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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“O que vos digo, digo a todos; vigiai!” (Mc 13,37).


            Com o Primeiro Domingo do Advento iniciamos o Novo Ano Litúrgico, e nossa preparação para o Natal do Senhor! A liturgia nos faz forte apelo à vigilância, para estarmos acordados e atentos, pois o Senhor vem vindo e nos visitará. Abramos mente e coração para acolher a graça e a paz que vêm da parte de Deus.
            Deus se revela nosso Pai e redentor e nos restitui a dignidade perdida. Também nos convida a estar atentos e vigilantes para que, ao visitar-nos, nos encontre preparados. A exemplo de Paulo, louvamos a Deus pela graça que nos concede em Jesus Cristo.
            O povo reconhece estar distante dos caminhos do Senhor e deseja a sua vinda. Fiquemos sempre atentos e preparados, pois Deus quer nos visitar. Todos somos chamados à comunhão plena com Cristo.
                        O início do ano litúrgico nos convoca a exercitar uma das grandes virtudes cristãs: a esperança. Mas embora estejamos no seu começo, a liturgia, qual uma bússula, nos faz olhar para as realidades do fim, como que nos ensinando a direção, apontando a meta e orientando a nossa existência para Deus. Os cristãos são o povo da esperança, a confiança e o otimismo em relação ao reinado de Deus e sua definitiva instauração com a segunda vinda de Jesus tem, para nós, sabor de realização, plenitude e salvação. Jesus, convocando à vigilância, nos alerta para que, por desatenção, não sejamos surpreendidos enquanto dormimos. O sono, imagem da morte e da noite do pecado, conota falta de comunhão com o Senhor, o Vigilante por excelência, que não foi tragado pelo sono da morte.
            Mas realizar coisas, boas ações ou orações, não diz tudo a respeito da vida cristã. Existem tantas pessoas que oram e realizam boas coisas e talvez sejam até melhores do que nós naquilo que fazem... Nossa experiência de fé é pautada na vida em Jesus Cristo. Mais do que esperar Jesus, nós esperamos nele! As boas ações e a oração que fazemos são frutos de uma comunhão com ele, índice de nosso vínculo batismal com o Senhor, antecipação da vida futura que ele nos garante e nos reserva. É por isso que somos povo da esperança, pois o fato de estarmos tão intimamente ligados a ele, não só prolonga a sua ação salvadora no mundo, mas antecipa aquilo que para nós está reservado na vinda do Filho de Deus. Na aurora de um novo dia, como porteiro, nos postamos no limiar desse novo tempo que Jesus inaugurou. Vigiar é esperar com alegria e confiança as realidades futuras que já vivemos, permitindo que chegue ao mundo pela porta do nosso agir e da nossa oração o Desejado das nações.
            Embora os tempos continuem difíceis e desafiadores, quiçá mais complexos, não estão nos faltando a atenção aos crucificados de hoje, às perseguições e injustiças, mas também à vida que insiste e resiste, bem como aos sinais que nos anunciam a chegada do Filho de Deus? O mandato do Senhor continua válido: “o que vos digo, digo a todos: Vigiai!. Entendemos isso a partir da nossa comunhão com ele, sempre perseverantes na oração e no bem que devemos fazer por causa dessa comunhão, sem perder a alegria e a confiança que marcam nossas vidas e a nossa missão.
            Mas como fazemos o exercício da espera? Como a esperança acontece em nós e por quê? A quem aguardamos? Todas essas questões nos ajudam a compreender a comunidade e a nossa própria vida, como existência pautada pela expectativa. A vigilância é a couraça da esperança. Vigia quem espera confiante e alegre, pela vinda do Senhor, quem trabalha pela construção de um mundo melhor, quem exercita o amor pelo próximo, sobretudo o mais desvalido, quem “sintoniza” sua vida na frequência do Evangelho e do Espírito de Deus, quem promove a paz e a justiça e quem não descura da vida de oração e de busca pelo Senhor. Desde a sua origem a Igreja repete a súplica pela vinda dele – Maranatha! – e pelo Reino, na oração do Pai Nosso. A Igreja nasceu suplicando e desejando o Reino porque experimentou e vive da Páscoa de Jesus, penhor das realidades definitivas.
            É preciso dispor-se a ser evangelizado. Quem está em processo de Evangelização se torna evangelizador. O encontro com o Verbo encarnado impulsiona a anunciar a outros a feliz experiência.
            A corresponsabilidade na obra evangelizadora deve suscitar nos batizados a percepção das necessidades na sustentação dessas atividades, levando-os à solidariedade através da contribuição para que a Igreja tenha recursos para evangelizar e manter seus organismos e pastorais nos níveis: paroquial, diocesano e nacional (CNBB e suas subsedes Regionais – 17). A solidariedade de todos contribuirá para que a evangelização possa atingir as regiões mais desprovidas de recursos financeiros, como a Amazônia ou as periferias das grandes cidades.
Sendo o Advento uma especial preparação para a Solenidade do Natal do Senhor, o convite é de alegre vigilância e profunda esperança nele! Um dos exercícios muito proveitosos e práticos para o Advento parece simples, mas não é: Não falar mal de ninguém neste rico tempo! Pode parecer simples, mas trata-se de um exercício muito difícil, embora santificador. Mesmo sabendo ou constatando erros nos outros, guardar para si, no silêncio do coração, em segredo, sem espalhar a ninguém o erro cometido. Tentemos todos os dias, até o Natal, Não falar nadinha de mal sobre ninguém!
O outro exercício está ligado à Coleta para a Evangelização realizada no Terceiro Domingo do Advento GAUDETE, O Domingo Rosa Domingo da Alegria! Neste primeiro domingo receberemos um pequeno envelope a ser devolvido no domingo da Coleta. Que valor colocaremos neste envelope? Eis o segundo exercício do Advento: pensando nos irmãos em dificuldades, dispor-nos a partilharmos da nossa pobreza em favor de uma Evangelização mais eficaz. Portanto, no envelope, deveremos depositar nossos exercícios penitenciais deste rico tempo de vigilância e conversão! Deixar de consumir e o resultado de tal renúncia será o resultado de nossa doação. Não consumir algum refrigerante, guloseimas, outros prazeres somados, deveriam se converter em frutos saborosos de nossa participação consciente nesta Coleta!
            Finalmente, possamos pensar em ser mais presença do que dar presentes neste Natal. E, se quisermos dar algum presente, evitemos a “cultura do consumo”, pensando em quem precisa mais do que nós. Um belo gesto concreto seria tornar-nos, quem sabe, colaboradores do FAC – Fraterno Auxílio Cristão, destinando uma pequena parcela de nossos presentes natalinos aos mais surrados pela vida: nossas Famílias em situação vulnerável do Núcleo Dom Hélder Câmara, nossas crianças, adolescentes e jovens em situação de risco do Núcleo Dom Bosco. Ligue já para o FAC e seja um sócio colaborador, oferecendo seu presente de Natal ao verdadeiro aniversariante estampado no rosto de nossos pobrezinhos assistitos: (16) 3237-0941/3237-0941. Ou então faça-nos uma visita, de segunda a sexta-feira entre 8 e 17 horas: Rua Barão do Amazonas, 881 – Centro de Ribeirão Preto!

Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão o abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 63,16-17.19; 64,2-7; Sl 79(80); 1Cor 1,3-9 e Mc 13,33-37).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Dezembro de 2017, pp. 21-24 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo do Advento (Dezembro de 2017), pp. 7-10.

ADVENTO, MEMORIAL DA ESPERANÇA!

Pe. Gilberto Kasper

Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente e Coordenador da Teologia na Faculdade de Ribeirão Preto da UNIVERSIDADE BRASIL e UNIESP S.A., Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.


Se no último final de semana, Festa de Jesus Cristo, Rei do Universo, iniciamos o ANO NACIONAL DO LAICATO, em torno de nosso Arcebispo Metropolitano, Dom Moacir Silva, numa belíssima Concelebração Eucarística, que testemunha nossa comunhão e unidade com a Igreja do Brasil, no próximo, iniciaremos um novo ANO LITÚRGICO. Reunindo desejos, sonhos e utopias da humanidade por profundas transformações e dias melhores, manifestadas em veementes clamores em nossos dias, iniciamos o tempo do Advento, o memorial da esperança, que alarga nossa vida para acolher o grande mistério da encarnação. Na perspectiva do Natal e Epifania do Senhor, como acontecimentos sempre novos e atuais, vislumbramos vigilantes e esperançosos, a lenta e paciente chegada de seu Reino e sua manifestação em nossa vida e na história. O Senhor nos garante que, nesta espera, não seremos desiludidos.
A coroa do Advento, feita com ramos verdes, fita vermelha, com quatro velas que progressivamente se acendem, com um rito apropriado, nos quatro domingos do Advento, retoma o costume judaico de celebrar a vinda da luz à humanidade dispersa pelos quatro pontos cardeais, expressa nossa prontidão e abertura ao Senhor que vem e quer nos encontrar acordados e com nossas lâmpadas acesas.
A Novena de Natal, preparada carinhosamente pelo nosso Seminário Maria Imaculada, pela Comissão para a Liturgia da Arquidiocese de Ribeirão Preto (CAL) e alguns padres colaboradores, é um instrumento muito importante para ajudar-nos viver, em família e em comunidade, este tempo de piedosa e alegre expectativa, este tempo de preparação para o Natal do Senhor.
Advento é também tempo especial de escuta e atenção à Palavra de Deus. Tempo de nos engravidar da Palavra, gestando em nós e entre nós o Verbo, como Maria, figura que tem especial destaque neste tempo.
Esperança tem muito a ver com perseverança. Perseverar em Deus. Não se trata de esquecer o que vivemos e seguirmos como se nada tivesse acontecido. Podemos viver calejados, com cicatrizes na alma, algumas vezes com momentos de dor, mas nunca perder a Esperança de que dias melhores virão.
A Esperança não nos ilude, mas nos faz caminhar com serenidade, acreditando que novas possibilidades surgirão, como nos fazia ver o Papa Francisco quando ainda era Arcebispo de Buenos Aires: “Caminhar, de certo modo, já é entrar numa Esperança viva. Assim como a verdade, a Esperança é um dom que nos faz seguir adiante e nos convida a acreditar que cada novo dia trará consigo o pão necessário para a nossa subsistência”.
            Como alpinistas da graça divina, precisamos seguir em frente. Do meio das sombras nascerá a luz. Na hora da dor, brotará a verdadeira Esperança.

