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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - OITAVO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

Neste Oitavo Domingo do Tempo Comum, que neste ano antecede o início da Quaresma, ainda no contexto das bem aventuranças, o Senhor nos propõe romper com o culto ao dinheiro, que é uma idolatria, e ter confiança em Deus Pai, sempre solícito amorosamente às nossas necessidades e preocupações, para que, disponíveis, concentremos todas as energias na busca de seu Reino.
            Em quase todas as regiões do Brasil, acontecem, nestes dias, as festas de carnaval que revela a carência de festa que existe nas pessoas. Para nós, um convite a dar às nossas celebrações um sabor pascal, um clima de festa, de convívio alegre de irmãos que, na liberdade de filhos e filhas entram na intimidade amorosa do Pai.
            Neste domingo, Jesus nos pede para escolhermos entre os bens econômicos, o dinheiro e Deus. A nossa resposta fundamental ao chamado de Deus é a confiança total no Pai. Viver a justiça do reinado de Deus é deixar-se guiar pela palavra de Jesus. Ele não ensina uma vida de “sombra e água fresca”, mas a luta pela justiça, que é o bem para toda a humanidade e toda a criação.
            A palavra de Jesus é muito atual para esse tempo de desrespeito às matas, às águas, à natureza. Viver em concordância com as regras naturais está mais de acordo com o projeto de Deus. O que a ganância humana criou não se compara com a sabedoria da natureza, criada e mantida por Deus.
            Como mãe que jamais abandona seus filhos, Deus acompanha, abençoa e ama seu povo que sofre debaixo da ganância dos opressores. Sempre haverá uma saída, esperança de que a justiça reinará. A construção de um mundo novo, de uma sociedade na qual existam menos desigualdades é possível e o dia de amanhã não custará preocupações, mas haverá possibilidades e alternativas de a humanidade se aproximar da vida sábia das aves e dos lírios, mantendo confiança ilimitada em nosso Deus e Pai. A justiça torna-se sinônimo de amor misericordioso, de solidariedade fraterna, de perdão reconciliador, de igualdade respeitosa.
            Quem vive calculando como ganhar e enriquecer mais não pode viver confiante na generosidade e cuidado de Deus. A confiança na providência divina não é alienante, mas libertadora e formadora de uma solidariedade comprometida especialmente com os mais necessitados. Quanto maior a confiança, maior a responsabilidade e o engajamento na luta contra o consumismo, a submissão ao mercado e o endeusamento das coisas materiais.
            O que sustenta nossa confiança é a certeza da fidelidade de Deus à sua aliança.
            Na próxima quarta-feira, iniciamos, com a celebração de bênção e a imposição das cinzas, o santo tempo da Quaresma, preparando-nos, mais intensamente, pela escuta da Palavra e prática da oração para a celebração festiva da Páscoa (cf. SC, n. 109). A Campanha da Fraternidade, que realizamos neste período, ilumina de modo particular os gestos fundamentais desse tempo litúrgico: a oração, o jejum e a misericórdia. Neste ano, o tema da Campanha é: Fraternidade: Biomas Brasileiros e Defesa da Vida” e o lema: “Cultivar e guardar a criação” (cf. Gn 2,15).
            Experimentamos a presença viva do Senhor na reunião de irmãos e na Palavra proclamada, saciando nossa fome e sede de justiça.
            Nossa participação na Eucaristia manifesta nossa confiança em estabelecer com o Pai uma aliança de amor e compromisso, fazendo uma escolha irrestrita por seu Reino. A Eucaristia nos impõe a opção radical por ele.
            O Evangelho deste domingo é belíssimo pelas duas comparações que o Senhor faz com a pessoa: os pássaros que não semeiam, nem colhem nem ajuntam em armazéns. Mesmo assim o Pai os alimenta, gratuitamente; os lírios que crescem no campo: não trabalham nem fiam, no entanto Deus os veste, mais suntuosamente do que o rei Salomão, também gratuitamente. Assim nos convida a renovarmos nossa maior confiança em Deus para nossas necessidades. Mas essa confiança implica num exercício: buscar em primeiro lugar o Reino de Deus! Todo resto Deus proverá!
            O Reino de Deus é um Reino de Justiça, perdão, partilha e misericórdia! Muitas pessoas, mesmo confiando em Deus, são privadas do necessário para uma vida digna! Alguém os vitima a isso: o desemprego, a falta de moradia, a saúde em crise, a economia avassaladora de impostos absurdos, a insensibilidade com os mais pobres, que não poucas vezes são tratados como “coisinhas difíceis e feias de serem ajudadas”.
            O Papa Francisco, conforme José Marins vem insistindo: “Temos que sair às periferias. Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e manchada por sair à rua, que uma Igreja doente por se fechar e pela comodidade de se agarrar às suas próprias seguranças”. Uma Igreja assim não confia em Deus, mas em si mesma apenas! “Não quero uma Igreja preocupada por ser o centro e que acaba enclausurada num emaranhado de obsessões e procedimentos... Não podemos ficar tranqüilos na espera dos nossos templos. Os Evangelhos convidam-nos sempre a correr o risco do encontro com o rosto do outro”.
            O Papa quer introduzir na Igreja o que ele chama “a cultura do encontro” e “da proximidade”. Está convencido de que “o que necessita hoje a Igreja é a capacidade de curar as feridas e dar calor aos corações para ajudar-se reciprocamente”. A meta da evangelização é o Reino, a vida plena de todos e para todos!
            Sejam todos muito abençoados. Com ternura e gratidão, meu abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 49,14-15; Sl 61(62); 1 Cor 4,1-5 e Mt 6,24-34).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Fevereiro de 2017, pp. 79-81 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum (Fevereiro de 2017), pp. 98-101.

