. O ser humano alcança o amor misericordioso de Deus e a sua misericórdia, na medida em que ele próprio se transforma interiormente, segundo o espírito de amor para com o próximo.
            A liturgia deste domingo convida-nos a experimentar a alegria da Páscoa que se aproxima, porque já não há mais lugar para tristezas, pois o amor misericordioso do Pai por nós seus filhos nos torna participantes de seu banquete.
            A parábola do Pai Misericordioso nos sugere os passos do Sacramento da Reconciliação: exigimos a parte da herança que nos pertence, saímos da casa do pai, cuja convivência virou “mesmice”, nem olhamos para trás, deixando o pai falando sozinho. Viramos as costas para ele e nos desvencilhamos dele. Fazemos de nossa vida o que bem queremos. Perdemos a noção de valores e nos afogamos no consumismo, atraindo para nós mesmos um razoável grupo de amigos, que nos ajudam a gastar descabidamente nossa vida. Quando acaba nosso dinheiro, acabam também a fama, o prestígio e os que pensávamos nossos amigos, mas que eram meros interesseiros. Fazemos a experiência da exclusão, da difamação e até da calúnia. Entramos em “depressão profunda”, chegando ao fundo do poço. É neste estágio de nossa vida que nos lembramos do Pai. Numa rápida retrospectiva de vida, fazemos um profundo exame de consciência. Eis os passos da boa confissão.
            Reconhecemo-nos sujos, cheios de pecados. Isso exige humildade!
            Fazemos nosso Ato de Arrependimento ou contrição. Enchemo-nos de coragem para a volta. Aqui é interessante perceber que o Pai não corre atrás do filho. Deixa que vá. Mas fica, cheio de esperança, de olhos fixos na volta do pródigo. E quando o avista, nem deixa que chegue, mas sai correndo ao encontro do filho que resolveu voltar. A alegria do Pai, em avistar a volta do filho é maior do que qualquer pretensão de castigo.
            O filho se diz arrependido e pede o perdão. Também aí o pai nem deixa o filho terminar sua confissão. Abraça-o, sinal de acolhida. Beija-o, sinal de ósculo da paz. O beijo no rosto do filho garante que lhe será restituído a paz que o pecado lhe roubou. Túnica nova: o passado já passou; daqui para frente é vida nova, como nova é a túnica. Quem uma vez foi perdoado pelo Pai, não tem mais o direito de culpar-se de nada. Sandálias para os pés, já que somente filhos de escravos andavam descalços. Os filhos dos Senhores calçavam sandálias. Anel no dedo: volta à condição de príncipe e herdeiro. Mesmo que tenha esbanjado a parte de sua herança, continua sendo herdeiro de tudo o que é do Pai. Novilho gordo, música e festa: A Eucaristia que celebra sempre de novo a Páscoa do Senhor! É lindo demais este riquíssimo Sacramento da Reconciliação!
            Já o filho mais velho não aceita a volta do irmão. Sente inveja porque o Pai acolhe aquele que abandonara a Família. É duro no julgamento, pois ele sempre observou tudo direitinho. Não conhece a dimensão da misericórdia do Pai. Prefere condenar a acolher. Um pouco daquilo que acontece frequentemente em nossas Comunidades. Acontece, também, no Presbitério, na Política e na Sociedade! Somos muito rígidos em nossos julgamentos e nos colocamos no lugar de Deus, já emitindo nossa condenação, geralmente expressa na exclusão do que consideramos mais pecador do que nós.
            Que a Quarta Semana da Quaresma nos ajude na profunda conversão. A qual dos personagens nos identificamos mais: ambos merecem o amor misericordioso do Pai. Porém, o Pai não impõe, mas dispõe da graça do perdão! É necessário que sintamos e queiramos a necessidade do perdão de Deus. Concluo com o que gosto de pensar: justiça + misericórdia = amor com sabor divino!
            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, meu abraço sempre fiel e amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Js 5,9-12; Sl 33(34); 2Cor 5,17-21 e Lc 15,1-3.11-32)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Março de 2019, pp. 97-100 e Roteiros Homiléticos da CNBB da Quaresma (Março de 2019), pp. 54-60.