            Bem por isso, iniciamos o rico tempo em preparação ao Natal do Senhor, a Luz que veio iluminar os corações aquecidos pelo Príncipe da paz, num Advento, O Memorial da Esperança!

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SOLENIDADE DE JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO!


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

“O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder,
a divindade, a sabedoria, a força e a honra.
a ele glória e poder através dos séculos” (Ap 5,12; 1,6).


            Celebramos o último domingo do Tempo Comum com a Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo. O reino de Jesus é reino de justiça, vida e liberdade. Depende de nós aceitar e antecipar a vinda desse reino, constituindo-o pelo nosso empenho pessoal, familiar, comunitário e profissional. Hoje celebramos também o dia do leigo e da leiga.
            A Igreja no Brasil inicia, também, com esta solenidade, o Ano Nacional do Laicato, com o tema ”Cristãos Leigos e Leigas, sujeitos na ‘Igreja em saída’, a serviço do Reino”; e com o lema “Sal da terra e Luz do mundo (Mt 5,13-14). O objetivo é: “Como Igreja, povo de Deus, celebrar a presença e a organização dos cristãos leigos e leigas no Brasil; aprofundar a sua identidade, vocação, espiritualidade e missão; e testemunhar Jesus Cristo e seu Reino na sociedade”.  
            Porque nos ama, Deus cuida de cada um com justiça. Pela ressurreição de Cristo, recebemos vida nova, que precisa ser preservada. Jesus nos deixa alguns critérios para saber se estamos ou não no caminho do reino. “Vinde, benditos de meu Pai! Recebei como herança o reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo!” (Mt 25,34).
            O bom pastor não descansa enquanto há ovelhas a ser resgatadas. O que nos faz sentar ao lado de Cristo, rei do universo, é a caridade praticada em favor do necessitado. Cristo, ressuscitado e rei do universo, é o senhor da história e da humanidade.
            O Ano Litúrgico termina com a festa de Cristo-Rei. E fica a pergunta: quem é esse Cristo-Rei para a comunidade reunida para celebrar o memorial da páscoa? Interessante que a primeira leitura mostra em que consiste a realeza de Deus: ela é serviço à liberdade e à vida das pessoas, sobretudo das que são impedidas de viver. O Evangelho, por sua vez, nos compromete radicalmente com a prática da justiça, traduzida em solidariedade e partilha com todos os necessitados, vendo neles o próprio Cristo e sacramento da salvação. Jesus hoje continua nos desafiando colocando-nos diante dos irmãos menores e mais fracos.
            Paulo, por sua vez, com a ressurreição de Jesus comprova a vitória da justiça. Dentro de nós há uma semente de ressurreição, de justiça, de partilha e solidariedade.
            Jesus fala das obras de misericórdia ensinadas pelo judaísmo: dar de comer aos famintos, dar de beber aos que tem sede, acolher o estrangeiro, vestir os nus, visitar os doentes, acrescentando a visita aos prisioneiros; não menciona, porém, a educação dos órfãos e o sepultamento dos mortos, que também faziam parte das recomendações. Quem não praticou essas obras perdeu a oportunidade de fazer isso ao próprio Jesus presente nos necessitados. Se ele está nos irmãos, ele está no meio de nós em todos os lugares e momentos.          
            O Reino de que Jesus fala é um reino não de poder, mas sim de serviço: “O Filho do homem não veio para ser servido. Ele veio para servir” (Mt 20,28). Esse é o critério do julgamento. Entrar no reino supõe que os discípulos tenham seguido os passos do pastor, do mestre a serviço de todos, especialmente dos mais necessitados.
            Celebrando a realeza de Jesus, ressuscitado pela justiça e misericórdia de Deus, somos julgados pelos pobres mais pequeninos. É possível proclamar a realeza de Cristo enquanto seus irmãos prediletos são excluídos da liberdade e do direito à vida digna? Chamá-lo de Cristo Rei e deixá-lo com fome, com sede, sem casa, nu, doente, aprisionado, sem direito à educação em nosso meio? Entre nós está, e não o conhecemos, entre nós está e nós o desprezamos”.
            É tempo de parada e de avaliação, tendo diante dos olhos Jesus Cristo, Rei do Universo, o Ressuscitado e na nossa frente os irmãos pobres e abandonados, lembrados por Jesus no Evangelho.
            Rezando neste domingo, especialmente pelos Leigos e Leigas,  lembramos que somos chamados pela consagração batismal à missão profética, sacerdotal e régia para transformar o mundo no Reino de Deus.
            Quando nos referimos à festa de Cristo Rei do Universo, certamente como os próprios apóstolos, imaginamos majestade, magnitude, poder, prestígio, honras e tapetes aveludados... Gosto do modo como Deus dribla a humanidade do começo ao fim da História da Salvação, História Amorosa para com a Humanidade! Ele nos surpreende com Sua simplicidade, que até escandaliza alguns. Deus, em Jesus Cristo, Rei do Universo, é muito mais simples do que O complicamos. Espera de cada um de nós, igual humildade, sobretudo em relação aos mais fracos e menos favorecidos por nossa cruel e hipócrita sociedade!
Muitos de nós nos contentamos com as “ovelhas” que nos procuram e obedientemente participam e servem nossas Comunidades. Acomodados às nossas salas de atendimento, celebrações de sacramentos, temos dificuldades de exercer nossa missão profética, sacerdotal e real de sermos, de uma vez por todas uma IGREJA DO IR! Irmos em busca das “periferias existenciais”, como tanto o Papa Francisco insiste. Elas, geralmente, são nossos desafios, nos desinstalam e nos dão trabalho. Mas é lá que encontramos o verdadeiro Rei do Universo, estampado no rosto sofrido e nem poucas vezes no mau cheiro de nossos irmãos, os mais surrados pela nossa Cultura do Descartável.
Com freqüência fazemos acepção às ovelhas gordas, bem como às mais bonitinhas e bem tratadas, chutando as machucadas ou excluindo as que representam ameaça ao nosso próprio prestígio ministerial. Isso, lamentavelmente, acontece entre ministros ordenados e não. Que nossas Comunidades sejam, de verdade, mais acolhedoras e saibam viver a profunda ternura entre o rebanho, a Igreja!

