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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

SOMOS MAIS PEDINTES E OU MAIS AGRADECIDOS?


            Neste dia 2 de Fevereiro, a Igreja celebra uma festa de origem oriental: a Apresentação do Senhor ao Templo. No Brasil, é muito conhecida do povo como devoção a Nossa Senhora das Candeias, da Candelária ou dos Navegantes. A vinda do Senhor ao Templo de Jerusalém, passados quarenta dias de seu nascimento em Belém, é narrada como apresentação e purificação da mãe, dois ritos não necessariamente conexos na tradição judaica, mas que em nossa atual liturgia tem um “sabor” de manifestação de Jesus ao Povo da Antiga Aliança. Simeão e Ana são os últimos que “esticam o pescoço”, já na economia do Novo Testamento, para testemunhar a realização das promessas.

            A ação litúrgica que chama a atenção nesta celebração, sem dúvida, é o lucernário e a procissão com velas bentas e acesas, que nos remete à liturgia da Vigília Pascal. Conta, portanto, com nossa gratidão a Deus, que nos enviou Seu Filho para ser a Luz do Mundo, nosso Salvador. A festa, em si, encerra os encantos do Tempo de Natal, para introduzir-nos ao centro de nossa Fé, a Páscoa, Festa da Ressurreição do Senhor.

            Já na sexta-feira, dia 3 de Fevereiro, celebrando a Memória de São Brás, Bispo de Sebaste, conhecido como uma das últimas vítimas das perseguições romanas, como protetor contra os males da garganta, sendo sua bênção muito procurada pelo povo, nossas Igrejas lotam de fiéis.

            Basta constatar em qual das duas celebrações temos maior número de fiéis participantes, para percebermos que Somos mais pedintes do que agradecidos! Não é aqui nossa intenção de julgar a fé e a relação madura dos cristãos. Porém, deveríamos preocupar-nos, sim, com a evangelização mais madura, do que com uma simples catequese debruçada sobre devoções populares. Se nosso povo fosse realmente mais maduro e evangelizado, a celebração da Apresentação do Senhor ao Templo precederia à Missa onde buscamos a bênção contra os males da garganta. Já no tempo das Curas de Jesus, dos dez, somente um dos leprosos curados voltou para agradecer. Como seríamos mais configurados com as Comunidades dos Apóstolos, se fôssemos mais agradecidos e menos “pidões”, já que o Senhor nos concede tudo de que precisamos para sermos felizes e realizados.
            Em nossa Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres, celebraremos a Apresentação do Senhor ao Templo com a bênção e procissão das velas, nesta quinta e a Memória Facultativa de São Brás, com a bênçãos das gargantas na sexta, sempre às 19 horas, na Av. Saudade, 222-1, Campos Elíseos. Oxalá possamos participar das duas celebrações com o coração mais agradecido e confiante, logo mais configurado ao Coração Sagrado de Jesus!


Pe. Gilberto Kasper
 
Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
 

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

DIA 27 DE JANEIRO - DIA DE SANTA ÂNGELA DE MÉRICI


Padroeira da Bréscia - Itália.

"Nasceu em Desenzano del Garda (Bréscia) entre 1470 e 1475.Cresceu em uma família enraizada em princípios cristãos e baixo status social, embora relacionados a pessoas influentes.

Seu pai John, que era um cidadão de Bréscia, viveu trabalhando na terra. Sua mãe, Catherine, é a irmã de Bianchi Ser Biancoso de 'di Salo, durante muitos anos membro do Conselho Municipal daquela cidade.

Ângela tinha três irmãos e uma irmã.Ela viveu em Desenzano em sua juventude em um lugar chamado " The Raw ",num ambiente familiar cristão e simples, a exemplo dos pais, ganhando uma sólida formação espiritual.

Com dezoito anos Ângela fica sozinha, exposta aos perigos daqueles anos turbulentos, é então acolhida na casa de um tio rico,em Salo, freqüentada por pessoas refinadas e cultas.

