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quinta-feira, 30 de maio de 2019

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR



Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            A celebração da Ascensão do Senhor não se restringe à recordação solene da volta de Cristo ao Pai, Ele que vai para o céu e senta à direita de Deus, mas é o momento em que se explicita o Filho como fonte do Espírito. Ele, junto de Deus, nos enviará aquele que manterá viva na Igreja a memória de sua Páscoa, configurando-a testemunha de seu amor por nós.
            Do mistério da Ascensão de Cristo participa toda a Igreja que, no mundo, continua sua missão guiada pelo Espírito do Senhor. Como peregrina do Evangelho, tem como horizonte aquele lugar que o próprio Filho ocupa na companhia de seu Pai. Deste modo, a liturgia de hoje dota de sentido a existência da comunidade dos fiéis.
            Em comunhão com todos os cristãos espalhados pelo mundo, celebramos a Ascensão do Senhor, como plenitude da Páscoa, cuja memória atualizamos na Eucaristia. Assentado à direita do Pai, Jesus continua junto à humanidade.
            Despedindo-se fisicamente de seus seguidores, Jesus os convoca a dar continuidade à missão por ele iniciada e derrama sobre eles a bênção, sinal de sua presença contínua. Abramos o coração à luz da palavra de Deus.
            Ao se despedir, Jesus deixa aos discípulos a tarefa de continuar a missão que ele iniciou. Com a ascensão, Jesus conclui sua missão e inicia a missão da Igreja. Elevado ao céu, Cristo é a cabeça da Igreja e o Senhor da humanidade.
            O acontecimento da Páscoa é único e foi narrado de maneiras diversas. Ao morrer na cruz, Jesus, é, ao mesmo tempo, ressuscitado pelo Pai e entra numa vida glorificada que não conhece tempo nem espaço. No mesmo momento, Jesus dá o seu Espírito, o Espírito Santo (Jo 19,30b). Para mostrar a presença do Ressuscitado no meio dos seus seguidores, os evangelistas narram que Jesus se mostrou diversas vezes aos seus discípulos. Lucas quer frisar, especialmente, que Jesus está com Deus e manda a Força do Alto para a Igreja anunciar o Reino a todas as nações. Por que Lucas conta a volta ao Pai e a missão da Igreja numa narração em que Jesus foi levado ao Céu? Por estes relatos, os antigos quiseram manifestar a verdade sobre a Igreja: ela existe para que, movida pelo Espírito de Cristo, continue sua missão de mostrar a todos o Pai e seu Reino.
            A Ascensão nos recorda, portanto, que em Cristo o mundo foi assumido por Deus, abraçado por Ele. Recentemente, na remontagem do filme “Os miseráveis”, muitos puderam ouvir na boca do protagonista uma belíssima frase que resume tudo isso: “Quando amamos os outros, podemos ver a face de Deus”. E é isso que de fato ocorre quando os cristãos dedicam cuidado às pessoas. Permitem que o Senhor “apareça”, “se manifeste” no mundo. Não é por qualquer motivo que, desde as origens, os cristãos se empenharam em socorrer os órfãos, as viúvas e os enfermos. Nestes era possível vislumbrar traços do mistério.
            Festejar a “volta” de Jesus para o Pai, longe de entristecer-nos, nos alegra, pois se trata da festa da aprovação do Pai à experiência terrena de Jesus. É uma espécie de pronunciamento de Deus acerca do itinerário pascal de Jesus, reconhecendo-lhe finalmente como Filho com toda pompa e circunstâncias (isto literalmente, o que é óbvio pelas narrativas lucanas).
            Em toda celebração Eucarística, fazemos memória da ascensão do Senhor. Na maioria das orações Eucarísticas ela é recordada explícita ou implicitamente. A Ascensão junto com o Pentecostes são facetas de um só acontecimento que é a Páscoa de Jesus. Nós o desmembramos para melhor celebrar cada aspecto.
            A Ascensão do Senhor nos remete ao compromisso de sermos a verdadeira Igreja do Senhor, que é essencialmente missionária e ministerial. Igreja que não é missionária não pode ser de Jesus Cristo.
            Gosto de pensar que “Homens da Galileia olhando para o alto”, nos dias atuais, são os bons cristãos, cumpridores de preceitos, os bons católicos que só ficam da metade da Igreja para trás, aqueles que não ultrapassam os Mandamentos da Igreja e o fiel cumprimento dos deveres. Ou somos uma IGREJA DO IR ao encontro das pessoas: aquelas que não vêm, ou porque não podem ou porque não querem, ou porque foram mal acolhidas, ou porque foram enxotadas, os pobres, os irmãos das periferias de nossas Paróquias, os enfermos ou que se desiludiram por conta dos nossos contra-testemunhos sejam eles eclesiais, comunitários, políticos ou sociais, enfim aqueles que tanto discriminamos, ou não somos a IGREJA MISSIONÁRIA DO SENHOR!
            Celebramos neste domingo da Ascensão do Senhor, o 53º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Nosso Papa Francisco,  pensou para este dia, em que agradecemos tantos meios de Comunicação que nos ajudam a anunciar a Boa Notícia do Evangelho de inúmeras maneiras, como tema: “Somos membros uns dos outros” (Ef 4,25): “das comunidades de redes sociais à comunidade humana”. Pessoalmente agradecemos a todos que divulgam nossa evangelização de modos tão diferentes: via Internet, Imprensa Escrita, Radiofônica e Televisiva.
            Iniciamos, também, neste domingo a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, e a preparação para a Solenidade de Pentecostes. Sob o tema: “Procurarás a Justiça, nada além da justiça” (Dt 16,18-20). Rezamos pela vida de nosso amado Pastor, Dom Moacir Silva, a fim de que cheio dos dons do Espírito Santo, nos ajude sermos a Igreja do Ir, Missionária e Discípula do Senhor! Saibamos abrir-nos ao Espírito Santo, para que robusteça nossa fé, encoraje nossa missionariedade e atualize nosso discipulado!
            Sejam todos muito abençoados. Com ternura e gratidão, encontrando-nos na oração, o abraço amigo e fiel,