FESTA DA CÁTEDRA DE SÃO PEDRO!

Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente e Coordenador da Teologia na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com


          A Hierarquia da Igreja Católica Apostólica Romana encontra a origem de suas Estruturas na escolha que Jesus Cristo faz  dos seus doze Apóstolos. Ele os prepara para constituir uma Igreja Ministerial, Missionária, Apostólica e Salvadora. Escolhe um entre os doze, para coordenar a Colegialidade Eclesial: Cefas, que passa a chamar-se Pedro, que significa pedra, sobre a qual Jesus mesmo edifica Sua Igreja. Um o trai: Judas Iscariotes, que depois é substituído por Matias, cujo nome significa "dom de Deus". Desde então a Igreja nunca ficou órfã de Papa. O Pedro de hoje é Francisco. Com facilidade criticamos a instituição, até mesmo porque é formada por pessoas, mas conduzida desde o começo pelo Espírito Santo. Assim como Pedro, Francisco abandona tudo, até o próprio nome, para "gastar-se" em favor da Igreja de Jesus Cristo a quem serve. Gosto de pensar na grandiosidade de uma pessoa humana que abandona tudo, que nem volta mais para sua própria casa, a fim de se despedir ou escolher o que levar ao lugar de onde deverá governar absolutamente "esvaziado de si mesmo" a Igreja do Senhor. Foi por isso que o Papa Paulo VI, chegando às margens do Lago de Genezaré, onde Pedro foi confirmado pelo próprio Cristo o primeiro Papa, disse: "Este é para mim o lugar mais importante da Terra Santa, pois mostra que meu serviço na Igreja não é em vão..."

         O Papa não governa a Igreja sozinho. Inspirado e conduzido pelo Espírito Santo, tem o Colégio Cardinalício, as inúmeras Congregações e Dicastérios no Vaticano, onde é o Chefe de Estado, que o assessoram. Porém, o maior Colégio Apostólico é formado pelos Bispos do mundo inteiro, que são os sucessores dos Apóstolos e, a partir de suas Dioceses, em profunda comunhão com o Papa, que é o Bispo de Roma, continuam a missão evangelizadora e missionária da Igreja do Senhor.

          Também os Bispos não governam sozinhos suas Dioceses. Eles vivem seu ministério episcopal em comunhão com o Presbitério, que são os Padres, com o Clero, que são os Diáconos, os Ministros das diversas dimensões pastorais e sacramentais. A Diocese tem um Colégio de Consultores, um Conselho de Presbíteros, um Conselho de Pastoral e de Assuntos Econômicos que ajudam no governo da Igreja particular. As Dioceses são formadas pelas Paróquias, que por sua vez tem as diversas Comunidades, Religiosos e Religiosas, Movimentos, Serviços e que são divididas em Foranias, regiões pastorais no âmbito territorial da mesma Diocese. Cada país e cada continente tem suas Conferências Episcopais, que procuram traçar caminhos para a evangelização da Igreja. As Conferências são divididas em Regionais e os Regionais em Províncias Eclesiásticas ou Sub-Regionais, que tem seu Arcebispo, cuja missão é promover a colegialidade, a unidade e fraternidade entre as suas Dioceses sufragâneas. Dom Moacir Silva é o Arcebispo da Arquidiocese de Ribeirão Preto, que tem oito Dioceses sufragâneas: Barretos, Catanduva, Franca, Jaboticabal, Jales, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto e Votuporanga.