Em Salo, para contrariar o espírito do mundo ,se dedica a uma vida de mortificação, é terciária franciscana, freqüentando os sacramentos da Confissão e da Comunhão. Aos 26 anos retorna para Desenzano,levando uma vida tranquila,no campo, dedicada à oração e obras de caridade, enquanto lentamente amadurece sua vocação.

Esta estadia é marcada pela experiência de uma visão no lugar Brudazzo (1506):

Ângela estava em oração quando vê no céu uma escada com várias virgens e anjos cantando.Ouve então sua irmã(já falecida),dizer que Deus quer que Ela funde uma nova ordem.Aquela melodia angelical, nunca mais saiu da mente de Santa Ângela,enquanto viva.

Ângela tinha apenas o curso primário e chegou a ser "conselheira" de governadores, bispos, doutores e sacerdotes. Os seus sofrimentos, sua entrega à Deus e a vida meditativa de penitência lhe trouxeram, através do Espírito Santo, o dom do conselho, que consiste em saber ponderar as soluções adequadas para todas as situação da vida.

Ela também, percebeu que naquele momento histórico, as meninas não tinham quem as educassem e livrassem dos perigos morais, e que as novas teorias levavam as pessoas a querer organizar a vida como se Deus não existisse. Para lutar contra o paganismo, era preciso restaurar a célula familiar. Inspirada pela Virgem Maria, fundou a Comunidade das irmãs Ursulinas, em homenagem a santa Úrsula, a mártir do século IV, que dirigia o grupo das moças virgens, que morreram por defender sua religião e sua castidade.

Ângela acabou se tornando a portadora de uma mensagem inovadora para sua época. Organizou um grupo de vinte e oito moças, para ensinar catecismo em cada bairro e vila da região. As "Ursulinas" tinham como finalidade a formação das futuras mães, segundo os dogmas cristãos. Ângela teve uma concepção bastante revolucionária para sua época, quando se dizia que uma sólida educação cristã para as moças só seria possível dentro das grades de uma clausura.

Decidiu que era a hora de fazer a comunidade se tornar uma Congregação religiosa.Consta, pela tradição, que antes de ir à Roma para dar início a esse projeto, quis fazer uma peregrinação em Jerusalém. Assim que chegou, ficou cega. Visitou os Lugares Sagrados e os viu com o espírito, não com os olhos. Só recobrou a visão, na volta, quando parou numa pequena cidade onde existia um crucifixo milagroso, foi até ele, rezou e se curou. Anos depois, foi recebida pelo papa Clemente VII, durante o Jubileu de 1525, que deu início ao processo de fundação da Congregação, que ela desejava.

Ângela a implantou na Bréscia, dez anos depois, quando saiu a aprovação definitiva. E alí, a fundadora morreu aos setenta e cinco anos, em 27 de janeiro de 1540 e foi canonizada, em 1807.
SITE OFICIAL
http://www.angelamerici.org/it_home.php"

Fonte: http://oamorsedeixaencontrar.blogspot.com/2012/01/dia-27-de-janeiro-dia-de-santa-angela.html