Desejando-lhes abundantes bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Ez 34,11-12.15-17; Sl 22(23); 1Cor 15,20-26.28 e Mt 25,31-46).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Novembro de 2017, pp. 89-93 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Novembro de 2017), pp. 84-88.

Notícia triste para a Igreja de Ribeirão Preto

Nota de Falecimento

Padre Luís Henrique Bugnolo - Paróquia São Francisco de Assis no Castelo Branco Novo


Faleceu hoje às 15h (hora da misericórdia) no último dia 20, segunda-feira. Morreu dormindo aos 59 anos, não resistindo à uma recuperação após uma cirurgia para colocar um stent no coração.

A comunidade está muito triste! Que Deus o receba de braços abertos e conforte a todos. Oremos pela alma deste querido padre.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

TEÓLOGOS CONCLUEM SEU BACHARELADO!

Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente e Coordenador da Teologia na Associação Faculdade de Ribeirão Preto da UNIVERSIDADE BRASIL/ UNIESP S.A., Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

A segunda turma de Teólogos concluiu neste mês de novembro a Integralização/Validação para reconhecerem seus Diplomas de Bacharelado em Teologia através da Faculdade de Ribeirão Preto da UNIVERSIDADE BRASIL/UNIESP S.A. A Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo da UNIVERSIDADE BRASIL/UNIESP S.A. obteve o reconhecimento da Faculdade de Bacharel em Teologia pelo Ministério da Educação em 2014 e desde 2016, a autorização para a Convalidação de Cursos Livres.
A presença dos Teólogos na Faculdade de Ribeirão Preto da UNIVERSIDADE BRASIL enriqueceu nosso magistério e também nosso ministério. Agradecemos todos aqueles que confiaram em nossa missão. São Teólogos, além da Arquidiocese de Ribeirão Preto, vindos das Dioceses de Franca, Jaboticabal, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto, Bauru, Limeira, Ituiutaba, Uberaba e São Paulo. A primeira turma de 34 Padres, Diáconos, Seminaristas, Pastores e Leigos com quem trabalhamos em módulos semipresenciais, já receberam Certificados e Históricos, devendo receber ainda neste ano, o Diploma Reconhecido pelo MEC.
Agradecemos a confiança da Profª Dra. Valéria da Fonseca Castrequini, Diretora da Associação Faculdade de Ribeirão Preto da UNIVERSIDADE BRASIL/UNIESP S.A. juntamente com sua Equipe de Colaboradores, que em tudo nos ajudaram na implantação do Curso de Bacharel em Teologia reconhecido pelo MEC. Ela intermediou a confiança do nosso Diretor Presidente, Dr. Fernando Costa, que sempre nos apoiou e insistiu em valorizar nossa modesta presença na Unidade tanto da Faculdade de Ribeirão Preto, como em demais frentes Acadêmicas e de inúmeros Projetos Sociais.
Não poderíamos deixar de agradecer o zeloso e elegante apoio manifestado, sempre que procurado, de Dom Moacir Silva, Arcebispo Metropolitano de Ribeirão Preto, especialmente pelo reconhecimento dos Estágios e das Atividades Pedagógicas Complementares por ele reconhecidos!
Finalmente agradecemos, profundamente, a todos os Teólogos que acreditaram em nossa insignificante colaboração, a fim de que tenham doravante seus Diplomas de Bacharéis em Teologia reconhecidos pelo MEC.
 Assim cumprimos nossa missão de Convalidação da Teologia aos que nos procuraram, em nós acreditaram e com sua presença enriqueceram nossa missão. Sejam todos conduzidos pelo Espírito Santo, para ainda melhor exercerem seu ministério em favor do Reino de Deus, um reino de justiça, misericórdia e amor!