QUARESMA: TEMPO DE RECONCILIAÇÃO!


Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

      
                   O Quarto Domingo da Quaresma, chamado Laetare, porque de certa forma antecipa as alegrias preparadas neste forte Tempo de Reconciliação, remete-nos a um dos Sacramentos mais ricos da Igreja, embora subestimado, quando não banalizado: O Sacramento da Reconciliação! Depois da Eucaristia, é o Sacramento da Reconciliação que nos coloca de volta, diante do amor e do perdão de Deus. Para mim, o Sacramento da Reconciliação é como um antibiótico espiritual, que nos impermeabiliza espiritualmente, diante de todas as tentações que procuram afastar-nos do amor de Deus. Como é boa a sensação de termos sido perdoados ou de termos conseguido perdoar a alguém que nos machucou, ofendeu ou prejudicou!
                  
O Evangelho de São Lucas nos apresenta os passos do Sacramento da Reconciliação, na parábola do Pai Misericordioso, contada por Jesus no capítulo 15. O filho mais novo sai de casa, vira as costas para o pai, gasta numa vida desenfreada toda parte da herança que lhe coube e chega ao fundo do poço. Sob os escombros da rejeição, da exclusão e da discriminação da sociedade, faz a experiência da vida longe do pai. O pai sofre com a ausência do filho, mas não corre atrás. Fica esperando pacientemente. Deixa o filho fazer a experiência da miséria humana, da vida sem sentido e vazia de amor.
                   
No momento em que o filho se arrepende, ele mesmo dá o passo de volta: a conversão começa a acontecer, a fim de conduzi-lo à reconciliação! Não adianta procurarmos o Sacramento da Reconciliação por mero cumprimento de preceito, ou para agradar os pais, ou o marido a esposa. Deus espera que a iniciativa seja nossa, só nossa. Quando o pai avista a volta do filho, então sim, corre ao seu encontro; nem o deixa chegar. Abraça-o, sinal de acolhida; beija-o, sinal do ósculo da paz, devolvendo-lhe a paz que o pecado, o afastamento, lhe havia roubado; oferece-lhe uma túnica limpa, sinal de que não há mais o direito de culpar-se, pois obteve o perdão incondicional; sandálias nos pés, sinal de dignidade, pois só os filhos dos empregados andavam descalços; anel no dedo, sinal de herdeiro, mesmo que tenha esbanjado tudo o que havia herdado, volta a ser herdeiro do pai. E finalmente, o novilho gordo, a festa, a Eucaristia, que simboliza a ação de graças pela volta do filho, que estava morto e reviveu, perdido e foi reencontrado (cf. Lc 15,1-3.11-24).

                   Assim também nós somos convidados a celebrar a Reconciliação com Deus, conosco mesmos e com os outros, para que a Quaresma produza seus efeitos saborosos. Acontecem em nossas Foranias, na Arquidiocese de Ribeirão Preto, os chamados Mutirões de Confissões, onde temos a oportunidade de confessar nas diversas Paróquias, com a presença de dezenas de Sacerdotes, preparando-nos devidamente para celebrarmos a Páscoa do Senhor que se aproxima! O Papa Francisco, quando trata da misericórdia de Deus, costuma afirmar que o Confessionário é o único Tribunal de onde o réu confesso sai absolvido!

quarta-feira, 20 de março de 2019

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - TERCEIRO DOMINGO DA QUARESMA


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé! 



