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quarta-feira, 27 de março de 2024

AS CELEBRAÇÕES DO TRÍDUO PASCAL!

 AS CELEBRAÇÕES DO TRÍDUO PASCAL!


Os três dias, que vão da tarde da quinta feira à tarde do domingo (Calendário Romano 19) constituem o tríduo “da morte, da sepultura e da ressurreição” do Senhor. Na origem, a sexta e o sábado foram caracterizados pelo jejum, o domingo pela alegria, sem que houvesse qualquer celebração a não ser a vigília. Desse ponto de vista, não se pode dizer que o tríduo seja uma extensão da vigília. Ele constitui uma realidade essencial e pressuposta para que a noite pascal se revista plenamente de seu sentido: com efeito, ela é a passagem do jejum à festa, como foi, para o Cristo, a passagem da morte à vida.

A celebração da quinta-feira santa encontra seu ápice na Instituição da Eucaristia. É, também, o dia da instituição do sacerdócio. “Fazei isto em memória de mim”!

A celebração não eucarística da sexta feira santa (Palavra, Oração Universal, Veneração da Cruz e Comunhão) tem por fim introduzir mais profundamente no mistério pascal e preparar a comunidade para a Vigília Pascal.

 No centro, acha-se a Vigília Pascal, que celebra toda a história da salvação, culminando na morte e ressurreição do Cristo. Ela comporta uma Celebração com o Rito da Bênção do Fogo Novo, a Preparação do Círio Pascal, a Proclamação da Páscoa, a Liturgia da Palavra e Batismal (com a renovação das Promessas Batismais) e a Liturgia Eucarística. É “a mãe de todas as Vigílias e Celebrações”!

 Na quinta feira santa, às 9 horas, na Catedral Metropolitana de São Sebastião, concelebraremos a Missa da Unidade com a Bênção dos Santos Óleos, presidida por nosso Arcebispo Metropolitano, Dom Moacir Silva. É também nesta ocasião que os Presbíteros renovam diante do Arcebispo e do Povo de Deus reunido, suas promessas sacerdotais. 

 As Celebrações do Tríduo Pascal serão celebradas na Igreja Matriz da Paróquia Santa Tereza de Ávila no Jardim Recreio de Ribeirão Preto. Na Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres, celebraremos apenas as Missas Dominicais às 9 horas. Enquanto nosso Templo continuar naquele cenário deprimente, fica difícil celebrarmos à noite. As pessoas não se sentem seguras de irem à Santo Antoninho ao anoitecer. É lamentável, mas esta continua sendo nossa atual realidade, embora após à Celebração da Páscoa, iniciaremos as obras de reforço estrutural das colunas internas de nossa amada Santo Antoninho, já autorizadas pelo atual Conselho do CONPPAC, a quem somos agradecidos!

Iniciando na quinta feira santa às 18 horas, celebraremos as Instituições dos Sacramentos da Eucaristia, da Ordem e da Humildade (o Lava-Pés) e a Vigília Eucarística após à Missa. A celebração da Paixão e Morte do Senhor será na sexta feira santa (Dia de Jejum e Abstinência, bem como Coleta para os Lugares Santos) na parte da tarde às 15 horas. A Vigília Pascal no sábado santo será à noite às 18 horas. No domingo da Ressurreição do Senhor, celebraremos a Missa Solene às 9 horas na Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres nos Campos Elíseos e às 18 horas na Igreja Matriz da Paróquia Santa Tereza de Ávila no Jardim Recreio. Sejamos próximos uns dos outros na oração, abraçando-nos espiritualmente. Celebremos o Tríduo Pascal com novas esperanças, perspectivas e sentido de vida cristã! Aproveitemos essa pós-graduação do abraço fraternal! Abençoada, Feliz e Santa Páscoa!


Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

quarta-feira, 20 de março de 2024

COLETA DA SOLIDARIEDADE!

 COLETA DA SOLIDARIEDADE!


A Abertura da Semana Santa acontecerá no próximo domingo, dia 24 de março, quando em nossas Comunidades teremos a Celebração Eucarística com a tradicional Bênção e Procissão dos Ramos. É o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor!


Com o Domingo de Ramos, descortina-se a Semana Santa em que a Igreja celebra os mistérios da salvação levados a cumprimento por Cristo nos últimos dias da sua vida, a começar pela entrada messiânica em Jerusalém.