Oxalá nos encontraremos para uma breve Pós-Graduação, também já possível em nossa Faculdade de Teologia de Ribeirão Preto, cujos projetos se encontram em fase de aprovação junto à Coordenação Geral da UNIVERSIDADE BRASIL em São Paulo.


COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS

TRIGÉSIMO TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM
DIA MUNDIAL DOS POBRES


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Meus pensamentos são de paz e não de aflição,
diz o Senhor. Vós me invocareis,
e hei de escutar-vos, e vos trarei de vosso cativeiro,
de onde estiverdes” (Jr 29,11s.14).

            A Palavra de Deus do Trigésimo-Terceiro Domingo do Tempo Comum, apresenta-nos a Parábola dos Talentos. Atraídos por Jesus, reunimo-nos para celebrar a sua páscoa, pedindo-lhe que nos torne comunidade vigilante e responsável na administração dos dons que Deus nos concede. Participando da alegria do Senhor, queremos ouvir dele:  “Empregado bom e fiel, eu lhe confiarei muito mais”.
            Deus concede às pessoas muitos dons. Sua Palavra nos convida a ser habilidosos e vigilantes para administrar esses dons e fazê-los frutificar para o bem de todos.
            A mulher virtuosa e temente a Deus é bênção para toda a família. A vigilância verdadeira consiste em trabalhar os talentos recebidos para construir o reino de Deus. A vigilância cristã deve ser contínua.
            Neste domingo da 1ª Jornada Mundial dos Pobres, o Papa Francisco nos encoraja a estender as mãos aos pobres e olhar com compromisso a realidade da pobreza que é fruto da injustiça.
            A primeira leitura deste domingo faz o elogio de uma mulher ideal, exemplo de pessoa sábia: sua administração e sabedoria são completas. É a sabedoria em ação; o homem depende dela; tem capacidade para os negócios; ela é o contrário da pessoa preguiçosa, insensata e sem responsabilidade de que o Evangelho nos fala.
            A mulher aqui descrita é a personificação da sabedoria. Sabedoria significa o sentido que damos à vida e a tudo que a partir dela realizamos. O sentido da vida passa a ser a nossa esposa-companheira-ideal, capaz de recriar, colocar sabor àquilo que faz parte do nosso dia-a-dia. Essa mulher é inspiração e fama do marido, na cidade e na comunidade, mãe zelosa dos filhos que somos nós nas labutas diárias. O marido e os filhos são discípulos da sabedoria, aceitam os ensinamentos da Lei, dos Profetas e dos Sapienciais.
            Não devemos dormir, mas permanecer vigilantes e sóbrios. Isso significa vigiar e vigiar é abandonar os ídolos que envolvem a sociedade na noite da injustiça e entrar no coração do Reino que comporta uma prática de serviço no culto ao Deus verdadeiro.
            É preciso estar atento à leitura e compreensão do Evangelho. Quem é o homem que vai fazer uma longa viagem? Quem são os servos? O que significa a entrega dos talentos? Em que consiste a prestação de contas?
            O patrão da parábola é o próprio Deus. Ele nos confiou seus bens, a cada um conforme sua capacidade. A um deu cinco, a outro dois e ao outro um talento.
            A parábola mostra a grandeza e a fragilidade de Deus. Sua grandeza está em nos entregar seus bens. Nada retém para si. Tudo é entregue. Sua fragilidade é confiar em nós, que podemos desperdiçar toda a sua riqueza. Deus arrisca perder confiando em nós. Sua fragilidade ressalta sua grandeza e bondade.
            A Palavra de Deus deste domingo nos convida a viver como filhos da sabedoria, da luz e do dia. Impele-nos a entrar na luta com coragem e responsabilidade para que o Reino de Deus cresça neste mundo. Não desperdicemos os talentos, que são de Deus, a nós entregues em confiança.
            O Senhor nos pergunta pelo sentido que damos para a nossa vida e o que dela fazemos na perspectiva da chegada do Reino de Deus. Essa avaliação acontece no encontro pessoal com ele. Não devemos ter medo dele nem considerá-lo um homem severo, mas que nos confia uma missão e não faz as coisas por nós nem assume as nossas tarefas.
            Somos convidados a rever o compromisso, a missionariedade e o discipulado de nossas Comunidades. Tanto os ministros ordenados, como os agentes de pastoral não tem direito de “enterrar” os talentos que o Senhor lhes confiou. A Religião Católica é uma das mais “liberais” do mundo. Não podemos mais aceitar, à luz do Concílio Ecumênico Vaticano II, da Conferência Episcopal Latino-Americana e Caribenha de Aparecida, da Evangelii Gaudium e Documento 100 da CNBB: Comunidade de Comunidades: Uma Nova Paróquia – A Conversão Pastoral da Paróquia, fiéis que tão somente sejam “cumpridores de preceitos”, sem profundo compromisso pastoral!  Com quanta facilidade nos descompromissamos com nossas Comunidades de Fé, Oração e Amor! Elencamos inúmeras justificativas e responsabilizamos “outros” para nossa ausência na vida eclesial.
            Penso que há dois elementos a serem superados, a fim de fazermos render os talentos que nos são confiados para enriquecer a Igreja do Senhor: sermos menos acomodados e insensíveis, colocando-nos mais a serviço e valorizar os irmãos que receberam talentos, mas são ignorados por irmãos invejosos e carreiristas: aqueles medíocres, que têm medo de serem “ultrapassados” porque preguiçosos, enterram os próprios talentos e tentam desfazer dos talentos dos outros, por pura inveja!
            Não tenho como não repetir a conversão, a coerência e o bom senso de: poder em serviço; de talentos em partilha e de prestígio em humildade!
            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Pr 31,10-13.19-20.30-31; Sl 127(128); 1Ts 5,1-5 e Mt 25,14-30).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Novembro de 2017, pp. 68-72 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Novembro de 2017), pp. 78-83.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - TRIGÉSIMO-SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!