            Somos peregrinos com Jesus rumo à Páscoa. Eis que chegamos ao terceiro domingo da Quaresma. Jesus intensifica o convite à conversão.
            Após termos celebrado os domingos das “tentações” e “da transfiguração” de Jesus, a liturgia da palavra ressalta a urgência da conversão pela renovação batismal. A conversão se traduz na resposta de fé à paciência de Deus.
            A Quaresma é o tempo da paciência de Deus, é o tempo que ele nos dá para que possamos produzir os frutos da justiça e da fraternidade.
            A fé se revela com a mudança de atitudes, com a mudança do coração por meio do árduo processo de conversão. Converter-se implica voltar para Deus e produzir os frutos do amor, da solidariedade e da paz. Que a caminhada quaresmal suscite “em todos uma sincera e contínua obra de conversão para experimentar a misericórdia do Pai, que vem ao encontro de todos” (cf. Carta Apostólica Porta Fidei de BENTO XVI, n. 13).
            As leituras revelam que Deus caminha conosco e não se conforma com a situação do seu povo sofrido. Nutridos pela sua palavra, seremos capazes de produzir frutos abundantes de fraternidade.
            Deus não suporta ver o povo sendo manipulado e mantido no sofrimento e convoca líderes para libertá-lo. Deus é paciente e nos dá sempre novas chances, mas exige também atitudes de nossa parte. É preciso saber ler os fatos históricos para melhorar o hoje da história.
            A Quaresma é um tempo para avaliarmos a qualidade de nossas respostas aos projetos da vontade de Deus. Será que elas correspondem à expectativa de quem confiou em nós? Pode ocorrer que os frutos não estejam à altura do esperado. Quem planta e cultiva determinada árvore frutífera, é natural que almeje colher bons frutos. “Foi lá procurar figos e não encontrou. Então disse ao agricultor: Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro”. Desilusão! A paciência parece estar se esgotando. O impulso humano é dar um basta: “corta-a!”.
            Apesar de nossas dificuldades, Deus não age assim. Mesmo que sua paciência esteja no limite, “o Senhor é piedade e compaixão, lento na cólera e cheio de amor” (Sl 145,8). Cristo, por sua vez, intercede constantemente por nós junto ao Pai, dilatando e ampliando sua paciência. O amor misericordioso torna possível o êxito dos projetos de Deus. Converter-se a Deus é voltar-se para Deus, é caminhar rumo a ele.
            A urgência da conversão quaresmal não se apresenta aqui como uma ameaça, mas como um convite libertador que suscita alegria, pois nos libertamos de algo que impede de crescermos como pessoas fiéis. O apelo à conversão requer mudança (metánoia) de nossa maneira de pensar, para assimilarmos os critérios de Jesus e seu estilo de vida. A conversão, como êxodo, é uma atitude do coração que exige manifestação externa no cotidiano pela dedicação às obras de caridade, à promoção da fraternidade e à defesa da vida.
            “A conversão e a fé sem a caridade não dá fruto, e a caridade sem a fé seria um sentimento constantemente à mercê da dúvida. Fé e caridade reclamam-se mutuamente, de tal modo que uma consente à outra realizar o seu caminho” (cf. Carta Apostólica Porta Fidei de BENTO XVI, n. 14).
            O chamado à conversão, que nos transforma em novas criaturas, começa pela fé e no batismo, exige esforço contínuo para que, renunciando a nós mesmos, assimilemos a vontade de Deus, estabelecendo novos relacionamentos com as pessoas e com o mundo que nos cerca. A conversão apoia-se no crescimento da fé e nas relações pautadas pela Boa Nova do Reino.
            No caminho da conversão, iluminados pela “sarça ardente”, percebemos sempre que algo poderia ser melhor, no que fazemos e somos, mesmo em nossas ações e atitudes dignas de aplausos, descobrimos resquícios de egoísmo e falta de amor. Mais do que nos penalizar, estas descobertas nos alegram. Pois pela confissão da nossa fraqueza e a humilhação pela consciência de nossas faltas, somos reconfortados pela misericórdia de Deus. Contudo, não abusemos da paciência de Deus, não tomemos como desculpa a sua misericórdia para retardar nossa conversão. A paciência de Deus não é uma atitude passiva, mas uma solicitude para que o homem viva. Deus crê no homem, crê que ele pode mudar a sua conduta passada, para se voltar para Aquele de quem se afastou.
            Conversão é convite à vida. Mais do que anúncio de ameaças, é proclamação de uma boa nova. Jesus apela “à conversão, anunciando a proximidade do Pai amoroso e misericordioso”.
            Esta terceira semana da Quaresma insistindo em nossa conversão, isto é, voltar nosso coração novamente para Deus, a quem deixamos falando sozinho ou lhe viramos as costas por conta de nossas infidelidades e pecados, nos convida a aproximar-nos do riquíssimo Sacramento da Reconciliação. Lamentavelmente ainda muitos bons católicos têm suas dificuldades com a confissão auricular (individual), por inúmeras razões, algumas delas, compreensíveis, outras não. Para mim, o mais rico sacramento depois da Eucaristia, de que dispomos sempre, é o da Reconciliação. Os Sacerdotes se reúnem em Mutirão de Confissões neste tempo rico, que a Igreja nos concede. Procuremos informar-nos com nossas Comunidades, onde estão acontecendo os Mutirões de Confissões ou onde poderemos adentrar nosso “sacrário pessoal”, os porões de nossa intimidade ou nossa consciência, celebrando o perdão, libertando-nos de tudo que nos aprisiona. Os Sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia nos devolvem a verdadeira PAZ que o pecado nos rouba! Só então produziremos frutos saborosos em nossas relações pessoais, sociais, eclesiais e políticas, como pessoas de boa fé!
            Desejando-lhes muitas bênçãos e eficaz reconciliação com Deus, com o próximo e consigo mesmo, com ternura meu abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Ex 3,1-8.13-15; Sl 102(103); 1Cor 10,1-6.10-12 e Lc 13,1-9)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Março de 2019, pp. 79-82 e Roteiros Homiléticos da CNBB da Quaresma (Março de 2019), pp. 48-53.