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

HOMILIA PARA O QUARTO DOMINGO DO TEMPO COMUM DE 2012


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

A Palavra de Deus do Quarto Domingo do Tempo Comum apresenta-nos a missão do Profeta ao lado do início do ministério de Jesus, pautado em sua autoridade, porque coerente entre o que prega e vive, diante do compromisso de transformação da Comunidade de Fé!
Segundo o Livro do Deuteronômio, a missão do profeta é anunciar a Boa Notícia da Aliança desejada por Deus para com a Humanidade, e denunciar tudo aquilo que possa impedir a fidelidade da mesma. O Profeta é o porta-voz de Deus ao coração acolhedor e atento da Pessoa. Tem o serviço de comunicar Deus ao mundo, que quando não ouve, torna-se oco, vazio, sem sentido e sem perspectivas de vida, como herdeiro e filho desse mesmo Deus, que ama louca e apaixonadamente Sua criatura predileta.
O mundo barulhento em que vivemos, não deve ser muito diferente daquele em que os Profetas tentaram transmitir a vontade Deus, na promoção da dignidade de Suas criaturas amadas e queridas. É salutar o silêncio interior, a busca de uma mais profunda espiritualidade, a fim de um compromisso mais concreto de mudança das estruturas injustas em que nos encontramos. O Reino de Deus anunciado pelos Profetas é sempre um Reino de Justiça. Insisto em pensar que onde não há justiça, é também impossível a sobrevivência do Reino de Deus.
A criatura humana é livre para escolher entre o bem e mal. O que se constata, é que o homem parece vazio da presença amorosa de Deus em sua vida, uma vez tendo endeusado o consumismo, o hedonismo e o individualismo. O Profeta quer ser o eco da voz de Deus no coração vazio e estéril da humanidade.
Depois de formado seu grupo de Discípulos, Jesus inicia seu ministério com autoridade, segundo o Evangelho de São Marcos. A autoridade de Jesus é um convite aberto à coerência, à conversão e ao bom senso àqueles que desejam ser seus discípulos e missionários. Sem essas três dimensões, dificilmente é possível configurar-nos com o ministério do Senhor, que conta conosco na Comunidade, para devolvermos ao mundo a dignidade humana que a “Cultura de Morte” nos tira cada vez que somos coniventes com as injustiças institucionalizadas na Família, na (des)Educação, na Sociedade, na Política e também na Religião.
De que adiantam nossos diplomas, cargos, funções e posições de prestígio, se nossa palavra não tem credibilidade, porque incoerente com nossa vida, vivida no hodierno. Com facilidade emitimos juízos, repreendemos pessoas, deixamos de atendê-las com a caridade pastoral proposta em nossos lindos Projetos Missionários e Planos de Pastoral. Será que temos tal direito? Quantos de nossos erros escondemos atrás dos erros dos outros!... Enquanto nossas normas estiverem acima de nossa misericórdia, dificilmente seremos configurados com o Senhor, que nos confia Sua própria autoridade ministerial, desde que estejamos a serviço da vida plena das pessoas. Gosto sempre de concluir que não devemos “banalizar” nossos projetos, até mesmo porque justiça e misericórdia somadas, resultam no AMOR COM SABOR DIVINO! Isso só é capaz de viver, ministerial e missionariamente, quem acolher e viver a autoridade do Senhor, porque coerente entre o que prega e vive de verdade. Não importa se conseguimos ou não tal coerência. Importa, isso sim, o esforço empreendido todos os dias por sermos hoje um pouco mais coerentes do que ontem. Então experimentaremos a AUTORIDADE MESSIÂNICA!
Sejam todos muito abençoados. Com ternura e gratidão, meu abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Dt 18,15-20/ Sl 94(95)/ 1Cor 7,32-35/ Mc 1,21-28)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

22 Anos de Ordenação Sacerdotal do Padre Gilberto Kasper


No último dia 20 o querido Padre Gilberto Kasper, que comemorou os 22 anos de ordenação do referido sacerdote. Nesta data, ele presidiu uma missa para celebrar a ocasião especial.
Parabéns Padre Gilberto pelos 22 anos de Ordenação Sacerdotal e obrigado por comemorar esta importante e significativa data em nossa cidade.
Esta semana dedicamos este blog ao Padre Gilberto e seus amigos e familiares que tanto apoiaram e continuam juntos em sua caminhada durante estes anos todos de dedicação à vida católica e sacerdotal.
Para quem desejar conhecer o Padre e participar das atividades e missas, deixo abaixo o e-mail dele e o endereço da Igreja:
Igreja Santo Antônio Pão dos Pobres
Reitor: Pe. Gilberto Kasper – e-mail: pe.kasper@gmail.com
Avenida Saudade, 222-1 Bairro Campos Elíseos – Ribeirão Preto-SP.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

20 de Janeiro - Dia de São Sebastião


Em homenagem ao Santo citado no título, é feriado municipal em Ribeirão Preto no dia 20/01, por ser Padroeiro da cidade.

