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quarta-feira, 25 de abril de 2018

Divulgações eventos Padre Gilberto e Arquidiocese de Ribeirão Preto






COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - QUINTO DOMINGO DO TEMPO PASCAL

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé




            A Liturgia da Palavra deste Quinto Domingo do Tempo Pascal sublinha a união vital dos discípulos com o Ressuscitado, do batizado com sua comunidade de fé. Esta união vital Jesus a explica através da alegoria da videira. Ele mesmo se apresenta como a “videira verdadeira” e nós, seus discípulos, os ramos, vitalmente unidos a ele. No primeiro Testamento, a videira era considerada o símbolo do povo eleito de Deus. Mas esta videira não correspondeu às expectativas do “agricultor”.
            O Pai (o agricultor) desejou que o Filho fosse o tronco da videira e nós os ramos. Se estivermos unidos à videira, que é Jesus, também daremos os frutos que Jesus deu e então poderemos ser Cristo para os nossos irmãos; sendo instrumentos de transformação em suas vidas. Não existe vida para o ramo, se ele estiver separado do tronco. O ramo que se separa da cepa, seca e morre sem produzir frutos, vira lenha e é lançado ao fogo. Portanto, sem Jesus não há vida, não há frutos. Os frutos aqui evocados são a santidade de uma vida fecunda pela união a Cristo (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2074).



            Jesus ressuscitado é a Videira e nós somos os ramos dessa Videira. São Paulo ensina que, pelo Batismo, nos tornamos Corpo de Cristo, membros do seu corpo (cf. Ef 5,30). Então no Batismo, o Espírito Santo nos enxerta como ramo na Videira, que é Jesus Cristo, e, consequentemente, “pelo poder do Espírito santo, participamos da Paixão de Cristo, morrendo para o pecado, e da Ressurreição, nascendo para uma vida nova; somos os membros de seu Corpo, que é a Igreja, os sarmentos enxertados na Videira, que é ele mesmo” (Catecismo da Igreja Católica, n. 1988). Os ramos que não se alimentam da seiva do tronco murcham, secam e são jogados fora. Assim também nós, se não nos nutrirmos do Espírito de Deus, definhará a vida, gerada em nós pelo Batismo. Os ramos que se mantém unidos ao tronco recebem a seiva da vida que os torna fortes, vigorosos e férteis. Produzem muitos frutos e de excelente qualidade, como os de Jesus: perfeitos e comestíveis. Como ramos da videira, precisamos nos deixar impregnar por sua seiva, que é Jesus Cristo, assim “estareis capacitados a entender, com todos os santos, qual a largura, o cumprimento, a altura, a profundidade” (Ef 3,18) do amor de Deus. A nova comunidade, que Jesus ressuscitado inaugura, resulta da união vital entre ele e seus seguidores.
            Jesus repete por oito vezes a palavra “permanecer”. Para nós (os ramos) é vital permanecer no amor. Permanecer em Deus. O amor tem um rosto: no rosto de Cristo crucificado vemos Deus. “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9). Como a planta precisa de água, nós também precisamos da “Água Viva”, o Espírito de Deus, para nos encharcar desse amor. Ao permanecer nesse amor, a nossa alegria é completa, nada nos falta. Nossa vida cristã depende dessa união: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5), isto é, os frutos que produzimos vêm da união a Cristo. Quem não permanecer unido, secará e perderá a vida. Esta união é fonte de energia, é graça de Deus. Estar unido é produzir frutos.
            Quem ama sofre, pois o amor exige renúncia. Por isso, Jesus revela que, estar unido a ele é ter que suportar as podas para produzir mais frutos. Mesmo que a poda seja sofrida tanto para o agricultor, como para a videira e os ramos, ela se faz necessária. Sem ela, os ramos acabam prejudicando toda a videira, a qual não produzirá os frutos esperados. Muitas vezes, as podas do “Agricultor” (Deus) podem ser dolorosas e não entendermos como acontecem. Podem ser uma doença, um acidente, determinada provocação ou sofrimento que, no curso do tempo, se transformam em graça e melhor qualidade de vida. São podas que fazem parte do plano de salvação de Deus, para cada pessoa ou comunidade. A correção de Deus é de um Pai amoroso, que deseja ver seus filhos realizados e felizes.




