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quarta-feira, 26 de junho de 2019

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO, APÓSTOLOS


Dia do Papa



Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
O Décimo Terceiro Domingo do Tempo Comum cede lugar à Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos – as duas grandes Colunas da Igreja de Jesus Cristo: “Pedro, o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o evangelho da salvação” (Prefácio próprio da Festa).
            Celebramos a Páscoa do Cordeiro na vida e na ação evangelizadora de Pedro e Paulo. Apóstolos, fundadores da Igreja, amigos e testemunhas de Jesus. Agradecemos sua fé e empenho missionário. E celebramos o Senhor que os escolheu e os enviou para serem seus principais parceiros no grande mutirão em favor da vida, assumindo na Páscoa e dinamizado pelo dom do Espírito Santo.
            Esta é uma celebração antiquíssima. Existia antes da festa do Natal. Ela ajuda a nos achegarmos à fonte da vida cristã, ou seja, à Palavra de Deus e à Eucaristia que eles viveram intensamente e que nós estamos para celebrar no espírito de Comunidade de Comunidades: Uma Nova Paróquia! A Conversão Pastoral da Paróquia (Documentos da CNBB 100).
            Diferentes no temperamento e na formação religiosa, exercendo atividades diversas e em campos distintos, chegaram várias vezes, a desentender-se. Mas o amor a Cristo, a paixão pelo seu projeto, a força da fidelidade e a coragem do testemunho os uniram na vida e no martírio, acontecido em Roma sob o imperador Nero (54-68 D.C). Pedro foi crucificado e Paulo, decapitado.
            Ao celebrar a Páscoa dos dois grandes apóstolos, a Igreja lembra que em todas as comunidades estão presentes os fundamentos da missão evangelizadora: a vida eclesial, com sua dinâmica de comunhão e participação, e sua ação transformadora no mundo.
            No testemunho de Pedro e Paulo, temos duas dimensões diferentes e complementares da missão, como seguidores de Jesus. Apesar de divergirem em pontos de vista e na visão do mundo, o amor de Cristo e a força do testemunho os uniram na vida e no martírio. Neles, quer na vida, quer no martírio, prolongam-se a vida, paixão, morte e ressurreição de Cristo. Conheceram e experimentaram Jesus de formas diferentes, mas é único e idêntico o testemunho que, corajosos, deram dele.
            Por isso, são figuras típicas da vida cristã, com suas fraquezas e forças. As contínuas prisões de Pedro fazem-no prolongar a paixão de Jesus. Não só aceita um Messias que dá a vida, mas morre por Ele e com Ele. Convertido, Paulo se torna propagador do Evangelho de Cristo, sofrendo como Ele sofreu, encarando a morte como Jesus a encarou.
            A comunidade, alicerçada no testemunho de Pedro e Paulo, nasce do reconhecimento de quem é Jesus. Esse reconhecimento não é fruto de especulação ou de teorias, e sim de vivência do seu projeto que passa pela rejeição, crucifixão, morte e ressurreição.
            Quando o testemunho cristão é pleno, o próprio Jesus age na comunidade, permitindo-lhe “ligar e desligar”. O poder que Jesus tem, as chaves do Reino, é entregue a nós, seus seguidores. A comunidade não é dona, apenas administra esse poder pelo testemunho e pelo serviço em favor da vida. Organiza-se como continuadora do projeto de Deus, a partir da prática do mestre, promove a vida e rejeita tudo o que provoca a morte.
            Jesus de Nazaré é para nós o mártir supremo, a testemunha fiel... Os mártires da caminhada resistiram ao poder da morte e ao aparato repressor: “A memória subversiva de tantos mártires será o alimento forte da nossa espiritualidade, da vitalidade de nossas comunidades, da dinâmica do movimento popular”.
