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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“O que vos digo, digo a todos; vigiai!” (Mc 13,37).
            Com o Primeiro Domingo do Advento iniciamos o Novo Ano Litúrgico, e nossa preparação para o Natal do Senhor! “A liturgia nos faz forte apelo à vigilância, para estarmos acordados e atentos, pois o Senhor vem vindo e nos visitará. Abrimos mente e coração para acolher a graça e a paz que vêm da parte de Deus.
            Deus se revela nosso Pai e redentor e nos restitui a dignidade perdida. Também nos convida a estar atentos e vigilantes para que, ao visitar-nos, nos encontre preparados. A exemplo de Paulo, louvamos a Deus pela graça que nos concede em Jesus Cristo.
            O povo reconhece estar distante dos caminhos do Senhor e deseja a sua vinda. Fiquemos sempre atentos e preparados, pois Deus quer nos visitar.Todos somos chamados à comunhão plena com Cristo.
            Iniciando novo ano litúrgico e o Ano da Paz proposto pelos Bispos do Brasil, ofertamos nossa vida e nossos projetos de um mundo melhor, onde as pessoas vivam a paz e a solidariedade” (cf. Liturgia Diária de Dezembro de 2014 da Paulus, 97-99).
            O início do ano litúrgico nos convoca a exercitar uma das grandes virtudes cristãs: a esperança. Mas embora estejamos no seu começo, a liturgia, qual uma bússula, nos faz olhar para as realidades do fim, como que nos ensinando a direção, apontando a meta e orientando a nossa existência para Deus. Os cristãos são o povo da esperança, a confiança e o otimismo em relação ao reinado de Deus e sua definitiva instauração com a segunda vinda de Jesus tem, para nós, sabor de realização, plenitude e salvação. Jesus, convocando à vigilância, nos alerta para que, por desatenção, não sejamos surpreendidos enquanto dormimos. O sono, imagem da morte e da noite do pecado, conota falta de comunhão com o Senhor, o Vigilante por excelência, que não foi tragado pelo sono da morte.
            Mas realizar coisas, boas ações ou orações, não diz tudo a respeito da vida cristã. Existem tantas pessoas que oram e realizam boas coisas e talvez sejam até melhores do que nós naquilo que fazem... Nossa experiência de fé é pautada na vida em Jesus Cristo. Mais do que esperar Jesus, nós esperamos nele! As boas ações e a oração que fazemos são frutos de uma comunhão com ele, índice de nosso vínculo batismal com o Senhor, antecipação da vida futura que ele nos garante e nos reserva. É por isso que somos povo da esperança, pois o fato de estarmos tão intimamente ligados a ele, não só prolonga a sua ação salvadora no mundo, mas antecipa aquilo que para nós está reservado na vinda do Filho de Deus. Na aurora de um novo dia, como porteiro, nos postamos no limiar desse novo tempo que Jesus inaugurou. Vigiar é esperar com alegria e confiança as realidades futuras que já vivemos, permitindo que chegue ao mundo pela porta do nosso agir e da nossa oração o Desejado das nações.
            Embora os tempos continuem difíceis e desafiadores, quiçá mais complexos, não estão nos faltando a atenção aos crucificados de hoje, às perseguições e injustiças, mas também à vida que insiste e resiste, bem como aos sinais que nos anunciam a chegada do Filho de Deus? O mandato do Senhor continua válido: ‘o que vos digo, digo a todos: Vigiai!. Entendemos isso a partir da nossa comunhão com ele, sempre perseverantes na oração e no bem que devemos fazer por causa dessa comunhão, sem perder a alegria e a confiança que marcam nossas vidas e a nossa missão.