            A Palavra de Deus deste Quinto Domingo do Tempo Pascal é um profundo convite a cada um e à Igreja toda, diante de um mundo sedento da seiva do amor de Deus, o amor gratuito entre as pessoas. A Comunhão e Participação expressa pelos Bispos reunidos em Puebla em 1979, e o Discipulado junto à Missionariedade tão desejada pelos Bispos reunidos em Aparecida em 2007, somados ao Plano de Ação Pastoral de nossa Arquidiocese de Ribeirão Preto nos identificam com os ramos “grudadinhos” na Videira, Jesus Cristo, o centro de toda nossa Pastoral, do sentido de nossa Eclesialidade. Queremos, unidos a Cristo, produzir frutos saborosos e que alimentem nossas Comunidades de Fé. Quem se omite ou se sente dispensado do compromisso de promover o amor gratuito de sua Comunidade, desliga-se da Videira (Jesus Cristo) e seca, deixando muitas vezes, uma videira incompleta e frágil, ao invés de robusta e viril! Por vezes, determinadas podas ou surras que a vida nos dá, bem administradas, nos tornam ainda mais robustos e férteis no serviço à Comunidade que nos tem como ramos preciosos, alimentados pela Videira, Jesus Cristo, o centro da Igreja que formamos!
            Saibamos alimentar nossa fé, esperança, sentido cristão, novo ânimo, novas perspectivas e horizontes, bebendo da seiva do amor da verdadeira Videira, tornando-nos uma Igreja linda, vistosa e saborosa a alimentar um mundo vazio de sentido, oprimido, porque oco de Deus!

            Com ternura e gratidão, desejando-lhes bênçãos, meu abraço amigo,
Padre Gilberto Kasper
(Ler At 9,26-31; Sl 21(22); 1 Jo 3,18-24 e Jo 15,1-8)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Abril de 2018, pp. 96-99 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo Pascal (Abril/2018), pp. 46-50.


quarta-feira, 18 de abril de 2018

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - QUARTO DOMINGO DO TEMPO PASCAL