            Desde o século 4º a Festa da Cátedra de São Pedro, celebrada no dia 22 de Fevereiro, salienta a missão atribuída a Pedro, princípio e fundamento visível da unidade da Igreja. Lembra e celebra a missão, especialmente dos Bispos e demais ministros ordenados, de cuidar do povo com o mesmo coração generoso de Jesus, pastor por excelência.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SÉTIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            Em Jesus, o Pai nos oferece sua compaixão, dando-nos seu perdão, a força da reconciliação que nos leva ao amor incondicional e guia-nos no caminho da concórdia e da justiça.
            Neste Sétimo Domingo do Tempo Comum, a primeira leitura ajuda a iluminar o evangelho proclamado. O Levítico nos fala da necessidade de sermos santos, porque Deus á santo. A santidade que Deus exige de nós, não se reduz a práticas externas da religião, mas ao amor sem limites. Pela Aliança, os israelitas são de Deus. Pelo Batismo, os cristãos são de Deus. Aqueles que formam o “povo de Deus” não podem desonrar esse nome, mas assemelhar-se a ele que é amor e perdão, como nos diz o livro do Êxodo 34,6-7: “O Senhor, Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel, que conserva a misericórdia por mil gerações e perdoa culpas, rebeldias e pecados...” Por isso, é necessário que sejamos irrepreensíveis.
            Jesus, como filho amado do Pai, compreendendo e vivendo a pertença plena de Deus, explica e exige a santidade de seus seguidores. Portanto, não se trata de ser pretensioso querer ser santo. Antes se trata de uma exigência interna de todo batizado. O batismo nos torna seres divinizados, ou seja, candidatos à santidade. E santo é todo aquele que morrendo vê Deus como Deus é, e pronto!
            A caridade fraterna, o amor aos inimigos devem ser as características de quem segue Jesus, o Cristo. No seguimento do Senhor, não cabem ódio, vingança, egoísmo, corrupção, injustiças, violências, guerras, comércio de armas, competições, incompreensões, divisões. Entretanto, no mundo, vemos acontecer tudo isso entre nações, grupos, pessoas. Até entre igrejas e dentro das igrejas existem diversos tipos de inimizades, competições, exploração de pobres e pequenos. Muitos de nós agimos como se fôssemos deuses diante de nosso próximo. Rezamos ingenuamente sem pensar nas conseqüências: “perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todo aquele que nos deve” (Lc 11,4). Coitados de nós, se Deus ouvisse esse pedido da Oração do Pai Nosso que tanto rezamos com os lábios, mas não com o coração! Rezar o que não se deseja realmente é mera hipocrisia!
            O sinal de que somos seguidores de Cristo crucificado e ressuscitado é o amor sem medidas.
            “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,34-35).
            A medida de nosso amor para com o próximo é, pois, o amor que Cristo tem por nós, a ponto de entregar sua vida. Mais ainda, a medida é o amor que o Pai tem por Cristo: “Como meu Pai me ama, assim também eu vos amo” (Jo 15,9). O amor ao próximo está indissoluvelmente ligado ao preceito do amor a Deus.
            Realizamos nossa vocação de sermos semelhantes ao nosso Deus, quando amamos todas as pessoas com o amor gratuito de Deus, sem busca de retribuição. Por esta razão, nosso empenho maior é amar os pobres, os estranhos, os diferentes e, o mais difícil, amar os inimigos.
            Como santuário de Deus, habitação do Espírito, rompendo com ressentimentos, diferenças e preconceitos, a assembléia litúrgica torna-se sacramento do amor de Deus entre nós.
            Num mundo de discriminação, ódio e violência, a mesa da ceia eucarística sinaliza profeticamente a reconciliação e a comunhão universal. Nela recebemos o Espírito de santidade que, com Cristo, nos faz perfeita oferenda ao Pai, vida doada incondicionalmente para a salvação do mundo, cujo penhor recebemos neste sacramento.
            O pão partido e partilhado, participando na igualdade de irmãos, nos mantém no caminho da santidade e cultiva, em nós, a atitude fundamental de discípulos daquele que, na cruz, chegou à radicalidade do amor sem limites.
            Depois de comungarmos a Palavra deste Sétimo Domingo do Tempo Comum é impossível guardar no coração alguma forma de rancor, ingratidão, incapacidade de perdão em relação a quem quer que seja. Não percamos tempo. Se tivermos guardado nos porões de nossa intimidade qualquer sentimento que não coincida com o amor gratuito, corramos ao encontro de quem “desamamos” e celebremos a reconciliação. Só assim teremos de volta a paz que o pecado nos rouba. Só assim poderemos dizer que realmente somos cristãos e dignos deste nome. Mágoa, insensibilidade com as fraquezas dos outros e indiferença com quem sofre, não combinam com um cristão que se alimenta do Cristo Sacramentado. Ou nos tornamos o sacrário do Senhor, ou estaremos vazios dele, o que seria desastroso. Não canso de dizer, que o mais nobre e lindo no cristão é esforçar-se que sejamos Anjos uns para os outros!
            Sejam sempre e muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Lv 19,1-2.17-18; Sl 102(103); 1 Cor 3,16-23 e Mt 5,38-48).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Fevereiro de 2017, pp. 62-64 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum (Fevereiro de 2017), pp. 92-97.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SEXTO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Os olhos do Senhor estão voltados para os que o temem.
Ele conhece todas as obras do homem” (Eclo 15,20).

