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quarta-feira, 26 de maio de 2021

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE

 

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!


            
Com a solenidade de Pentecostes, encerrou-se o tempo pascal. Celebramos a Solenidade da Santíssima Trindade, muito recente no calendário da liturgia romana, datada do ano de 1334. Com o Concílio Vaticano II, deixou-se de ser uma celebração temática e recebeu um sentido mais bíblico-celebrativo.

            A sua celebração é contemplação: junta o sentido da Encarnação e da Redenção realizados na história, onde o Deus Vivo é protagonista. Não desenvolve uma teologia sobre a Santíssima Trindade, mas celebra a renovação da aliança com o Pai que nos criou e nos libertou, entregando-nos o dom da vida plena em Jesus Cristo, seu Filho amado, o Verbo encarnado que, por sua vez, nos confiou, com sua morte e ressurreição, o dom de seu Espírito.

            Gosto de mergulhar no mistério da Santíssima Trindade, pensando num Amante – o Pai, num Amado – o Filho e no Amor com o qual o Filho é amado – o Espírito Santo!

            Somos chamados, na ação litúrgica, a renovar o compromisso batismal. Fomos batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Mergulhamos na dinâmica do amor trinitário. A nossa vocação é sermos comunidade, ícone da Santíssima Trindade, sinais de comunhão, de ajuda mútua, de partilha, de solidariedade, num mundo dividido, individualista, ganancioso, desesperançado e violento.

            E, tantas vezes, tentados a fabricar deuses, facilmente nos submetemos a seus caprichos e seduções. Aceitamos ídolos que nos são impostos e que favorecem a uns poucos e geram a morte de muitos. Em consequência, amargamos a exploração, a opressão e a violência.

            O Deus verdadeiro é Javé. O Deus que liberta para que todos tenham vida. Ele é nosso parceiro e libertador. Um Deus que é comunidade. Que mora na comunidade. Que ensina a viver em comunidade e que nos salva em e com a comunidade.

            A Igreja sempre celebra a Páscoa do Senhor, o Salvador, e por Ele dá graças ao Pai, o Criador, no Espírito de amor, o Santificador. Toda celebração é trinitária. A liturgia é a celebração da Páscoa e, pela nossa participação, mergulhamos no mistério inefável da Trindade, fonte e meta do peregrinar da humanidade.

            Acreditamos que a Santíssima Trindade é a melhor comunidade. Pelo Batismo, somos mergulhados no mistério do seu amor (o útero da Igreja), e nos tornamos participantes da vida trinitária. E Deus, nosso Pai, nos dá o Reino de herança, adotando-nos como filhos e filhas. Ele elimina, pelo Espírito de Jesus, o medo que nos escraviza e aprisiona. Esse Deus se revela na prática das comunidades, que vão refazendo os gestos de Jesus até que o mundo seja transformado e tudo se torne posse da Trindade.

            O Batismo, feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, significa: consagração, ser marcado pela Trindade a serviço da justiça, dedicação total e entrega a tudo o que Jesus ensinou.

            Deus é nosso Pai. Nossa relação com Ele exprime o que há de mais íntimo e carinhoso. Podemos, pelo Espírito, chamá-lo “Abbá, meu Pai, exatamente como Jesus o fez (cf. Mc 14,36). Na condição de filhos e filhas, recebemos a herança do Pai, que nada reserva para si. Senhor e dono absoluto de todas as coisas, tudo nos dá. A síntese da herança é o Reino de Deus.

            Somos convocados a ser sinal do carinho do Pai, a cuidar da obra que Ele criou, a defender as pessoas, filhos e filhas de Deus, trabalhar para a vida ficar do jeito que Deus Pai sempre quis.

