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quarta-feira, 26 de abril de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO PASCAL

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

"Senhor Jesus, revelai-nos o sentido da Escritura;
fazei o nosso coração arder quando falardes" (Lc 24,32).

Celebrando o Terceiro Domingo do Tempo Pascal, aprendemos que o
 Senhor ressuscitado caminha conosco e nos convida a formar comunhão com ele ao redor do pão da vida. A páscoa de Jesus se realiza nos corações e comunidades que promovem a partilha e criam laços de comunhão e solidariedade. Pedro apresenta o modelo da pregação apostólica e nos diz que Jesus é aquele que nos conduz a Deus. Os discípulos de Emaús reconhecem o Senhor no momento da partilha do pão. O primeiro anúncio da pregação de Pedro foi a ressurreição de Jesus, como predisseram as Escrituras. O Ressuscitado caminha com a comunidade e se revela na partilha da palavra e do pão. Somos migrantes neste mundo, resgatados pelo sangue de Cristo.

A liturgia deste domingo indica o caminho para um verdadeiro encontro com Jesus ressuscitado, presente de modo especial nas Escrituras e no partir o pão. Palavra e Eucaristia correspondem-se tão intimamente que não podem ser compreendidas uma sem a outra: a Palavra de Deus faz-Se carne, sacramentalmente, no evento eucarístico. A Eucaristia abre-nos à inteligência da Sagrada Escritura, como esta, por sua vez, ilumina e explica o Mistério Eucarístico.

Os discípulos reconhecem Jesus ao partir o pão, sinal de sua entrega total por amor. As reuniões das comunidades primitivas, onde a escuta da Palavra tinha um papel importante, culminavam com a fração do pão, a Eucaristia (cf. At 2,42.46). Agradecemos ao Senhor pela possibilidade de reconhecê-lo na palavra, na eucaristua, na comunidade dos irmãos na fé. Com os discípulos de Emaús, insistimos: “Fica conosco, Senhor”, caminha ao nosso lado, para que possamos repartir o pão e acolher todas as pessoas sem discriminação.

Após a morte de Jesus, a comunidade dos discípulos se dispersou por causa das desilusões, das adversidades. A compreensão do mistério pascal de Jesus, na perspectiva do desígnio do Pai: a salvação da humanidade abriu nova esperança de libertação para os discípulos. Assim, o encontro com o Ressuscitado desperta nos discípulos a disposição para reencontrar a comunidade e continuar a missão. Que o Senhor ressuscitado nos conserve reunidos em seu nome, em torno de sua proposta libertadora.

De Jerusalém a Emaús há uma distância de onze quilômetros. É justamente neste caminho que tudo começa. Até aí as coisas estavam ainda obscuras. As notícias da ressurreição corriam de boca em boca, mas até a tardinha daquele domingo, ninguém ainda vira o Ressuscitado, a não ser Maria de Magdala, a quem parecia não ser conferida muita credibilidade. Nem mesmo Pedro e João conseguiam compreender claramente as coisas: constataram, é verdade, o sepulcro vazio, mas o Cristo Ressuscitado só sabiam dos lábios de Maria, que levara a Boa Notícia da Ressurreição! O anúncio poderia ser, quem sabe, resultado das emoções vividas naqueles dias todos. Já no Caminho para Emaús acontece a segunda Missa: Jesus põe-se entre os dois desanimados e dribla os demais. É no desânimo, na desesperança, no cansaço, na desilusão que o Senhor aparece. Celebra caminhando com eles, a Liturgia da Palavra, explicando-lhes novamente as Escrituras, como que uma segunda chamada daquilo que aprenderam no Seminário de Jesus. O coração dos discípulos ardia enquanto Jesus falava. O convite de Emaús é fundamental para a segunda parte da Missa: "Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!" Jesus aceita o convite dos dois discípulos. Jesus sempre aceita nosso convite, quando lhe pedimos: "Fica conosco, Senhor!" Reconhecem-no ao agradecer, abençoar e partilhar o pão: eis a Liturgia Eucarística!