            No Sexto Domingo do Tempo Comum a Palavra de Deus nos ilumina sobre a relação de Jesus e a lei. Sua missão não é abolir nem facilitar, mas libertar do formalismo e do fundamentalismo. Para Jesus, não basta a observância externa apenas para “ir para o céu” após a morte. Jesus exige radicalidade. A Palavra de Deus deve atingir até o mais profundo do ser humano. É uma procura amorosa da vontade original de Deus que ultrapassa a simples letra da lei. É necessário ver e ouvir por “trás das palavras”, encontrando-se pessoalmente com o Espírito da Lei.
            Para o cristão ser justo, conforme a exigência de Jesus, não basta observar preceitos, cumprir mandamentos, é necessário viver e realizar o bem proposto por Deus em sua Palavra. A letra da lei mata, mas o Espírito vivifica. Conforme o Salmo 119 (118), a lei é uma luz, um caminho, razão de viver e se sentir interiormente como povo escolhido de Deus. A lei foi dada para podermos viver e testemunhar o bem que Deus propõe.
            Jesus nos alerta que podemos observar a lei em outro espírito, que não seja o Espírito de Deus. O espírito que motivava os fariseus da época se afastava do projeto do Pai, porque não beneficiava os pobres e pequeninos. Não era espírito de Deus, mas um negócio com Deus, troca, barganha. Os fariseus tornaram-se donos da lei e ela passou a ser instrumento de dominação econômica, política e religiosa sobre os demais: “Amarram pesados fardos e impõem-nos aos ombros dos irmãos, ao passo que eles mesmos se negam a movê-los com o dedo” (cf. Mt 23,4) Jesus, então, deseja tirar a lei das mãos de quem oprime em nome de sua observância e devolvê-la a Deus. O que Deus deseja é a justiça, seu plano amoroso. Procurar a justiça verdadeira é olhar a vida com amor radical. Então os mandamentos de Deus significarão muito mais do que a letra diz, e nos levarão à perfeição de filhas e filhos de Deus.
            Cumprir toda justiça é a justiça que inclui lei e profetas. O essencial da lei é a prática da justiça e da misericórdia que ultrapassam a observância legalista. Jesus toma alguns exemplos para deixar claro até onde devem ir a justiça e a misericórdia. Vai até a raiz e mostra que o objetivo da lei é a defesa da vida. Não basta “não matar”, é necessário construir uma sociedade humana, fraterna e solidária, na qual a vida plena seja para todos. A lei é “não cometer adultério”, mas não; é preciso eliminar o desejo de posse sobre a mulher, extinguir todo machismo e todos os privilégios do homem, raiz de toda opressão presente nas relações humanas. O bem-querer é a proposta de Deus. Nossa resposta é um amor verdadeiro, com raiz na totalidade da pessoa, o qual se insere na fonte do amor que é o próprio Deus. Não basta “não jurar em falso”; temos que promover a convivência fundamental na verdade, na integridade, na honestidade, na ética.
            O que a Palavra de Deus exige hoje de nós é cortar o mal pela raiz. Jesus não nos prescreve apenas normas, mas uma proposta evangélica nova que batize, lave até nosso inconsciente, nossa consciência profunda, e faça da vida um contínuo ato de discernimento, de busca de sentido de nosso ser, de nosso viver, do nosso agir. A primeira leitura nos convida, a cada momento, a tomar uma posição diante da LEI, o projeto de Deus.
            Somos convidados a uma profunda conversão em todas as dimensões de nossas relações humanas. Na dimensão familiar, evitando acepções e discriminações. Na dimensão política não poucas vezes a lei é aplicada com maior rigor aos adversários políticos e relaxada aos correligionários, o que é profundamente injusto. A lei deveria ser aplicada de igual modo a todos, já que todos deveriam ser tratados com igual cidadania. Na dimensão social o jogo de interesses determina a lei, quando não a “Cultura do Descartável”. Quantas pessoas conhecemos, que só sobrevivem à custa do dinheiro, do prestígio, do poder, da ganância e da avareza? Na dimensão religiosa também carecemos de séria conversão pastoral. Nossas normas pastorais nem sempre são acolhedoras; mais espantam do que acolhem os filhos da Igreja. Não se trata de “banalizar” a pastoral, mas também não dificultar a vida dos que nos buscam sendo-lhes um peso sobre os ombros. As secretarias paroquiais geralmente só dão expediente em horário comercial, quando as pessoas trabalham. Se a Igreja é Mãe, seus filhos deveriam encontrá-la sem que isso prejudique sua sobrevivência. Gosto de pensar, que a Igreja deve sempre edificar e nunca dificultar a vida de seus filhos nas dimensões: pessoal, familiar, profissional e social. Muitas vezes somos mais exigentes com nossos Agentes de Pastoral, do que foram os fariseus do tempo de Jesus. Fazê-los nossos “funcionários” e exigir que deixem o convívio da família não me parece o projeto de quem diz amar seu rebanho. Como seria bom, se todos nos  propuséssemos a uma verdadeira e profunda conversão, deixando a última palavra para o amor totalmente gratuito. Se nem Deus impõe nada, apenas propõe, quem somos nós para exigências tantas vezes absurdas, que demonstram nossa incapacidade de conduzir as pessoas a Jesus Cristo livremente? Sejamos humildes e nos esforcemos por maior criatividade e, sobretudo coerência entre o que pregamos e vivemos!