QUARESMA: TEMPO DE PERDÃO E MISERICÓRDIA!


Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com


               A Quaresma nos conclama ao perdão e à misericórdia em relação aos outros. Nem sempre conseguimos perdoar. Alguns dizem que: "Perdoar é esquecer!". Prefiro pensar que perdoar é lembrar sem rancor! Nem sempre é possível esquecer, mas o perdão e a misericórdia são essenciais, se quisermos que os exercícios quaresmais nos edifiquem e nos conduzam à verdadeira libertação que a Páscoa do Senhor nos propõe. Um coração cheio de rancor, bolor, mágoas, rusgas e incapacidade de perdoar, é um coração amargo e infeliz.
              
Na parábola do Pai Misericordioso, temos além do mais novo, o filho mais velho. O Evangelho de São Lucas no capítulo 15, versículos 25 a 32, descreve a dificuldade que o irmão mais velho tem, de perdoar o mais novo. Sempre fez tudo certinho, foi o filho obediente e o peralta agora é homenageado? Isso é inconcebível, quando não se conhece a capacidade de perdoar e nem a misericórdia que Deus tem para com o pecador arrependido.
              
Em nossa sociedade temos muitos "irmãos mais velhos", incapazes de perdoar. Isso é muito comum nas famílias, nas instituições eclesiais e políticas, quando selamos a testa das pessoas, determinando-as "pecadoras". Esquecemos o que rezamos na oração que o próprio Cristo nos ensinou: "... perdoai-nos assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido...". Se Deus ouvisse este pedido, estaríamos perdidos. Há muitos entre nós, que se atribuem o direito de julgar, condenar e determinar a sentença, como se não tivessem nenhum pecado. Tenho dó de quem é assim! Quantos pecados mais "fedidos" tal pessoa não estará tentando esconder atrás de quem foi descoberto? Ninguém é melhor do que ninguém. Só Deus não decepciona, já que não existe criatura humana sem defeitos, erros, deslizes, enfim pecados a serem perdoados.
             