            Mas como fazemos o exercício da espera? Como a esperança acontece em nós e por quê? A quem aguardamos? Todas essas questões nos ajudam a compreender a comunidade e a nossa própria vida, como existência pautada pela expectativa. A vigilância é a couraça da esperança. Vigia quem espera confiante e alegre, pela vinda do Senhor, quem trabalha pela construção de um mundo melhor, quem exercita o amor pelo próximo, sobretudo o mais desvalido, quem ‘sintoniza’ sua vida na frequência do Evangelho e do Espírito de Deus, quem promove a paz e a justiça e quem não descura da vida de oração e de busca pelo Senhor. Desde a sua origem a Igreja repete a súplica pela vinda dele – Maranatha! – e pelo Reino, na oração do Pai nosso. A Igreja nasceu suplicando e desejando o Reino porque experimentou e vive da Páscoa de Jesus, penhor das realidades definitivas.
            É preciso dispor-se a ser evangelizado. Quem está em processo de Evangelização se torna evangelizador. O encontro com o Verbo encarnado impulsiona a anunciar a outros a feliz experiência.
            A corresponsabilidade na obra evangelizadora deve suscitar nos batizados a percepção das necessidades na sustentação dessas atividades, levando-os à solidariedade através da contribuição para que a Igreja tenha recursos para evangelizar e manter seus organismos e pastorais nos níveis: paroquial, diocesano e nacional (CNBB e suas subsedes Regionais – 17). A solidariedade de todos contribuirá para que a evangelização possa atingir as regiões mais desprovidas de recursos financeiros, como a Amazônia ou as periferias das grandes cidades.
Sendo o Advento uma especial preparação para a Solenidade do Natal do Senhor, o convite é de alegre vigilância e profunda esperança nele! Um dos exercícios muito proveitosos e práticos para o Advento parece simples, mas não é: Não falar mal de ninguém neste rico tempo! Pode parecer simples, mas trata-se de um exercício muito difícil, embora santificador. Mesmo sabendo ou constatando erros nos outros, guardar para si, no silêncio do coração, em segredo, sem espalhar a ninguém o erro cometido. Tentemos todos os dias, até o Natal, Não falar nadinha de mal sobre ninguém!
O outro exercício está ligado à Coleta para a Evangelização realizada no Terceiro Domingo do Advento GAUDETE, O Domingo Rosa Domingo da Alegria! Neste primeiro domingo receberemos um pequeno envelope a ser devolvido no domingo da Coleta. Que valor colocaremos neste envelope? Eis o segundo exercício do Advento: pensando nos irmãos em dificuldades, dispor-nos a partilharmos da nossa pobreza em favor de uma Evangelização mais eficaz. Portanto, no envelope, deveremos depositar nossos exercícios penitenciais deste rico tempo de vigilância e conversão! Deixar de consumir e o resultado de tal renúncia será o resultado de nossa doação. Não consumir algum refrigerante, guloseimas, outros prazeres somados, deveriam se converter em frutos saborosos de nossa participação consciente nesta Coleta!
            Finalmente, possamos pensar em ser mais presença do que dar presentes neste Natal. E, se quisermos dar algum presente, evitemos a “cultura do consumo”, pensando em quem precisa mais do que nós. Um belo gesto concreto seria tornar-nos, quem sabe, colaboradores do FAC – Fraterno Auxílio Cristão, destinando uma pequena parcela de nossos presentes natalinos aos mais surrados pela vida: nossos Moradores de Rua do Núcleo Dom Hélder Câmara, nossas crianças, adolescentes e jovens em situação de risco do Núcleo Dom Bosco. Ligue já para o FAC e seja um sócio colaborador, oferecendo seu presente de Natal ao verdadeiro aniversariante estampado no rosto de nossos pobrezinhos assistitos: (16) 3237-0941/3237-0941. Ou então faça-nos uma visita, de segunda a sexta-feira entre 8 e 17 horas: Rua Barão do Amazonas, 881 – Centro de Ribeirão Preto!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão o abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper

(Ler Is 63,16-17.19; 64,2-7; Sl 79(80); 1Cor 1,3-9 e Mc 13,33-37).

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SOLENIDADE DE JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

“O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder,
a divindade, a sabedoria, a força e a honra.
a ele glória e poder através dos séculos” (Ap 5,12; 1,6).

            Celebramos o último domingo do Tempo Comum com a Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo. “O reino de Jesus é reino de justiça, vida e liberdade. Depende de nós aceitar e antecipar a vinda desse reino, constituindo-o pelo nosso empenho pessoal, familiar, comunitário e profissional. Hoje celebramos também o dia do leigo e da leiga.
            Porque nos ama, Deus cuida de cada um com justiça. Pela ressurreição de Cristo, recebemos vida nova, que precisa ser preservada. Jesus nos deixa alguns critérios para saber se estamos ou não no caminho do reino. ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei como herança o reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo!’ (Mt 25,34).
            O bom pastor não descansa enquanto há ovelhas a ser resgatadas. O que nos faz sentar ao lado de Cristo, rei do universo, é a caridade praticada em favor do necessitado. Cristo, ressuscitado e rei do universo, é o senhor da história e da humanidade” (cf. Liturgia Diária de Novembro de 2014 da Paulus, pp. 80-83).
            O Ano Litúrgico termina com a festa de Cristo-Rei. E fica a pergunta: quem é esse Cristo-Rei para a comunidade reunida para celebrar o memorial da páscoa? Interessante que a primeira leitura mostra em que consiste a realeza de Deus: ela é serviço à liberdade e à vida das pessoas, sobretudo das que são impedidas de viver. O Evangelho, por sua vez, nos compromete radicalmente com a prática da justiça, traduzida em solidariedade e partilha com todos os necessitados, vendo neles o próprio Cristo e sacramento da salvação. Jesus hoje continua nos desafiando colocando-nos diante dos irmãos menores e mais fracos.
            Paulo, por sua vez, com a ressurreição de Jesus comprova a vitória da justiça. Dentro de nós há uma semente de ressurreição, de justiça, de partilha e solidariedade.
            Jesus fala das obras de misericórdia ensinadas pelo judaísmo: dar de comer aos famintos, dar de beber aos que tem sede, acolher o estrangeiro, vestir os nus, visitar os doentes, acrescentando a visita aos prisioneiros; não menciona, porém, a educação dos órfãos e o sepultamento dos mortos, que também faziam parte das recomendações. Quem não praticou essas obras perdeu a oportunidade de fazer isso ao próprio Jesus presente nos necessitados. Se ele está nos irmãos, ele está no meio de nós em todos os lugares e momentos.          
            O Reino de que Jesus fala é um reino não de poder, mas sim de serviço: “O Filho do homem não veio para ser servido. Ele veio para servir” (Mt 20,28). Esse é o critério do julgamento. Entrar no reino supõe que os discípulos tenham seguido os passos do pastor, do mestre a serviço de todos, especialmente dos mais necessitados.
            Celebrando a realeza de Jesus, ressuscitado pela justiça e misericórdia de Deus, somos julgados pelos pobres mais pequeninos. É possível proclamar a realeza de Cristo enquanto seus irmãos prediletos são excluídos da liberdade e do direito à vida digna? Chamá-lo de Cristo Rei e deixá-lo com fome, com sede, sem casa, nu, doente, aprisionado, sem direito à educação em nosso meio? Entre nós está, e não o conhecemos, entre nós está e nós o desprezamos”.
            É tempo de parada e de avaliação, tendo diante dos olhos Jesus Cristo, Rei do Universo, o Ressuscitado e na nossa frente os irmãos pobres e abandonados, lembrados por Jesus no Evangelho.
            Rezando neste domingo, especialmente pelos Leigos e Leigas,  lembramos que somos chamados pela consagração batismal à missão profética, sacerdotal e régia para transformar o mundo no Reino de Deus.
            Quando nos referimos à festa de Cristo Rei do Universo, certamente como os próprios apóstolos, imaginamos majestade, magnitude, poder, prestígio, honras e tapetes aveludados... Gosto do modo como Deus dribla a humanidade do começo ao fim da História da Salvação, História Amorosa para com a Humanidade! Ele nos surpreende com Sua simplicidade, que até escandaliza alguns. Deus, em Jesus Cristo, Rei do Universo, é muito mais simples do que O complicamos. Espera de cada um de nós, igual humildade, sobretudo em relação aos mais fracos e menos favorecidos por nossa cruel e hipócrita sociedade!
Muitos de nós nos contentamos com as “ovelhas” que nos procuram e obedientemente participam e servem nossas Comunidades. Acomodados às nossas salas de atendimento, celebrações de sacramentos, temos dificuldades de exercer nossa missão profética, sacerdotal e real de sermos, de uma vez por todas uma IGREJA DO IR! Irmos em busca das “periferias existenciais”, como tanto o Papa Francisco insiste. Elas, geralmente, são nossos desafios, nos desinstalam e nos dão trabalho. Mas é lá que encontramos o verdadeiro Rei do Universo, estampado no rosto sofrido e nem poucas vezes no mau cheiro de nossos irmãos, os mais surrados pela nossa Cultura do Descartável.
Com freqüência fazemos acepção às ovelhas gordas, bem como às mais bonitinhas e bem tratadas, chutando as machucadas ou excluindo as que representam ameaça ao nosso próprio prestígio ministerial. Isso, lamentavelmente, acontece entre ministros ordenados e não. Que nossas Comunidades sejam, de verdade, mais acolhedoras e saibam viver a profunda ternura entre o rebanho, a Igreja!
Desejando-lhes abundantes bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper

(Ler Ez 34,11-12.15-17; Sl 22(23); 1Cor 15,20-26.28 e Mt 25,33-46).

