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quarta-feira, 29 de setembro de 2021

AINDA É POSSÍVEL VIVER E CONVIVER EM PAZ?

 

Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

A vida pode ser uma sucessão de coincidências felizes, de encontros prazerosos, de união entre as pessoas. Mas nem sempre é isso o que vemos ao nosso redor. Na correria diária, são muitos os “ruídos” que tiram o nosso sossego e atrapalham a nossa convivência.

            Por vezes nos tornamos porta-vozes da mentira, da difamação e da calúnia ao invés de instrumentos da Paz.

            Na era da Internet, toda e qualquer mensagem se propaga num piscar de olhos. Fatos que ocorrem num canto do planeta atravessam fronteiras, chegando a outras cidades, outros países e continentes com a rapidez de um clique. Alimentadas pela fofoca, histórias que envolvem a intimidade das pessoas tomam proporções inimagináveis e invadem nossos lares como se fossem verdades absolutas. E essas histórias fomentam antipatias, preconceitos e desprezo. Constroem muros ao invés de pontes. Dividem e não unem as pessoas no âmbito das famílias e nos círculos de amizades.

            Outro agente semeador de discórdia é a necessidade que alguns têm de impor suas ideias e sua maneira de ser. Parecem querer provar a si mesmos que são superiores aos outros. Muitas pessoas gostam de recitar a Oração de São Francisco, como um poema em homenagem à Paz. É fundamental que todos compreendam que a construção desta Paz, em nível mundial ou dentro de casa, depende de cada um de nós. Depende de uma mudança de conduta pessoal. Nas palavras de São João Paulo II num discurso que fez em Assis, a Paz é descrita como um canteiro de obras aberto a todos: “A paz é uma responsabilidade universal: passa através de milhares de pequenos atos da vida cotidiana. Por seu modo cotidiano de viver com os outros, as pessoas optam pela Paz ou a descartam”.

            Sempre que deparamos com a tentação da discórdia, é bom lembrar o exemplo da Família de Nazaré. Foram muitas as apreensões vividas por Maria, José e o Menino Jesus enquanto buscavam um lugar seguro para morar, mas em nenhum momento perderam o sentido da união. Mantiveram-se juntos para o que desse e viesse.

            Assim também deve ser a nossa vida. Não podemos nos perder uns dos outros. E, mais importante ainda, não podemos nos perder de Deus, que é a fonte de toda união. Não nos afastemos de sua Palavra, tão bem refletida neste mês da Bíblia que se encerra: em nossa vida pessoal, familiar, social e profissional. A fé em Deus nos ensina a contribuir para a união entre os seres humanos.

            Esse discernimento nos leva a refletir antes de realizarmos toda e qualquer ação. A reflexão é o exercício dos sábios. Quando desenvolvemos o hábito de refletir, conseguimos criar um equilíbrio entre razão e emoção, atuando com mais cordialidade e gentileza. Nossas palavras serão mais adequadas, nossas conversas mais oportunas e positivas. Nossas decisões serão mais justas. É urgente que nos perguntemos desde os porões de nossa intimidade: Ainda é possível viver e conviver em Paz?



quarta-feira, 22 de setembro de 2021

A ÉTICA E OS DIREITOS DA PESSOA HUMANA!

 

Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

A Pessoa Humana tem direitos, que nem sempre são respeitados, o que gera violência, dissabores e até divisões nas famílias. A Ética no exercício da Cidadania visa resgatar o respeito a esses direitos.

A Pessoa Humana tem o direito de nascer, enquanto tantos promovem o aborto, o abandono, a concepção acidental, por acaso, num baile Funk. Quantas mães matam a possibilidade de seus filhos nascerem por medo de preconceitos de tornarem-se mães solteiras. É engraçado que nunca se fala em mãe casada. Mãe é mãe. Quantas crianças nascem em mundos desumanos, em condições de extrema miséria?

A Pessoa Humana tem o direito a um nome. Este nome implica em ter uma família, em pertencer a uma família. Família que tenha uma moradia digna. Quando olhamos para os conjuntos habitacionais de nosso país, ficamos indignados com as condições que são impostas ao povo, a viver dignamente em seu lar. Que lar é esse, que mais parece uma minúscula gaiola de passarinhos? E aqueles que constroem seus casebres sobre lixões e favelas, se abrigam debaixo das pontes, dos viadutos, às portas das lojas nas noites frias de nossas metrópoles? Além da Família que dê nome à pessoa, há o direito à saúde básica. Que saúde necessita uma pessoa para crescer dignamente? A saúde de nossos dias? Quanta preocupação em distribuir preservativos (é justo que haja prevenção) e quanta falta de remédios básicos em nossos postos de saúde! Quanta falta de vontade em determinados atendimentos... quando a pessoa aparece melhor vestida ou recomendada por alguém influente, a atenção acontece; quando chega cheirando à pobreza extrema, é tratada na maioria das vezes a gritos e pontapés, esperando horas intermináveis nas filas e nos corredores...