            O grande convite da Solenidade da Santíssima Trindade, celebrada no Nono Domingo Litúrgico do Tempo Comum, é adotarmos uma verdadeira Teologia da Ternura. Saibamos herdar da Comunidade Perfeita do Pai, do Filho e do Espírito Santo, a sermos protagonistas do amor gratuito, da verdade, da justiça, da liberdade e da paz, sendo uns para com os outros, Anjos revestidos de pura ternura!

            Sejam sempre muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço,

Padre Gilberto Kasper

(Ler Dt 4,32-34.39-40; Sl 32(33); Rm 8,14-17 e Mt 28,16-20)

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Maio de 2021, pp. 110-116 e Roteiros Homiléticos para o Tempo Comum I da CNBB (Maio 2021), pp.7-11.

ELE QUERIA VER DEUS!

 

Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

Conta uma estória de que havia um rei que já tivera tudo o que desejava na vida. Já em anos avançados, manifestou o maior e mais importante desejo: ele queria ver Deus! Chamou à sua presença um grupo de três doutores: um cientista, um teólogo e um filósofo. Explicou-lhes que queria ver Deus e, que este era o seu mais importante desejo, daí o deixara para realizar mais para o final de sua vida, de seu reinado. Deu prazo ao grupo especializado, de três dias. Neste curto espaço de tempo, eles teriam que descobrir um modo de mostrar Deus ao rei. Do contrário, seriam castigados severamente.

O grupo começou a trabalhar, cada um em seu campo específico, numa tentativa de mostrar Deus ao rei. Foram três dias de intensa aflição e angústia.

Passado o tempo, os três homens se dirigiram ao rei. Este lhes perguntou: Então, encontraram um jeito de mostrar-me Deus, ou não? Em coro o grupo respondeu: Oh não! Vossa Majestade nos pede o impossível. Antes mesmo que o rei determinasse o castigo aos especialistas, apresenta-se diante dele um simples pastor, que acompanhara os rumores que o desejo do rei causara naquele lugar. O rei com muita desconfiança permitiu que o pastor lhe dissesse: Ouvi que Vossa Majestade quer ver Deus e, pensei em vir correndo na tentativa de ajudar a estes senhores, caso eles encontrassem alguma dificuldade.

O rei com ar de graça disse ao pastor: Ora você! Se eles, que são especialistas no assunto, não puderam mostrar-me Deus, o que você saberá sobre isso?

O pastor insistiu e o rei permitiu, porém com reservas e ameaças, caso o fizesse de bobo. Assim o pastor conduziu o rei a uma linda planície, cujo horizonte se avistava de modo magnífico. O sol brilhava com soberania. Estando os dois ali, o pastor pediu que o rei olhasse bem em direção do sol, sem piscar. O rei obedeceu, mas reagiu furioso em segundos, reclamando que olhar para o sol sem piscar o levaria à cegueira. O pastor com serenidade disse ao rei: Vossa Majestade não consegue olhar para o sol nem por um segundo; como é que quer ver Deus, que é o autor do sol, que brilha muito mais forte do que o sol e é muito maior do que tudo que se pode ver e tudo que não podemos ver?

O rei confuso, não se deu por satisfeito. Começou a fazer perguntas: Você me diz que Deus brilha tanto, a ponto de ser impossível vê-lo. Diga-me então o que vem antes de Deus? O pastor pediu ao rei que contasse os números. O rei começou a contar de um em diante. O pastor o interrompeu dizendo que contasse os números antes de um. O rei respondeu que antes de um não havia números. O pastor retrucou afirmando que também antes de Deus não há nada, que é impossível saber algo antes de Deus, porque Ele é o começo de tudo.

O rei ainda não se dando por satisfeito perguntou ao pastor, o que Deus faz? Deus, respondeu o pastor, faz isso: Troquemos as nossas roupas; Vossa Majestade me dá o que veste e eu darei o que visto. Assim fizeram. O rei um tanto irritado perguntou: Onde está Deus, para que eu o veja? O pastor respondeu: Exatamente o que nós fizemos é o que Deus faz. Ele se veste com os simples e desce até eles; dá seu trono aos pobres e fica entre eles; permite que os pequenos se assentem em seu trono (como eu sento agora) e Ele permanece um dos pequenos, como Vossa Majestade está dentro de minhas vestes. Deus se revela assim: pobre e pequeno, como todos os pobres e pequenos que Vossa Majestade encontrar em sua vida!