DOMINGO DO BOM PASTOR


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            O Quarto Domingo do Tempo Pascal, é o domingo do Bom Pastor e o Dia Mundial de Oração pelas Vocações!
            A mística pascal continua e, neste domingo, a comunidade sente-se especialmente enriquecida e animada com a presença viva de Jesus como Bom Pastor. Jesus ressuscitado é o Bom Pastor que doa sua vida pelas ovelhas. Ele as conhece pelo nome e elas reconhecem a voz de seu pastor. Boa Nova que revela ternura e cuidado para com seu povo, em especial, com os doentes e sofredores.
            Vivemos uma cultura da coisificação da pessoa. Se lhe atribuímos códigos e senhas. Não existe, porém, som mais deleitoso, do que ouvir alguém nos chamar pelo nome. Pessoalmente tenho grande dificuldade de guardar o nome das pessoas, embora não esqueça suas fisionomias. É algo que me entristece, porque é bom demais ser reconhecido pelo nome ao invés de identificado por códigos, apelidos pejorativos ou senhas. O que não suporto é o fingimento que muitas vezes disfarça nossa incapacidade de guardar na memória nomes de pessoas com quem nos relacionamos. Irrita-me profundamente quando alguém, seja ao telefone, seja pessoalmente, me peça que adivinhe quem é! Peço que se identifique de uma vez. Mas a questão de conhecer o rebanho, as ovelhas pelo nome e essas reconhecerem nossa voz é bem mais profundo e transcendente do que simplesmente lembrar o nome deste ou daquele colaborador em nossas Comunidades Eclesiais, Sociais, Políticas ou Profissionais. 
            A sociedade atual, sobretudo os jovens e adolescentes, se move pela busca de figuras referenciais para sua vida. Os padrões editados pela mídia projetam modelos que condicionam as pessoas a assumi-los, por vezes com consequências nefastas. Cantores e artistas famosos, atletas bem sucedidos etc., alimentam o sonho de autorrealização, de fama e de ser um herói para milhões de indivíduos. Estes “ídolos” mexem com o universo imaginário e simbólico das pessoas, sobretudo dos mais jovens.
            Jesus é o Bom Pastor, não simplesmente em oposição à figura dos pastores mercenários, mas porque valoriza e conhece suas ovelhas e é reconhecido por elas. Ele dá a vida por elas por uma opção de amor. Portanto, Jesus se apresenta à comunidade como Bom Pastor, movido pela lógica do amor e não por interesses e favores pessoais, a exemplo dos mercenários. Quem não ama sua comunidade (seu povo) até a doação de sua vida, não pode ser considerado pastor exemplar.
            O Dia Mundial de Oração pelas Vocações nos convida a rezarmos ao Senhor que envie pastores configurados com Cristo, o Bom Pastor! A começar dos Ministros Ordenados aos Agentes de nossas Pastorais, somos também convidados à conversão, à coerência e ao bom senso em nossas atividades, que devem estar sempre pautadas sobre o Projeto Evangelizador e Missionário de Jesus Cristo, o Bom Pastor! Quem não gasta sua vida pela Comunidade (o rebanho) corre o risco de compreender sua vocação como “meio de vida”, o que se torna geralmente um desastre. Por isso é fundamental conhecer Jesus Cristo ressuscitado e identificá-lo como o Bom Pastor a ser seguido.
            Conhecer Jesus e tê-lo como modelo de vida implica conhecer seu amor e aderir ao estilo de seu agir. A mútua relação entre Jesus e os seus gera e nutre a relação de intimidade, de confiança, de diálogo, de pertença, de segurança. Não é em vão que a palavra pastoral evoca: zelo, sensibilidade, cuidado, carinho, misericórdia, compaixão, amor, dedicação, ternura, atenção às pessoas e às suas necessidades.
            O agir do Bom Pastor torna-se referencial da ação eclesial e dos diferentes serviços pastorais da Igreja em favor do povo. Por isso, falar de Pastoral na Igreja é ter presente Jesus Cristo, o Bom Pastor, enviado pelo Pai, que dá a vida pelas suas ovelhas (cf. Jo 10,11.15) e à sua missão de pastoreio confiada à Igreja, colocando pastores à sua frente. Fazer pastoral é exercer a missão de Jesus, e em nome de Jesus Bom Pastor, lembra a generosidade e a disponibilidade de um número incontável de batizados, engajados nos serviços da ação evangelizadora e pastoral da Igreja. A nossa atuação pastoral é relacional, de amizade, é oblativa em união com a caridade do Bom Pastor, é transformante, porque faz de nós um sinal claro do próprio Jesus.
            Pela atuação da pessoa do Papa, Bispos, Presbíteros, Religiosos, Religiosas e das Lideranças Leigas, Jesus, o Bom Pastor, continua doando sua vida, manifestando seu carinho e sua atenção por nós, pelas comunidades, em especial, por doentes e sofredores. Estes são os privilegiados da ternura e do cuidado do Bom Pastor.
            Nossas Comunidades, com razão, são cada vez mais exigentes. Sejamos Bons Pastores para elas. Sejam elas, Queridas Ovelhas para nós. Essa relação só será possível se rezarmos com o coração configurado com Jesus Cristo ressuscitado e vivo entre nós, como o modelo de Bom Pastor:
Desejando-lhes abundantes bênçãos, com ternura e gratidão o abraço sempre fiel e amigo,

Padre Gilberto Kasper
(Ler At 4,8-12; Sl 117(118); 1 Jo 3,1-2 e Jo 10,11-18)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Abril de 2018, pp. 76-79 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo Pascal (Abril de 2018), pp. 42-45.


quarta-feira, 11 de abril de 2018

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO PASCAL

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!