             O tempo nos remete ao entardecer do ano litúrgico de 2017. Isso tudo vai favorecendo a reflexão sobre a expectativa do final dos tempos. Como será e o que vai acontecer? Assim como quando se é convidado para a festa de um casamento, logo se pensa nos detalhes, os presentes, as vestes, os convivas, o cardápio do banquete etc. Mas o Evangelista não está preocupado em satisfazer a curiosidade do protocolo do final dos tempos, mas em como, hoje, viver em atitude de vigilância ativa para não ser surpreendido e ver as portas do banquete se fecharem. A parábola se constitui numa exortação à vigilância face à Segunda vinda do Senhor – o noivo.
            A sabedoria não é algo reservado a alguns iluminados, mas pode ser obtida por quem a ama e a busca com ardor e empenho. Ela não está apenas na escola, na Igreja ou nos livros, mas se deixa encontrar por aqueles que saem à sua procura. Nas ruas e avenidas, pessoas cultas e sem instrução se encontram, e é justamente nesses momentos que ela se revela. Na convivência aprendemos a ser sábios. Qualquer encontro pode tornar-se uma escola de sabedoria.
            O evangelho de São Mateus compara o reino de Deus à parábola das dez jovens – cinco prudentes e cinco insensatas – que aguardam o noivo. Como este acaba atrasando, todas caíram no sono e dormiram. Quando anunciam que o noivo está chegando, nem todas estão com as lamparinas abastecidas para ir-lhe ao encontro. A parábola alerta sobre a necessidade da vigilância. A vinda do noivo (Jesus) no fim dos tempos é imprevista. É preciso que todos os que querem entrar no seu reino e dele participar estejam preparados mediante a prática do amor e da justiça.
            São Paulo à Comunidade de Tessalônica, em sua primeira carta trata da vinda do Senhor, esclarecendo uma dúvida quando vier o Senhor, o que acontecerá com os que já morreram? Paulo tranquiliza a comunidade com os seguintes argumentos: o cristão é pessoa que carrega dentro de si a esperança; se cremos que Cristo ressuscitou, devemos crer que os mortos ressuscitarão e estarão com o Senhor; na vinda do Senhor, vamos nos encontrar todos juntos (tanto os que já morreram como os que ainda vivem).
            A imagem das bodas é muito feliz, à espera do noivo que chega noite adentro, as virgens previdentes (munidas de óleo para suas lamparinas) vigiam e na chegada, lhe fazem cortejo e ingressam na sala preparada para a festa. Enquanto isso, outras cinco se veem impedidas de participar da festa por suas lamparinas estarem desabastecidas de óleo. A questão aqui é a falta do óleo. Mas de que óleo o autor se refere?
            Na Sagrada Escritura, o óleo (azeite) sempre está associado à presença do Espírito Santo, unção, santificação, purificação e outros termos afins. Na falta, não se empresta experiência com o Espírito Santo de Deus (Zc 4; Is 61,1); ou a pessoa tem ou não tem. Para os Padres da Igreja, como Santo Agostinho, “o azeite é símbolo do amor”, que não se pode comprar, mas que se recebe como dom, se conserva no íntimo e se manifesta nas obras. Na vida presente, viver com sabedoria, consiste na prática das obras da justiça e da misericórdia do Reino.
            Como viveremos o alimento da Palavra de Deus proclamada neste Trigésimo-Segundo Domingo do Tempo Comum ao longo da semana?  Como praticamos a justiça e a misericórdia em nossas relações familiares, sociais, políticas e nem por último, eclesiais? Temos nossas lamparinas abastecidas ou vivemos na escuridão da mentira, da hipocrisia, da falsa fraternidade? Quantas vezes, nós nos sentimos juízes (pequenos deuses) sobre os outros? Julgamos, condenamos, excluímos tantas vezes aqueles que não pensam como nós; aqueles que nos parecem inconvenientes; aqueles que não nos elogiam ou bajulam? Penso que a Palavra de Deus nos convida a reabastecermos nossas lamparinas de amor, perdão, misericórdia e acolhida aos que tantas vezes deixamos de lado. Como é perigoso sermos contratestemunhas do verdadeiro amor de Deus entre nós, machucando com cicatrizes muitas vezes doloridas e incorrigíveis o rosto da verdadeira Igreja de Jesus Cristo, adonando-nos dela, ao invés de sermos simplesmente seus servos, mais inúteis do que nossos cargos, funções e prestígios que nos revestem não poucas vezes de soberba, mania de grandeza, carreirismo, luxo com apelido de bom gosto, sem falar na estupidez da inveja!
            Se nossas lamparinas não servirem para iluminar o caminho de nossos irmãos, o azeite que as acendem não é bom. O verdadeiro azeite ou óleo que acende nossas lamparinas nos é concedido desde o nosso Batismo, dia em que nos tornamos responsáveis uns pelos outros, numa Igreja verdadeiramente missionária, ministerial, misericordiosa e amorosa. Isso nos convida mais uma vez a uma profunda e verdadeira conversão pessoal, eclesial, pastoral e social.