Os ramos abençoados lembram que estamos unidos a Cristo na mesma doação pela salvação do mundo, na labuta árdua contra tudo o que destrói a vida. Neste ano somos convidados a seguir as orientações da Campanha da Fraternidade, refletindo a situação da fome em nosso país, dialogando sem radicalismos e polarizações: Fraternidade e Amizade Social “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Cuidemos uns dos outros!

Se durante a Quaresma fizemos o propósito de “não falar mal de ninguém”, o Domingo de Ramos que abre a grande Semana Santa nos convida ao balanço: conseguimos não falar mal de ninguém ao longo deste grande deserto em preparação à festa da Páscoa? Os pregos de hoje, que crucificam Jesus na pessoa do próximo é, frequentemente a língua ferina, que mente, calunia, difama, destrói a oportunidade de o outro crescer. Muitas vezes por pura inveja. Quantas vezes não suportamos que o outro seja melhor!

Será também o domingo da prestação de contas de todos os nossos exercícios quaresmais de oração com melhor qualidade, de jejum consciente, pensando naqueles que não têm o que comer todos os dias e, finalmente a profunda, sincera e generosa caridade! Sejamos honestos e devolvamos, no espírito da Coleta da Solidariedade os frutos saborosos colhidos em benefício dos que tem menos do que nós. A entrega de nossa partilha deverá ser o que na verdade deixamos de consumir na Quaresma, neste tempo tão rico de conversão, perdão, misericórdia e reconciliação. Ninguém terá o direito de reter qualquer centavo desta, que é a Coleta da Fraternidade. Não deixemos que nada desvie a coleta de sua verdadeira finalidade! Isso seria feio e grave pecado contra a justiça!

 Aguardamos orientações de nossa Arquidiocese de Ribeirão Preto e da Equipe que coordena a Campanha da Fraternidade, como a partilha de nossa pobreza, através da Coleta da Solidariedade será revertida aos projetos, especialmente aos que enfrentam a Fome. No Brasil a desigualdade social ainda é gritante. E esses gritos ecoam no coração misericordioso de Deus por mais justiça, verdade, liberdade, amor e paz! Muitos deles buscam suas refeições em latões de nosso lixo perecível, o que para nós cristãos, deveria ser impensável, porém é a mais cruel realidade!

 Pe. Gilberto Kasper

                    Teólogo

quarta-feira, 13 de março de 2024

QUARESMA: TEMPO DE PERDÃO E MISERICÓRDIA!

 

QUARESMA: TEMPO DE PERDÃO E MISERICÓRDIA!

 

 

 

               A Quaresma nos conclama ao perdão e à misericórdia em relação aos outros. Nem sempre conseguimos perdoar. Alguns dizem que: "Perdoar é esquecer!". Prefiro pensar que perdoar é lembrar sem rancor! Nem sempre é possível esquecer, mas o perdão e a misericórdia são essenciais, se quisermos que os exercícios quaresmais nos edifiquem e nos conduzam à verdadeira libertação que a Páscoa do Senhor nos propõe. Um coração cheio de rancor, bolor, mágoas, rusgas e incapacidade de perdoar, é um coração amargo e infeliz.

              

Na parábola do Pai Misericordioso, temos além do mais novo, o filho mais velho. O Evangelho de São Lucas no capítulo 15, versículos 25 a 32, descreve a dificuldade que o irmão mais velho tem, de perdoar o mais novo. Sempre fez tudo certinho, foi o filho obediente e o peralta agora é homenageado? Isso é inconcebível, quando não se conhece a capacidade de perdoar e nem a misericórdia que Deus tem para com o pecador arrependido.

              

Em nossa sociedade temos muitos "irmãos mais velhos", incapazes de perdoar. Isso é muito comum nas famílias, nas instituições eclesiais e políticas, quando selamos a testa das pessoas, determinando-as "pecadoras". Esquecemos o que rezamos na oração que o próprio Cristo nos ensinou: "... perdoai-nos assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido...". Se Deus ouvisse este pedido, estaríamos perdidos. Há muitos entre nós, que se atribuem o direito de julgar, condenar e determinar a sentença, como se não tivessem nenhum pecado. Tenho dó de quem é assim! Quantos pecados mais "fedidos" tal pessoa não estará tentando esconder atrás de quem foi descoberto? Ninguém é melhor do que ninguém. Só Deus não decepciona, já que não existe criatura humana sem defeitos, erros, deslizes, enfim pecados a serem perdoados.