            “Vidas pela vida, vidas pelo Reino! Todas as nossas vidas, como as suas vidas, como a vida dele, o mártir Jesus!”.
            Animados pelo testemunho de Pedro e Paulo, vamos ao encontro do Senhor que dá razão e sentido à nossa vida. Acolhendo sua Palavra, renovamos nossa adesão a Cristo e ao seu projeto.
            Professamos com alegria nossa fé na Igreja una, santa, católica, apostólica, aberta à comunhão universal e visceralmente missionária e proclamada da vida digna para todos.
            Participando da Eucaristia, somos identificados com Cristo e confirmados no seu caminho, para sermos disponíveis aos nossos irmãos e irmãs, até a morte, como marcas da identidade cristã.
            Hoje rezamos especialmente pelo Papa Francisco, Bispo de Roma, cidade onde se deu o martírio de Pedro e Paulo. A missão do Papa é zelar para que a Igreja permaneça unida, fiel a Jesus Cristo e ao seu projeto, realize com humildade e coragem o anúncio do Evangelho, cada vez mais inculturado, profético e aberto a todos.
            Supliquemos para que o Papa e todos os pastores sejam pétrus nas mãos do Senhor, fiéis ao Evangelho na condução da Igreja como servidora da vida, como sinal e instrumento da comunhão entre os povos.
            Com facilidade emitimos opiniões errôneas, quando não medíocres em relação à autoridade e ao serviço do Santo Padre, o Papa! Talvez a celebração de hoje seja uma oportunidade de remissão, conversão e renovação de nossa fidelidade ao sucessor de Pedro, o Papa Francisco. Frequentemente me pergunto: quem sou eu para emitir qualquer crítica, desrespeitar ou até mesmo questionar a autoridade = serviço do Papa? Homem que se despe totalmente de si mesmo. Deixa para trás até o próprio nome e toda sua liberdade, para estar totalmente a serviço da Igreja de Jesus Cristo que lhe é confiada ao coração, colocada nos ombros, como a ovelha debruçada sobre o Bom Pastor. Só o fato do sim do Papa já basta para que mereça o carinho, a ternura, a fidelidade de todo cristão, que debruça sua fé sobre o evento da “confirmação de Pedro”, continuado em nossos dias na pessoa totalmente a serviço do Reino de Deus, o amado Santo Padre o Papa Francisco. Somos, também, convidados a rezar por nosso Papa Emérito Bento XVI, que se retirou e a exemplo de João Batista, deu lugar a alguém com maior vigor, mais saúde e menos idade, a fim de conduzir não a própria, mas a Igreja amada de Jesus Cristo, da qual todos somos filhos queridos. E seu Sucessor, o Papa Francisco, é eleito como o PAPA DA TERNURA!
            Nesta solenidade, a Igreja do mundo inteiro, realiza a Coleta do Óbolo de São Pedro. Com esta coleta o Papa socorre a humanidade em suas necessidades, especialmente em situações emergenciais, em nome dos Católicos do mundo. O resultado das Coletas realizadas em todas as Celebrações deste domingo deverá ser remetido à Cúria, que dará seu verdadeiro destino, fazendo-o chegar aos cuidados do Vaticano. Por vezes há resistência à Coleta do Óbolo de São Pedro por pura ignorância. Nem sempre as pessoas conhecem o bem que fazem, sendo generosas. Todos que se sentem dignos de serem cristãos, são conclamados a partilharem de sua pobreza em favor de quem tem menos. Pois é em nome da Igreja Católica Apostólica Romana, que o Santo Padre socorre nossos irmãos que são vitimadas pela fome, pela miséria, por catástrofes, como terremotos, enchentes e tantas outras ocasiões. Sejamos sensíveis e coerentes entre o que celebramos, pregamos e doamos.
            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço sempre amigo e fiel.
Padre Gilberto Kasper
(Ler At 12,1-11; Sl 33(34); 2Tm 4,6-8,17-18 e Mt 16,13-19)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Junho de 2019, pp. 110-116 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Junho de 2019), pp. 26-29.
           