O Evangelho de São João, capítulo 8, versículos 1 a 11 narra o episódio da mulher surpreendida em adultério. Os mesmos "prostitutos" que utilizaram de seus serviços pedem sua condenação. Quiseram colocar Jesus numa armadilha. Armadilhas semelhantes às que nós tramamos uns contra os outros, sobretudo quando a inveja nos aguça por dentro, para "tirar de campo" ou "puxar o tapete" de quem nos faz sombra e aparece mais do que nós.
             
"Quem dentre vós não tiver pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra" (Jo 8, 7). Penso que o jeito é mesmo responder aos apelos da Quaresma, para celebrarmos uma Páscoa verdadeira: sejamos os protagonistas do perdão e da misericórdia de Deus! É preferível enganar-se por perdoar e exercer a misericórdia, do que acertar por uma justiça despida de amor!

Com Santa Teresa de Calcutá podemos concluir: “Devemos amar a pessoa boa, porque merece e a pessoa má, porque precisa de nosso amor”!


quarta-feira, 13 de março de 2019

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé! 



             Neste Segundo Domingo da Quaresma, somos convidados a subir a montanha com Jesus e três dos seus discípulos para contemplarmos o mistério da glória de sua transfiguração. Por instantes, a eles é revelado que Jesus glorificado é o salvador esperado e que transformará nossa condição humana em realidade glorificada. Imagino que os discípulos deram uma espiadinha no céu.
            A visão da transfiguração de Cristo nos convida a “prestar ouvidos ao eleito Filho de Deus”, se quisermos ter forças no discernimento das ações que edificam o mundo segundo o projeto do Pai. A Palavra de Deus, neste dia, nos descreve a parábola ou nos desvela o grandioso plano salvador de Deus.
            A contemplação do Senhor transfigurado ressalta que “a fé cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria. A fé torna-nos fecundos, porque alarga o coração com a esperança e permite oferecer um testemunho que é capaz de gerar: de fato, abre o coração e a mente dos ouvintes para acolherem o convite do Senhor a aderir à sua Palavra a fim de se tornarem seus discípulos” (Carta Apostólica Porta Fidei de BENTO XVI, n.7).
            Neste domingo da transfiguração, Jesus nos convida a escutar o que ele tem para nos dizer e a contemplar seu rosto luminoso. Firmes e cheios de fé no Senhor, celebremos a sua páscoa, que se realiza nos grupos e pessoas dispostas a transformar para melhor a realidade de cada um e a vida do povo sofrido.
            As leituras nos motivam a abrir o coração às promessas de Deus, que se preocupa e sempre quer fazer aliança conosco. Chamados a participar da glória do Senhor, escutemos o que hoje ele nos diz. E o que Jesus, o Filho amado do Pai nos diz ao coração? Que nos amemos uns aos outros, e pronto. Isso parece simples, mas não é fácil. Amar o diferente, amar quem nos trai, amar quem nos difama e não nos perdoa, amar o inconveniente e o que nos faz sofrer... Mas é o que Jesus espera de cada um de nós. Deixar-nos enviar implica num prolongado compromisso com nossas Comunidades, que são convidadas a serem bússolas que orientem, através do testemunho, da coerência e do bom senso, todos ao Cristo transfigurado!
            Na aliança com Abrão, Deus promete descendência e terra. A transfiguração de Jesus é prenúncio da glória que a humanidade toda deseja. Estamos a caminho da transformação, mas para isso é necessário empenho e renúncia.
            Na caminhada da vida, por vezes, uma decisão importante, a realização de um acontecimento, é precedida por crises, trevas e expectativas. Jesus, como exímio Mestre, insistia que os discípulos deviam caprichar no seguimento e tomar a cruz de cada dia. Contudo, para eles, essa conversa da cruz e que ele tinha que sofrer para entrar na glória não fazia parte de seu imaginário e de sua compreensão. As palavras do Mestre sobre a cruz implodiram as esperanças messiânicas e a decepção foi geral.
            A transfiguração se traduz na revelação de que o caminho da glória passa pela cruz. A glória efêmera de um atleta, que no alto do podium recebe a medalha de ouro, é precedida por renúncias e sofrimentos alimentados pelo sonho de ser vitorioso.
