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quarta-feira, 25 de maio de 2022

A IGREJA NÃO PODE SER COMPREENDIDA COMO SUPERMERCADO DE SACRAMENTOS!


Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Tereza de Ávila, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com 

Meus próximos artigos pretendem tratar de inúmeros pedidos, começando pela procura de Batizados. São pessoas muito queridas que enviam mensagens por WhatsApp, E-mail ou que ligam pedindo informações sobre o que é necessário para batizarem seus filhos. Com muita ternura respondo que não trato a celebração de batizados, a não ser pessoalmente. Mesmo assim pergunto à qual Comunidade Paroquial pertencem e qual Igreja frequentam. Impõem-se de pronto um silêncio do outro lado da linha. Depois de repetir a pergunta, as respostas são as mais estranhas possíveis: uns dizem que não participam de nenhuma Paróquia, outros afirmam participar de Missas em Paróquias diversas de acordo com sua disponibilidade, e outros ainda dizem que na Paróquia que frequentam ou não há horários disponíveis ou não foram aprovados para batizar seus filhos.

Alguns aceitam uma conversa preliminar presencial, já outros desligam o telefone com a impressão de descontentamento, e ainda outros somem porque não participam de nenhuma Comunidade. O Batizado, a não ser em casos emergenciais, deve sempre ser celebrado juntamente com a Comunidade de Fé, Oração e Amor. O Batismo, sendo o primeiro Sacramento da Iniciação Cristã, é a porta de entrada para a grande Família de Deus. A criaturinha batizada, mergulhada na Pia ou Bacia Batismal, celebra seu segundo parto, nascendo do útero da Igreja. Pais, Padrinhos e Familiares renovam naquela ocasião suas próprias Promessas Batismais, prometendo educar na mesma fé, que eles um dia receberam, a criança, agora adotada como filhinha de Deus!

Quando, nas celebrações dos Batizados pergunto aos pais e padrinhos, se sabem o dia em que foram batizados, a maioria diz “não”. Fico triste, porque se não sabem o dia do batismo, como podem afirmar que o celebram e que o vivem, conscientemente, inseridos e comprometidos numa Comunidade?

Gosto de comparar a fé recebida no Batismo, contando uma pequena estória: Um moço pretende noivar com a menina por quem se sente apaixonado. Vai à casa dos pais dela para pedi-la em noivado. Antes passa numa joalheria para comprar o anel de noivado. A atendente que lhe vende um belíssimo anel de brilhantes, embrulha-o num lindo estojo aveludado e faz um bonito pacotinho de presentes, com fitinha e o selo da joalheria. Já na casa da menina, o rapaz faz o pedido e entrega-lhe o pacote com o anel de noivado. A moça fica encantada com o embrulho. Nem se dá o trabalho de abrir o lacinho e desembrulhar o estojo que contém o anel de brilhantes. Recebe o pacote e corre para escondê-lo na última gaveta de sua camiseira, a fim de que ninguém o encontre. Fica lá escondido e somente ela sabe onde o guardou. É exatamente o que muitos fazem com a fé (aqui comparada ao anel de brilhantes) recebida no dia do seu batismo. Escondem-na e ninguém mais verá, como o anel que deveria brilhar no dedo da moça, a fé não é demonstrada a mais ninguém. Fé que não brilha é fé sem obras. É fé ensimesmada!

Ao final de cada batizado costumo entregar uma Bíblia aos pais, lembrando que eles são os primeiros catequistas de seus filhos. A maioria terceiriza a catequese dos filhos, como terceirizam o aprendizado da alfabetização, da natação e de tantas outras atividades, quando a criança já aprendeu a andar, falar e até a cantar as músicas de cantoras famosas.

É na Comunidade de Fé, Oração e Amor que as Famílias encontram suporte para acolher, inserir e transmitir os valores religiosos aos seus filhos. Numa das Comunidades em que sirvo, um menino de um aninho de idade acompanha os pais às celebrações todos os sábados. O pai toca violão e serve a Comunidade através do Ministério da Música. Já a mãe participa cuidando do filhinho, que corre de um lado a outro expressando uma alegria imensa e gesticulando as mãozinhas, como que rezando e cantando com a Comunidade. Logo esse menino, a exemplo dos pais, estará servindo sua Comunidade, porque se sente acolhido e amado por ela. Já os que depois dos batizados “sumiram”, talvez continuem compreendendo a Igreja como supermercado de sacramentos, e isso precisa mudar!




quarta-feira, 18 de maio de 2022

O TRÂNSITO, UMA TRAGÉDIA!