A Pessoa Humana tem o direito de crescer. O crescimento exige uma aperfeiçoada educação básica. De que educação podemos falar em nosso país? Professores mal pagos; famílias indiferentes à educação e ausentes das escolas; tráfico de drogas desde o ensino fundamental; meninos armados, matando por causa de apelidos. Escolas mal cuidadas, sujas e sem recursos suficientes para manterem-se pelo menos inteiras. A Pessoa tem direito a trabalho. Como crescerá uma pessoa sem perspectivas e de realização profissional? Quais são as oportunidades dadas à Pessoa Humana em nosso país? O crime organizado, o consumo, o tráfico e a avalanche de corrupção e suborno são perspectivas para nossos jovens? E os 14 milhões de desempregados? Os que já desistiram de procurar emprego, ao invés de oportunidades para sua realização pessoal neste mundo tão desigual e injusto.

A Pessoa Humana tem o direito de relacionar-se com outros. Que tipos de relações a mídia impõe à sociedade, senão o individualismo, ao lado do hedonismo que visa simplesmente o prazer pelo prazer, como é o caso das pulseiras do sexo, por exemplo. O mundo mágico da Internet individualizou as relações entre as pessoas, que perderam a criatividade de relação simples, afetiva, amorosa, desinteressada e que se preocupe com o bem-estar dos outros.

O que esperamos num próximo pós-pandemia, enquanto relacionamentos humanos? Será que ainda saberemos conversar olhando nos olhos uns dos outros? Como será nosso abraço? Temo, embora esperançoso de que sairemos melhores dessa crise, que robusteçamos uma irrecuperável “cultura de sobrevivência”.

Se de um lado a pandemia descortinou uma solidariedade magnífica de tantas pessoas de boa vontade, de outro lado desnudou a drástica desigualdade entre pessoas que se dizem irmãos, patriotas de uma Pátria Amada tão rica como é o Brasil. Há uma previsão de um aumento de R$ 69,00 para o salário mínimo no próximo ano. Os preços de alimentação estão “pela hora da morte”. Gás, combustível, alugueis, energia elétrica, mensalidades aqui e acolá e impostos, os mais caros do mundo não são pagos com salários de miséria. Costumo pensar que quando se encurta uma calça, o corte sempre é em baixo, jamais na cintura. Enfim, quem mais sofre e é castigado, são os que honestamente tentam cumprir com seus deveres, sem muitas vezes usufruírem justamente de seus direitos. Por isso é necessário que busquemos na ética uma via possível para resgatar os direitos e a dignidade verdadeiramente humana!



quarta-feira, 15 de setembro de 2021

A ÉTICA A SERVIÇO DA DIGNIDADE HUMANA!

 

Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

 

Quando falamos de Pessoa Humana, pensamos naquela pessoa criada à imagem e semelhança de Deus, e não na pessoa que criou Deus à sua imagem e semelhança. Deus é o criador e a pessoa humana a criatura! Para ter-se noção de Deus, basta contemplar, por exemplo, a face de uma criança, o rosto enrugado de um ancião, a carinha sapeca de um adolescente. Buscamos, geralmente, a imagem de Deus em pinturas de artistas famosos ou esculturas que deram nome aos seus escultores. Nem por último, ensinaram-nos de que Deus seria um velhinho de barbas brancas. A Teologia da Criação nos sugere um exercício diferente: buscar a noção de Deus no outro. Aliás, Cristo não cansou de nos ensinar isso: buscou resgatar a figura do Pai no rosto sofrido do pobre, do oprimido, do marginalizado e excluído de sua época histórica. Ele, Jesus Cristo, identificando-se com os pobres, com as crianças, com os enfermos, deu-nos uma antessala da identidade do próprio Deus Criador.