ÓBOLO DE SÃO PEDRO!


Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.

No próximo domingo, dia 30 de junho celebraremos a Solenidade de São Pedro, o Primeiro Papa da Igreja Católica Apostólica Romana. Desde então, a Igreja nunca ficou órfã de Papa. O Pedro de nossos dias, eleito dia 13 de março de 2013 é Francisco, o Papa da Misericórdia e Ternura! Foi no dia do Papa, 29 de Junho daquele ano, que nosso Arcebispo Metropolitano, Dom Moacir Silva, recebeu sobre os ombros o Pálio, um colar de lã que o próprio Sucessor de Pedro entrega aos demais sucessores dos Apóstolos, que têm confiado uma Província Eclesiástica, uma Arquidiocese, como é a de Ribeirão Preto. Nossa Província é formada por nove Dioceses, onde cada Bispo é autônomo. Além da Sé Metropolitana de Ribeirão Preto, constituem nossa Província as Dioceses de Barretos, Catanduva, Franca, Jaboticabal, Jales, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto e Votuporanga. O serviço do Arcebispo é de confirmar as nove Dioceses na Unidade, Comunhão e certa Pastoral de Conjunto.
Na verdade, o que celebramos na Solenidade de São Pedro e São Paulo não são os méritos destes apóstolos. O que celebramos é o Senhor mesmo que escolheu e enviou estes apóstolos, para serem seus principais parceiros no grande mutirão em favor da vida, inaugurado pelo mistério pascal de Cristo e assistido pelo dom do Espírito Santo.
São Pedro e São Paulo, ao lado de São João Batista e Santo Antônio, são santos muito estimados pelo nosso povo brasileiro; são alegremente festejados pela religiosidade popular deste país, compondo assim nossas tradicionais festas juninas. A tradição dos Santos Juninos é portuguesa e foi assumida pelos Índios e Escravos do Brasil, tornando-se uma das principais festas, especialmente no Nordeste. Lá são celebrados por um mês inteiro.
No Dia do Papa que neste ano solenizamos no último domingo de junho, por não ser feriado no dia 29 no Brasil, faz-se a Coleta do Óbolo de São Pedro. São as Comunidades Católicas Apostólicas Romanas do mundo inteiro que partilham de sua pobreza, sendo generosas e oferecem, livremente, parte do que lhes pertence a quem tem menos. O Papa, por meio de sua assessoria, utiliza o resultado desta Coleta para socorrer, em nome da Igreja do mundo inteiro, nossos irmãos que sofrem dificuldades: as vítimas da fome (continuam passando fome diariamente no mundo, segundo a ONU 1 bilhão de pessoas); as vítimas de enchentes, tornados e guerras, essas sempre tão estúpidas. Enquanto o Vaticano envia auxílio aos nossos irmãos em situações de risco, é justamente nossa oferta que alivia as dores de tantos sofredores, pois o faz em nome de cada um e de todos que se sentem Católicos Apostólicos Romanos e vivem inseridos e comprometidos como tal. Agradecemos a generosidade de todos que pensam naqueles que têm menos do que nós. As Comunidades enviarão toda a coleta à Cúria Metropolitana, que fará chegar ao destino certo nossa participação consciente, com sabor de amor divino!














terça-feira, 18 de junho de 2019

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - DÉCIMO SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM



Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            Jesus é nosso mestre. Nós somos discípulos e discípulas dele. Com ele nos retiramos hoje, como o fazemos todos os domingos, para um momento de descanso, de oração, de escuta da Palavra e, depois, de celebração da Santa Ceia, memorial da vitória da Páscoa.
            Isto é obra de Deus, pois ele quer nos firmar seu amor. Por essa razão, nos reúne em comunidade de fé. Que nunca nos falte a graça de amar e temer esse Deus tão bom que, em Jesus e no Espírito Santo, sempre nos mostra o caminho para nossa realização humana.
            A Eucaristia de hoje nos desafia a confessar que Jesus é o Cristo de Deus, fonte do amor e da vida. Nossa fé nos impele a derrubar toda barreira discriminatória e reconhecer que em Cristo somos um. Só assim teremos condições de segui-lo na fidelidade dia a dia. Celebremos em comunhão com todos os migrantes que anseiam por melhores condições de vida.
            Por sua palavra, Deus derrama um espírito de graça e piedade sobre cada um de nós, convidando-nos a nos revestir de Cristo e reconhecer nele o ungido a quem nos cabe seguir.
            Somos chamados a nos compadecer das muitas vítimas da violência. Somos desafiados a professar nossa fé em Jesus e segui-lo com desprendimento. Somos convidados a superar, em Cristo, todas as discriminações.
            É sabido que existem distinções e até discriminações no tratamento social. Como trabalhamos esta questão na Igreja, na comunidade de Cristo? A Palavra hoje nos anuncia a igualdade de todos no sistema do Senhor Jesus. Acabou o regime da lei mosaica que considerava ser judeu um privilégio, por causa da Aliança com Abraão e Moisés. A crucificação de Jesus, em nome desse regime antigo, marcou a chegada de um regime novo. Simplesmente observar a lei de Moisés já não é salvação para quem conhece Jesus, para quem sabe o que ele pregou e como ele deu sua vida por sua nova mensagem e por aqueles que nela acreditassem. Estes constituem o povo da Nova Aliança. São todos iguais perante Deus, como filhos queridos e irmãos de Jesus – filhos como o Filho e coerdeiros de seu Reino, continuadores do projeto que ele iniciou.
            Neste novo sistema, não importa mais ser judeu ou não, escravo ou livre, homem ou mulher, branco ou negro, patrão ou operário, rico ou pobre... Mesmo não tendo chances iguais em termos de competição econômica e ascensão social, todos têm chances iguais no amor de Deus. Ora, este amor deve encarnar-se na comunidade inspirada pelo Evangelho de Jesus, eliminando desigualdade e discriminação. Provocada pelas diferenças econômicas, sociais, culturais etc., a comunidade que está em Cristo testemunhará igual e indiscriminado carinho e fraternidade a todos, antecipando a plenitude à paz celeste para todos os destinatários do amor do Pai. Programa impossível, utopia? Talvez seja. Mas nem por isso podemos desistir dele, pois é a certeza que nos conduz! Na caridade em Cristo, o capital já não servirá para uma classe dominar a outra, mas para estar à disposição de todos que trabalham e produzem. A influência e o saber estarão a serviço do povo. O marido não terá mais liberdades que a mulher, mas competirá com ela no carinho e dedicação.
            Somos todos convidados, neste mês de Junho a participar, na medida do possível, das festas juninas. É também um mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, celebrado na segunda sexta-feira depois da Festa de Corpus Christi, neste ano a 28 de junho, quando vivemos a Jornada Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes! celebramos nosso Padroeiro, Santo Antoninho, Pão dos Pobres, dia 13 passado. De modo especial, agradecemos a história dos 163 anos de Fundação e dos 148 anos da Emancipação Político-Administrativa de nossa Cidade de Ribeirão Preto.  Vivamos a esperança de tempos melhores, tempos em que todos tenham oportunidades e acesso digno ao trabalho, à saúde, à educação, à segurança e à infraestrutura que uma cidade do porte de Ribeirão Preto merece.

            Sejam todos muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Zc 12,10-11; 13,1; Sl 62(63); Gl 3,26-29 e Lc 9,18-24).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Junho de 2019, pp. 91-94 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Junho de 2019), pp. 18-20.

SOMOS “SERES POLÍTICOS”!



Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

No vale das sombras, o mal é vão temer. Se vos tenho a meu lado, por que desfalecer”? Esse verso era muito cantado nas liturgias de uns anos passados e o salmista comprova a presença divina sempre a socorrer o povo em situações delicadas e de extrema dificuldade. Essas sombras e dificuldades parecem permanecer em nossos ambientes, principalmente na política. Sombras de insegurança, violência, corrupção, desrespeito, falta de educação.

            Ao mesmo tempo precisamos constatar que soluções mágicas não existem e que se queremos chegar a algum lugar precisamos caminhar, nos desinstalar, nos desacomodar e colaborar para que mudanças aconteçam. Bater panelas, fazer passeatas, podem ajudar se não ficar só no oba-oba das ruas e passar da gritaria para um processo de assumir responsabilidades comunitárias e sociais. Nossa cidade, nossa comunidade dependem de nossa participação para crescer, se modernizar e se transformar em casa de todos, mas, sem a colaboração de cada um, nada se transforma. Talvez não tenhamos ainda atentado para o fato de que somos “seres políticos” e que a não participação na política é uma omissão que interessa aos que fazem da politicagem o seu meio de vida. Quando falo de política não me refiro à política partidária e sim aos nossos esforços por empreender diversas maneiras de construir cidadania e respeito aos seres humanos e fazer respeitar seus direitos. Esse tipo de participação nos foi sugerido durante a Campanha da Fraternidade a fim de que quanto mais soubermos e participarmos dos diversos conselhos e também entidades, mais poderemos colaborar com políticas publicas que elevam a qualidade de vida do nosso povo.  Não se trata de “pisar em ovos”, mas de levar “luz” para esses vales tenebrosos de praticas políticas desastrosas para as cidades e para o país.