O Terceiro Domingo do Tempo Pascal nos apresenta Jesus ressuscitado dos mortos, revelando-se novamente à Comunidade dos discípulos, desejando-lhe: “a paz esteja convosco!”.
            A morte e a ressurreição do Senhor ocupam o centro da história da salvação. A escuta da Palavra de Deus suscita a fé em Cristo ressuscitado. Como outrora os discípulos, hoje, nós também experimentamos sua presença por meio da Palavra e do Pão da vida. Ele nos comunica a paz e nos confirma como testemunhas do mistério de sua Páscoa. Confirmados na fé pelos sinais sensíveis e instruídos pelas palavras da Escritura, podemos perceber a sua presença viva na comunidade e na história.
            Enquanto o pecado que nos faz virar as costas para Deus, deixando-nos mofos, embolorados, deprimidos e na sombra da solidão, o sepulcro vazio do Ressuscitado nos devolve aquela paz que nossa arrogância e prepotência nos roubam.
            Como Igreja, seguimos a caminhada pascal com as manifestações de Jesus ressuscitado em meio à comunidade de seus seguidores. O medo e a incerteza de outrora e de hoje levantam algumas interrogações: Jesus ressuscitou verdadeiramente? Como podemos fazer uma experiência de encontro com Jesus ressuscitado? Como podemos mostrar ao mundo que Jesus está vivo e continua a oferecer aos seres humanos a salvação?
            O Apóstolo Pedro afirma ser testemunha viva da ressurreição: “Deus ressuscitou Jesus dos mortos” (cf. At 3,15). Esse acontecimento é Boa-Nova para o mundo. Por isso, os apóstolos são, em primeiro lugar, testemunhas e anunciadores da ressurreição de Jesus Cristo. “Disto nós somos testemunhas”.
            O Evangelho do Terceiro Domingo da Páscoa pode ser chamado de a “a prova dos sentidos’”. Os sentimentos dos discípulos são de medo, susto, surpresa, alegria. Para que eles possam entender o que está acontecendo, o Ressuscitado fala, deixa-se ver, pede para ser tocado e come na presença deles. A seguir, para levar seus ouvintes a crerem, o Ressuscitado passa a fazer memória do que está escrito sobre ele na Lei de Moisés, nos profetas e nos salmos. A argumentação a partir das Escrituras, como palavra inspirada, torna-se uma fonte indispensável para compreender os acontecimentos relacionados ao Ressuscitado.
            A Palavra de Deus do Terceiro Domingo do Tempo Pascal nos chama ao compromisso e à fidelidade. Acesos no Círio Pascal, símbolo do Ressuscitado no meio da Comunidade de Fé, nos tornamos uma extensão do mesmo. Outros “Cristos” num mundo onde ainda somos atraídos por caminhos de prazeres imediatos, mesmo que nos esvaziem do amor de Deus derramado do próprio Filho, que abraçou a humanidade no abraço da cruz. Só ressuscita de verdade com Cristo, quem é fiel a Ele por meio da Comunidade de Fé, Oração e Amor. Não basta sermos solidários com a morte, quando nós mesmos protagonizamos a Cultura da Morte em nossas eleições. É interessante como arranjamos tempo para nossos compromissos sociais: aqueles que garantem nosso prestígio frágil, porque um dia acaba. É interessante como gostamos de aparecer e necessitamos de reconhecimento, que cai no esquecimento de quem fica depois de nossa passagem por este tempo e espaço terrenos. É interessante o tempo que investimos para estarmos sempre ao lado dos que estão “em alta”, quando nem sempre encontramos tempo, disponibilidade, generosidade e compaixão para com os menos favorecidos. Somos tão rápidos nas marteladas de pregos naqueles que erram de quando em vez, segundo as convenções sociais, mas tão lerdos para estender nossas mãos e oferecer o perdão que tanto imploramos quando nós mesmos caímos. Cristo seria bem mais presente e sentido entre nós, se não deixássemos apagar a chama que acendemos n’Ele na Vigília Pascal. Ele quer tanto ressuscitar mais do que ser constantemente crucificado pelos pregos de nossas línguas felinas, caluniosas e tantas vezes venenosas.
            Sejamos um “Cristo aceso” a iluminar o caminho sombrio dos nossos irmãos que sofrem exclusões e são preteridos por nossa sociedade tantas vezes alimentada pela hipocrisia! Sejamos a Esperança dos que a perdem a cada esquina de suas vidas!
            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo e cheio de novas esperanças,

Padre Gilberto Kasper
(Ler At 3,13-15.17-19; Sl 4; 1 Jo 2,1-5 e Lc 24,35-48)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Abril de 2018, pp. 58-61 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo Pascal (Abril de 2018), pp. 37-41.