            Envolvidos pela luz da glória, Jesus e os representantes da antiga aliança, Moisés e Elias conversam sobre o seu êxodo em Jerusalém. Enquanto isto, Pedro só tem olhos para a glória deslumbrante. Quer chegar à glória por um atalho que evite a cruz. Conosco isto acontece frequentemente. Não raras vezes pulamos etapas. Até pisamos sobre os outros para chegarmos, por atalhos à glória do prestígio, daquilo que chamamos de cargos, funções, honrarias e poder, seja no âmbito eclesial, político e social. Geralmente tais comportamentos, tais atalhos, são desastrosos e fazem muitas pessoas sofrerem por conta de nosso egoísmo e infidelidade na missão que nos foi conferida.
            Ao discípulo não compete inventar um caminho particular que evite a hora desagradável da cruz. Cabe-lhe assumir e andar junto com seu Mestre no mesmo itinerário. A transfiguração passa pela prova de um rosto desfigurado pela angústia para um rosto glorificado.
            Esta Segunda Semana da Quaresma nos propõe profunda conversão em nossa missão, sobretudo ministerial.  Discípulos do Senhor que querem chegar à transfiguração pessoal, deverão descer da montanha e assumir a realidade. Muitos gostariam de permanecer, como Pedro, lá na montanha, diante da glória. Jesus dá outra orientação: descer ao hodierno, não contar nada a ninguém, e assumir com amor e dedicação incondicional a missão que nos é confiada. Muitas vezes não compreendo como nós ministros ordenados deixamos pessoas morrer sem nossa absolvição, unção dos enfermos; deixamos de atender as pessoas que nos procuram para reencontrarem a paz interior, porque nos ocupamos com tarefas que nem mesmo condizem com nosso Sacerdócio ordenado. Com quanta frequência deixamos de presidir a Eucaristia para nossas Comunidades, porque precisamos passear. Com quanta facilidade gastamos mal o dinheiro com coisas desnecessárias, ou não enviamos o valor realmente arrecadado nas coletas, como no caso da que faremos nesta Quaresma: A Coleta da Solidariedade no Domingo de Ramos?
            Enquanto agirmos sem uma profunda conversão e o resgate da clara noção de justiça em relação ao dinheiro da Comunidade, teremos a coragem profética de pedir maior justiça e transparência por parte de nossos Governantes, tantas vezes muitos deles, corruptos e desonestos, desviando recursos a benefícios pessoais? Oxalá esta Quaresma lapide, moldando-nos ao Mestre que nos escolheu para seu discipulado e não se decepcione ainda mais com nossa prostituição por dinheiro, fama, prestígio e bem estar descabido. Quando utilizo o termo “prostituição” não me refiro à sexualidade, mas à negação da própria consciência, princípios e valores, como acontece com tanta frequência em nossa Política que ou se prostitui aos partidos em demasia, ou não sobrevive ao esquema desonesto.
Sejam todos abençoados e com ternura, o abraço amigo e fiel,

Pe. Gilberto Kasper
                        (Ler Gn 15,5-12.17-18; Sl 26(27); Fl 3,17-4,1 e Lc 9,28-36).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Março de 2019, pp. 60-63 e Roteiros Homiléticos da CNBB da Quaresma (Março de 2019), pp. 43-47.e o resgate

QUARESMA: TEMPO DE CONVERSÃO!


           
Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com


               A Quaresma é um dos mais ricos tempos de conversão. Converter-se espiritualmente, significa mudar o que não está bem interiormente. As pessoas perderam a noção de pecado. Já na década de 50 do século passado, o Papa Pio XII afirmava que um dos maiores males de nossa geração, seria a perda da noção de pecado. Parece que o pecado foi extinto, perdeu seu sentido de existir, só porque determinados comportamentos tornaram-se frequentes entre as pessoas e suas relações. Diz-se: "Isso já não é mais pecado, pois todo mundo faz...". Mas não é bem assim. O sentido de pecado não perdeu suas características, e existe tanto hoje como no tempo de Jesus. Talvez não se faça mais uma determinada listinha de pecados como antigamente. O importante é remetermo-nos à própria consciência, e esta sinalizará se cometemos ou não pecado.
               