            Quando o povo participa muitas estruturas estremecem, pois o povo paga pela estrutura, por vezes ineficiente, de certos setores governamentais. Por exemplo, gastamos demais com gabinetes parlamentares e arcamos com o absurdo caos no sistema de saúde pública; bilhões são gastos em propinas e desvios de verbas públicas, enquanto escolas e professores não têm o mínimo necessário para formar os governantes de nosso amanhã. Questionar essas situações não nos coloca contra esse ou aquele, querer saber tais respostas nos põe a favor de nosso povo, da vida que maravilhosamente insiste em viver.

            É por isso que nosso Senhor nos ensina a fazer sempre o bem, buscar a justiça do seu reino e viver na verdade que liberta. Perseverar no bem e na verdade nos faz caminhar em meio a tantas situações de escuridão e de incertezas. É certo que Deus caminha conosco, é certo que a nossa responsabilidade é inquestionável e que os políticos não podem receber de nós uma “carta branca” para fazer o que bem ou mal entendem. Se não nos interessarmos mais pela política, os espertos vão continuar se interessando.

            Cuidemos de nossa “casa comum”, o lugar em que vivemos, nossa cidade, nossa comunidade e da natureza que generosamente proporciona o essencial para nosso viver. Não temos o que temer, pois “o Senhor vai conosco. Seu amor nos sustenta” (cf. Sl 23).