A FAMÍLIA CONTINUA DE BRUÇOS!

Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do FAC – Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.

A minha infância não foi nada fácil, mas não a trocaria por nada deste mundo. Meu pai faleceu aos 27 anos de idade, quando minha mãe tinha 25, meu irmão mais velho 6, eu 4, o mais novo 2 e minha irmãzinha que com 5 meses faleceu no dia do enterro de meu pai. Fomos morar com os avós paternos. Minha mãe optou por educar-nos, e dedicar seus 73 anos de vida por nossa manutenção sozinha. Com 5 anos de idade, junto com meus irmãos, dividíamos as tarefas do lar; estudávamos gratuitamente num bom Colégio da Congregação das Irmãs de Santa Catarina de Alexandria em Novo Hamburgo (RS). Mais ou menos gratuitamente. Enquanto nossos coleguinhas de escola iam para suas casas almoçar, meus irmãos e eu limpávamos a Escola. Só depois de tudo em ordem éramos dispensados para andar 4 km até chegarmos em casa e então almoçávamos. Limpávamos a casa, cumpríamos as tarefas de escola e só então íamos brincar. Enquanto meus irmãos juntavam seus amigos para uma “pelada de futebol” num campinho em frente de nossa casa, eu convidada outro bom grupo de vizinhos, para brincarmos de “rezar missa” no curral de vacas. Era a estrebaria mais limpa da vizinhança. Quando uma de nossas “artes” era descoberta, apanhávamos com relhos de animais, já que nosso avô era veterinário e fazia os arreios para carroças e animais como cavalos e bois.

À noite, antes do jantar, nos reuníamos em torno da mesa e rezávamos o terço, em família. Em cada quarto havia uma estampa emoldurada com a Sagrada Família e em volta um Terço, com a frase: A FAMÍLIA QUE REZA UNIDA, PERMANECE UNIDA! Aos sábados, juntamente com nossa avó e nossa mãe, passávamos o dia lavando a Escola das Irmãs, deixando-a um “brinco”. Assim, segundo a pedagogia das Irmãs, aprenderíamos a dar valor ao estudo que parecia ser gratuito, mas que pagávamos com nossos serviços braçais, o que hoje daria um bom processo, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, e a proibição de crianças e pré-adolescentes trabalharem.

Imagino que muitos discordarão, mas confesso que o trabalho só nos edificou. Quando passamos a trabalhar com carteira registrada, entregávamos o salário todinho para a mãe, que administrava o caixa comum da família. Depois dos 18 anos de idade, pagávamos uma chamada “pensão” determinada pela mãe, para ajudar nas despesas da casa. Isso acontece até os dias de hoje em muitas famílias, até que os filhos deixam a casa dos pais. Nos dias atuais os filhos nem sabem quanto se gasta para manter uma casa. Quando trabalham, utilizam o salário para gastos pessoais. Quando não trabalham, contam com os pais para manterem seus gastos, nem sempre modestos.


Não me contenho em testemunhar que sou uma pessoa muito feliz, e profundamente agradecida pela educação que recebi, tanto de minha mãe, uma heróica e corajosa mulher, como de meus avós paternos. Penso que se tal cultura fosse cultivada, não constataríamos que A Família continua de bruços!

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - TRIGÉSIMO TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Meus pensamentos são de paz e não de aflição,
diz o Senhor. Vós me invocareis,
e hei de escutar-vos, e vos trarei de vosso cativeiro,
de onde estiverdes” (Jr 29,11s.14).