Gosto de pensar que os discípulos, felizes por terem reconhecido e estado com o Senhor, poderiam dar-se por satisfeitos e descansarem do longo trecho entre Jerusalém e Emaús. Geralmente é o que fazemos. Uma vez cumprido o preceito, Jesus comungado em Palavra e Eucaristia voltamos para nossos lares e continuamos quietinhos vivendo nossa vida. Certinha, é bem verdade, mas com Jesus escondido no sacrário de nosso coração. Não foi a atitude dos dois discípulos. Mesmo exaustos, não ficaram de pernas para o ar, descansados em casa, mas voltaram, correndo à Comunidade reunida em Jerusalém, onde houve a exclamação mútua: "Vimos o Senhor. Está vivo. Ressuscitou!" Eis o anúncio que a Igreja espera de cada um de nós. Não guardemos o Senhor Ressuscitado só para nós: anunciemo-lo por onde passarmos, também da porta do Tempo para fora.

Desejando a todos o carinho de nossas orações, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler At 2,14.22-33; Sl 15(16); 1Pd 1,17-21 e Lc 24,13-35).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Abril de 2017, pp. 119-123 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo Pascal (Abril de 2017), pp. 43-49.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA

Domingo da Divina Misericórdia

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            O Segundo Domingo do Tempo Pascal nos introduz no Tempo em que celebramos a ressurreição do Senhor, como único e grande dia, que se estende desde o Domingo da Páscoa ao domingo de Pentecostes. “Os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição e o domingo de Pentecostes sejam celebrados com alegria e exultação, como se fossem um só dia de festa, ou melhor, como um grande domingo” (Normas Universais ao Ano Litúrgico e Calendário Romano Geral, n. 22).
            Celebramos o domingo da Divina Misericórdia, instituído por São João Paulo II, canonizado ao lado de São João XXIII, O Papa Bom. Damos graças ao Senhor por tão amados intercessores junto de Deus, bem como por seu eterno amor por nós, disposto a nos perdoar, sempre que nosso coração arrependido volta-se para ele.  Escolhi como lema de minha Ordenação Presbiteral, a quinta Bem-aventurança do Sermão da Montanha de Jesus: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7), justamente porque não obstante meus incontáveis limites, o Senhor me quis Sacerdote, tamanha Sua Misericórdia por mim! Como Tomé, exclamamos maravilhados: “Meu Senhor e meu Deus”.  Desde criança aprendi que a profissão da fé de Tomé seria a ideal, cada vez que fizesse a genuflexão diante do Cristo Sacramentado, seja na Hóstia Consagrada exposta, seja escondida no Sacrário. Por isso, quando coloco o joelho direito no chão, em sinal de adoração ao Senhor presente no mistério de nossa Fé, a Eucaristia, digo com a poesia de meu coração: “Meu Senhor e meu Deus”. Também quando ergo Jesus transubstanciado de um pedacinho de pão em Seu Corpo e de um pouquinho de vinho no Seu precioso Sangue, meu coração remete aos meus lábios a mesma expressão: “Meu Senhor e meu Deus!”.
O primeiro encontro de Jesus ressuscitado com seus discípulos é marcado pela saudação feita por Ele: “A paz esteja convosco’” Por duas vezes o Ressuscitado deseja a paz a seus amigos. Em seguida, os envia em missão, soprando sobre eles o Espírito. Buscar e construir a paz é missão dos seguidores do Ressuscitado, pois o Reino de Deus, anunciado e realizado por Jesus e continuado pelas comunidades animadas pelo Espírito, manifesta-se na paz. Reino de Justiça, Paz e Alegria como frutos do Espírito Santo. O Apóstolo, amigo de Jesus, ressalta que a paz, para ser autêntica, deve ser trazida pelo Cristo. Uma paz diferente da paz construída pelos tratados políticos. Paz (é shalom) significa integridade da pessoa diante de Deus e dos irmãos. Significa também uma vida plena, feliz e abundante. Paz é sinal da presença de Deus, porque o nosso Deus é um “Deus da Paz” (Rm 15,33). Paz significa muito mais do que ausência de guerra. Significa construir uma convivência humana harmoniosa, em que as pessoas possam ser elas mesmas, tendo o necessário para viver, convivendo felizes.
