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terça-feira, 24 de abril de 2012

Cristo, nossa Páscoa, ressuscitou!


A PÁSCOA é o maior horizonte da nossa fé. Todo o período quaresmal foi nos introduzindo, paulatinamente, no mistério central da nossa fé – o triunfo da Vida!


Jesus afirmou de si mesmo: “Eu sou a ressurreição e a vida!” (Confira Jo 11,25). A Ressurreição de Jesus de Nazaré está na base do imaginário cristão. Ela faz parte do primeiro anúncio – o querigma - para suscitar a adesão a Jesus, o Cristo e Senhor: a morte foi vencida pela Vida. Os Apóstolos são testemunhas do fato da Ressurreição. E mensageiros desta boa notícia que devem levar até os confins da terra.


São Paulo o diz mui claramente: “Irmãos, não queremos deixar-vos na ignorância a respeito dos mortos, para que não fiqueis tristes como os outros, que não têm esperança. Com efeito, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, cremos também que Deus, por meio de Jesus levará com ele os que adormeceram.” (Confira 1 Tess 4,13-14).


Simbólica e sacramentalmente isso é vivido, com grande intensidade, na Vigília Pascal, quando temos o fogo novo, com o qual é aceso o Círio Pascal. Já as primeiras gerações dos discípulos de Jesus, na noite do Sábado Santo para o “primeiro dia da semana” celebravam a Ressurreição do seu Senhor e Mestre. Por isso, chamamos o primeiro dia da semana de domingo, o Dia do Senhor! A Igreja proclama, desde as suas origens que pela Ressurreição, a humanidade de Jesus resplandece com a glória de Messias e Senhor! (Confira Atos 2,36).


Os Evangelhos nos relatam como Jesus, após a sua transfiguração, ordenou aos discípulos “que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos.” (Confira Mc 9,2-10).


É conhecido o relato da descrença de Tomé que não aceita o testemunho da comunidade sobre a ressurreição de Jesus. O Ressuscitado aparece novamente. E, desta vez, Tomé está presente. O Mestre lhe mostra as suas chagas e convida o discípulo incrédulo a tocá-las. “Creste porque me viste? Felizes os que, sem terem visto, creram!”, diz Jesus ao discípulo. A confissão de Tomé passa a ser a de toda a Igreja: “Meu Senhor e meu Deus!” (Confira Jo 20, 24 a 30).


O encontro com o Ressuscitado transforma o medo em coragem, a descrença em esperança. Um dos relatos mais bonitos sobre a Ressurreição é o que encontramos no episódio de Emaús, no Evangelho de são Lucas. Os dois companheiros não aceitaram o testemunho da comunidade. Mas Jesus vem ao encontro deles. Põe-se a caminhar no meio deles, como se fosse um estranho. Pergunta-lhes a causa de tanta tristeza. Explica-lhes, a partir das Escrituras, como “o Filho do Homem devia ressuscitar no terceiro dia”. E é reconhecido à mesa, ao partir o pão. “Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e os outros discípulos. E estes confirmaram: “ ‘Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!’Então, os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão.”



A refeição em Emaús fez os discípulos recordarem a Ceia Pascal que tiveram com o Mestre, em Jerusalém. (Confira Lucas 24, 13-35). É o que comemoramos em cada Páscoa. É o que celebramos na Ceia do Senhor, a Eucaristia, memorial de sua Páscoa. Na assembléia dominical, a Igreja proclama: “Anunciamos, Senhor a vossa morte e proclamamos a vossa Ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”



Todo o itinerário da vida cristã, desde o nascimento até à morte, é uma contínua participação no mistério pascal de Cristo, a começar do Batismo. Como ensina o Apóstolo: “Acaso ignorais que todos nós, batizados no Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados? Pelo batismo fomos sepultados com ele em sua morte, para que como Cristo foi ressuscitado dos mortos, pela ação gloriosa do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova.” (Confira Rm 6,3-11).


“Creio na ressurreição da carne e na vida eterna”, é o que professamos no Credo Apostólico. A Ressurreição de Cristo é a razão de ser da sua Igreja no mundo.



Dom Joviano de Lima Júnior
Arcebispo de Ribeirão Preto