            A Palavra de Deus do Trigésimo-Terceiro Domingo do Tempo Comum, apresenta-nos a Parábola dos Talentos. Atraídos por Jesus, “reunimo-nos para celebrar a sua páscoa, pedindo-lhe que nos torne comunidade vigilante e responsável na administração dos dons que Deus nos concede. Participando da alegria do Senhor, queremos ouvir dele:  ‘Empregado bom e fiel, eu lhe confiarei muito mais’.
            Deus concede às pessoas muitos dons. Sua Palavra nos convida a ser habilidosos e vigilantes para administrar esses dons e fazê-los frutificar para o bem de todos.
            A mulher virtuosa e temente a Deus é bênção para toda a família. A vigilância verdadeira consiste em trabalhar os talentos recebidos para construir o reino de Deus. A vigilância cristã deve ser contínua.
            Com a Eucaristia, Deus renova em nós o dom do compromisso com a edificação do reino celeste. Convidados ao banquete eucarístico, participamos da alegria do Senhor” (cf. Liturgia Diária de Novembro de 2014 da Paulus, pp. 60-63).
            A primeira leitura deste domingo faz o elogio de uma mulher ideal, exemplo de pessoa sábia: sua administração e sabedoria são completas. É a sabedoria em ação; o homem depende dela; tem capacidade para os negócios; ela é o contrário da pessoa preguiçosa, insensata e sem responsabilidade de que o Evangelho nos fala.
            A mulher aqui descrita é a personificação da sabedoria. Sabedoria significa o sentido que damos à vida e a tudo que a partir dela realizamos. O sentido da vida passa a ser a nossa esposa-companheira-ideal, capaz de recriar, colocar sabor àquilo que faz parte do nosso dia-a-dia. Essa mulher é inspiração e fama do marido, na cidade e na comunidade, mãe zelosa dos filhos que somos nós nas labutas diárias. O marido e os filhos são discípulos da sabedoria, aceitam os ensinamentos da Lei, dos Profetas e dos Sapienciais.
            Não devemos dormir, mas permanecer vigilantes e sóbrios. Isso significa vigiar e vigiar é abandonar os ídolos que envolvem a sociedade na noite da injustiça e entrar no coração do Reino que comporta uma prática de serviço no culto ao Deus verdadeiro.
            É preciso estar atento à leitura e compreensão do Evangelho. Quem é o homem que vai fazer uma longa viagem? Quem são os servos? O que significa a entrega dos talentos? Em que consiste a prestação de contas?
            O patrão da parábola é o próprio Deus. Ele nos confiou seus bens, a cada um conforme sua capacidade. A um deu cinco, a outro dois e ao outro um talento.
            A parábola mostra a grandeza e a fragilidade de Deus. Sua grandeza está em nos entregar seus bens. Nada retém para si. Tudo é entregue. Sua fragilidade é confiar em nós, que podemos desperdiçar toda a sua riqueza. Deus arrisca perder confiando em nós. Sua fragilidade ressalta sua grandeza e bondade.
            A Palavra de Deus deste domingo nos convida a viver como filhos da sabedoria, da luz e do dia. Impele-nos a entrar na luta com coragem e responsabilidade para que o Reino de Deus cresça neste mundo. Não desperdicemos os talentos, que são de Deus, a nós entregues em confiança.
            O Senhor nos pergunta pelo sentido que damos para a nossa vida e o que dela fazemos na perspectiva da chegada do Reino de Deus. Essa avaliação acontece no encontro pessoal com ele. Não devemos ter medo dele nem considerá-lo um homem severo, mas que nos confia uma missão e não faz as coisas por nós nem assume as nossas tarefas.
            Somos convidados a rever o compromisso, a missionariedade e o discipulado de nossas Comunidades. Tanto os ministros ordenados, como os agentes de pastoral não tem direito de “enterrar” os talentos que o Senhor lhes confiou. A Religião Católica é uma das mais “liberais” do mundo. Não podemos mais aceitar, à luz do Concílio Ecumênico Vaticano II, da Conferência Episcopal Latino-Americana e Caribenha de Aparecida, da Evangelii Gaudium e Documento 100 da CNBB: Comunidade de Comunidades: Uma Nova Paróquia – A Conversão Pastoral da Paróquia, fiéis que tão somente sejam “cumpridores de preceitos”, sem profundo compromisso pastoral!  Com quanta facilidade nos descompromissamos com nossas Comunidades de Fé, Oração e Amor! Elencamos inúmeras justificativas e responsabilizamos “outros” para nossa ausência na vida eclesial.
            Penso que há dois elementos a serem superados, a fim de fazermos render os talentos que nos são confiados para enriquecer a Igreja do Senhor: sermos menos acomodados e insensíveis, colocando-nos mais a serviço e valorizar os irmãos que receberam talentos, mas são ignorados por irmãos invejosos e carreiristas: aqueles medíocres, que têm medo de serem “ultrapassados” porque preguiçosos, enterram os próprios talentos e tentam desfazer dos talentos dos outros, por pura inveja!
            Não tenho como não repetir a conversão, a coerência e o bom senso de: poder em serviço; de talentos em partilha e de prestígio em humildade!
            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler Pr 31,10-13.19-20.30-31; Sl 127(128); 1Ts 5,1-5 e Mt 25,14-30).