O rei ajoelhou-se e exclamou: Agora sim eu vi Deus! Eu conheço Deus agora e o vejo! Eis que meu desejo se realizou: encontrei e vejo Deus agora! Ele queria ver Deus e o pastor satisfez seu último e grande desejo!



quarta-feira, 19 de maio de 2021

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SOLENIDADE DE PENTECOSTES

 


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

“O amor de Deus foi derramado em nossos corações

pelo seu Espírito que habita em nós, aleluia!” (Rm 5,5; 10,11).

 

            O Domingo de Pentecostes (no qual desemboca todo o tempo pascal) recorda o Espírito Santo, dom do Pai, Amor de Deus derramado sobre nós, condição de nossa comunhão no Cristo Ressuscitado, fonte da transformação pascal de toda a realidade. Esta festa ativa em cada um de nós a vocação e a capacidade para o encontro, para o amor, para a união, para a doação, como pede a aclamação ao Evangelho: Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”.

            No Pentecostes, o mistério pascal é celebrado como um todo (morte, ressurreição, ascensão, envio do Espírito).

            Neste dia, o mistério pascal atinge a sua plenitude no dom do Espírito derramado em nossos corações. Imbuídos deste mesmo Espírito somos capacitados para o anúncio da Boa Notícia, sem temer perseguições, nem morte.

            Devido à importância da Solenidade de Pentecostes, celebramos sua Vigília. A Palavra de Deus da Vigília de Pentecostes é uma mensagem que nos ajuda a superar as divisões e nos convida a saciar com a água viva oferecida por Jesus.

            As três grandes e permanentes tentações da humanidade acabam em desastre: a pretensão da subida acaba em queda; a concentração, em dispersão; o nome famoso, em infâmia (Ler Gn 11,1-9). Jesus é a fonte de água viva que sacia a sede da humanidade (Ler Jo 7,37-39). Temos os primeiros frutos do Espírito, que vem em socorro de nossa fraqueza (Ler Rm 8,22-27).

            Na Solenidade de Pentecostes o Espírito do Senhor desceu sobre nós e nos congregou na mesma fé e numa só família. O universo todo se rejubila conosco pela presença do Espírito criador e unificador.

            O Espírito de Deus, recebido no batismo, desafia-nos a falar a linguagem do amor, compreensível a todos, e assumir o compromisso proposto por Jesus.

            A comunidade santificada pelo Espírito fala de modo que todos entendem. A linguagem que todos entendem é a do amor com sabor divino. Quem descobre a capacidade do amor gratuito, nem precisa de palavras: basta amar e todo o resto acontece naturalmente. Isto é, falar a linguagem do amor divino significa esforçar-se por promover, quer bem, perdoar e ser sempre querido e terno nas relações humanas.

            A presença do Espírito, prometido por Jesus, torna a comunidade acolhedora e reconciliadora. Uma comunidade que não dá espaço para a ação do Espírito Santo torna-se estéril, fechada e incapaz de acolher, amar o diferente e muito menos perdoar. A comunidade que acolhe os dons do Espírito do Senhor, não é mera instituição engessada em normas, regimentos, funções e cargos, mas se gasta, consome-se por amar as pessoas com o amor proposto pelo próprio Cristo Senhor.