Gosto de pensar que pecado é tudo aquilo que nos tira a paz interior, causa-nos medo, angústia ou vergonha por termos feito algo contra Deus, contra nós mesmos ou contra alguém. Pecado é o afastamento do amor de Deus. É deixar Deus falando sozinho, virando-lhe as costas. Assim como muitas vezes nossos adolescentes agem com os pais, pensando que seus princípios estejam ultrapassados. Logo a arrogância, a prepotência, a ganância e a autossuficiência gritam mais alto.
                
A conversão é voltar-se novamente para Deus, a quem damos as costas, deixando-O falar sozinho. É olhar nos olhos de Deus. É estar diante de Deus rosto a rosto e sentir-se envolvido pelo amor com o qual nos criou à sua imagem e semelhança. Isso nem sempre é fácil. Muitas vezes nosso orgulho é maior do que nossa humildade. Aqui está uma grande dificuldade de nossos tempos: o auto-perdão. Não é fácil admitir que erramos, que nos enganamos, o que se torna uma grande dificuldade de perdoar-nos a nós mesmos e, consequentemente aos outros.
                
Com facilidade nos atribuímos o direito de julgar os outros, até mesmo negando-lhes o perdão. Isso significa que temos a pretensão de sermos "deuses" sobre os outros. Outras vezes, escondemos nossos erros atrás dos erros dos outros, a fim de não sermos descobertos. Esse tipo de atitude é um desastre nas relações humanas, sobretudo em determinados grupos de pessoas, que desempenham algum serviço na sociedade, que os coloque em evidência, como nas esferas sociais, econômicas, políticas, familiares e nem por último, eclesiais. Esse esconderijo é o principal ingrediente do pecado da inveja, que antes parece um câncer que embora se manifeste, ninguém aceite.

A conversão implica uma "reconciliaterapia". Isto é: admitir as próprias fraquezas, aceitá-las e com a ajuda do perdão que vem de Deus convertê-las em virtudes. Só então produziremos frutos saborosos e contribuiremos por uma sociedade mais humana, justa e fraterna!



quarta-feira, 6 de março de 2019

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!