É interessante que este Deus gostou tanto de criar a pessoa humana à sua imagem e semelhança, que resolveu ser gente também. Fez-se pessoa humana igual em tudo a nós, menos no pecado. Uma das principais motivações de Deus querer ser Pessoa, foi para resgatar a dignidade que essa perdera, devido ao pecado da arrogância, da prepotência, da autossuficiência, deixando Deus falando sozinho, virando-lhe as costas. E mais ainda: achou lindo a pessoa humana ter mãe! Deus não tinha mãe e resolveu ter uma também. Parecia bom demais ter mãe! Conservou imaculado o útero de uma jovem e desse fez seu porta-joias, a fim de nascer, também, igualzinho ao nascimento da pessoa humana. Teve sua mãe e nasceu como todos nós nascemos!

Mas Deus driblou a pessoa diversas vezes. Quis mostrar à humanidade de que basta a dignidade humana, para ser semelhante a Ele, nosso Criador. Basta a dignidade humana, para ser realizado e plenamente feliz!

            Escolheu nascer numa estrebaria, com cheiro de feno, entre animais, até porque a sociedade nunca poderia imaginar que Deus fosse revestido de tamanho despojamento e humildade. Muitos esperavam que nascesse em algum condomínio fechado, em algum hotel de cinco estrelas ou maternidade famosa. Mas, segundo João diz em seu Prólogo, "Veio para a sua casa, mas os seus não o receberam" (cf. Jo 1,11). Gosto de rezar durante o Ângelus: E a Palavra (Verbo) se fez pessoa (homem) e habitou entre nós! (cf. Jo 1,14). Não possuía casa própria, andava de cidade em cidade e aceitava a hospedagem de quem o recebia. Mesmo sendo proclamado Rei por causa dos sinais que realizou, parou num trono reservado ao pior dos bandidos, a Cruz! Que rei é este, que é condenado à morte mais escandalosa, vergonhosa de sua época para os judeus e louca para os romanos? A grande acusação que o condenou brotou dos corações invejosos dos governantes políticos e religiosos de seu tempo. Já Herodes não aceitou a ideia de que alguém melhor do que ele sobrevivesse, motivo pelo qual mandou matar todas as crianças abaixo de dois anos de idade, nascidas em Belém. Os Sumos Sacerdotes e os Escribas que interpretavam a Lei de Deus decretam Sua própria sentença: a Cruz!

            Mas a morte não foi a última palavra. As mulheres encontraram o sepulcro (também emprestado) vazio no terceiro dia após a morte cruel do Filho de Deus, do próprio Deus feito pessoa! Ele ressuscitou e do túmulo vazio exalavam os aromas de sua ressurreição, envolvendo todos aqueles que creram. E quem crê, promove A Ética a serviço da Pessoa Humana!

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

A SAGRADA ESCRITURA, CARTA DE AMOR DE DEUS PARA A HUMANIDADE!

 

Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

 

                Quando o namorado envia uma carta de amor à namorada, este alegra o coração de quem ama. Ao escrever, imagina como se encontra, o que anda fazendo a destinatária de suas palavras de amor. Ao receber a carta, a namorada imagina o momento em que a mesma foi escrita, imagina seu namorado e sente profunda saudade e vontade de estar junto dele. Para amenizar tais sentimentos, lê e relê inúmeras vezes a carta recebida e assim vai crescendo em ambos o lindo amor que um sente pelo outro. A Sagrada Escritura é a Carta de Amor de Deus para a Humanidade que a ama loucamente. É também a descrição da Aliança - Antiga e Nova - que deseja selar com a Humanidade. Selar Aliança significa fidelidade, compromisso, correspondência de amor. Amor que se oferece. Amor que é acolhido! O namorado é Deus revelado na pessoa de Jesus Cristo e a namorada é a Igreja, que somos todos nós!

 

               "A moral cristã tem seu fundamento, além da lei natural, na Lei de Cristo: 'Dou-vos um mandamento novo: amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos se tiverdes amor uns pelos outros' (Jo 13,34-35). Com essa afirmação, Jesus traçou o horizonte insubstituível do caminho do discípulo. Esta exigência moral nasce do princípio fundamental da fé cristã 'porque Deus é amor. Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou-nos o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados' (1Jo 4,8.10). Não há outro processo educativo para a conquista de ser nova criatura. Esta é a graça fundamental do Batismo e a integral exigência de sua vivência autêntica, fecundando a alegria do testemunho que convence, congrega e produz frutos" (Subsídios Doutrinais da CNBB 5, nº 96).