            Os dons recebidos do Espírito são para a edificação da comunidade. Não poucas vezes tentamos apropriar-nos do Espírito Santo ou considerar-nos plenos de todos os dons. Sabemos que o próprio Espírito Santo sopra onde quer. Nem todos somos portadores de todos os dons do Espírito Santo. Cada um recebe os dons de acordo com as suas qualidades que colocados a serviço da Comunidade, é que a edificam e não sacrificam como muitas vezes acontece. Há frequentemente pessoas nas Comunidades, que se sentem insubstituíveis, ou ainda aquelas que pensam que sem elas a Comunidade não sobreviverá. Uns querem fazer tudo, outros se comprometem muito pouco, o que empobrece a Igreja. Cada um deve saber o que faz melhor e enriquecer a Comunidade, consumindo-se por ela, gratuitamente.

A ação do Espírito manifesta no mundo a salvação de Deus, destinada a todo ser humano. O Espírito nos fortalece e anima a formar comunidades comprometidas em viver a unidade na diversidade. Ele nos conduz a permanecer em comunhão com o Senhor ressuscitado, deixando-nos envolver pela presença de amor e vida nova.

            O Espírito do Senhor nos liberta de todas as formas de opressões, de pecado, para vivermos fraternalmente como irmãos e irmãs. Como os discípulos, o Espírito nos plenifica da presença de Deus, capacitando-nos para sermos anunciadores da Boa Nova de Jesus. O Espírito age em nós e em toda a criação, que geme em dores de parto (Rm 8,22), aguardando a manifestação plena da salvação.

            As palavras do Papa Emérito Bento XVI nos ajudam a entender a ação perene do Espírito na Igreja e no mundo: “Pudemos assim constatar, com alegria e gratidão, que ela fala em muitas línguas; e isto não só no sentido externo de estarem representadas todas as línguas do mundo, mas também, e mais profundamente, no sentido de que nela estão presentes os mais variados modos de experiência de Deus e do mundo, a riqueza das culturas, e só assim se manifesta a vastidão da existência humana e, a partir dela, a vastidão da Palavra de Deus. Além disso, pudemos constatar também um Pentecostes ainda a caminho; vários povos aguardam ainda que seja anunciada a Palavra de Deus na sua própria língua e cultura” (Exortação apostólica pós-sinodal, Verbum Domini, Brasília: Edições CNBB, 2010, p.12).

            Renascidos pela água e pelo Espírito, nos tornamos comunidade de fé, presença e prolongamento do Cristo ressuscitado na realidade bem concreta, sobretudo lá onde se faz mais necessário, pois assim como em Jesus, o Espírito é derramado sobre nós e nos envia para anunciar a Boa-nova aos pobres; para proclamar a liberdade aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor.

            Que nesta Solenidade de Pentecostes se cumpra em nós esta palavra de Escritura e nos faça missionários sem-fronteiras.

            A Festa de Pentecostes anima a Igreja a experimentar a presença e a ação do Espírito depois da ressurreição de Jesus até os dias presentes. É um (re) viver atual, pois aquilo que aconteceu com Jesus, no início de sua atividade messiânica, repete-se agora através da Igreja, na missão. O Pentecostes está para os Atos dos Apóstolos, como o batismo de Jesus está para os Evangelhos. O batismo de Jesus foi o Pentecostes de Jesus, o Pentecostes foi o batismo de Jesus.

            Com a força do Espírito Santo, buscamos descobrir as convergências necessárias para o anúncio e o testemunho do único Evangelho que é Cristo Senhor, como autênticos missionários e profetas, ungidos pelo Espírito.

            Com esta celebração, culmina a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, sentindo a verdadeira prática de um único Evangelho e um único Pastor.

Que a Solenidade de Pentecostes nos anime a sermos verdadeiros discípulos e missionários de Jesus Cristo, Senhor de nossa vida!

            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Padre Gilberto Kasper

(Ler At 2,1-11; Sl 103(104); 1Cor 12,3-7.12-13 e Jo 20,19-23).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Maio de 2021, pp. 85-94 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo da Páscoa – Maio de 2021, pp. 75-80.

quarta-feira, 12 de maio de 2021

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR

 

Dia Mundial das Comunicações Sociais

  


 

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

 

 

"Homens da Galileia, porque estais admirados,

olhando para o céu?