EQUIPES DE NOSSA SENHORA EM AÇÃO!


Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do FAC – Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.

“Aprender a sentir com o coração de Jesus pode levar tempo, mas aprender a ver todos aqueles que são invisíveis na nossa sociedade, é um exercício a fazer com os olhos do coração” (cf. Ousar o Evangelho – Acolher e cuidar dos homens, 2014, p. 6). Eis o tema que norteou o caminho das Equipes de Nossa Senhora neste ano: Ousar o Evangelho – Acolher e cuidar dos homens.
As Equipes de Nossa Senhora de Ribeirão Preto coroam o estudo anual com uma das ações mais nobres. Preparam com amor indescritível o Jantar Beneficente do FAC – Fraterno Auxílio Cristão, que mantém dois Núcleos: o Dom Hélder Câmara e o Dom Bosco. O primeiro acolhe Moradores em Situação de Rua e o segundo, Crianças, Adolescentes e Jovens em Situação de Risco.
Em nome de nossos irmãos tão surrados pela vida e não poucas vezes discriminados por nossa sociedade, registramos a mais profunda gratidão a todos os Casais das Equipes de Nossa Senhora em Ação! Nosso Jantar será dia 15 de novembro no Salão Social da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, dos Estigmatinos, na Rua Júlio Prestes, 523, no Sumaré em Ribeirão Preto, às 20 horas. Ainda temos alguns convites para quem desejar juntar-se a nós para além de desfrutar do Jantar feito com tanto amor pelas Equipes de Nossa Senhora, aliviar os tantos compromissos para mantermos nossos Núcleos a serviço de Jesus Cristo estampado no rosto sofrido de cada beneficiado. Busque já seu convite a R$ 80,00 sem bebida inclusa, e partilhe de sua pobreza enriquecendo nossa nobreza. Teremos a rica presença dos Meninos de Bonfim: Luís Gustavo e Luís Augusto com sua Banda, para animar nosso encontro de gratidão a todos que ao longo do ano nos ajudaram.
Os convites poderão ser adquiridos na Sede do FAC, na Rua Barão do Amazonas, 881, Centro de Ribeirão Preto ou pelos telefones em horário comercial: (16) 3237-0941/0942 com a Coordenadora Ana. Restam alguns poucos, e esses esperam por sua resposta generosa até no máximo dia 13.

“Ousar o Evangelho: Acolher e cuidar dos homens” é um desafio a cada um de nós, a cada casal, a cada equipe, para aprender a ver e a agir com os olhos do coração, no nosso tempo e diante de nossas dificuldades, de ajudar os mais pobrezinhos do que nós. De mãos dadas com Maria, façamos o que Jesus nos diz no nosso tempo: amá-lo no outro, especialmente no que mais sofre e necessita de nossos cuidados! Nossa Senhora abençoe aos Casais que preparam o Jantar e a todos que de alguma maneira nos ajudam a realizá-lo.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DO LATRÃO

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Como pedras vivas, formei um templo espiritual,
um sacerdócio santo” (1Pd 2,5).