            A comunidade, que abre suas portas, acolhe o Senhor e o segue é enviada pelo Espírito do Ressuscitado a testemunhar o amor do Pai, isto é, a prolongar, no curso dos tempos, a oferta da vida que, em Jesus, Deus fez à humanidade. O reino da vida que Cristo veio trazer é incompatível com as situações desumanas em que vivem mergulhados milhões de seres humanos. “Como discípulos e missionários, somos chamados a intensificar nossa resposta de fé e a anunciar que Cristo redimiu todos os pecados e males da humanidade” (Documento de Aparecida, n. 134).
            O cristão isolado (ausente da comunidade) é vítima do egoísmo e exige provas para crer. É na vida da comunidade que encontramos as provas de Jesus que está vivo. Ser cristão, hoje, requer e significa pertencer a uma comunidade concreta, na qual se pode viver uma experiência permanente de discipulado e de comunhão. Por esta razão, a marca registrada deste Segundo Domingo da Páscoa é a , vivida em comunidade. É em comunidade que se realiza o encontro com o Ressuscitado e a experiência de uma vida nova.
            No tempo da Páscoa, a comunidade cristã tem a oportunidade de aprofundar o evento da salvação, cuja memória desponta de modo pungente na liturgia desse tempo.
            Convém chamar a atenção para o fato de que a vida nova não está isenta de dificuldades. O cristão não é tirado do mundo pelos sacramentos que celebra, mas situado nele de uma maneira especial: como comunidade que aponta e evoca uma realidade nova, mostrando aos demais que a salvação alcançada em Cristo se realiza e se prolonga naqueles que aderem a Ele (). Pela comunhão com os irmãos, pela promoção da justiça e da libertação, pelo cultivo de utopias e esperanças de vida e de inclusão, a comunidade dos fiéis torna-se sinal da Páscoa, sinal da vida nova que Deus quer e preparou para todos. É possível enumerar vários acontecimentos que confirmam a convivência entre a realidade e a realização da Páscoa e os fatos e situações que indicam a direção contrária: violência, medo, fome, miséria, desastres, corrupção e maldade de todo tipo. Contudo, o fiel é chamado a ver além e através dessas realidades: a vitória de Cristo sobre a morte é também vitória sobre o pecado do mundo e seus efeitos. Os males que atravessam a nossa existência se tornam para os que veem, pela fé, sinais da realidade maior e melhor.
            Em tempos de ofertas religiosas de mercado, os espetáculos e as manifestações milagreiras tendem a desenraizar a experiência de Deus. Valem as “curas”, os choros, os arrepios, as emoções movidas por supostas adivinhações ou “revelações” misteriosas. Ninguém olha para as próprias feridas e para as feridas alheias para reconhecer a vida secreta que nelas habita. Os obstáculos e desafios não servem mais para fortalecer e serem abraçados como cruz do discipulado. São evitados. Se aceita a indiferença, sem qualquer perspectiva de solidariedade, de profetismo, de luta em vista de uma transformação. A Páscoa nos convida para algo mais: para a luz que brilha na noite, para a palavra que recria, para vida que emerge das águas, para o pão que cria vida ao ser partido. A fé está enraizada na vida; na existência faz seu húmus. A ressurreição eleva aquilo que a encarnação assumiu.
            Acolhamos o dom da paz e do Espírito que nos constitui em artífices de relações novas, reconciliadas e fundadas na justiça e na misericórdia.
            Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler At 2,42-47; Sl 117(118); 1Pd 1,3-9 e Jo 20,19-31).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Abril de 2017, pp. 101-104 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Pascal (Abril de 2017), pp. 37-42.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SOLENIDADE DA PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