            O sagrado tempo da Quaresma caracteriza-se pela vivência profunda do mistério da paixão do Senhor. Na Quarta-Feira de Cinzas, iniciamos a caminhada quaresmal em direção da Páscoa de Jesus e nossa.
            Para as comunidades cristãs, a caminhada quaresmal se apresenta como um tempo de graça em que o próprio Deus, por seu Filho e no Espírito Santo, nos fortalece na fé e nos educa para o verdadeiro sentido da vida, o qual irrompe definitivamente na Páscoa. A Quaresma, que nos conduz à celebração da Santa Páscoa, é um tempo litúrgico muito rico e importante que requer ser vivido com o devido empenho pela prática da caridade, da oração e da escuta da Palavra de Deus.
             A Quaresma é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. No mistério da sua morte e ressurreição, Deus revelou plenamente o Amor que salva e chama os homens à conversão de vida por meio da remissão dos pecados (cf. At 5,31).
            A profissão de fé no Deus salvador é disposição constante do povo fiel ao longo da história da humanidade. O “credo do israelita” é reconhecer a ação libertadora de Deus na história, comprometendo-se com ele. Jesus nos ensina como nos libertar das tentações do dia-a-dia. O “credo do cristão” é aceitar Jesus como o Senhor ressuscitado dos mortos.
            Frutos da terra e do trabalho humano, os bens que recebemos de Deus (emprestados e não como propriedade nossa, motivo pelo qual devemos superar a avareza, o egoísmo, a insensibilidade com os que têm menos do que nós, sem acumular nada do que não conseguiremos levar à eternidade no dia em que nosso nome ecoar na mesma e, muito menos, esbanjar o que poderia enriquecer a dignidade de mais de um bilhão de pessoas que passam fome, diariamente, no mundo) tornam-se pela ação de graças a ele, sinais sacramentais de sua benevolência e promessa de bens maiores e eternos.
            Depois de ser batizado nas águas do rio Jordão e ser publicamente proclamado como o “Filho amado de Deus”, Jesus é “conduzido pelo Espírito ao deserto”. Mais do que lugar geográfico, o deserto é oportunidade de prova e de afirmação da fidelidade à missão. Jesus rechaça as propostas do tentador, ratificando sua determinação de se entregar até as últimas consequências, obediente à vontade do Pai, e de cumprir sua missão segundo o projeto que fora confiado.
            Gosto de pensar que o problema não é o pecado e nem as tentações que diariamente nos são propostas. São-nos apresentadas muito apetitosamente. O problema é ceder ao pecado e às tentações. Elas nos cercam a todo o momento. Percebê-las, constatá-las, e até discerni-las não é nosso problema. Só trairemos a fidelidade para com Deus, na medida em que cedermos ao pecado e às tentações.
            A Quaresma se apresenta como um tempo de sobriedade que favorece a oração, a prática da caridade e a revisão de vida. Ela é tempo de graça de Deus que nos conduz às alegrias da festa da Páscoa.
            Por isso, a caminhada quaresmal pode se constituir para nós num tempo em que somos conduzidos pelo Espírito ao deserto. Uma oportunidade ímpar para avaliar se nossos projetos de vida, nosso modo de ser e agir corresponde ao projeto de Deus, para purificar nossa prática religiosa, por vezes, infantil e interesseira, alicerçada em milagres ou na prática de uma fé sem responsabilidade comunitária; para superar a prática religiosa construída segundo as nossas opções e exigências; e para rechaçar o império do materialismo consumista que cultua o lucro, o acúmulo, o ter e o consumir.
            Naturalmente, a conversão quaresmal só é possível se tivermos a coragem de nos confrontarmos com a Palavra de Deus. Palavra que deve encontrar acolhida e moradia em nós, fazendo calar a voz dos “ídolos” que nos envolvem e atordoam. Conversão que significa nos alienar de nossos insignificantes e confusos projetos para assumir algo mais radical e original que nos conduza à proclamação, com todo o nosso ser, de que Jesus, vencendo as tentações do deserto, triunfará também na definitiva e última tentação da Cruz.
            Assim como Jesus, hoje, nós somos conduzidos ao deserto para uma experiência viva de fé. Caminhando nas areias do deserto, o Espírito nos liberta do “homem velho” e nos amadurece para o compromisso com o “novo”. Que o grande retiro quaresmal alimente nossa fé.
            Finalmente a primeira semana da Quaresma, nos indica pequenos exercícios penitenciais, que tentarão lapidar nossa fé esclerosada, envelhecida, mofada nos porões de nossa intimidade. Saibamos deixar arejar a fé, recebida em nosso Batismo. Uma das tarefas interessantes seria saber o dia de nosso batismo. Renovarmos o propósito de não falarmos mal de ninguém, sendo Anjos uns para os outros. Outro bom exercício para esta semana, seria procurarmos não mentir. Não importa chegarmos ao final do dia e não termos conseguido. No dia seguinte, renovemos novamente tais propósitos, repetindo-os como decoramos a tabuada. Em quarenta dias, haveremos de conseguir mudar, pelo menos, alguma coisinha feia em algo maravilhoso diante de nós mesmos, de Deus tão cheio de Misericórdia e dos outros.
            Desejando-lhes bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Dt 26,4-10; Sl 90(91); Rm 10,8-13 e Lc 4,1-13)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Março de 2019, pp. 41-44; Roteiros Homiléticos da CNBB da Quaresma (Março de 2019), pp. 39-41.