            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, meu abraço,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler: Sb 6,12-16; Sl 62(63); 1Ts 4,13-18 e Mt 25,1-13)
Fontes: Liturgia Dária da Paulus de Novembro de 2017, pp. 48-51 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Novembro de 2017), pp. 73-77.

           

           



quarta-feira, 1 de novembro de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS


Queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Alegremo-nos todos no Senhor,
celebrando a festa de Todos os Santos.
Conosco alegram-se os anjos e glorificam o Filho de Deus”.

            Celebrando a Solenidade de Todos os Santos de Deus, comungamos com aqueles que já se encontram na casa do Pai e vivem em plenitude as bem-aventuranças. Nós também somos proclamados felizes, porque formamos a grande família de Deus e procuramos seguir a multidão dos que nos deixaram exemplo de fidelidade e amor.
            A multidão dos fiéis seguidores de Jesus, filhos e filhas amados pelo Pai, reúne-se numa celebração celestial. Ainda em vida são proclamados felizes porque depositaram sua confiança em Deus.
            Todos os que se mantêm fiéis a Cristo serão vitoriosos. As bem-aventuranças são o caminho da santidade proposto por Jesus. Somos filhos e filhas de Deus, pois ele é nosso Pai, e seremos semelhantes a ele.
            A Eucaristia transforma-nos, lenta e progressivamente, em seres capazes de contemplar o Pai unidos a todos os que são salvos.
            A celebração de Todos os Santos é a festa da santidade anônima. Da santidade entendida, em primeiro lugar, como dom de Deus e resposta fiel da criatura humana. Torna-se impossível enumerar todos os santos, tido como sinais da manifestação maravilhosa da ação de Deus. A santidade pode ser comparada a um grande mosaico que reflete a grandeza da única santidade de Deus.
            Cada santo é um exemplar único e exclusivo. Não podemos pensar a santidade como um produto em série. A comemoração de todos os santos nos abre à imprevisibilidade do Espírito Santo.
            A multiplicidade de santos faz deles um modelo perfeito para a vivência dos carismas pessoais e para a diversidade de opções no seguimento de Jesus e no serviço à Igreja e à sociedade.
            Quando veneramos ou falamos de um santo de nossa devoção, somos tentados a contemplá-lo (a) pela ótica perfeccionista. “Ele foi perfeito”, “Um super-humano”. Não! Os santos, antes de tudo, foram pessoas comuns. Eles fizeram sua caminhada de vida seguindo os passos de Jesus. Participaram da realidade do povo santo e pecador. Contudo, eles se destacaram na vivência radical do ideal proposto pelas bem-aventuranças. Foram pessoas que, por seu modo de viver a Boa-Nova, marcaram significativamente a sociedade de seu tempo e se transformaram em referenciais atualizados para a história.
            O convite evangélico à santidade é proposto a todos. Não é uma realidade impossível de alcançar. Tudo depende do vigor com que se vive o ideal das bem-aventuranças na relação com Cristo e nos compromissos inerentes à vida. Eu e você podemos ser santos. Não importa se somos pessoas de muitas qualidades ou não. O que conta é que sejamos pessoas extraordinárias pela vivência do programa de Jesus resumido nas bem-aventuranças.
            Fica mais uma vez entre nós a pergunta crucial: como ser santo? O que significa ser santo? A liturgia vai nos conduzir para mais perto da santidade de Deus.    
Ouve-se frequentemente de bons lábios cristãos algumas frases em relação à santidade, como: “Eu não nasci para ser santo...”. “Não sirvo para ser santo...”. “Não sou santo, logo não tenho culpa...” Gosto de pensar que tais cristãos não compreendem o próprio Batismo. O Batismo torna-nos seres divinizados, ou seja, candidatos à santidade! Não creio que sejam as coisas boas que conseguimos realizar, nem as coisas más que praticamos, por vezes, involuntariamente, que nos conduzem à santidade, porém o esforço empreendido por fazer de tudo para ser bondoso, humilde, servo e anjo para os irmãos, vivendo uma relação de ternura constante. Quem sabe, fazendo uma listinha de esforços diários nos ajude a conquistar a santidade proposta a todos os filhos e filhas de Deus, nascidos do “útero da Igreja, a Pia Batismal!” Já paramos para pensar, com quantos santos convivemos ao longo de nossa vida, mesmo que não reconhecidos, oficialmente, por decretos de beatificações ou canonizações?
            Não deixemos para amanhã, nem mesmo para daqui há pouco: comecemos já nosso esforço por sermos santos, sendo anjos uns dos outros. Só quem é simples e bondoso, sabe o quanto é magnífica a ante-sala da santidade!
                        Desejando-lhes, por intercessão de Todos os Santos, muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Ap 7,2-4.9-14; Sl 23(24); 1 Jo 3,1-3 e Mt 5,1-12).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Novembro de 2017, pp. 30-33 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Novembro de 2017), pp. 66-72.