São Sebastião (França, 256 d.C. – 286 d.C.) originário de Narbonne e cidadão de Milão, foi um mártir e santo cristão, morto durante a perseguição levada a cabo pelo imperador romano Diocleciano. O seu nome deriva do grego sebastós, que significa divino, venerável (que seguia a beatitude da cidade suprema e da glória altíssima).

De acordo com Actos apócrifos, atribuídos a Santo Ambrósio de Milão, Sebastião era um soldado que teria se alistado no exército romano por volta de 283 d.C. com a única intenção de afirmar o coração dos cristãos, enfraquecido diante das torturas. Era querido dos imperadores Diocleciano e Maximiliano, que o queriam sempre próximo, ignorando tratar-se de um cristão e, por isso, o designaram capitão da sua guarda pessoal, a Guarda Pretoriana. Por volta de 286, a sua conduta branda para com os prisioneiros cristãos levou o imperador a julgá-lo sumariamente como traidor, tendo ordenado a sua execução por meio de flechas (que se tornaram símbolo constante na sua iconografia). Foi dado como morto e atirado no rio, porém, Sebastião não havia falecido. Encontrado e socorrido por Irene (Santa Irene), apresentou-se novamente diante de Diocleciano, que ordenou então que ele fosse espancado até a morte. Seu corpo foi jogado no esgoto público de Roma. Luciana (Santa Luciana, cujo dia é comemorado em 30 de Junho) resgatou seu corpo, limpou-o, e sepultou-o nas catacumbas.


Catedral de Ribeirão Preto

Também conhecida como Catedral Metropolitana de São Sebastião

20 de janeiro – sexta-feira - Solenidade de São Sebastião

Missas às 7h e 12h

15h - Hora Santa com exposição do Santíssimo Sacramento

19h - Missa campal em frente à Igreja e procissão com andor de São Sebastião pelas ruas do centro da cidade