Este Jesus há de voltar do mesmo modo

que o vistes subir, aleluia!"(At 1,11).

 

 

Em comunhão com todos os cristãos, celebramos a Ascensão de Jesus, plenitude da Páscoa, que atualizamos na Eucaristia. A Igreja comemora neste domingo da Ascensão do Senhor, o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, com o tema: “Vem e verás. Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são” (Papa Francisco). Em sua mensagem para este dia o Papa Francisco retoma ensinamentos muito simples e práticos que tratam das mudanças culturais e a família. Ao longo da semana, preparamo-nos para a Solenidade de Pentecostes, rezando pela Unidade dos Cristãos, começando por cada um de nós em sua Comunidade de Fé!

 

Jesus despede-se dos seus; antes, porém, conclama-os para que dêem continuidade à missão por ele iniciada e derrama sobre eles a bênção, sinal de sua presença contínua.

 

Jesus, ao despedir-se, deixa aos discípulos a tarefa de continuar a missão que ele iniciou. A Ascensão revela nova presença de Jesus, em sinais visíveis de transformação e libertação. Elevado ao céu, Cristo é a cabeça da Igreja e o Senhor da humanidade.

 

"Ide ao mundo, ensinai aos povos todos;

convosco estarei, todos os dias, até o fim dos tempos,

diz Jesus" (Mt 28,19s).

 

As palavras de Jesus e sua presença viva, que estará sempre em nosso meio, nos colocam a caminho e nos incentivam a sermos fieis à missão. Elas nos impelem a sair de nós mesmos para abrir-nos a um novo horizonte, que possibilita a todos os seres humanos a alegria de sentirem-se filhos de Deus e irmãos entre si.

 

O Ressuscitado nos confia o anúncio da Boa Nova da salvação, libertando-nos da estagnação para nos empenhar na promoção da vida. Toda a comunidade recebe a ordem de fazer discípulos, batizando-os e ensinando-os a observar os ensinamentos deixados por Jesus. Da comunhão de amor, pelo batismo, deve surgir uma humanidade nova, alicerçada na filiação divina e na fraternidade.

 

“Uma vez que todo o Povo de Deus é um povo enviado, a missão de anunciar a Palavra de Deus é dever de todos os discípulos de Jesus Cristo, em consequência do seu batismo. Nenhuma pessoa que crê em Cristo pode sentir-se alheia a esta responsabilidade que deriva do fato de ela pertencer sacramentalmente ao Corpo de Cristo. Esta consciência deve ser despertada em cada família, paróquia, comunidade, associação e movimento eclesial. Portanto, toda a Igreja, enquanto mistério de comunhão, é missionária, e cada um no seu próprio estado de vida, é chamado a dar uma contribuição incisiva para o anúncio cristão” (Exortação apostólica pós-sinodal, Verbum Domini, Brasília: Edições CNBB, 2010, p. 125).

 

Nesta semana de oração pela unidade das Igrejas cristãs, invoquemos o Espírito de Deus para que habite em nós e seja nosso sustento na missão que recebemos do próprio Ressuscitado.

 

"Eis que estou convosco todos os dias,

até o fim dos tempos, aleluia!"(Mt 28,20).

 

Sintamo-nos cada vez mais missionários por todos os lugares, junto a todos com quem convivemos o hodierno de nossa vida cristã. Não tenhamos vergonha e nem guardemos nosso amor a Jesus Cristo somente para nós. Anunciemo-lo com a vida e, de acordo com São Francisco de Assis, se necessário, usemos também, da Palavra! Nosso testemunho é fundamental. O ditado popular: "Religião não se discute..." se desatualiza diante da conclamação à nossa missionariedade e discipulado em todos os ambientes!