Padre Gilberto Kasper
(Ler At 1,1-11; Sl 46(47); Ef 1,17-23 e Lc 24,46-53).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Junho de 2019, pp. 18-21 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo Pascal (Junho de 2019), pp. 50-57.

Convite: 53º Dia Mundial das Comunicações Sociais



53º Dia Mundial das Comunicações Sociais

« ‘Somos membros uns dos outros’ (Ef 4, 25):
das comunidades de redes sociais à comunidade humana »


Aos Meios de Comunicação e Comunicadores

A Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de Ribeirão Preto, convida os Meios de Comunicação e Comunicadores para participarem das atividades comemorativas ao 53º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que neste ano aborda o tema: “‘Somos membros uns dos outros’ (Ef 4, 25): das comunidades de redes sociais à comunidade humana.

Programação:

·        1º de junho – Sábado – Solenidade da Ascensão do Senhor

10h - Café com os Comunicadores e o Arcebispo
Reflexão da Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais
Momento de Confraternização e Acolhida – Café da Manhã
Local: Salão Dom Alberto, Rua Prudente de Moraes, 409 - Ribeirão Preto/SP


12h - Missa na Catedral Metropolitana de São Sebastião
Catedral Metropolitana de São Sebastião - Praça das Bandeiras, s/n - Ribeirão Preto/SP


Obs: Pedimos a gentileza de confirmarem a presença pelo e-mail: contato@arquidiocese.org.br ou telefones (16) 3610-8477 / 9.9721-3826 (Márcio).


Fraternalmente,





Pe. Gilberto Kasper
Assessor da Pastoral da Comunicação

Márcio Smiguel Pimenta
Equipe Arquidiocesana da Pastoral da Comunicação


quarta-feira, 22 de maio de 2019

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SEXTO DOMINGO DO TEMPO PASCAL


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!