 

Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Tereza de Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

 

Durante o mês de maio acompanhamos os mais diversos Veículos de Comunicação divulgando uma ampla campanha por um Trânsito mais educado, humano e menos violento. Pudemos conhecer as estatísticas assustadoras de vítimas do trânsito principalmente da cidade de Ribeirão Preto. Insisto, como muitos sociólogos, na afirmação de que o trânsito de uma cidade demonstra o grau de educação do povo da mesma. E então nossa resposta se dá na estatística do elevado número de óbitos e fraturados. Todos, frutos de nosso egoísmo, falta de atenção, insensibilidade, raiva, pressa, sem falar nas constantes infrações que vamos cometendo, como avançar sinal vermelho, vias preferenciais sem observar a Placa “PARE”, falando ao celular e acelerando para que ninguém nos ultrapasse.

 

Ninguém escapa da tragédia em que se transformou o trânsito de nossa Metrópole. Tem-se a impressão de que motoristas, motociclistas e nem por último transeuntes pedestres fazem questão de viver no limite do perigo, colocando, igualmente, a vida dos outros em risco iminente de morte.

 

As grandes avenidas se tornaram um perigo, como por exemplo, a Meira Júnior, a Via Norte, Independência e outras. Já nos bairros, as Vias Preferenciais são desrespeitadas com boa sinalização ou não. Mesmo assim a fiscalização por radares continua “atrás das moitas” de grandes avenidas. A arrecadação seria bem superior, se os Guardas multassem abertamente mais naquelas vias tão amplamente divulgadas pelas reportagens exibidas nesse mês de maio, chamado de “Amarelo” por remeter a atenção da população sobre o trânsito perigoso, que só nesses primeiros meses do ano já matou mais de 200% do que no ano passado. As multas seriam bem mais volumosas e a pontuação nas carteiras de habilitação talvez sensibilizassem mais nosso povo pela punição, já que transitam, egoisticamente, sem educação.

 

Alguns afirmam que a sinalização da cidade está precária. Não concordo. Observo carros e motos ignorarem os sinais mais visíveis e evidentes, sem nenhum escrúpulo. Os acidentes já se tornaram tão triviais, que nos acostumamos a eles sem nenhuma indignação. Por isso certos psicanalistas afirmam que as pessoas estilam ódio, raiva e desalentos no trânsito, como “válvulas de escape”, sem importarem-se mais com o valor da vida, como se espera do ser humano.

 

O desrespeito no trânsito começa com a não observância dos sinais. Passa depois para xingamentos mal-educados e muitas vezes agressivos. Daí para uma batida ou atropelamento basta mais alguns segundos e pronto. Não vejo por que a facilitação de armas em nosso País, já tão menos pacífico do que há alguns anos. A má condução de qualquer veículo se tem tornado armas perigosas, ferindo e matando como nunca antes. Por isso meu apelo a todos os queridos interlocutores: não procuremos culpados fora de nós mesmos; façamos cada um, nossa parte, reassumindo com responsabilidade o valor da própria vida e da vida do próximo. Só assim o trânsito deixará de ser uma tragédia. Causaremos menos despesas na Saúde, no bolso e certamente evitaremos um número bem menor de mortes causado pela simples irresponsabilidade ao volante!

 

 

quarta-feira, 11 de maio de 2022

INSCRIÇÕES ABERTAS PARA CURSO ONLINE, QUE AJUDA A CONECTAR JOVENS AO PRIMEIRO EMPREGO

 Jovens que têm entre 16 e 25 anos, e residem em Ribeirão Preto e região nas comunidades urbanas de baixa renda, já concluíram ou estão cursando o Ensino Médio e estão à procura de qualificação para conseguir oportunidades de emprego, podem se inscrever no Coletivo Online, curso gratuito e 100% digital, são 150 vagas para nossa cidade e região.

O formato do programa permite que o jovem faça o curso de qualquer lugar, a qualquer momento, através de seu WhatsApp, aplicativo amplamente utilizado por jovens que podem ter problemas de conectividade.

O conteúdo do Coletivo Online conta com 11 videoaulas curtas e objetivas, focadas em temas do mundo do trabalho, elaboração de um plano de vida, planejamento financeiro, construção de currículo e como se preparar para entrevistas e processos seletivos.

Os participantes terão até 4 semanas para assistir às videoaulas e fazer as atividades práticas. Então, ao final do curso, poderão receber um certificado de conclusão e se cadastrar nas comunidades de vagas do programa, podendo se candidatar aos processos seletivos de uma rede de parceiros de mais de 400 empregadores.

As vagas para participar do Coletivo Online são limitadas. Para realizar a inscrição, basta acessar o link: https://bit.ly/COLETIVODOMHELDER20221

Entre em contato: 16-99192-8499 - Falar com Samuel - Educador

Atuação que gera impacto

A iniciativa faz parte da Plataforma Coletivo Jovem, que tem como foco a empregabilidade de jovens de 16 a 25 anos, em situação de vulnerabilidade social. Parceria com a OSC – Fraterno Auxílio Cristão da Cidade de Ribeirão Preto – FAC.