A Vigília Pascal é a celebração da Ressurreição por excelência. Seu caráter de vigília não se refere à preparação da festa, mas tem raízes na celebração da vigília dominical, presente na origem do culto cristão, em que se começa a celebrar o Dia do Senhor ainda no sábado, desembocando no amanhecer do Domingo. A Vigília Pascal, portanto, não é vigília à espera de uma festa, mas a própria festividade; a mais importante que ocorre no Domingo de Páscoa. A solenidade do terceiro dia do Tríduo Pascal.
            A celebração da Vigília Pascal consta de quatro momentos que costumamos designar como: Liturgia da Luz, Liturgia da Palavra, Liturgia Batismal e Liturgia Eucarística.
            É verdade que, de modo bem semelhante ao que ocorreu às mulheres diante do sepulcro vazio, os acontecimentos da vida nem sempre nos parecem fáceis de interpretar, de modo que através deles reconheçamos a Páscoa de Cristo nos envolvendo. Ao nos depararmos com a crueza da violência urbana, a rapidez com que as pessoas são destruídas pelo uso do crack nas grandes cidades, a luta interminável dos povos indígenas de nosso país em conseguir seu pedaço de chão para sobreviver, a perseguição daqueles que se põem ao seu lado, a corrupção institucionalizada no setor político-econômico... Tudo o que contemplamos com nossos olhos não parece testemunhar a vitória de Cristo sobre a morte. Parece que estamos a procurar entre os mortos aquele que está vivo.
            Cristo Ressuscitou. Vida nova se inicia: tristeza e desânimo pertencem ao passado; esperança e otimismo contagiam nossa existência. Jesus venceu a morte e vive para sempre junto à nossa comunidade e a cada um de nós.
            Acompanhemos Maria Madalena ao túmulo e ouçamos dela a alegre notícia: Jesus já não se encontra entre os mortos, mas está vivo e presente entre nós.
            Enquanto a humanidade destrói e mata, Deus ressuscita e dá vida. O amor nos faz acelerar o passo na busca dos objetivos. A presença do Ressuscitado provoca vida nova na comunidade.
            O texto de João que proclamamos, na celebração da Páscoa, conjuga o primeiro e o terceiro dia. O Domingo – Dia do Senhor – é ocasião concreta, experimentável para que os cristãos possam descobrir que Cristo Ressuscitou, segundo o testemunho das Escrituras. O Domingo, para os cristãos de todos os tempos, se mostra como uma submissão do tempo a Deus. Mas, na verdade, é uma maneira de designar a submissão do ser humano e todas as demais criaturas a seu criador, uma vez que o tempo não existe em si mesmo, mas se dá nas percepções e inteligência do ser humano. O Dia é uma imagem do ser humano. Portanto, dizer Dia do Senhor é falar do ser humano (e da criação inteira da qual ele é símbolo) como pertença a Deus. Em especial, por causa da Páscoa de Jesus, é uma maneira de colocar no centro das atenções a importância – e urgência – do ser humano redimido. O Dia é uma imagem do ser humano que vive de processos, ritmos e ritos. Do ser humano que se vai construindo. Melhor dizendo, do ser humano que se vai revestindo de glória nas palavras da carta de Paulo aos Colossenses.
            Esta experiência precisa encontrar lugar real e concreto em nossa época. O domingo, como um dia no calendário, não mais responde por aquela ocasião em que as pessoas podem obter o descanso, exercitar a convivialidade com a família e os amigos. É mais um dia de consumo, de produção, de lucratividade. Para a tradição ocidental da qual fazemos parte – por influência da fé cristã – o domingo era um dia para recordar a permanente necessidade de humanização. Mas, dia após dia, tudo é igual e as urgências humanas dão lugar a urgências econômicas.
            Neste sentido, é fundamental reunir-se para celebrar, de modo que os gestos humanos revelem a Escritura e a Escritura lhes confira sentido, reorientando nossa existência. Nesta direção, é muito significativo o convite feito na aclamação ao Evangelho, reiterado, como antífona no canto de comunhão: Celebremos, assim, esta festa, na sinceridade e na verdade. A Páscoa celebrada tende sempre a fazer-se verdade sincera em nossos dias, quer dizer, em nossa vida e em sua trama cotidiana. Sabemos que o cotidiano em si não existe – é algo sem forma. Mas o que lhe poderá dar cor, sabor, contorno, veracidade senão a experiência profunda do encontro com o Ressuscitado que continua a passar fazendo o bem como outrora Pedro afirmou? Assim, o tempo pascal se estende diante de nossos olhos como um único dia, o Dia do Senhor, no qual a pessoa humana se redescobre e redefine como criatura de Deus, enriquecida com o seu Amor que a faz reconhecer-se filha bem-quista e com pleno direito à felicidade num mundo mais justo e mais cheio de paz.
            A Páscoa nos remete ao túmulo vazio de onde exalam os perfumes do Ressuscitado! É desse sepulcro vazio que emana o conteúdo de nossa acolhida, compreendida, celebrada e vivida na relação com Deus, que nos oferece o único Cordeiro Imolado necessário para nossa felicidade plena, seus Filhos, Jesus Cristo, agora vive presente entre nós, por força e obra do Espírito Santo!
            Uma vez celebrado o cinquentenário do Concílio Ecumênico Vaticano II, o quarto aniversário da renúncia do Papa Emérito Bento XVI e a eleição do Papa Francisco, O Papa da Ternura nossa Páscoa nos convida à ressurreição imediata na relação com Deus, com a Comunidade de Fé, Oração e Amor e com os porões de nossa intimidade. Deixemo-nos envolver pelos aromas da ressurreição no esforço hodierno de configurarmo-nos cada dia mais com o centro de nossa vida, apaixonando-nos por Aquele que nos move a ser melhores do que somos, Jesus Cristo vivo e ressuscitado no meio de nós!