            O Sexto Domingo do Tempo Pascal remete-me à minha Ordenação Diaconal, pela imposição das mãos de Dom Romeu Alberti, na Igreja do Anjo da Guarda da Universidade Católica de Eichstätt, na Alemanha em 1987. É, portanto, meu aniversário litúrgico de Ordenação Diaconal, já que naquele ano o mesmo Domingo foi dia 24 de Maio, Aniversário de Ordenação Episcopal do saudoso e bom pastor, Dom Romeu Alberti, que me acolheu com incomparável misericórdia na Arquidiocese de Ribeirão Preto. Interceda ele por nossa Igreja particular, pela qual doou sua tão breve vida, silenciando o tempo todo de seu ministério episcopal sua leucemia. Para mim, Dom Romeu é um grande santo junto á Corte Celestial.
            Durante o Tempo Pascal, que equivale a um Grande Domingo, a herança deixada por Jesus aos discípulos vem sendo celebrada. O amor de Cristo que reúne e une a comunidade de fé é a herança. Ela se sustenta na escuta da Palavra de Jesus que é Palavra do Pai para nós.
            A Igreja nasce do lado de Cristo, como nos fala a Sacrosanctum Concilium número 5, como um Sacramento Pascal. Nela, é possível visualizar o amor profundo daquele que dá a vida pelos seus amigos. Chegando ao fim do tempo de ouro para a Igreja, é preciso que estejamos convencidos da importância deste amor e, sobretudo que estejamos abertos à sua experiência num mundo cada vez mais marcado pela intolerância e pelo medo.
             Dom Joviano de Lima Júnior, sss, nosso saudoso Arcebispo insistia no Projeto SIM – Ser Igreja em Missão, de que precisaríamos acolher mais do que enxotar as pessoas que nos buscam. O amado Papa Francisco também afirmou de que nossa Igreja não pode ser reduzida a uma “ONG Piedosa”. Mas somos por vezes piores do que isso, enquanto submetemos nossos fiéis a nossos caprichos, horários “comerciais” e negando (não poucas vezes com desculpas mentirosas) um mais dedicado atendimento e serviço. Quantas reclamações ouvimos de pessoas que buscam pelos Sacramentos e não conseguem ser atendidas. “Ir à periferia de nossas Comunidades” significa disponibilidade, solicitude, “gastar-se pelo Reino de Deus através de maior qualidade no exercício de nosso ministério ordenado. Também nossos Agentes de Pastoral carecem de maior espírito de acolhida, menos discriminação e emissão de juízos. Quantos coordenadores se sentem donos de seus coordenados, pensam ser insubstituíveis, quando deveriam ser servidores de toda a Comunidade, especialmente dos mais fracos!?!
            Ouvindo a palavra de Deus, contemplemos a ação do Espírito Santo. Ele ilumina os desafios pastorais que enfrentamos, orienta nossas comunidades a fim de serem sinais do mundo novo e nos recorda tudo o que Jesus ensinou.
            A comunidade deve saber discernir o que é fundamental e o que é secundário, passível de mudança. Se vivemos as palavras de Jesus, seremos amados por ele e o Pai celeste fará morada em nós. À medida que se diviniza, a comunidade pode dispensar as mediações humanas.
            Qual a herança que melhor demonstra o cuidado e amor que as pessoas dedicam umas às outras? Certamente não se restringe apenas a bens e valores. É certo que a melhor expressão desse bem-querer tem a ver com a própria vida (palavras ensinadas, testemunhos deixados, atitudes, etc.) que, ao ser empenhada em favor daqueles que nos são valiosos, se torna digna de menção e memória das gerações futuras.
            Nesta perspectiva, a herança mais preciosa que as comunidades cristãs conservam é a própria morte e ressurreição de Jesus, sua Páscoa, pois ela não é outra realidade senão o cumprimento mais significativo ao Amor do Pai.
            A ação do Espírito Santo na Igreja permite-lhe manter viva esta memória, de modo que a herança deixada pelo Senhor não se perca. Em épocas de calamidade ou grandes dificuldades, não é novidade que os cristãos se mobilizam para ajudar aqueles que padecem dificuldades. Quantos homens e mulheres se disponibilizam, por exemplo, a ajudar na reconstrução de Moçambique e o fazem em nome da fé que professam! Esta, dentre outras ações, é uma maneira de manter guardada a herança que o Senhor nos legou.
            Em nossas comunidades, as pastorais, os movimentos e as demais forças eclesiais são impulsionados pelo Espírito para que mantenham viva a memória do Ressuscitado. Ao tornarmo-nos homens e mulheres pascais, permitimos que a herança deixada pelo Senhor não se perca.
            A Liturgia celebrada nesta semana traz consigo um sabor de despedida. As leituras proclamadas em nossas celebrações nos remetem ao Senhor que prepara os seus discípulos e discípulas para a sua volta ao Pai, no evento da Sua Ascensão. Saibamos inscrever em nosso coração a Palavra de Deus que se nos é proposta com o compromisso de sermos “Sal da terra e luz do mundo”!
            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, meu abraço amigo,

Padre Gilberto Kasper
(Ler At 15,1-2.22-29; Sl 66(67); Ap 21,10-14.22-23 e Jo 14,23-29).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Maio de 2019, pp. 86-89 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo Pascal (Maio de 2019), pp. 46-49.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - QUINTO DOMINGO DO TEMPO PASCAL



Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            A 57ª Assembleia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) testemunhou ainda mais a magnífica unidade e comunhão que norteia o Episcopado Brasileiro. É lindo ver como os nossos Pastores se querem bem, se amam e buscam apontar caminhos de novo ardor missionário para seus rebanhos, suas Igrejas particulares, cada uma com suas características, desafios e sonhos diferentes, porém, com igual entusiasmo da vivência de uma mesma fé. Encontro de Irmãos, Sucessores dos Apóstolos, que buscam viver os conselhos do Evangelho de São João deste domingo: “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13,34b-35).
            Oxalá tal testemunho seja seguido por todos nós, Ministros Ordenados junto à rica presença de tantos Leigos e Leigas, convidados a repensarmos, convertermo-nos e tornarmo-nos verdadeiramente uma verdadeira “Igreja em Saída”: acolhedora, descomplicada, presente na “periferia do mundo”, que é também, a proposta de nosso amado Papa Francisco!
            Sendo o tempo pascal como “se fosse um só dia de festa”, nos é dada a oportunidade de compreender e experimentar melhor o amor de Deus que Jesus revela por meio dos ritos litúrgicos e que devem alcançar a totalidade da vida de seus discípulos. Neste período, oportunamente, a Igreja é convidada a portar-se como Cristo Ressurreto, porque está imbuída do seu Espírito. Com razão, Tertuliano chamava atenção para o fato de que estes cinquenta dias que se estendem, desde a Vigília Pascal, chama-se “Pentecostes”, pois seu Espírito, que é amor, foi derramado no coração dos fiéis. E para estes, durante este tempo, não cabe nenhuma atitude ou gesto de tristeza.
            Deus nos reúne em nome de Cristo e nos encoraja a concretizar o sonho do novo céu e da nova terra. Este é o desejo de todos os que aspiram a um mundo sem injustiça, onde cada pessoa se sinta plenamente realizada. Fortaleçamos, nesta liturgia, os laços de amor que nos identificam como comunidade de discípulos (a exemplo de nossos Bispos) e discípulas de Jesus.
            Assim como fizeram as primeiras comunidades, vamos escutar a palavra de Deus e nos comprometer com sua proposta. Ela aponta para um novo mundo, sem tristeza nem dor, e conclama a todos para a vivência do amor.
            A comunidade se organiza para enfrentar as dificuldades e avalia a sua caminhada. Ao se despedir, Jesus deixa à comunidade o novo mandamento do amor. A comunidade fiel e perseverante procura concretizar a “nova Jerusalém”, dom de Deus.
            A verdade do amor que é o sacramento dos irmãos e irmãs, torna autêntico e frutuoso o sacramento eucarístico do pão e do vinho.
            A página do Livro do Apocalipse de São João nos apresenta um trecho em que se anuncia a superação de toda tristeza, porque há um novo céu e uma nova terra como “chão” e “tenda” sobre os quais repousará a humanidade descansada e feliz. Este desejo de felicidade, tranquilidade e paz habita o nosso mundo. Quantos e quantas não se esforçam por criar condições reais de segurança para que seus filhos e filhas possam brincar e ser felizes! Desde os mais pobres até os mais abastados, a busca por uma vida boa é uma constante na vida. Os meios para que se realize tal desiderio, no entanto, nem sempre são os mais condizentes com o Evangelho. Há os que se corrompem e afanam aquilo que não lhes pertence, e está designado para o sustento e promoção do povo, como o fizeram aqueles do famoso caso do mensalão ou aqueles políticos e empresários implicados com a Operação “Lava Jato”. Homens e mulheres desta categoria pertencem a um mundo que já não existe segundo a Páscoa do Senhor, pois por meio desta não há lugar para sofrimento e dor. O que existe é uma nova cidade que despontou com Deus e participa de seu beneplácito, porque promove a justiça e a fidelidade à aliança. Há quem faça objeções a esta verdade de fé, apontando os sinais de morte que se espalham ao redor. Mas, sabemos que esta verdade se cumpre à medida que o amor de Cristo habita os cristãos e dá contorno à sua existência. É preciso que este amor tenha a proporção do amor de Cristo, pois toda injustiça surge quando o amor tem nossa medida.
            Todo cristão é um “outro Cristo”, motivo pelo qual sempre deveria agir como o próprio Cristo age nas mais diferentes circunstâncias de nossas relações. Não podemos admitir que entre nós, existam pessoas passando fome, sendo exploradas e judiadas, especialmente por quem exerce algum serviço, seja eclesial, político ou social. Nosso amado Papa Francisco deseja uma Igreja pobre para os pobres! Saibamos seguir seu bom exemplo. Comecemos a revestir-nos de maior humildade, desprendimento, simplicidade e de profunda ternura: cristãos todos e todos os cristãos, nas diversas missões de serviço gratuito pela construção de um Reino de Deus alicerçado no amor, na verdade, na justiça, na liberdade e na PAZ!
Desejando-lhes copiosas bênçãos, com ternura, meu abraço fiel e amigo,