Quermesse

Dias 19, 20 e 21 - tradicional quermesse a partir das 20 horas

Dia 22 - Tradicional almoço - porco no rolete a partir das 12 horas

Fonte: http://www.catedralrp.com.br/

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

HOMILIA PARA O TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

Um dos nossos limites humanos é o Tempo ao lado do espaço. A Palavra de Deus do Terceiro Domingo do Tempo Comum nos conclama a refletirmos sobre o tempo que nos é dado como dom gratuito de Deus!
Geralmente tendemos deixar para depois, para amanhã, aquilo que deveríamos realizar hoje, agora. A profecia de Jonas mostra o Profeta a caminho de Nínive, a fim de convencê-la à conversão. Jonas, dócil à vontade do Senhor, não espera, faz logo o que o Senhor Deus lhe pede. O resultado da docilidade do Profeta tem consequências positivas. Os frutos da conversão de Nínive  lhe são saborosos e ele sente-se realizado em sua missão profética.
Também Jesus caminha. Segue para a Galileia anunciando o fulcro e sua missão: o tempo e o Reino de Deus que está próximo, como lemos no evangelho de São Marcos. Para que se perceba tal maravilha, é necessária a conversão, ou seja a mudança de vida; mudando tudo aquilo que impede a pessoa de perceber que o tempo de Deus nem sempre é nosso tempo, que a vontade de Deus nem sempre é nossa vontade, mas que uma coisa é segura: o Reino de Deus já é uma realidade entre nós.
Para cumprir com seu ministério, Jesus, após convidar os primeiros, continua formando seu colégio apostólico. A proposta é desafiadora: deixar tudo e seguir Jesus. Mas deixar tudo mesmo! Eis a proposta à vocação específica. Esvaziar-se de si mesmo, deixar projetos pessoais e, uma vez discernido o Projeto Missionário de Jesus, deixar tudo para tornar-se um verdadeiro discípulo! Certamente isso não é tão simples como parece. Carece novamente de um tempo de discernimento. Carece, também, de coragem, coerência, transparência, ousadia e total despojamento. Muitos pensam que tem vocação, mas não conseguem desprender-se de seus projetos pessoais. Outros ainda, se utilizam ilicitamente, ou se apropriam do ministério ordenado, como trampolim para alcançar êxito, sucesso e prestígio social. Esses se tornam, naturalmente um verdadeiro desastre e, muitas vezes, fazem grandes estragos na Igreja do Senhor, surrando e enxotando pessoas das Comunidades, especialmente as que não concordam com tudo que tentam lhes impor. Daí a necessidade de uma profunda espiritualidade presbiteral, pastoral, eclesial e nem por último, pessoal! O Encontro Nacional dos Presbíteros em Aparecida, entre os dias 1º e 7 de Fevereiro próximo terá como tema, a Identidade e a Espiritualidade dos Padres nesse mundo de tantas mudanças e mudanças exigentes. Nem todos sobrevivem aos desafios de nossa sociedade hoje. Quem estiver desprovido de uma profunda espiritualidade, configurada com a do Mestre, não consegue ser um verdadeiro discípulo e missionário na Igreja de Jesus.
São Paulo também adverte a Comunidade de Corinto, em sua primeira Carta, que o tempo é breve. As coisas deste mundo, nós inclusive, passam. Mas a Palavra de Deus, seu Reino não passa. É, portanto, urgente, que sejamos melhores hoje do que ontem. Quando enchemos nossas Igrejas com multidões de pessoas, saindo porta afora chorando e emocionadas com nossas celebrações, devemos estar atentos se realmente nossos fiéis saem cheios de Deus ou de nós, ministros e agentes de pastoral? É necessário que haja compromisso com o Reino de Deus anunciado por Jesus Cristo, que é um reino de Justiça. Logo, onde não há justiça, não há Reino de Deus.  Saibamos ser sempre coerentes entre o que pensamos, falamos (rezamos) e fazemos. Só então, a autenticidade de nosso discipulado e missionariedade serão agradáveis ao Senhor.
Saibamos permitir que o Senhor nos ajude em nossa conversão, a fim de seguirmos com generosidade e alegria o projeto do Reino de Deus que já está entre nós!
Há quem diga que tempo é questão de prioridade! Gosto de acrescentar a esta afirmação, de que precisamos estabelecer prioridades em nossas relações, e para a criatura humana, não é concebível que nosso tesouro prioritário não seja nosso Deus e Senhor!
Saibamos administrar o dom precioso do tempo que o Senhor da Vida nos concede. Saibamos viver a ternura humana com sabor divino!
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Jn 3,1-5.10; Sl 24 (25); 1 Cor 7,29-31 e Mc 1,14-20)

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Texto Golfeto

André Gide, escritor francês falecido no início dos anos cinquentas do século passado  – também prêmio Nobel de literatura – dizia: “o reino de Deus terá chegado no dia em que, estando nus, disto não tereis vergonha”. O ser humano, então, terá dado a volta completa. Começou nu e terminaria nu. Como, fala-se, terminará. O reino de Deus, então, terá voltado.

Os textos sagrados – de diversos credos – entretanto, indicam estar o reino de Deus ainda muito distante. Pelo menos nos termos previstos por André Gide através do pensamento acima. Do lado islâmico, por exemplo, sentencia a 24° surata do Alcorão: “dize às fieis que recatem seus olhares, conservem seus pudores e não mostrem seus atrativos além dos que normalmente aparecem. E que cubram o colo com seus véus”. Surata é o capítulo do Alcorão que, como podemos ver por este flash, é de uma beleza suave, nada agressiva. Mais adiante, na leitura, anotamos outra passagem que se adiciona à surata anterior: “dize às suas esposas, às filhas e às mulheres dos fiéis que, quando saírem, se cubram com suas mantas”. Foi o homem que criou véus e mantas – para cobrirem o corpo – com nome de niqab, de xador, de burca. Estes são modelos que se  perpetuam por séculos e séculos.