            Feliz e santa Páscoa a todos! Cheio de ternura, o abraço amigo e sempre fiel,

Padre Gilberto Kasper
(Ler At 10,34.37-43; Sl 117(118); Cl 3,1-4 e Jo 20,1-9).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Abril de 2017, pp. 81-85 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tríduo Pascal (Abril de 2017), pp. 31-36).

EU CREIO, AMO E ESPERO!

Pe. Gilberto Kasper

Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente e Coordenador da Teologia na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP S.A., Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.


A Páscoa que celebramos é o coração de nossa Fé, é a grande festa em que reafirmamos a vitória do amor que não pratica violência e entrega a sua vida para salvar a todos.  A ressurreição de Cristo nos ensina com todo o vigor que, por mais que a morte e suas manifestações nos agridam e nos façam duvidar, a vida nova do Ressuscitado renova nossa esperança e nos fortalece na luta contra o mal que tem mil faces.
           
Eu creio que Jesus Cristo venceu a morte de uma vez por todas, que Ele está presente e vivo em nosso meio e que o amor que nos ensinou é a chave para que nossas esperanças não se desfaleçam apesar de tantos ataques sofridos ultimamente. Durante a Semana Santa me lembro de que alguns dos que maltrataram Jesus, como Pôncio Pilatos, Judas o traidor, Barrabás e Herodes ainda hoje têm admiradores que teimam em atraiçoar Jesus e seus discípulos e ainda em nossos dias atentam contra a sua vida. É carne podre, é propina demais, falta de Ética e de vergonha por parte da classe política misturada com omissão de quem elege os maus para dirigirem a Nação. E o povo, que parece sem vida, sofre e carrega a pesada cruz de impostos, descasos e desrespeito. Mas não perde a Fé!
           
Ao proclamar a leitura da paixão na sexta feira santa, ouço o grito generoso, confiante e destemido de Jesus que semeia o Bem e a Verdade entre nós: “Pai em tuas mãos entrego o meu espírito” e “tudo está consumado”! Estas palavras não dão por encerrada a sua missão entre nós; pelo contrário, é um desafio para que nós cristãos e todas as pessoas de boa vontade, confiantes no Pai amoroso continuemos a missão de Jesus ao inaugurar na terra o Reino de Deus. A luta pela ética na política, nas relações trabalhistas e na economia é um dos pontos ensinados na Doutrina Social da Igreja. Na Cruz, Jesus não “jogou a toalha”, mas nos confiou a missão de construir o mundo novo sem ódio e sem guerra, mas com fraternidade e amor.
           
Imagino a alegria e o susto das mulheres e dos discípulos ao constatar que o Senhor não estava mais no sepulcro onde “O” deixaram. “Não procurem entre os mortos aquele que está vivo”! Eis a postura que deve guiar a vida dos cristãos. Não nos intimidemos com a morte e suas feições de violência e mentira, mas revigorados na Ressurreição de Cristo tenhamos a certeza que ela vai conosco em nosso caminho, tal e qual na estrada de Emaús, e nos envia a reassumir nosso lugar na comunidade e na sociedade se de fato queremos que a falta de vergonha seja retirada de cena.
           
Eu espero que o Cristo Ressuscitado nos impulsione a varrer do mundo a corrupção, o desrespeito e a degradação ética; espero que todos nós acordemos na manhã da ressurreição despertos e dispostos a fazer o mundo e a sociedade ressuscitarem para uma nova vida em que a pessoa humana e a natureza sejam valorizadas como os protagonistas da história.

Feliz e santa Páscoa!