Padre Gilberto Kasper
(Ler At 14,21-27; Sl 144(145); Ap 21,1-5 e Jo 13,31-35).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Maio de 2019, pp. 67-70 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo Pascal (Maio de 2019), pp. 42-45.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - QUARTO DOMINGO DO TEMPO PASCAL



DOMINGO DO BOM PASTOR
DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            O quarto Domingo da Páscoa é tradicionalmente chamado de Domingo do “BOM PASTOR”. O título tem razão de ser, pois as leituras e as orientações nos levam a contemplar Jesus como o Bom Pastor, aquele que dá a sua vida pelas ovelhas. Na Páscoa, esse mistério é ainda mais acentuado quando se considera a morte e ressurreição do Senhor como a suprema doação da vida do Filho de Deus para a salvação do mundo. Comemoramos também neste segundo domingo de Maio, O Dia das Mães. Celebremos por todas as mães vivas e falecidas.
            Mas, a oferta que Jesus faz de sua vida se prolonga na vida de muitos homens e mulheres que se entregam pela vida dos outros, doando-se abnegada e gratuitamente por causas das quais poderiam se eximir. Entretanto por decisão livre, por solidariedade, por reconhecimento de tudo o que são e possuem, movidos pelos impulsos do Espírito, religiosos ou não, fazem da sua existência um serviço de amor capaz de gerar vida nova e, em muitos casos, salvação.
            A Eucaristia é lugar privilegiado de reconhecer esses sinais do Ressuscitado espalhados na sociedade e no mundo. Ela nos abre os olhos e os ouvidos para contemplar a misteriosa ação de Deus na história, projetando a luz da fé sobre as coisas bonitas que a televisão, os jornais, e a cultura atual não querem mostrar. O cristão, que vive da vida nova do Ressuscitado, rompe com os esquemas que aprisionam a vida que Deus ofereceu para todos em seu Filho. Com a força e a coragem do Pastor, lutam pela universalidade da salvação que não ficou aprisionada nem à cruz e nem ao sepulcro.
            Neste domingo somos convidados por Jesus, Bom Pastor, a fazer parte do seu rebanho e aprender dele o jeito de ser Igreja. Ele sustenta nossa vida, e suas palavras nos dão segurança: nada poderá arrebatar-nos de sua mão.
            A palavra de Deus não conhece fronteiras. Ela chega a todos os povos e nos reúne em torno do Ressuscitado, doador da vida eterna a quantos escutam a sua voz e o seguem.
            A palavra de Deus alcança a todos os que se deixam orientar por ela. Jesus, o verdadeiro pastor, doou sua vida para que todos tenham vida plena. Jesus é o Cordeiro imolado e o pastor que conduz todos às fontes da água viva.
            Dois aspectos enriquecem a vida cristã neste domingo: a comunhão e a doação de si. Jesus entra em comunhão com o seu rebanho e se doa voluntariamente pela salvação dos seus. Essa comunhão e autodoação têm sua fonte no amor entre o Pai e o Filho. Comunhão e autodoação é o modo de ser de Deus. Por meio de Jesus passa a ser o modo de ser dos cristãos. Por isso, a vida cristã não se afirma na indiferença, na distância ou na separação, mas no amor. Aquilo que para os outros é sem importância, porque não toca diretamente nossa vida, passa a ser importante, porque bebemos de uma fonte de amor. Assuntos e realidades como a fome, a violência, a dependência química, a injustiça que arranca os direitos essenciais à vida, as doenças, a corrupção, que criminosamente se propagam entre nós, são do nosso interesse e exigem ações da nossa parte em vista da vida e da salvação de todos. A experiência da ressurreição não pode ser entendida como graça particular, porém como missão, norma de uma vida aberta e devotada aos outros.
            Nem é necessário bancar o super herói atento aos atos criminosos ou perigos sofridos por outrem. A vida exige que trabalhemos, cumpramos nossas obrigações, façamos nossos deveres, como cuidar da casa, da família, da própria saúde, até mesmo do lazer e do descanso. Contudo, é preciso encontrar lugar para o amor abnegado, gratuito e desinteressado. Encontrar tempo para sair de si e encontrar o outro que necessita. Basta abraçar uma causa, dedicar-se a uma meta em prol de uma situação, agremiar-se a um grupo, dar sua contribuição para um mundo melhor. Quem sabe, assim, o amor de Deus se torna mais evidente a um mundo tão fechado e ensimesmado?