Ana Abe

Coordenadora do FAC


Pe. Gilberto Kasper

Presidente do FAC

quarta-feira, 4 de maio de 2022

O CONCÍLIO E O ECUMENISMO! Parte II

 

Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

“As primeiras palavras do texto do Decreto sobre o Ecumenismo Unitatis Redintegratio (UR) correspondem bem às expectativas que haviam sido de São João XXIII: ‘Promover a restauração da unidade entre todos os cristãos é um dos principais propósitos do sagrado Concílio Ecumênico Vaticano II’ (UR, n.1). O decreto afirma, com efeito, que a divisão confessional ‘contradiz abertamente a vontade de Cristo’ (UR, n.1).


            
A entrada no movimento ecumênico visa primeiramente ‘eliminar palavras, juízos e ações que, segundo a equidade e a verdade, não correspondem à condição dos irmãos separados e, por isso, tornam mais difíceis as relações com eles’, estabelecer uma oração comum e um diálogo doutrinal confiado a especialistas bem como reconhecer as riquezas que existem neles (UR, n.4), tudo isso num espírito de conversão do coração” (Daniel Moulinet 2012).

O decreto UR trata em seu primeiro capítulo dos Princípios Católicos do Ecumenismo que desenvolve a unidade e unicidade da Igreja, as relações entre irmãos separados e Igreja católica, aprofundando o sentido do ecumenismo ideal. A Prática do Ecumenismo ocupa um segundo capítulo do decreto: a união que deve interessar a todos, a renovação da Igreja, a conversão do coração, a união na oração, o conhecimento mútuo, a formação ecumênica, os modos de exprimir e de expor a doutrina da fé e a cooperação com os irmãos separados. Já o terceiro capítulo contempla as Igrejas e Comunidades Eclesiais separadas da Sé Apostólica Romana. Incentiva à contemplação, respeito ao diferente, como no caso das grandes religiões: o Judaísmo, o Hinduísmo, o Islamismo, o Budismo e o Cristianismo com as incontáveis confissões dele separadas.

O decreto UR “deseja insistentemente que as iniciativas dos filhos da Igreja católica se desenvolvam juntamente com as dos irmãos separados; que não se ponham obstáculos aos caminhos da Providência; e que não se prejudiquem os futuros impulsos do Espírito Santo. Ademais, declara estar consciente de que este santo propósito de reconciliar todos os cristãos na unidade de uma só e única Igreja de Cristo excede as forças e os dotes humanos. Por isso, deposita inteiramente a sua esperança na oração de Cristo pela Igreja, no amor do Pai para conosco e na virtude do Espírito Santo. ‘E a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado’ (Rm 5,5)” (cf. UR, nn. 2-24).

“O Concílio Ecumênico Vaticano II instituiu a unidade dos cristãos como um de seus objetivos principais. Ele nos quer católicos firmes na fé e abertos ao diálogo, acolhedores, sem fechamentos e jamais sectários. Cristo fundou uma só e única Igreja. Através dos séculos, em razão de lamentáveis acontecimentos, essa unidade foi se quebrando. No diálogo ecumênico, o concílio nos recomenda constante renovação da Igreja, pois Cristo nos chama a perene reforma, à conversão da mente e coração; convoca-nos à oração comum entre as Igrejas. Exemplo positivo reside na Semana de Orações pela Unidade dos Cristãos. Insiste no respeito mútuo, em projetos de aprofundamento bíblico, teológico e no campo social. No Brasil, o abençoado Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) abraça todos esses objetivos, sendo preciosa associação fraterna de Igrejas cristãs!” (Dom Angélico Sândalo Bernardino 2012).

Com a celebração dos 50 anos do precioso evento do CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II, a recente história registra o zelo e empenho dos Santos Padres, São João Paulo II e o Papa Emérito Bento XVI, caminhando ao encontro do diálogo respeitoso e evangélico dos que estão separados, dos orientais, incluindo judeus, islâmicos, hinduístas, budistas, bem como os que causaram nas últimas décadas a “hemorragia” da Igreja Católica, os que se declaram “sem religião” ou que migraram para algumas das incontáveis seitas pentecostais ou mercantilistas. Com sabor de Sínodo somos conclamados à coerência e ao bom-senso entre o que professamos e vivemos, a fim de atrair para a verdadeira Igreja de Jesus Cristo, nossos irmãos afastados, sendo para eles, a Igreja do Ir ao encontro.

Não podemos negar de que ainda estamos aquém de um verdadeiro Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso. É lamentável a disputa e a concorrência por número de fiéis. Talvez esquecemos de que Deus não é nosso: nós somos de Deus!