(Parceria com o Pe. João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Mogi Guaçu – SP)

SANTO ANTONINHO CELEBRA O DOM DA VIDA DE SEU REITOR


Durante a Missa das 10 horas do Domingo da Páscoa, dia 16, a Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres, na Avenida Saudade, 202 nos Campos Elíseos, celebrará com a solene participação do Coral Arco-Íris, o natalício de seu Reitor, Pe. Gilberto Kasper, que dia 17 de abril completa 60 anos de vida e 27 anos e 3 meses de Sacerdócio, dos quais 9 anos dedicados àquele Espaço Cultural de Espiritualidade. Quem desejar presentear o Pe. Gilberto, segundo ele, pede que rezem por sua saúde. Já os Pupilos mais próximos sugerem que façam suas doações em lugar de presentes, já que Pe. Gilberto ajuda a manter inúmeros projetos sociais junto à Comunidade ribeirão-pretana.

Conta Poupança em nome da Tesoureira:

Realina Rosa de Rezende
Caixa Econômica Federal – Ag. 1612 – C/P 013-75.028-1

CPF: 744.846.998-34

quarta-feira, 5 de abril de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - DOMINGO DE RAMOS


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

"Jesus Cristo se tornou obediente,
obediente até a morte numa cruz.
Pelo que o Senhor Deus o exaltou e deu-lhe
um nome muito acima de outro nome" (Fl 2,8s).

O Domingo de Ramos introduz a Semana da Paixão do Senhor. A Liturgia nos oferece dois evangelhos de Mateus: um para a Bênção dos Ramos (Mt 21,1-11) e outro para a Liturgia da Palavra - narrativa da Paixão (Mt 26,14-27,66).

Há poucos dias, o povo tinha visto Jesus ressuscitar Lázaro em Betânia. Estava maravilhado! Ele tinha certeza de que este era o Messias anunciado pelos profetas. Contudo, pensava que fosse um Messias político, libertador social, forte e poderoso, que arrancaria Israel das garras dos opressores e lhe devolveria os bons tempos de Salomão. Jesus, porém, apresenta-se completamente diferente do imaginário popular. Ao contrário dos poderosos que andavam em carros de guerra, em imponentes cavalos, ele entra em Jerusalém montado num jumentinho. Jesus é um rei manso, humilde e pacífico e, ao mesmo tempo, forte e firme. É interessante observar que foi um jumentinho que conduziu Jesus, ainda no útero de Maria, porta-jóias do Salvador, a Belém onde nasceu; ao Egito, para fugir da inveja incontrolável de Herodes que não admitiu alguém melhor e maior do que ele; de volta a Nazaré, onde passou sua infância na simplicidade de uma Família simples, comum e obediente à Palavra de Deus, e agora à Entrada triunfal em Jerusalém, ao encontro de sua paixão e morte de cruz!

Ele faz justiça, devolvendo vida aos excluídos, humildes e necessitados. As multidões o reconhecem, estendem mantos à sua passagem e, com ramos nas mãos, aclamam: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito, aquele que vem em nome do Senhor. Hosana no mais alto do céu!” Em contrapartida, os poderosos preocupam-se e agitam-se.

O Filho de Deus entra em Jerusalém como rei messiânico, humilde e pacífico. É o servo paciente que se encaminha para enfrentar voluntariamente, sem violência, a humilhação e o aparente fracasso, impostos pela maldade humana. Jesus chega à cidade, em direção à qual peregrinou por longos dias, para ser vitorioso: “vencerá pela força da não violência do amor”.  O caminho do Messias e de todos os seguidores é paradoxal: pelo fracasso ao triunfo, pela derrota à vitória, pela humilhação à glória, pela morte na cruz à ressurreição.

A liturgia do Domingo de Ramos revela a grande contradição entre a relação do povo e o Filho de Deus e sua missão redentora. Primeiro a multidão aclama: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito aquele que vem em nome do Senhor. Hosana no mais alto do céu!” Dias depois, grita por sua condenação: “Crucifica-o! Crucifica-o!” A cruz e a morte despontam no horizonte da recusa do projeto messiânico: “O caminho do amor que se entrega a Deus e aos humanos, em favor da justiça e da paz, de forma mansa e humilde”.

O Domingo de Ramos é marcado, de uma parte, pelo mistério, pelo despojamento e pela entrega total e, de outra, pelo senhorio e pela glória do Filho de Deus.