 

Rezaremos, especialmente pelos Comunicadores também em nossas Celebrações deste Domingo, a quem somos profundamente agradecidos por divulgarem nossa modesta colaboração na Evangelização Virtual. Sejam todos sempre muito abençoados:

 

 

Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

 

Padre Gilberto Kasper

 

(Ler At 1,1-11; Sl 46(47); Ef 1,17-23 e Mc 16,15-20)

 

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Maio de 2021, pp. 57-63 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo da Páscoa - Maio de 2021, pp. 67-74.

quarta-feira, 5 de maio de 2021

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SEXTO DOMINGO DO TEMPO PASCAL - DIAS DAS MÃES

 

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!


 

            O Sexto Domingo do Tempo Pascal tem um sabor de despedida, mas também de grande esperança a partir do convite que o Senhor Ressuscitado nos faz: amar-nos como Ele nos ama!

            Jesus se apresenta neste domingo como o amigo que nos ama até a doação da própria vida. Agindo assim conosco, ele nos convida a amar-nos uns aos outros com amor igual ao seu. Unimos a este domingo também a vida das Mães, que encontram em Maria modelo de oblação, de presença silenciosa e amorosa na vida da Família.

            Deus revela seu amor a todos; derrama seu Espírito sobre a comunidade, ajudando-a a superar os preconceitos e produzir abundantes frutos de amor e de vida no meio do mundo.

            A Igreja, guiada pelo Espírito Santo, é convidada a ir a todas as culturas e realidades. Quem ama consegue chegar a Deus, pois ele é amor. Gastar a vida em favor de alguém é o maior gesto de amor que uma pessoa pode realizar.

            Em nossas celebrações e corações deste domingo, Dia das Mães, queremos apresentá-las a Deus: as que estarão presentes e por perto e as que estão longe e também as que já se encontram no colo de Deus, acariciadas por Nossa Senhora, a Mãe das Mães! Todas possam desfrutar a alegria da salvação pela vida que geraram e por seu amor incondicional.



            Aproximamo-nos da despedida visível de Jesus entre os seus, para entrarmos num período de presença sensível do Ressuscitado entre nós até os dias de hoje. Só quem ama o amor com sabor divino consegue fazer esta experiência de sentir Jesus presente em sua vida, na vida do outro, mesmo tão diferente de nós, bem como nos Sacramentos, Sinais que viabilizam o cheiro da presença de Jesus Ressuscitado em Sua Igreja e em cada um que n’Ele se acendeu na Vigília Pascal! Paira um pressentimento que cada despedida traz consigo, no coração dos que viam Jesus Ressuscitado em Seu corpo glorioso. Parece que está por vir um “vazio e sensação de saudade profunda”. Mas Ele vai preparando-os para que sejam sinais concretos de Sua presença entre nós, e lhes confere a Missão do Querigma, isto é, anunciar até os confins da terra a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo!

            Dóceis aos apelos de nossos Bispos se nos é renovado o convite a sermos as testemunhas e os discípulos do Mestre renovando num mundo onde a Cultura da Morte tenta sobressair-se, a Cultura da Esperança e da Vida!

            Parece-me oportuno lembrar a pequena estória que alguns já conhecem certamente: QUANTO CUSTA O SEU MILAGRE?

 

                        QUANTO CUSTA O SEU MILAGRE?

 Uma garotinha foi para o quarto e pegou um vidro de geléia que estava escondido no armário e derramou todas as moedas no chão.

Contou uma por uma, com muito cuidado, três vezes. O total precisava estar exatamente correto. Não havia chance para erros.

Colocando as moedas de volta no vidro e tampando-o bem, saiu pela porta dos fundos em direção à farmácia Rexall, cuja placa acima da porta tinha o rosto de um índio.