            

AS SURPRESAS!

AS SURPRESAS!

Pe. Gilberto Kasper

Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente e Coordenador da Teologia na Faculdade de Ribeirão Preto da UNIVERSIDADE BRASIL e UNIESP S.A., Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.


Era domingo de Páscoa e as mulheres foram ao túmulo do Senhor para colocar mais perfumes e com saudade do Mestre acalmar o coração entristecido por sua morte. Mas um anjo as surpreende e lhes dá a maior e melhor notícia de todos os tempos:- “Ele não está aqui! Ressuscitou! Ide contar aos discípulos e a Pedro”! E as mulheres, movidas pela alegria, foram aos discípulos e lhes disseram tudo conforme o anjo lhes instruíra.

            Ouvimos também o anúncio do anjo, o mesmo que ressoou no coração das mulheres na madrugada da ressurreição; da mesma forma somos feitos apóstolos, enviados a proclamar a alegria, a surpresa boa de Deus que ressuscita Jesus e entusiasmar os irmãos que podem ter se desanimado ao longo do tempo. A morte foi vencida por Cristo que ressuscita e nos dá o seu Espírito de vida nova; a morte que enchia as pessoas de medo, já não tem poder sobre nós. Entretanto, não basta só saber disso tudo, dessa verdade que envolve nossa vida; é preciso vencer todas as manifestações de morte que ainda estão presentes em nosso mundo. Assim, se a morte não nos domina mais, não precisamos temer o mal e nem as suas investidas como a mentira, a fofoca, as intrigas, as chantagens emocionais, a corrupção sistêmica, ciúme e inveja que são sentimentos próprios de quem ainda não se deu conta da feição de morte que tais sentimentos causam ou se acostumaram a eles...

            Anunciar a Ressurreição de Cristo é também nos deixar iluminar pela sua Luz que destrói toda treva e escuridão, que desmascara as mentiras e as artimanhas dos que praticam violência e corrupção subtraindo a vida dos mais simples, pequenos e pobres. É agora o momento de incentivar nossos leigos e leigas para que em nossas comunidades e na sociedade façam refletir a Luz potente do Senhor que vence a escuridão do mal e não nos deseja associados a nenhum tipo de quadrilha que mente e engana, explora e humilha os semelhantes.

            Movidos pelo Espírito do Cristo Ressuscitado temos a responsabilidade de desmontar as minas de violência geradas por notícias falsas, mentiras deslavadas que deixam um ar de insegurança e de desconfiança entre as pessoas. É preciso renovar diariamente o nosso amor à Verdade, pois somente os que “são da verdade” é que conhecem e sabem escutar a voz do Ressuscitado. É urgente proclamar a alegria da ressurreição e transformar o mundo num imenso e belo jardim.

            Contudo, como já afirmou o Papa Francisco, “há pessoas que vivem uma quaresma sem páscoa”, essas insistem em não ressuscitar, continuam no desânimo da morte, do comodismo, da paralisia doente de quem não enxerga o amor que faz nossa vida ser diferente a cada dia.

            “Se ressuscitamos com Cristo”, nossa vida precisa mostrar urgentemente que em nós a vida, o amor, a alegria e a esperança enfrentam as dificuldades, agressões, abraçam a cruz, nos levam a responder ao mal com o bem. O amor é o único remédio contra as manifestações de violência e da morte. Deixemos arder o coração com o amor de Cristo que nos fortalece na caridade para vivermos a unidade e construirmos a sociedade de justiça e fraternidade.


(Parceria com o Pe. João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Mogi Guaçu – SP)



quarta-feira, 4 de abril de 2018

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA - DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA



Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

O Segundo Domingo do Tempo Pascal nos introduz no Tempo em que celebramos a ressurreição do Senhor, como único e grande dia, que se estende desde o Domingo da Páscoa ao domingo de Pentecostes. “Os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição e o domingo de Pentecostes sejam celebrados com alegria e exultação, como se fossem um só dia de festa, ou melhor, como um grande domingo” (Normas Universais ao Ano Litúrgico e Calendário Romano Geral, n. 22).