            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Eclo 15,16-21; Sl 118(119); 1 Cor 2,6-10 e Mt 5,17-37).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Fevereiro de 2017, pp. 44-47 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum (Fevereiro de 2017), pp. 88-91.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - QUINTO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Uma luz brilha nas trevas para o justo,
permanece para sempre o bem que fez” (Sl 111).


            No Quinto Domingo do Tempo Comum fazemos memória de Jesus, o bem-aventurado do Pai, que deu a vida pela humanidade. Manifesta-se como luz do mundo e presenteia-nos com o novo sabor e o suave vigor de seu Espírito.
            No contexto das bem-aventuranças, o Senhor nos renova na missão de ser sal da terra e luz do mundo. Ele nos convida a “provar”, como cristãos, a qualidade de nosso sal e a ver com que obstáculos ocultamos a luz do evangelho, numa Igreja e numa sociedade de tanta desigualdade, competição, discórdia, corrupção e miséria.
            Se relermos atentamente a Carta Encíclica do Sumo Pontífice FRANCISCO Lumen Fidei – sobre a fé e sua primeira Exortação Apostólica Evangelii Gaudium – Alegria do Evangelho sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, chegaremos à conclusão de que só conseguiremos experimentar “A doce e reconfortante alegria de evangelizar”, na medida em que nos tornarmos “Uma Igreja em saída” e acolhermos com humildade a proposta de uma profunda “Pastoral de conversão” (cf. Capítulo I da Evangelii Gaudium, nn. 19-49). Tanto a Igreja como a sociedade precisa, urgentemente, pensar como superar tanta desigualdade, intriga, inveja, busca de poder e prestígio. A impressão que fica, é que o melhor clérigo é o que constrói a Igreja maior e mais suntuosa. Mesmo que não encontre tempo para administrar os sacramentos da Reconciliação, da Unção dos Enfermos e não goste de ir a velórios. Como é possível falar em Alegria do Evangelho, quando em nossas relações vivemos exatamente o contrário? Como podemos falar numa “Igreja pobre para os pobres”, quando entre nós ministros ordenados, há os que ostentam luxo exacerbado ao lado de outros tantos passando necessidades básicas, sem dinheiro para um justo tratamento de saúde? Já ouvi de lábios sacerdotais, que os Padres pobres não são criativos e não se esforçam por angariar fundos para a manutenção de suas Comunidades, principalmente as de periferias de nossas Dioceses. Será assim? Como seríamos mais configurados com uma Igreja desejada pelo Santo Padre FRANCISCO, se fôssemos menos avarentos e mais fraternos uns com os outros. Não seria lindo que as Paróquias ricas doassem de coração aberto, uma espécie de dízimo às que são pobrezinhas? Se dessem pelo menos 1% de suas arrecadações mensais, para aliviar as dificuldades das Comunidades carentes, teriam os outros 99% para realizar suas atividades e não teríamos o que me parece vergonhoso, irmãos indigentes entre nós. Voltaríamos às Comunidades dos Apóstolos, onde todos repartiam o pão, e não havia necessitados entre eles!
