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quarta-feira, 27 de novembro de 2019

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO



Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Bendito sejais, Deus da Esperança,
Pela luz de Cristo, sol de nossa vida,
A quem esperamos com toda a ternura do coração.”
(Antífona para o acendimento da 1ª vela da Coroa do Advento).

            Iniciando o ano litúrgico, as leituras já nos apontam para o final: a vinda do Filho do Homem e nos dão uma luz orientadora para nossa caminhada até sua chegada. O salmo nos ajuda a compreender quem é o Senhor que nos mantém na caminhada: “Que Ele não deixe teu pé vacilar, que teu vigia não cochile! Não! Ele não cochila nem dorme, o vigia de Israel.” Nesta confiança, vamos permanecer vigilantes à espera do Senhor que vem, a cada dia, ao nosso encontro e de toda a comunidade. “Acorramos com nossas boas obras ao encontro de Cristo que vem”, conforme rezamos neste domingo na oração do dia.
            A visão de Isaías nos enche de esperança de vermos a humanidade toda vivendo sob a orientação do Senhor, andando em seus caminhos e Ele mesmo nos ensinando seu projeto. A sua Palavra julgará as nações e os povos, e todos, ouvindo sua voz transformarão suas armas de guerra em instrumentos de trabalho. Não mais haverá combates uns contra os outros. Toda a humanidade sairá das trevas do ódio, da injustiça, da competição e será guiada pela luz do Senhor. Para que esse final chegue, é urgente começar agora.
            Nosso pedido ardente neste tempo é: Vem, Senhor Jesus! Ele já veio, vem e virá mostrar que é possível viver o projeto definitivo do Pai. Projeto comunitário, sociedade igualitária, de irmãos que vivem na justiça e na fraternidade. A nós cabe mudar a história da humanidade no momento atual para que “venha a nós” o Reino de Deus. É com a globalização da solidariedade, do cooperativismo, da corresponsabilidade, conforme a convocação feita pelo Papa Francisco em Lampedusa, que poderemos “estar preparados para a hora que vem o Filho do Homem”:
            “A cultura do bem-estar, que nos leva a pensar em nós mesmos, torna-nos insensíveis aos gritos dos outros, faz-nos viver como se fôssemos bolas de sabão: estas são bonitas, mas não são nada, são pura ilusão do fútil, do provisório. Esta cultura do bem-estar leva à indiferença a respeito dos outros; antes, leva à globalização da indiferença. Neste mundo da globalização, caímos na globalização da indiferença. Habituamo-nos ao sofrimento do outro, não nos diz respeito, não nos interessa, não é responsabilidade nossa!”
            Que o Senhor nos encontre atentos, abertos e solidários ao sofrimento dos irmãos!
            Hoje existem catástrofes provocadas por uns poucos que se sentem donos do mundo e do restante da humanidade. É preciso acordar para a questão ecológica, para o direito das águas, das plantas e dos animais. Mais ainda, acordar para os direitos dos pobres, das crianças, das mulheres, dos indígenas, dos sem água, sem terra e sem teto.
            Como peregrinos em travessia, seres inacabados em processo permanente de crescimento e maturação e, vivendo num mundo ainda não totalmente redimido, marcado por tantas discórdias, exclusões, guerras e desrespeito à vida, recebemos do Senhor, neste domingo, o dom do seu Espírito. Ele nos mantém vigilantes, firmes, confiantes, insistentes, despojando-nos das atitudes e ações das trevas para vestirmos as armas da luz.
            É necessário continuar suplicando e nos comprometendo incansavelmente com a vinda do Reino de amor, de justiça, de inclusão, de igualdade, de solidariedade e de paz em nosso tempo.
            A Palavra de Deus do Primeiro Domingo do Advento que deverá enriquecer nossa semana nos sugere duas atitudes: Vigilância e Confiança em Deus, que será capaz de humanizar nossas relações, tornando-nos sinal de Esperança a todos os desesperançados!
            Iniciamos, certamente, os preparativos para o Natal. Músicas natalinas e luzes piscando nas Lojas, nas Praças e nas fachadas das casas, nos fazem balbuciar inconscientemente os aromas do Natal. Há uma corrida desenfreada para as compras de presentes. A figura do Papai Noel, bem maior do que a pequenina Imagem do Menino Jesus na manjedoura rouba a cena por todos os lugares, mesmo que o aniversariante seja o Menino indefeso e minúsculo reclinado entre as palhas e o feno da estrebaria de animais. Pensemos, então, na Campanha da Evangelização que a Igreja no Brasil propõe para este tempo, e que neste ano tem como lema: “CUIDA DELE” (Lc 10,35). A coleta da partilha de nossa pobreza será no Terceiro Domingo do Advento. Não levemos restos, sobras e migalhas para essa coleta. A cada presente, decoração, guloseimas que formos comprando com o 13º salário e com demais gastos, seria justo separarmos pelo menos 1% para a Coleta, que garante o êxito da Evangelização em nosso Brasil, tão pobre e carente de recursos, para anunciar essa grande alegria: Que Jesus nasceu para nós, mesmo que nem sempre o reconheçamos entre nós ou não tenhamos preparado para Ele a manjedoura de nosso coração.
            Sejam todos muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 2,1-5; Sl 121(122); Rm 13,11-14 e Mt 24,37-44).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Dezembro de 2019, pp. 18-21 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo do Advento (Dezembro de 2019), pp. 7-10.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo


XVª Assembleia Arquidiocesana de Pastoral da
Arquidiocese de Ribeirão Preto 



Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

"O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder,
a divindade, a sabedoria, a força e a honra.
A ele glória e poder através dos séculos" (Ap 5,12; 1,6).

Na festa de Cristo Rei do Universo, conclusão do ano litúrgico, celebrando a XVª Assembleia Arquidiocesana de Pastoral da Arquidiocese de Ribeirão Preto, também comemoramos o dia nacional do leigo e da leiga. Homens e Mulheres que, pelo batismo, são plenamente Igreja e vivem sua missão nas pastorais, nos movimentos e no tecido humano da sociedade, sobretudo na família. Na festa de Cristo Rei, reflitamos sobre quem é esse rei para o mundo de hoje. Os hebreus pedem que Davi seja seu rei, pois crêem que ele os fará felizes. Séculos depois, um grupo dentre eles zomba do rei do universo - o princípio da criação, a palavra que gerou o universo e gera continuamente a vida. As leituras de hoje nos fazem pensar sobre o reinado de Deus no mundo. Davi é ungido rei e reconhecido por todas as tribos de Israel: como acontece a escolha das nossas lideranças políticas (eclesiais e sociais)? Jesus é rei que morre para nossa salvação e ouve o clamor dos excluídos. A humanidade de Jesus tornou visível o rosto do Deus invisível.

Gosto de pensar que desde o início da História da Salvação, Deus dribla a humanidade. Não é um rei convencional aos parâmetros de nossa sociedade. Onde já se viu um rei que escolhe um berço de madeira com palhas de feno para nascer; barcos de madeira, como cátedra para ensinar, e uma cruz de madeira, como trono definitivo de Sua realeza? Cruz que para os judeus significava vergonha e escândalo; para os romanos, loucura, mas para nós, tornou-se sinal de Salvação!

Somos convidados na Festa de Cristo Rei, a revermos nosso modo de sermos: pessoas, irmãos, sacerdotes, leigos e leigas coordenadores e líderes em nossas Comunidades de Fé, Oração e Amor. Corremos tanto atrás de poder, cargos, funções, ambientes luxuosos (confundimos bom gosto com luxo exacerbado) e prestígio a todo custo, mesmo que para isso tenhamos de deixar nossa inveja destruir a reputação de outros. Sim, porque a inveja foi o "derramar da garrafinha" da condenação do Rei do Universo à morte mais cruel e escandalosa de sua época: a morte de Cruz! Ou convertemos o poder em serviço, os bens temporais em partilha e o prestígio em humildade, ou não nos identificamos com Jesus Cristo, Rei do Universo!

O Documento de Aparecida, no número 174, referindo-se aos leigos, assim diz: “É importante recordar que o campo específico da atividade evangelizadora leiga é o complexo mundo do trabalho, da cultura, das ciências e das artes, da política, dos meios de comunicação e da economia, assim como das esferas da família, da educação, da vida profissional, sobretudo nos contextos onde a igreja se faz presente somente por eles”.

            Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler 2Sm 5,1-3; Sl 121(122); Cl 1,12-20 e Lc 23,35-43).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Novembro de 2019, pp. 89-92 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Novembro de 2019), pp. 82-87.



quarta-feira, 13 de novembro de 2019

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - TRIGÉSIMO-TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM



Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

"Meus pensamentos são de paz e não de aflição,
diz o Senhor. Vós me invocareis, e hei de escutar-vos,
e vos trarei de vosso cativeiro, de onde estiverdes" (Jr 29,11s.14).

O Trigésimo-Terceiro Domingo do Tempo Comum é o penúltimo do Ano Litúrgico, e traz consigo, na Palavra proclamada, acolhida, refletida, rezada e vivida um sabor de despedida, mas também de um maior compromisso de re-ligare = religião, nossa vida com a vida do mundo em que vivemos e onde somos ou formamos um corpo do qual somos os membros e Cristo é a cabeça. Quando faltamos ao corpo, por menor ou mais insignificantes que possamos parecer, mutilamos o mesmo. O corpo, que a Igreja não nossa, mas de Jesus Cristo, torna-se aleijada, com necessidades especiais...