            “O aniversário de uma catedral é anualmente celebrado, pois evoca e celebra a unidade da igreja mãe. A unidade de todo o povo de Deus encontra na liturgia a sua expressão maior, cume e fonte de toda a ação da Igreja. Celebrar a dedicação da Basílica Lateranense é, pois, expressão da nossa unidade ao Bispo de Roma, sucessor de Pedro.
            Por ser a catedral do Bispo de Roma, a Basílica do Latrão torna-se a igreja mãe de toda a Igreja Católica Romana – da cidade de Roma e de todo o mundo. Construída pelo imperador Constantino no tempo do Papa Silvestre I, foi dedicada no ano 324. Sua festa, antes celebrada apenas pela cidade de Roma, no ano de 1565, por ocasião da reforma do calendário litúrgico, foi estendida a todas as comunidades de rito latino de todo o mundo. [...]
            ‘O templo onde a comunidade se reúne para celebrar é manancial de vida e de bênção. Nele ouvimos a palavra de Deus, que nos alicerça em Cristo. Jesus ressuscitado é o novo e definitivo templo onde Deus se manifesta.
            Do templo sai água santificadora e salvífica em benefício das pessoas. Cristo ressuscitado é o novo templo que reúne os cristãos. A comunidade, morada do Espírito Santo, é a construção edificada sobre Cristo.
            A igreja é casa de Deus, onde a comunidade se reúne para celebrar e apresentar seus dons e o fruto do trabalho humano, ofertas que serão transformadas em alimento de vida’ (cf. Liturgia Diária de Novembro de 2014 da Paulus, pp. 43-46).
            [...] Todas as comunidades católicas neste dia estarão unidas à sede de Pedro, seu sucessor, o Papa Francisco. No dia da sua eleição, em 13 de março de 2013, ao achegar-se à fachada da Basílica de São Pedro, inclinando-se fez um gesto profético, pedindo a todo o povo presente na praça, que rezasse por ele, pois necessitava da oração de todos da Igreja.
            Neste domingo, o Trigésimo Segundo do Tempo Comum, nos colocamos nesta unidade a ele e ao seu ministério petrino, e, como Igreja, somos chamados a elevar preces a Deus, para que o ilumine e o acompanhe com as luzes do seu Espírito Santo, auxiliando-o em sua missão no mundo. Unidade que se estende às nossas igrejas particulares, na comunhão com o nosso Bispo local, pastor do rebanho que lhe fora confiado.
            Esta festa também nos remonta à Igreja que somos nós, corpo de Cristo, do qual ele é a cabeça. Igreja diversificada em seus ministérios, como serviços de anúncio do Evangelho e vivência dos seus valores. Igreja construída sobre o alicerce dos Apóstolos, que tem como pedra viva e angular o próprio Jesus Cristo, seu Senhor e esposo. Igreja esposa, que na relação amorosa com Jesus gera seus filhos pelos Sacramentos. Igreja que testemunha o seu Senhor por suas ações proféticas e de defesa do bem comum, da justiça e da paz” (cf. Roteiros Homiléticos do Tempo Comum II de 2014 da CNBB, pp. 66-70).
            Celebrar a unidade com o Papa Francisco na festa da Dedicação da Basílica de Latrão, implica ouvir seus sábios conselhos e seguir seus exemplos de humildade. Não esqueçamos que Cristo não tinha onde reclinar a cabeça. Também o Santo Padre se despe até do próprio nome e não é mais dono de sua vida. Sua vida passa a ser consumida inteiramente pela Igreja de Jesus Cristo. Não poucas vezes valorizamos os Padres que constroem as maiores, suntuosas e modernas igrejas mais do que aqueles que se gastam por uma igreja, templo do Espírito Santo. O Papa Francisco nos tem feito o apelo constante por sermos simples, descomplicados e alegres anunciadores do Evangelho do Senhor, o quanto possível com a própria vida. E quantos de nós nos preocupamos em garantir, por meio de nosso ministério, uma vida de segurança terrena, quando não perto de luxuosa, enquanto nossos fiéis vivem em extrema miséria? Será que os apelos do Papa já passaram de nossos ouvidos e se aconchegaram aos nossos corações? Como então tanta suntuosidade, tantos gastos com a igreja-pedra e tão pouco investimento na formação pastoral de nossas comunidades?!? Penso que a festa da dedicação da Basílica de Latrão nos convida a uma revisão imediata de nosso modo de ser igreja e não por último, uma rápida conversão de príncipes em verdadeiros servidores. Quantos de nós nos “fincamos” em nossos “feudos paroquiais”, como se devêssemos viver ali para sempre! E o medo de uma proposta de transferência que paira e que toma conta de nossas conversinhas em pequenos grupos nos encontros pastorais? Tudo passa, também nós passamos. Saibamos então com o Evangelho de São João não só proclamar, mas sobretudo viver: “O zelo por tua casa me consumirá”.
            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, meu abraço amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper

(Ler Ez 47,1-2.8-9.12; Sl 45(46); 1Cor 3,9-11.16-17 e Jo 2,13-22).