Paulo, numa de suas epístolas – e aí já está a diretriz cristã – trata do véu de maneira menos minuciosa mas proíbe terminantemente a mulher de falar na igreja. Mas este ângulo merecerá minha modesta opinião brevemente. Afinal, estudando toda zoologia, nós aprendemos que a fêmea é a guardiã da espécie. E é o bom senso da mulher  – o futuro dirá mais – que, claramente, salvará a espécie humana do caos.













Professor Antônio Vicente Golfeto
Membro Instituto de Economia da ACI Ribeirão Preto e Comentarista do Jornal da Clube.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

HOMILIA PARA O SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            Com a celebração do Batismo do Senhor, encerramos o Ciclo do Tempo do Natal e iniciamos um breve Ciclo do Tempo Comum que nos remete à Quaresma.

            A Palavra de Deus proclamada neste Segundo Domingo do Tempo Comum tem sabor de Vocação, de Chamado, de Seguimento e de Encontro com o Senhor!

            A página do Primeiro Livro de Samuel supõe o discernimento vocacional. Nossa primeira vocação deve ser a Vocação ao Amor. Quem não ama um amor com sabor divino, dificilmente discernirá sua vocação específica no mundo! A Igreja tem a missão de acolher aqueles que se apresentam a alguma vocação específica e ajudar no discernimento cuidadoso da mesma, visando antes de tudo a felicidade plena da pessoa. Uma pessoa só será realizada e feliz, na medida em que descobrir sua verdadeira vocação, a começar pela Vocação ao Amor!
            Nossas Casas de Formação se empenham com zelo esmerado, para que os candidatos ao Presbiterado, por exemplo, sejam antes de tudo, pessoas felizes, realizadas, bem resolvidas, a fim de então dizerem um Sim definitivo, coerente e feliz de verdade! Nunca, a vocação específica na Igreja deve ser meios de vida, de auto-promoção, busca de prestígio e reconhecimento ou poder. “Já que não sirvo para casar, serei padre!” Geralmente tal pessoa torna-se amarga, um tipo de “solteirão intratável” e infeliz, fazendo de sua “suposta” vocação, um trampolim carreirista ou machucando aqueles que lhe são confiados no ministério pastoral.

            No Evangelho de São João, João Batista, reconhecendo Jesus, como o Messias, apresenta-o aos seus seguidores, aqueles que sentem desde as entranhas de sua intimidade uma vocação específica, como o Cordeiro de Deus a ser, doravante seguido. João Batista se retira e deixa o Messias convidar aos que lhe perguntam: “Mestre, onde moras?”, “Vinde ver”.

            Uma vez vendo onde Jesus mora, onde se encontra, encontrando-se sinceramente com Ele, já não há mais volta. É impossível não ficar com Jesus, que escolhe um a um, olha bem nos olhos e os cativa, adiantando até mesmo o coordenador entre eles: “Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas” (que quer dizer pedra).
            Deus escolhe quem Ele quer, desde o seio materno. A pessoa já nasce escolhida para sua vocação específica, porém nem sempre corresponde ao chamado. Por isso os Bispos reunidos em Puebla diziam que “A Vocação (específica) é a resposta de um Deus providente a uma Comunidade orante”. A resposta generosa à vocação específica na Igreja, geralmente é fruto saboroso da Oração pelas Vocações. Muitos rezam pelas vocações, desde que sejam os filhos dos vizinhos. É necessário que nossas Famílias incentivem os próprios filhos à vocação, também sacerdotal e religiosa. Mais do que falar mal de nossos Sacerdotes, somos conclamados a rezar por eles e ajudá-los em seu caminho de santificação. Como seria bom se cada Comunidade gerasse um Padre! Como seria ainda melhor se cada Padre formasse um outro para sucedê-lo no futuro!...

            São Paulo, na sua Primeira Carta aos Coríntios, lembra-nos de que somos, como membros da comunidade, templos vivos do Espírito Santo. A responsabilidade das vocações específicas na comunidade é de TODOS! Ninguém deve sentir-se isento. Na medida em que faltarmos na Comunidade, mutilamos o Corpo de Cristo que ela representa. Somos os membros e Cristo é a cabeça. Mesmo sentindo-nos o dedo menor do pé, e faltarmos, estaremos mutilando este lindo corpo, malhado, sarado, que é a Igreja de Jesus Cristo!