O relato da Paixão é um convite a entrarmos a Páscoa. Esta se constitui num chamado à vida nova, à vida no Espírito, que implica amor incondicional a Deus e ao próximo e cuidado fraterno da criação. Esta vida nova nos é dada e leva à plenitude a obra da criação. Na celebração pascal, recebemos o Espírito do Ressuscitado para vivermos a vida nova.

Para emoldurar a leitura da Paixão do Senhor, a liturgia deste domingo, proclama o terceiro canto do Servo Sofredor. O apóstolo Paulo, na perspectiva da Paixão do Senhor, exorta os filipenses a contemplarem o Filho de Deus que, inteiramente despojado, se fez servo e obediente à vontade do Pai, até a morte de cruz. Em sua total entrega, revelou o mistério de sua grandeza. Por isso, o Pai o ressuscitou e o glorificou.

O grande convite para todos nós cristãos é o despojamento total, o que naturalmente não é tão simples. Não é fácil optar pela humilhação quando se ocupam cargos e funções de confiança, na vida social, política, eclesial e comunitária. Fazemos de tudo para alcançar prestígio, e deste dificilmente abrimos mão, mesmo que isso prejudique a outros. Ainda é muito notória entre os cristãos, o carreirismo, a busca do poder e do prestígio a todo custo. Revestimo-nos mais do caráter invejoso de Herodes e dos que pediram a crucifixão do Salvador, do que da personalidade do próprio Cristo, não obstante nos pensemos cristãos, daqueles que se dizem "certinhos" enquanto conseguem esconder seus limites e pecados atrás dos que chegaram a público. Como é frequente, principalmente entre "autoridades ou pessoas públicas, e aqui não escapamos também nós eclesiásticos" esconder nossos pecados atrás daqueles que foram descobertos. Certa vez numa visita à Penitenciária, ouvindo as lamúrias e desabafos de alguns detentos, disse a eles: "Agradeçam a Deus a sorte que tiveram de serem presos. Assim terão oportunidade de mudarem de vida. Sinto dó daqueles que fazem coisas piores, mas sentem-se melhores, pelo simples fato de não terem sido descobertos em seus erros..." O outro problema é a discriminação que se institucionaliza em relação aos que um dia, sabe-se por que, erraram. Mesmo mudando de vida, dificilmente têm novas oportunidades. Os certinhos não deixam. Sentem-se superiores e falta-lhes a capacidade da cruz, ou seja, do perdão, da misericórdia e do amor de verdade!

Não nos esqueçamos de levar às Comunidades os justos resultados de nossos exercícios quaresmais de penitência, partilhando um pouco de nós com quem tem menos. É o Dia Nacional de Coleta da Solidariedade: FRATERNIDADE: BIOMAS BRASILEIROS E DEFESA DA VIDA! “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15).

Que a Semana Santa nos faça melhores do que somos e que a cruz nos santifique!

Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço fiel e amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Mt 21,1-11; Is 50,4-7; Sl 21(22); Fl 2,6-11 e Mt 27,11-54).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Abril de 2017, pp. 39-44 e Roteiros Homiléticos da CNBB para a Quaresma (Abril de 2017), pp. 50-56. 

PARTILHANDO NOSSA POBREZA!

Pe. Gilberto Kasper

Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente e Coordenador da Teologia na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP S.A., Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.