             

O Evangelho de São João, capítulo 8, versículos 1 a 11 narra o episódio da mulher surpreendida em adultério. Os mesmos "prostitutos" que utilizaram de seus serviços pedem sua condenação. Quiseram colocar Jesus numa armadilha. Armadilhas semelhantes às que nós tramamos uns contra os outros, sobretudo quando a inveja nos aguça por dentro, para "tirar de campo" ou "puxar o tapete" de quem nos faz sombra e aparece mais do que nós.

             

"Quem dentre vós não tiver pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra" (Jo 8, 7). Penso que o jeito é mesmo responder aos apelos da Quaresma, para celebrarmos uma Páscoa verdadeira: sejamos os protagonistas do perdão e da misericórdia de Deus! É preferível enganar-se por perdoar e exercer a misericórdia, do que acertar por uma justiça despida de amor!

 

Com Santa Teresa de Calcutá podemos concluir: “Devemos amar a pessoa boa, porque merece e a pessoa má, porque precisa de nosso amor”!

 

Perdoemos sempre a quem nos machuca, magoa, trai, faz mal. A sensação em nossos porões da intimidade será de uma leveza tão grande, muito parecida com os aromas emanados do sepulcro vazio, de onde Jesus ressuscita, a cada perdão concedido!

 


Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

 

quarta-feira, 6 de março de 2024

QUARESMA: TEMPO DE RECONCILIAÇÃO!

 

QUARESMA: TEMPO DE RECONCILIAÇÃO!

 

 

                   O Quarto Domingo da Quaresma, chamado Laetare, porque de certa forma antecipa as alegrias preparadas neste forte Tempo de Reconciliação, remete-nos a um dos Sacramentos mais ricos da Igreja, embora subestimado, quando não banalizado: O Sacramento da Reconciliação! Depois da Eucaristia, é o Sacramento da Reconciliação que nos coloca de volta, diante do amor e do perdão de Deus. Para mim, o Sacramento da Reconciliação é como um antibiótico espiritual, que nos impermeabiliza espiritualmente, diante de todas as tentações que procuram afastar-nos do amor de Deus. Como é boa a sensação de termos sido perdoados ou de termos conseguido perdoar a alguém que nos machucou, ofendeu ou prejudicou!

                   

O Evangelho de São Lucas nos apresenta os passos do Sacramento da Reconciliação, na parábola do Pai Misericordioso, contada por Jesus no capítulo 15. O filho mais novo sai de casa, vira as costas para o pai, gasta numa vida desenfreada toda parte da herança que lhe coube e chega ao fundo do poço. Sob os escombros da rejeição, da exclusão e da discriminação da sociedade, faz a experiência da vida longe do pai. O pai sofre com a ausência do filho, mas não corre atrás. Fica esperando pacientemente. Deixa o filho fazer a experiência da miséria humana, da vida sem sentido e vazia de amor.

                   

No momento em que o filho se arrepende, ele mesmo dá o passo de volta: a conversão começa a acontecer, a fim de conduzi-lo à reconciliação! Não adianta procurarmos o Sacramento da Reconciliação por mero cumprimento de preceito, ou para agradar os pais, ou o marido a esposa. Deus espera que a iniciativa seja nossa, só nossa. Quando o pai avista a volta do filho, então sim, corre ao seu encontro; nem o deixa chegar. Abraça-o, sinal de acolhida; beija-o, sinal do ósculo da paz, devolvendo-lhe a paz que o pecado, o afastamento, lhe havia roubado; oferece-lhe uma túnica limpa, sinal de que não há mais o direito de culpar-se, pois obteve o perdão incondicional; sandálias nos pés, sinal de dignidade, pois só os filhos dos empregados andavam descalços; anel no dedo, sinal de herdeiro, mesmo que tenha esbanjado tudo o que havia herdado, volta a ser herdeiro do pai. E finalmente, o novilho gordo, a festa, a Eucaristia, que simboliza a ação de graças pela volta do filho, que estava morto e reviveu, perdido e foi reencontrado (cf. Lc 15,1-3.11-24).

 

                   Assim também nós somos convidados a celebrar a Reconciliação com Deus, conosco mesmos e com os outros, para que a Quaresma produza seus efeitos saborosos. oração de modo especial, pelo mundo afora. O Papa Francisco, quando trata da misericórdia de Deus, costuma afirmar que o Confessionário é o único Tribunal de onde o réu confesso sai absolvido!

 


           Pe. Gilberto Kasper

                    Teólogo