quarta-feira, 12 de junho de 2019

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE


COMUNIDADE DE AMOR E MISERICÓRDIA



Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Domingo passado, celebramos o dom do Espírito Santo sobre cada um de nós. Assim concluímos os cinquenta dias das solenidades pascais. Na Páscoa de Jesus e em nossa páscoa na dele, pudemos experimentar como Deus foi – e continua sendo – extremamente bom para conosco.
            Hoje, como que buscando vivenciar ainda mais intensamente a beleza de Deus, celebramos sua própria intimidade de amor e vida a se expandir para dentro da história da humanidade.
            Que bom estarmos reunidos, na Solenidade da Santíssima Trindade. Deus nos fala, pelas leituras bíblicas proclamadas. Deixemos que o Senhor nos explique o que ele nos disse: primeiro recordando, brevemente, o que Ele nos falou para, depois, mergulharmos mais profundamente no mistério da festa deste domingo e, enfim, celebrá-lo bem na liturgia e no nosso próprio viver cristão do dia a dia.
            Bendito seja o Pai, bendito seja o Filho unigênito e bendito o Espírito santificador. Somos todos acolhidos, amados e convidados a fazer parte da Família de Deus.
            O Espírito da verdade nos fala através da Palavra proclamada. Prometido por Jesus, ele nos leva a experimentar o amor de Deus, que nos conhece e nos ama desde toda a eternidade.
            A verdadeira sabedoria procede de Deus e precede a humanidade, é posterior a Deus e anterior ao universo, é inferior a Deus e superior ao mundo. O Espírito nos faz conhecer os planos do Pai celeste revelados em Jesus. Deus derramou seu amor sobre cada um de nós.
            Na Eucaristia damos graças ao Pai, por Cristo, no Espírito, pelas maravilhas da criação e principalmente por seu plano de salvação que continuamente nos reúne e atua em nossa vida.
            Santíssima Trindade! Eis a riqueza inesgotável que a Igreja nos aponta para que saibamos onde Deus abre seu íntimo para nós: em seu Filho Jesus e no Espírito de Jesus que nos anima. Lá encontramos Deus, o encontramos não como bloco de granito, monolítico, fechado, mas como pessoas que se relacionam, tendo cada uma sua própria atuação: o Pai que nos ama e nos chama à vida; o Filho Jesus que, sendo bom e fiel até o dom da própria vida na morte de cruz, nos mostra de que jeito é o Pai; e o Espírito Santo, que ainda de outro jeito, fica sempre conosco. O Espírito atualiza em nós a memória da vida e das palavras de Jesus e anima a Igreja. Todos os três estão unidos e formam uma unidade naquilo que Deus essencialmente é: amor.
            Que bom seria se toda a humanidade tomasse consciência desta riqueza de vida e se conectasse com ela!... A saber, que somos, juntamente com todas as criaturas, totalmente permeados pela presença do amor criativo, ativo e unitivo da Trindade santa. Para além (ou aquém) das couraças e armaduras de nosso corpo pessoal e social, este amor trinitário está presente, fez de nós sua morada, seu espaço predileto. O problema é que nos identificamos facilmente com o efêmero de nossas couraças e armaduras, nosso ego, de tal modo que nos desconectamos da nossa essência, com tristes consequências: perdemos a unidade, nos fragilizamos, nos fragmentamos, nos tornamos inseguros, medrosos, desesperados, estressados, agressivos, amargurados, sem qualidade de vida pessoal e social.
            Sobretudo em nossos tempos, quando a humanidade tende a isso mesmo, à falta de qualidade de vida, decorrente do endeusamento do efêmero e transitório, temos que aprender a nos conectarmos sempre mais à essência de nós mesmos, isto é, à Trindade santa que nos habita. Então o mundo será melhor, com certeza.
            A Santíssima Trindade é a melhor comunidade, feita união, comunhão e partilha. A partir dela, em conexão permanente com ela, é que seremos bons colaboradores dela para uma sociedade humana mais sadia.
            Como é interessante que haja tanta disparidade, desunião, inveja e competição entre cristãos, que se sentem filhos de Deus, irmãos de Jesus Cristo, animados pelo Espírito Santo. Não causaria tamanha contrariedade uma tristeza profunda no coração do Senhor? Gosto de pensar a Santíssima Trindade como Comunidade Perfeita a ser acolhida, imitada, vivida e anunciada com a vida relacional dos cristãos, especialmente das Comunidades que celebram um mesmo mistério, cada um a seu modo, mas que nem sempre conseguem viver o mesmo mistério com a disponibilidade da conversão, da coerência entre fé e ação e, finalmente o bom senso.
            O amor com sabor divino que somente a pessoa é capaz de experimentar é o “ingrediente” principal da Santíssima Trindade: o Pai é o amante; o Filho é o amado e o Espírito Santo é o amor com o qual o Pai ama o Filho e no Filho, cada um de nós, criaturas prediletas feitas à Sua imagem e semelhança.
            Saibamos amar as pessoas com amor de sabor divino, e só assim transformaremos o mundo do desamor!
            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão o abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Pr 8,22-31; Sl 8; Rm 5,1-5 e Jo 16,12-15).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Junho de 2019, pp. 71-74 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Junho de 2019), pp. 7-9.

FESTA DE SANTO ANTONINHO, PÃO DOS POBRES!



Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com


Há muitas versões, estórias e lendas sobre Santo Antônio, Presbítero e Doutor da Igreja, chamado por nossa Reitoria, carinhosamente de Santo Antoninho, Pão dos Pobres! Trata-se da mesma pessoa, venerada de modos diferentes nos diferentes lugares onde nasceu, passou e morreu. 

Santo Antônio recebe dois títulos reconhecidos mundialmente: Santo Antônio de Lisboa (porque nasceu em Lisboa) e Santo Antônio de Pádua (porque foi em Pádua que exerceu seu ministério de exímio pregador e lugar onde morreu). Há muitas lendas em torno da vida e do exercício ministerial de Santo Antônio, porém, o que é indiscutível, que foi um arauto do Evangelho, ousado e corajoso pregador, sobretudo contra as injustiças sociais. Pregava coerência entre palavra e vida! Enquanto as pessoas o deixavam falando sozinho, os peixes se aproximavam das margens do Oceano para ouvi-lo. Enormes cardumes o ouviam... É, também, invocado como o “Santo Casamenteiro e das Coisas Perdidas”.

 Nós o chamamos de Santo Antoninho, Pão dos Pobres. Enquanto Santo Antônio exercia os serviços humildes de cozinheiro nos Conventos dos Frades Franciscanos, por onde andou, distribuía pães aos pobres, escondido dos superiores. Os melhores pãezinhos ele reservava aos pobres da redondeza dos Conventos e os distribuía. Daí a Família Proença da Fonseca, vinda de Lisboa, dar-lhe o título de Santo Antoninho, Pão dos Pobres!