A ABERTURA DA SEMANA SANTA acontecerá no próximo domingo, dia 09 de abril, quando na Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres, celebraremos no Átrio a Bênção dos Ramos às 8 horas. Logo a seguir caminharemos em procissão ao interior de nossa Igreja, para a Celebração Eucarística. Já na Missa das 10 horas teremos a Missa normal, com Bênção dos Ramos, sem, porém, a Procissão. Será na Santo Antoninho, na Avenida Saudade, 202, nos Campos Elíseos em Ribeirão Preto.
Com o DOMINGO DE RAMOS, descortina-se a Semana Santa em que a Igreja celebra os mistérios da salvação levados a cumprimento por Cristo nos últimos dias da sua vida, a começar pela entrada messiânica em Jerusalém.
Os ramos abençoados que levamos para nossas casas, após a celebração, lembram que estamos unidos a Cristo na mesma doação pela salvação do mundo, na labuta árdua contra tudo o que destrói a vida.
Se durante a Quaresma fizemos o propósito de “não falar mal de ninguém”, o DOMINGO DE RAMOS que abre a grande Semana Santa nos convida ao balanço: conseguimos não falar mal de ninguém ao longo deste grande deserto em preparação à festa da Páscoa? Os pregos de hoje, que crucificam Jesus na pessoa do próximo é, frequentemente a língua felina, que mente, calunia, difama, destrói a oportunidade de o outro crescer. Muitas vezes por pura inveja. Quantas vezes não suportamos que o outro seja melhor!
É também o domingo da prestação de contas de todos os nossos exercícios quaresmais de oração com melhor qualidade, de jejum consciente, pensando naqueles que não têm o que comer todos os dias e, finalmente a profunda, sincera e generosa caridade! Sejamos honestos e devolvamos, no espírito da COLETA DA SOLIDARIEDADE os frutos saborosos colhidos em benefício dos que tem menos do que nós. A entrega de nossa partilha deverá ser o que na verdade deixamos de consumir na Quaresma. O resultado da Coleta será entregue integralmente na Cúria pelos Padres ou Colaboradores Paroquiais. Ninguém terá o direito de reter qualquer centavo desta, que é a Coleta da Fraternidade. A Coleta não poderá ser utilizada para decorar nossas Igrejas com suntuosos arranjos de flores, bem como para nenhuma outra finalidade. Seria um grave pecado contra a justiça, e certamente Jesus usaria de seu chicote, se assim procedêssemos.

A Equipe responsável pelas Campanhas em nossa Arquidiocese de Ribeirão Preto saberá contemplar os projetos relacionados com o tema da Campanha da Fraternidade deste ano de 2017. FRATERNIDADE: biomas brasileiros e defesa da vida e o lema: “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15), Partilhando nossa Pobreza com quem precisa mais do que nós!

PROGRAMAÇÃO DA SEMANA SANTA DE 2017 - IGREJA SANTO ANTÕNIO, PÃO DOS POBRES


Domingo de Ramos – 09 de abril – (Coleta da Solidariedade da CF/2017).
08h00 – Bênção, Procissão e Missa dos Ramos no Átrio da Igreja.
10h00  – Missa com Bênção de Ramos, sem Procissão.

Segunda-Feira Santa – 10 de abril
Atendimento domiciliar de Confissões aos Enfermos!

Terça-Feira Santa – 11 de abril
19h00 – Via Sacra nas residências sob a responsabilidade das Pastorais dos Enfermos e Idosos. (Também durante o dia)

Quarta-Feira Santa – 12 de abril
15h00 – Atendimento Espiritual aos Enfermos e Idosos pelo Padre.

Quinta-Feira Santa – 13 de abril
09h00 – Missa da Unidade, Bênção dos Santos Óleos e Renovação dos Compromissos Sacerdotais, presidida por Dom Moacir Silva, Arcebispo Metropolitano na Catedral Metropolitana de São Sebastião.
19h00 – Instituição da Eucaristia, do Sacerdócio e da Humildade (Lava-Pés).
20h00 – Vigília Eucarística.
Sexta-Feira Santa – 14 de abril – Dia de Jejum e Abstinência.

                                    (Coleta para os Lugares Santos)
09h00 –   Manhã de Reflexão Silenciosa na Igreja Santo Antoninho.        
17h00 –   Celebração da Paixão e Morte do Senhor
                   Celebração da Palavra, Adoração da Cruz, Oração Universal e
                   Distribuição da Sagrada Comunhão.
                   “Dia de recolhimento e silêncio”

Sábado Santo – 15 de abril – VIGÍLIA PASCAL – A Mãe das Vigílias!
19h00 – Bênção do Fogo Novo, Preparação do Círio Pascal, Proclamação da Páscoa, Liturgia da Palavra, Renovação das Promessas Batismais e Liturgia Eucarística!

Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor – 16 de abril.
8h00 – Missa Solene
10h00 – Missa Solene com a participação do Coral Arco-Íris e ação de graças pelo 60º Aniversário Natalício (17 de abril) do Padre Gilberto Kasper.
11h30 – Batizados


Av. Saudade, 202 – Campos Elíseos – Tel.: (16) 3236-4410 - Ribeirão Preto – SP.

Pe. Gilberto Kasper
                                                                                                              Reitor

“O nosso cordeiro pascal, Jesus Cristo, já foi imolado.
Celebremos, assim, esta festa na sinceridade e verdade” (1Cor 5,7s).