            Cristo é luz do mundo! (cf. Jo 8,12) Quem o segue não andará nas trevas! Será luz também! – essa é nossa missão no mundo! Deus será reconhecido através das boas obras de seus filhos e filhas. Não posso crer que Deus seja mais feliz quanto maior forem as torres de nossos Templos. Mas se os “Templos Humanos” estiverem saudáveis e viverem com dignidade com nossa promoção e nosso investimento nas pessoas, antes das obras de concreto, Deus será tão feliz conosco, que a Alegria do Evangelho transformará a vida toda de toda a Igreja e de toda a sociedade! Aí, porém, surge o perigo da vaidade, da sede de sucesso, de ofuscar a luz de Deus pelo engano de achar que temos luz própria. Uma luz boa não ofusca, mas ilumina.
            Hoje existem muito brilho e excesso das luzes do luxo e do esbanjamento, da erudição para enganar, roubar, corromper; muita esperteza para prejudicar os outros e se manter na acumulação, na riqueza e no poder social, ideológico, político, eclesial e econômico. Esses se colocam no lugar de Deus. Infelizes os que vivem olhando para esse lado. Ficarão cegos. Essa luz ofusca a visão.
            O cristão é sal. A vivência do evangelho dá “sabor” à vida, ilumina tudo o que acontece, leva à ação. Com sua presença, o cristão é desafiado a impelir que a humanidade se corrompa. Num mundo onde cada qual procura o próprio interesse, o cristão é chamado a ser o sal que dá sabor e que conserva a força do evangelho.
            Jesus diz que somos sal e luz para o mundo, se seguirmos suas pegadas, se formos verdadeiros discípulos, anunciando a Alegria do Evangelho com a própria vida, diariamente!
            Ser luz do mundo significa trabalhar para que o Reino de Deus aconteça. Será que nós, cristãos, somos realmente luz do mundo?
            Que esta Quinta Semana do Tempo Comum nos anime a sermos luz, dando nova cor; sal, dando novo sabor ao mundo em que nos movemos e vivemos: em nossas relações pessoais com Deus, com os irmãos e com a sociedade, especialmente em nossas relações nas Comunidades Cristãs! Isso poderá queimar-nos ou até machucar-nos. Mas com São Paulo, deixemo-nos derreter como o ouro no cadinho, a fim de que o Senhor faça de nossa vida, uma vida de verdadeiros discípulos e missionários de Jesus. Não tenhamos medo de derretermos, como a vela derrete acesa no altar, desde que sejamos luz que verdadeiramente ilumine a vida de todos, por quem somos responsáveis!  Sejamos sal que tempere a vida, especialmente, dos que se sentem destemperados neste mundo que ainda opta pela Cultura do Descartável”! Só assim seremos configurados com Jesus Cristo, luz do mundo e sal da terra!
            Sejam todos muito e sempre abençoados. Com ternura e gratidão, meu abraço amigo e fiel,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 58,7-10; Sl 111(112); 1Cor 2,1-5 e Mt 5,13-16).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Fevereiro de 2017, pp. 24-26 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum (Fevereiro de 2017), pp. 84-87.