Após um Tríduo Preparatório, solenizaremos neste dia 13 de Junho de 2019, quinta-feira, em nosso Espaço Ecumênico Cultural de Espiritualidade, a Festa de nosso Padroeiro. São 116 anos evangelizando por uma fé madura! (127º do início de sua construção) Celebramos a Missa com a Bênção dos Pães aos Pobres às 8 horas! O Tríduo neste ano consistiu na visita das Pastorais da Pessoa Idosa e dos Enfermos aos Doentes ou Idosos, que já não podem mais participar de nossas celebrações, para quem somos a Igreja do Ir!

Muitas são as razões de nossa gratidão, por tantas pessoas de boa vontade que nos ajudam a manter nossa Reitoria, cujos nomes colocamos sob a proteção de Santo Antoninho. Elencá-los, tomaria todo o espaço de nosso artigo, mas oferecemos todos no cálice precioso do Senhor, durante a Solene Missa! Sintam-se todos convidados a conhecer nossa modesta, mas acolhedora Igrejinha! Nossa ternura e profunda gratidão os aguardarão na Avenida Saudade, 202, nos Campos Elíseos de Ribeirão Preto, neste dia 13 de junho, às 8 horas ou na Missa Dominical às 9 horas. A presença de cada um enriquecerá nossa simplicidade, já que Partilhamos de nossa Pobreza!


quinta-feira, 6 de junho de 2019

Missa na Santo Antônio Pão dos Pobres


COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SOLENIDADE DE PENTECOSTES



Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
            O Domingo de Pentecostes (no qual desemboca todo o tempo pascal) recorda o Espírito Santo, dom do Pai, Amor de Deus derramado sobre nós, condição de nossa comunhão no Cristo Ressuscitado, fonte da transformação pascal de toda a realidade. Esta festa ativa em cada um de nós a vocação e a capacidade para o encontro, para o amor, para a união, para a doação, como pede a aclamação ao Evangelho: Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”.
            No Pentecostes, o mistério pascal é celebrado como um todo (morte, ressurreição, ascensão, envio do Espírito).
            Neste dia, o mistério pascal atinge a sua plenitude no dom do Espírito derramado em nossos corações. Imbuídos deste mesmo Espírito somos capacitados para o anúncio da Boa Notícia, sem temer perseguições, nem morte.
            Devido à importância da Solenidade de Pentecostes, celebramos sua Vigília. A Palavra de Deus da Vigília de Pentecostes, é uma mensagem que nos ajuda a superar as divisões e nos convida a saciar com a água viva oferecida por Jesus.
            As três grandes e permanentes tentações da humanidade acabam em desastre: a pretensão da subida acaba em queda; a concentração, em dispersão; o nome famoso, em infâmia (Ler Gn 11,1-9). Jesus é a fonte de água viva que sacia a sede da humanidade (Ler Jo 7,37-39). Temos os primeiros frutos do Espírito, que vem em socorro de nossa fraqueza (Ler Rm 8,22-27).
            Na Solenidade de Pentecostes o Espírito do Senhor desceu sobre nós e nos congregou na mesma fé e numa só família. O universo todo se rejubila conosco pela presença do Espírito criador e unificador.
            O Espírito de Deus, recebido no batismo, desafia-nos a falar a linguagem do amor, compreensível a todos, e assumir o compromisso proposto por Jesus.
            A comunidade santificada pelo Espírito fala de modo que todos entendem. A linguagem que todos entendem é a do amor com sabor divino. Quem descobre a capacidade do amor gratuito, nem precisa de palavras: basta amar e todo o resto acontece naturalmente. Isto é, falar a linguagem do amor divino significa esforçar-se por promover, querer bem, perdoar e ser sempre querido e terno nas relações humanas.
            A presença do Espírito, prometido por Jesus, torna a comunidade acolhedora e reconciliadora. Uma comunidade que não dá espaço para a ação do Espírito Santo torna-se estéril, fechada e incapaz de acolher, amar o diferente e muito menos perdoar. A comunidade que acolhe os dons do Espírito do Senhor, não é mera instituição engessada em normas, regimentos, funções e cargos, mas se gasta, consome-se por amar as pessoas com o amor proposto pelo próprio Cristo Senhor.
            Os dons recebidos do Espírito são para a edificação da comunidade. Não poucas vezes tentamos apropriar-nos do Espírito Santo ou considerar-nos plenos de todos os dons. Sabemos que o próprio Espírito Santo sopra onde quer. Nem todos somos portadores de todos os dons do Espírito Santo. Cada um recebe os dons de acordo com as suas qualidades que colocados a serviço da Comunidade, é que a edificam e não sacrificam como muitas vezes acontece. Há frequentemente pessoas nas Comunidades, que se sentem insubstituíveis, ou ainda aquelas que pensam que sem elas a Comunidade não sobreviverá. Uns querem fazer tudo, outros se comprometem muito pouco, o que empobrece a Igreja. Cada um deve saber o que faz melhor e enriquecer a Comunidade, consumindo-se por ela, gratuitamente.