 

               Vivamos o mês dedicado à Bíblia com o firme propósito de correr à caixinha do correio e apanhar a carta de amor que Deus nos enviou. Abrindo-a, busquemos lê-la com o coração orante, ou seja, dialogando com Deus que se declara amante de cada um que O acolhe; ler o que escreveu e seguir o que orienta em suas linhas escritas com seus sábios lábios de amor, de perdão, de misericórdia e de bondade! Seguramente nesta carta de amor, Deus marca um encontro conosco: seja na Comunidade de Fé, Oração e Amor, seja no profundo silêncio e nosso coração, seja no rosto sapeca de uma criança ou na face enrugada de um ancião. Importante é saber ler, compreender, acolher e viver o que contem a Carta de Amor de Deus para a Humanidade!



quarta-feira, 1 de setembro de 2021

SETEMBRO É O MÊS DEDICADO À BÍBLIA HÁ 50 ANOS!

 


Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

Há 50 anos no Brasil, o mês de setembro é especialmente dedicado à Bíblia. A CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil editou uma Bíblia excelente, indicada para uso de todos os católicos do País, a fim de evitar dificuldades na evangelização, na leitura orante e na interpretação da Palavra de Deus, sugerindo que todos nossos agentes de pastoral, catequistas e demais fiéis a utilizem, garantindo, assim, uma leitura precisa da mensagem que os Autores Sagrados quiseram revelar, inspirados pelo Espírito Santo. De fácil acesso, sugiro que optemos pela Bíblia da CNBB. Um dos pilares da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil e também de nossa Arquidiocese de Ribeirão Preto é o pilar da Palavra. Devemos fidelidade ao anúncio da Palavra de Deus em todas as nossas atividades pastorais, litúrgicas e eclesiais.

Embora todo mês de Setembro seja dedicado à Bíblia, o Dia da Bíblia é celebrado na memória de São Jerônimo a 30 de Setembro, que além de presbítero e doutor da Igreja, é o Patrono dos Exegetas, os que se debruçam sobre o aprofundamento do estudo da Bíblia. O século IV depois de Cristo, que teve o seu momento culminante no ano de 380 com o edito do imperador Teodósio no qual se estabelecia que a fé cristã devesse ser adotada por todas as populações do império, está repleto de grandes figuras de santos: Atanásio, Hilário, Ambrósio, Agostinho, João Crisóstomo, Basílio e Jerônimo, dálmata, nascido entre 340 e 350 na cidadezinha de Strido. Romano de formação, Jerônimo é um espírito enciclopédico. Sua obra literária nos revela a cada instante o filósofo, o retórico, o gramático, o dialético, capaz de escrever e pensar em latim, em grego, em hebraico, escritor de estilo rico, puro e robusto ao mesmo tempo. A ele devemos a tradução em latim do Antigo e Novo Testamentos, que se tornou, com o título de Vulgata, a Bíblia oficial do cristianismo.

            Jerônimo é uma personalidade fortíssima: em toda parte por onde vai suscita entusiasmos ou polêmicas. Em Roma ataca os vícios e hipocrisias e preconiza também novas formas de vida religiosa, atraindo para elas algumas influentes damas patrícias (de Roma), que o seguiram depois na vida eremítica de Belém. A fuga da sociedade deste exilado voluntário era um gesto ditado por um sincero desejo de paz interior, não sempre duradouro, uma vez que, para não ser esquecido, reaparecia, de vez em quando com algum novo livro. Os "rugidos deste leão no deserto" eram ouvidos tanto no Ocidente como no Oriente. Suas violências verbais não perdoavam ninguém.

            Este homem extraordinário estava consciente de suas próprias culpas e de seus limites (batia-se no peito com pedras por causa dos seus pecados), mas estava consciente também dos seus merecimentos. No livro Homens Ilustres, onde apresenta um perfil biográfico dos homens ilustres, conclui com um capítulo dedicado a ele mesmo. Morreu aos 72 anos, em 420, em Belém, como Patrono dos Biblistas “O mundo atual apresenta inúmeras características novas, que desafiam o sacerdote em sua missão de anunciar a Palavra de Deus” (Cf. Subsídios Doutrinais da CNBB nº 5).

            Nenhuma família católica deveria privar-se de uma boa Bíblia, de preferência a Bíblia da CNBB, motivo pelo qual em todas as celebrações dominicais deste mês, distribuímos diversos volumes, incentivando não somente a leitura, mas sobretudo a vivência da Palavra de Deus em nossa vida!