Vivemos uma cultura da coisificação da pessoa. Se lhe atribuímos códigos e senhas. Não existe, porém, som mais deleitoso, do que ouvir alguém nos chamar pelo nome. Pessoalmente tenho grande dificuldade de guardar o nome das pessoas, embora não esqueça suas fisionomias. É algo que me entristece, porque é bom demais ser reconhecido pelo nome ao invés de identificado por códigos, apelidos pejorativos ou senhas. O que não suporto é o fingimento que muitas vezes disfarça nossa incapacidade de guardar na memória nomes de pessoas com quem nos relacionamos. Irrita-me profundamente quando alguém, seja ao telefone, seja pessoalmente, me peça que adivinhe quem é! Peço que se identifique de uma vez. Mas a questão de conhecer o rebanho, as ovelhas pelo nome e essas reconhecerem nossa voz é bem mais profundo e transcendente do que simplesmente lembrar o nome deste ou daquele colaborador em nossas Comunidades Eclesiais, Sociais, Políticas ou Profissionais.
A sociedade atual, sobretudo os jovens e adolescentes, se move pela busca de figuras referenciais para sua vida. Os padrões editados pela mídia projetam modelos que condicionam as pessoas a assumi-los, por vezes com consequências nefastas. Cantores e artistas famosos, atletas bem sucedidos etc., alimentam o sonho de autorrealização, de fama e de ser um herói para milhões de indivíduos. Estes “ídolos” mexem com o universo imaginário e simbólico das pessoas, sobretudo dos mais jovens.
            Jesus é o Bom Pastor, não simplesmente em oposição à figura dos pastores mercenários, mas porque valoriza e conhece suas ovelhas e é reconhecido por elas. Ele dá a vida por elas por uma opção de amor. Portanto, Jesus se apresenta à comunidade como Bom Pastor, movido pela lógica do amor e não por interesses e favores pessoais, a exemplo dos mercenários. Quem não ama sua comunidade (seu povo) até à doação de sua vida, não pode ser considerado pastor exemplar.
            O Dia Mundial de Oração pelas Vocações nos convida a rezarmos ao Senhor que envie pastores configurados com Cristo, o Bom Pastor! A começar dos Ministros Ordenados aos Agentes de nossas Pastorais, somos também convidados à conversão, à coerência e ao bom senso em nossas atividades, que devem estar sempre pautadas sobre o Projeto Evangelizador e Missionário de Jesus Cristo, o Bom Pastor! Quem não gasta sua vida pela Comunidade (o rebanho) corre o risco de compreender sua vocação como “meio de vida”, o que se torna geralmente um desastre. Por isso é fundamental conhecer Jesus Cristo ressuscitado e identificá-lo como o Bom Pastor a ser seguido.            Conhecer Jesus e tê-lo como modelo de vida implica conhecer seu amor e aderir ao estilo de seu agir. A mútua relação entre Jesus e os seus gera e nutre a relação de intimidade, de confiança, de diálogo, de pertença, de segurança. Não é em vão que a palavra pastoral evoca: zelo, cuidado, carinho, misericórdia, compaixão, amor, dedicação, ternura, atenção às pessoas e às suas necessidades.

ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES
Jesus, Bom Pastor, que chamastes os apóstolos a vos seguir,
Continuai chamando pessoas generosas e de mente aberta
Para que deem continuidade à missão por vós iniciada.
A messe é grande, poucos os operários:
Necessitamos, Senhor, de santos presbíteros e religiosos.
E de bons servidores do vosso povo.
Amém.

Nossas Comunidades, com razão, são cada vez mais exigentes. Sejamos Bons Pastores para elas. Sejam elas, Queridas Ovelhas para nós.

            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura, o abraço amigo,

Padre Gilberto Kasper
Ler At 13,14.43-52; Sl 99(100); Ap 7,9.14-17 e Jo 10,27-30.
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Maio de 2019, pp. 47-50 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo Pascal (Maio de 2019), pp. 38-41.