APRESENTAÇÃO DA NOVA DIRETORIA DO FAC!

Pe. Gilberto Kasper

Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.




O FAC conta com sua solidariedade! Dia 08 de Fevereiro de 2017, às 16 horas, será apresentado o Novo Conselho Diretor do FAC à Sociedade de Ribeirão Preto e Região, bem como a exibição dos Planos de Ação dos Projetos aprovados para o ano de 2017 nos dois Núcleos de Solidariedade: Dom Bosco, na Rua Imigrantes Japonese, 1065, no Parque Ribeirão Preto que acolhe 80 crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos e o Dom Hélder Câmara, que acolhe Famílias em Situação de Vulnerabilidade. Graças às inúmeras parcerias celebradas nos últimos anos junto a Instituições Públicas, Acadêmicas e Privadas com Projetos Sócioeducativos, mais de 150 jovens e adultos aguardam para serem acolhidos. Já estão matriculados 120 alunos, o número máximo de cada turma, que encaminha nossos adolescentes, jovens e adultos de qualquer idade ao mercado de trabalho e os devolve à escola e à família. O Padre José Alceu de Souza Júnior, Reitor da Igreja São Benedito, sucede o Diácono Valdevino Boldrin na Presidência do FAC, agora entregue à Família Diaconal da Arquidiocese de Ribeirão Preto.

Na Assembleia Geral realizada no dia 23 de Janeiro de 2017, foi reestruturado e eleito o novo Conselho Diretor, que proverá recursos para a manutenção dos Projetos do FAC – Fraterno Auxílio Cristão da Cidade de Ribeirão, que ficou assim constituído: Presidente: Pe. Jose Alceu de Souza Júnior; Vice-Presidente: Diác. Cleiton Luiz Forgerini; 1º Secretário: José Raymundo Guimarães Braga; 2º Secretário: Diác. Flávio Aparecido Livotto. 1ª Tesoureira: Marisa Tabor da Costa; 2º Tesoureiro: Diác. Adelcio Guirão. A Comissão Fiscal tem como Titulares: Diác. Pérsio Luiz Dugaich; Diác. Alexandre Alves Silva e Joseli Alves de Oliveira. São Suplentes da Comissão Fiscal: Valdenir da Silva Pastorelli; Diác. José Luiz de Almeida e José Marcos da Silva.

A próxima promoção para arrecadar Fundos é a Pizza Solidária que será entregue dia 18 de Fevereiro de 2017, entre 10 e 14 horas na Sede do FAC, Rua Barão do Amazonas, 881, Centro de Ribeirão Preto. Reserve já a sua, com sabores diversificados pelo Telefone: (16) 3237-0942. Uma Pizza que você adquirir, ajudará um grande número de Crianças, Adolescentes e Famílias em Situação de Vulnerabilidade. A crise econômica também atinge as Entidades que cuidam dos mais surrados pela vida de nossa cidade.

Sintam-se convidados a conhecerem nosso Espaço, nossa Atuação que não é mero assistencialismo e os Membros do Novo Conselho Diretor do FAC, na tarde do dia 08 de Fevereiro, quarta-feira, às 16 horas. Será imensa nossa alegria poder receber nossos amigos, autoridades, benfeitores, sócios contribuintes e voluntários, na própria Sede do FAC – Rua Barão do Amazonas, 881, Centro de Ribeirão reto. 

            Agradecemos de coração, a sensibilidade de todos! Para isso, insistimos na generosa caridade de pessoas que possam nos ajudar, depositando qualquer quantia em nossa Conta Bancária.
                        Banco do Brasil – Agência 4242-0 – Conta Corrente: 20029-8
                                               CNPJ: 56.019.813/0001-88


            Também é possível tornar-se Sócio Contribuinte, solicitando seu boleto bancário pelo Telefone (16) 3237-0942, garantindo assim a sustentabilidade de nossos Projetos. Partilhando de nossa pobreza, receberemos certamente uma recompensa maior “porque Deus ama a quem dá com alegria” (2 Cor 9,7).