POR QUE TANTO MEDO DA MORTE?

Pe. Gilberto Kasper

Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente e Coordenador da Teologia na Faculdade de Ribeirão Preto da UNIVERSIDADE BRASIL e UNIESP S.A., Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.

            Se há alguns poucos anos falar de sexo abertamente era tabu, hoje é tabu falar em "morte". Por que tanto medo da morte? A grande certeza que vivemos, é que um dia morreremos, no entanto "morremos de medo de morrer...". Cada vez que a morte passa por perto, ou me encontro diante dela através do exercício de meu ministério, encomendando alguma pessoa falecida, meu questionamento é em relação à vida que levo! A morte é uma excelente oportunidade de melhorar minha qualidade de vida. Geralmente deixamos para depois, as mudanças que talvez tivessem de serem revistas logo. É bom não sabermos o dia e a hora de nossa morte, mas quando vier, e nosso nome ecoar na eternidade, não terá outro jeito, a não ser morrer! Há quem chama a morte de segundo parto. O primeiro acontece quando deixamos o útero materno, que geralmente é aconchegante e delicioso. Talvez por isso a criança, ao nascer chora. O segundo parto, é deixar o "útero da terra". Por mais difícil que seja viver, ninguém quer partir. A morte dói, nos faz chorar e traz vazio com sabor de saudade inexplicável.
Nossa vida poderia ser comparada a uma viagem de ônibus. Quem ainda não andou de ônibus? Quando nascemos, entramos num ônibus, que é a vida terrena. A única certeza que temos é que há um lugar reservado para nós. Uma poltrona. Não sabemos quem serão nossos companheiros de viagem. Apenas sabemos que a poltrona reservada para nós deverá ser ocupada. Às vezes, ocupamos a poltrona do outro, e isso nos traz constrangimentos. Já assisti muitos "barracos" em ônibus cuja mesma poltrona estava reservada para duas pessoas. Não sabemos quem serão nossos pais, irmãos, amigos, parentes, enfim...
Nossa única missão é tornar a viagem a mais agradável possível. Às vezes há pessoas que tornam a viagem insuportável; outras vezes a viagem é agradável!
Há também o bagageiro. Nossas coisas não podem ocupar o lugar dos outros, mas deve caber em nosso próprio bagageiro do ônibus, a vida!
O ônibus, de vez em quando pára na rodoviária. Se a viagem de ônibus é a vida terrena, a rodoviária é a morte. Ninguém gosta da rodoviária: há cheiro de banheiros, de óleo diesel, barulho de ônibus chegando e saindo, ninguém se conhece, muita gente se esbarrando ou até se derrubando. Há sempre uma incerteza, um friozinho na rodoviária que arrepia nossa espinha, que é a morte. Ninguém gosta da rodoviária: todos passam por ela porque precisam, mas não porque gostam. Haverá um momento em que nosso nome será chamado no alto-falante da rodoviária. Então precisaremos descer do ônibus da vida. Se tivermos enviado algum bilhete, uma carta, feito um telefonema ou até mesmo enviado um e-mail para a eternidade, avisando nossa chegada, não precisaremos ter medo, porque Deus estará esperando por nós. O bilhete, a carta, o telefonema, o e-mail são nossa maneira de viver a fé, a esperança e a caridade através de nossa relação conosco, com Deus e com os outros!

Assim Deus estará esperando-nos na rodoviária da morte. Seremos identificados e acolhidos por Ele, de acordo com o que fomos e nunca com o que tivemos. Se Deus não tiver tempo, pedirá ao Seu Filho Jesus para buscar-nos e conduzir-nos à morada eterna. Se de tudo Jesus também não tiver tempo, Nossa Senhora nunca nos deixará perdidos ou esperando na rodoviária da morte. Ela estará lá, de braços abertos, para receber-nos e levar-nos à presença de Deus, colocando-nos em Seu Eterno Colo de Amor. É o que rezamos sempre: "...rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém!"