Esperou com paciência o farmacêutico lhe dirigir a palavra, mas ele estava ocupado demais. A garotinha ficou arrastando os pés para chamar atenção, mas nada. Pigarreou, fazendo o som mais enojante possível, mas não adiantou nada. Por fim tirou uma moeda de 25 centavos do frasco e bateu com ela no vidro do balcão. E funcionou!

- O que você quer? - perguntou o farmacêutico irritado. - Estou conversando com o meu irmão de Chicago que não vejo há anos -, explicou ele sem esperar uma resposta.

- Bem, eu queria falar com o senhor sobre o meu irmão -, respondeu Tess no mesmo tom irritado. - Ele está muito, muito doente mesmo, e eu quero comprar um milagre.

- Desculpe, não entendi. - disse o farmacêutico.

- O nome dele é Andrew. Tem um caroço muito ruim crescendo dentro da cabeça dele e o meu pai diz que ele precisa de um milagre. Então eu queria saber quanto custa um milagre.

- Garotinha, aqui nós não vendemos milagres. Sinto muito, mas não posso ajudá-la. - explicou o farmacêutico num tom mais compreensivo.

- Eu tenho dinheiro. Se não for suficiente vou buscar o resto. O senhor só precisa me dizer quanto custa.

O irmão do farmacêutico, um senhor bem aparentado, abaixou-se um pouco para perguntar à menininha de que tipo de milagre o irmão dela precisava.

- Não sei. Só sei que ele está muito doente e a minha mãe disse que ele precisa de uma operação, mas o meu pai não tem condições de pagar, então eu queria usar o meu dinheiro.

- Quanto você tem? - perguntou o senhor da cidade grande.

- Um dólar e onze cêntimos -, respondeu a garotinha bem baixinho. - E não tenho mais nada. Mas posso arranjar mais se for preciso.

- Mas que coincidência! - disse o homem sorrindo. - Um dólar e onze cêntimos! O preço exato de um milagre para irmãozinhos!

Pegando o dinheiro com uma das mãos e segurando com a outra a mão da menininha, ele disse:

- Mostre-me onde você mora, porque quero ver o seu irmão e conhecer os seus pais. Vamos ver se tenho o tipo de milagre que você precisa...

Aquele senhor elegante era o Dr. Carlton Armstrong, um neurocirurgião. A cirurgia foi feita sem ônus para a família, e depois de pouco tempo Andrew teve alta e voltou para casa.

Os pais estavam conversando alegremente sobre todos os acontecimentos que os levaram àquele ponto, quando a mãe disse em voz baixa:

- Aquela operação foi um milagre. Quanto será que custaria?

A garotinha sorriu, pois sabia exatamente o preço: um dólar e onze cêntimos! - Mais a fé de uma criancinha.

Em nossas vidas, nunca sabemos quantos milagres precisaremos.

Um milagre não é o adiamento de uma lei natural, mas a operação de uma lei superior. Sei que você vai passar esta bola pra frente!”

 

O PREÇO DO SEU MILAGRE É A SUA FÉ!

 



            Quantos milagres de Amor poderemos intermediar entre nossos irmãos, especialmente os menos favorecidos!?! Gosto sempre de repetir que Justiça e Misericórdia somam Amor com sabor divino! Procuremos zelar por nossas relações: não cometamos injustiças nem por acepção e muito menos por discriminação de pessoas! Somos todos iguais em dignidade diante do Criador! Ninguém é melhor do que ninguém! Mas podemos ser melhor uns para com os outros, SEMPRE!

            Desejando-lhes muitas bênçãos, unidos, especialmente com as Comunidades colocadas sob o patrocínio de Nossa Senhora de Fátima, com ternura e gratidão o abraço amigo,



Padre Gilberto Kasper

(Ler At 10,25-26.34-35.44-48; Sl 97(98); 1 Jo 4,7-10 e Jo 15,9-17)

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Maio de 2021, pp. 38-42 e Roteiros Homiléticos  da CNBB para o Tempo da Páscoa – Maio de 2021, pp. 61-66.