            A ação do Espírito manifesta no mundo a salvação de Deus, destinada a todo ser humano. O Espírito nos fortalece e anima a formar comunidades comprometidas em viver a unidade na diversidade. Ele nos conduz a permanecer em comunhão com o Senhor ressuscitado, deixando-nos envolver pela presença de amor e vida nova.
            O Espírito do Senhor nos liberta de todas as formas de opressões, de pecado, para vivermos fraternalmente como irmãos e irmãs. Como os discípulos, o Espírito nos plenifica da presença de Deus, capacitando-nos para sermos anunciadores da Boa Nova de Jesus. O Espírito age em nós e em toda a criação, que geme em dores de parto (Rm 8,22), aguardando a manifestação plena da salvação.
            As palavras do Papa Emérito Bento XVI nos ajudam a entender a ação perene do Espírito na Igreja e no mundo: “Pudemos assim constatar, com alegria e gratidão, que ela fala em muitas línguas; e isto não só no sentido externo de estarem representadas todas as línguas do mundo, mas também, e mais profundamente, no sentido de que nela estão presentes os mais variados modos de experiência de Deus e do mundo, a riqueza das culturas, e só assim se manifesta a vastidão da existência humana e, a partir dela, a vastidão da Palavra de Deus. Além disso, pudemos constatar também um Pentecostes ainda a caminho; vários povos aguardam ainda que seja anunciada a Palavra de Deus na sua própria língua e cultura” (Exortação apostólica pós-sinodal, Verbum Domini, Brasília: Edições CNBB, 2010, p.12).
            Renascidos pela água e pelo Espírito, nos tornamos comunidade de fé, presença e prolongamento do Cristo ressuscitado na realidade bem concreta, sobretudo lá onde se faz mais necessário, pois assim como em Jesus, o Espírito é derramado sobre nós e nos envia para anunciar a Boa-nova aos pobres; para proclamar a liberdade aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor.
            Que nesta Solenidade de Pentecostes se cumpra em nós esta palavra da Escritura e nos faça missionários sem-fronteiras.
            A Festa de Pentecostes anima a Igreja a experimentar a presença e a ação do Espírito depois da ressurreição de Jesus até os dias presentes. É um (re) viver atual, pois aquilo que aconteceu com Jesus, no início de sua atividade messiânica, repete-se agora através da Igreja, na missão. O Pentecostes está para os Atos dos Apóstolos, como o batismo de Jesus está para os Evangelhos. O batismo de Jesus foi o Pentecostes de Jesus, o Pentecostes foi o batismo de Jesus.
            Com a força do Espírito Santo, buscamos descobrir as convergências necessárias para o anúncio e o testemunho do único Evangelho que é Cristo Senhor, como autênticos missionários e profetas, ungidos pelo Espírito.
            Com esta celebração, culmina a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, sentindo a verdadeira prática de um único Evangelho e um único Pastor.
Que a Solenidade de Pentecostes nos anime a sermos verdadeiros discípulos e missionários de Jesus Cristo, Senhor de nossa vida!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Padre Gilberto Kasper
(Ler At 2,1-11; Sl 103(104); 1Cor 12,3-7.12-13 e Jo 20,19-23.
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Junho de 2019, pp. 51-54 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo Pascal (Junho de 2019), pp. 58-61.