            Meu primeiro incentivador à vocação sacerdotal foi meu amado pai. Costumávamos acolher as visitas com uma poesia, um canto ou algum teatrinho exibido pelas crianças. Faz exatamente hoje 50 anos que meu pai faleceu. Eu tinha quatro anos naquele entardecer do dia 15 de Janeiro de 1962, quando o sol se debruçava sobre uma montanha rochosa diante da casa de meus avós, enquanto meu pai se reclinava eternamente no colo do Criador.  O crepúsculo revestia o céu de indescritível beleza. E era ele que me pedia para “rezar uma missa sobre a máquina de costura de minha mãe, para as visitas que chegavam...”. Imitava o Padre da cidade, sem nem mesmo saber exatamente o latim que balbuciava. Mas todos ficavam admirados com a “Missa do Beto”.

            Hoje, por amor e misericórdia de Deus minha Missa não é mais teatro e tenho o incomparável privilégio de oferecer a memória de meu amado pai no cálice precioso do Senhor! Sejamos dóceis ao convite do Senhor: “Vinde Ver” e teremos muitas e santas vocações para servir a Igreja da qual todos somos membros por conta de nosso batismo!

            Com ternura e gratidão, bênçãos e abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler 1Sm 3,3-10.19 / Sl 39(40) / 1Cor 6,13-15.17-20 e Jo 1,35-42)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

DEUS FEITO PESSOA É MANIFESTADO AO MUNDO


Os cristãos celebram nos próximos dias duas grandes manifestações de Deus feito Pessoa ao mundo: a Epifania do Senhor no domingo dia 8 e o Batismo de Jesus no dia 9 de Janeiro de 2012.

            “Como festa litúrgica, a Epifania deita raiz na tradição das Igrejas do Oriente, onde se identificam com a celebração da Natividade de Jesus, firmada no Ocidente (Roma) no dia 25 de dezembro. Com o passar do tempo, entrou para o calendário romano sob o título ‘Epifania’ e também ‘Teofania’. O aspecto ressaltado, porém, não é mais a natividade, mas a manifestação da divindade de Cristo a todos os povos. Assim, entra em jogo a figura dos Reis Magos. A Liturgia da Palavra, a eucologia e demais elementos da celebração litúrgica enfocam claramente este aspecto.

            A Festa do Batismo de Jesus situa-se entre o Tempo do Natal e o início do Tempo Comum. De um lado, vemos o final do ciclo da Encarnação, período em que a manifestação do Senhor aprofunda o sentido das comemorações natalinas; de outro, vislumbramos a chegada dos primeiros domingos do Tempo Comum, tempo em que a manifestação do Senhor se prolonga, mas apresentando laços com a missão de Jesus e o chamamento dos discípulos. Esta primeira parte do Tempo Comum também nos introduz no mistério da Páscoa. O Evangelho de João nos ajuda a compreender melhor isso: ‘A Palavra estava no mundo – e o mundo foi feito por meio dela – mas o mundo não quis conhecê-la. Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram’ (Jo 1,10-11)” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB 19, pp. 55-66).

            Terminamos o Tempo do Natal, que foi um tempo de encontros. É como se todos os povos marcassem um tempo para, em torno do Presépio, viver um momento de paz e de balanço da própria vida. “E agora José!” Como continuar as manifestações de Deus feito Pessoa ao mundo?