            Celebramos o domingo da Divina Misericórdia, instituído por São João Paulo II, e damos graças ao Senhor por seu eterno amor por nós, sempre disposto a nos perdoar, sempre que nosso coração arrependido volta-se para ele. Escolhi como lema de minha Ordenação Presbiteral, a quinta Bem-aventurança do Sermão da Montanha de Jesus: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7), justamente porque não obstante meus incontáveis limites, o Senhor me quis Sacerdote, tamanha Sua Misericórdia por mim! Como Tomé, exclamamos maravilhados: “Meu Senhor e meu Deus”. Desde criança aprendi que a profissão da fé de Tomé seria a ideal, cada vez que fizesse a genuflexão diante do Cristo Sacramentado, seja na Hóstia Consagrada exposta, seja escondida no Sacrário. Por isso, quando coloco o joelho direito no chão, em sinal de adoração ao Senhor presente no mistério de nossa Fé, a Eucaristia, digo com a poesia de meu coração: “Meu Senhor e meu Deus”. Também quando ergo Jesus transubstanciado de um pedacinho de pão em Seu Corpo e de um pouquinho de vinho no Seu precioso Sangue, meu coração remete aos meus lábios a mesma expressão: “Meu Senhor e meu Deus!”

O primeiro encontro de Jesus ressuscitado com seus discípulos é marcado pela saudação feita por Ele: “A paz esteja convosco”. Por duas vezes o Ressuscitado deseja a paz a seus amigos. Em seguida, os envia em missão, soprando sobre eles o Espírito. Buscar e construir a paz é missão dos seguidores do Ressuscitado, pois o Reino de Deus, anunciado e realizado por Jesus e continuado pelas comunidades animadas pelo Espírito, manifesta-se na paz. Reino de Justiça, Paz e Alegria como frutos do Espírito Santo. O Apóstolo, amigo de Jesus, ressalta que a paz, para ser autêntica, deve ser trazida pelo Cristo. Uma paz diferente da paz construída pelos tratados políticos. Paz (é shalom) significa integridade da pessoa diante de Deus e dos irmãos. Significa também uma vida plena, feliz e abundante. Paz é sinal da presença de Deus, porque o nosso Deus é um “Deus da Paz” (Rm 15,33). Paz significa muito mais do que ausência de guerra. Significa construir uma convivência humana harmoniosa, em que as pessoas possam ser elas mesmas, tendo o necessário para viver, convivendo felizes.

            A comunidade, que abre suas portas, acolhe o Senhor e o segue é enviada pelo Espírito do Ressuscitado a testemunhar o amor do Pai, isto é, a prolongar, no curso dos tempos, a oferta da vida que, em Jesus, Deus fez à humanidade. O reino da vida que Cristo veio trazer é incompatível com as situações desumanas em que vivem mergulhados milhões de seres humanos. “Como discípulos e missionários, somos chamados a intensificar nossa resposta de fé e a anunciar que Cristo redimiu todos os pecados e males da humanidade” (Documento de Aparecida, n. 134).

            O cristão isolado (ausente da comunidade) é vítima do egoísmo e exige provas para crer. É na vida da comunidade que encontramos as provas de Jesus que está vivo. Ser cristão, hoje, requer e significa pertencer a uma comunidade concreta, na qual se pode viver uma experiência permanente de discipulado e de comunhão. Por esta razão, a marca registrada deste Segundo Domingo da Páscoa é a , vivida em comunidade. É em comunidade que se realiza o encontro com o Ressuscitado e a experiência de uma vida nova.

Acolhamos o dom da paz e do Espírito que nos constitui em artífices de relações novas, reconciliadas e fundadas na justiça e na misericórdia.
            Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler At 4,32-35; Sl 117(118); 1Jo 5,1-6 e Jo 20,19-31)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Abril de 2018, pp. 38-42 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo Pascal (Abril de 2018), pp. 33-36.