            O Natal, como manifestação de Deus feito Pessoa ao mundo é muito mais do que panetones e presentes. Esses deverão ser pagos. Os boletos e cobranças de Janeiro são, geralmente, mais salgados. Aliás, é o mês dos impostos que nos tiram o sono: IPTU, IPVA, Matrículas Escolares juntamente com as despesas feitas por conta das festas natalinas e da passagem de ano. O que não podemos, é perder a esperança de dias melhores. Devemos iniciar o Novo Ano com novas esperanças sim, novo sentido de vida experimentado desde o Presépio de onde exalam novas perspectivas de relações humanas com maior sabor de dignidade. Sejamos, portanto, mais presença do que simples presentes, uns para os outros neste ANO DA FÉ, proclamado por nosso amado Papa Bento XVI, para sublinhar o Cinquentenário da Abertura do Concílio Vaticano II.


DEUS SE MANIFESTA PESSOA EM FAMÍLIA

Aproxima-se o Dia dos Pais, que abre, no mês vocacional, a SEMANA DA FAMÍLIA. A Igreja nos conclama a revermos os valores de nossa Família, colocada de bruços nas últimas décadas. Nossa Arquidiocese de Ribeirão Preto, em sua 13ª Assembléia Arquidiocesana de Pastoral, escolheu como uma das três prioridades a serem assumidas por todos, a Pastoral Familiar. Precisamos salvar nossa Família, engolida pelo tripé de contra-valores do consumismo, hedonismo e individualismo, devolvendo-lhe a dignidade e atribuindo-lhe a responsabilidade confiada pelo próprio Criador, que a constituiu célula da sociedade. Deus viu que era bom pertencer a uma Família, tanto que quis uma para si. O Povo de Deus, a Igreja de Jesus Cristo identificam-se em torno de um  espaço sagrado, o Templo; em torno de uma mesa, a Eucaristia. A Família precisa retomar os valores que a identifiquem como tal e deixar de ser uma simples "pensão melhorada", onde ninguém se compromete com ninguém. À luz da Sagrada Família, somos convidados a promover nossas famílias, principalmente as que passam por problemas e dificuldades. Na Família pensada por Deus para nós, um é Anjo da Guarda do outro, porque Deus se manifesta Pessoa em Família.

               Na Festa do Dia dos Pais seria bom refletirmos a Vocação à Paternidade, que tem sido desfigurada com a ausência paterna no seio de tantas Famílias. Quantos Pais que não assumem a Paternidade, outros abandonam suas Famílias e outros ainda remetem a responsabilidade paterna às mães abandonadas à própria sorte. Outros, ainda, sentem-se engolidos pela Cultura da Sobrevivência e acabam entregues à sorte de inúmeros tipos de dependências: químicas, alcoólicas, perdendo o que Deus lhes deu de mais precioso: a própria Família.

               A Festa da Epifania do Senhor, é a primeira de três grandes manifestações que  tratam de Deus feito Pessoa. As duas outras manifestações acontecem no Batismo de Jesus por João Batista no Rio Jordão, e na Sua Transfiguração no Monte Tabor diante de alguns discípulos. Nesta primeira, visitam o Menino recém-nascido os Três Reis Magos: Baltazar, árabe, levando incenso que representa a divindade do Menino; Belchior, indiano, levando ouro, que representa a sua realeza e Gaspar, etíope, levando mirra, mostrando a humanidade de Deus respirando vida naquele indefeso menino junto de seus pais!

                Somos convidados a ser manifestação de esperança em nosso mundo turbulento, perdido em si mesmo, sem rumo, sem perspectivas, e tantas vezes sem sentido. Uma estrela que conduza as pessoas desesperadas e carentes à Jesus que salva e renova a esperança de que nossas Famílias voltem a reencontrar os verdadeiros alicerces que as sustentem. Seja a Pastoral Familiar um caminho que saiba seguir a estrela de nosso Plano Arquidiocesano de Pastoral!

               “Que nenhuma Família comece em qualquer de repente. Que nenhuma Família termine por falta de amor. Que a mãe seja um céu de aconchego e ternura, e que o homem carregue nos ombros a graça de um pai. Que a Família comece e termine sabendo onde vai” (Cf. Oração da Família do Pe. Zezinho). Somente assim poderemos acolher o mistério, de que Deus se manifesta Pessoa em Família!

Pe. Gilberto Kasper
pe.kasper@gmail.com