O evangelho deste domingo parece descrever cenas da vida atual: fala de violência, destruição, tragédias naturais e sociais. Tudo isso não significa o fim do mundo nem é castigo de Deus; antes, é um alerta sobre o nosso comportamento violento em relação aos outros e à natureza. Diante desse quadro sombrio, a eucaristia torna-se fonte de esperança para todos nós na luta pela vida.

Com a palavra de Deus aprendemos que nossos esforços não são inúteis, pois, permanecendo firmes, transformaremos a realidade violenta em realidade de paz, na qual nascerá e brilhará o sol da justiça.

A primeira leitura nos garante que um dia a impunidade acabará. O que não é de Deus cai. Mais cedo ou mais tarde cai: a mentira é descoberta, a inveja e a maldade sobre os outros recairá sobre nós mesmos; morreremos engolindo nosso próprio veneno preparado para prejudicar e puxar o tapete do outro, a ganância, prepotência e arrogância de querer ser mais do que os outros nos darão um belo tombo no tempo em que menos esperarmos. O fim de instituições não significa o fim do mundo. Só Deus não decepciona. As pessoas nos decepcionam porque não são perfeitas, tem seus limites. Daí a necessidade de aprendermos a compreender, acolher o pecador, sem sermos coniventes com seus pecados, mas capazes de perdoar sempre, como nós somos perdoados por Deus.

 Perguntava a uma moça nesta semana, se ela acreditava em Deus, ao que me respondeu Sim, Senhor! Quando perguntei a qual religião pertencia, respondeu: A nenhuma não, Senhor! Só acredito em Deus e não nas religiões que não me dizem nada! O número de pessoas que dizem acreditar em Deus, porém declarando-se sem religião cresce sempre mais e isso me preocupa. Porém não concordo quando a mídia diz que a Igreja Católica perde a cada ano mais fiéis. Para mim, quem deixa a Igreja Católica não é fiel, mas infiel e de infiéis a Igreja não precisa. A pessoa que diz não precisar de religião é individualista, egoísta e descomprometida, acomodada... Certamente não é tão especialista na ação de re-ligare a humanidade a Deus através dos outros. Mutila isso sim, o Corpo, que é a Igreja de Jesus Cristo, independentemente da profissão religiosa. Mas esse tipo de comportamento individualista começa na Família, colocada de bruços, e dos demais Alicerces em Crise de nossos tempos, a Educação, O Governo e a Religião. O povo quer trabalho, não simples emprego, e justiça social, que lhe devolva a dignidade roubada por um capitalismo selvagem que necessita de indigentes para sua própria sobrevivência cruel e desumana.

Reunidos pelo Espírito, formamos a assembléia de irmãos e irmãs que desejam se alimentar do Corpo de Cristo, que nos fortalece nos desafios da vivência cristã. Do contrário, além de mutilarmos o Corpo que formamos com nossa ausência, tornar-nos-emos anêmicos espiritualmente, sem o alimento que nos fortalece para enfrentarmos os desafios que o mundo se nos impõem.

Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler Ml 3,19-20; Sl 97(98); 2Ts 3,7-12 e Lc 21,5-19).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Novembro de 2019, pp. 67-70 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Novembro de 2019), pp. 76-81.

A SANTO ANTONINHO ACOLHE OS MONGES!


Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.

“A Comunidade de Monges Beneditinos da Congregação de Santa Maria de Monte Oliveto eleva a Deus um canto de louvor pelos benefícios que Ele lhes concedeu no percurso destes cem anos da presença deles no Brasil”...
“Os Monges Olivetanos da Paróquia Basílica Santo Antônio de Pádua, desde a sua chegada a Ribeirão Preto, dedicaram-se ao serviço evangelizador: pela celebração dos sacramentos, pela catequese, pela criação e organização pastoral de comunidades e pela educação, de acordo com as necessidades da Igreja local” (cf. Convite).
“Na manhã do dia 22 de novembro de 1919 o Abade Dom Luís Maria Perego, com apenas 55 anos de idade, chegava à terra vermelha de Ribeirão Preto. No dia seguinte Dom Perego celebrou na pequena capela de ‘Santo Antoninho, Pão dos Pobres’ pela primeira vez o santo sacrifício da Missa, pregando em italiano. Nesse tempo, Ribeirão Preto e arredores contava mais ou menos com 30.000 italianos. Havia uma Associação em honra a Santo Antônio de Pádua que pretendia a construção de um santuário no Morro dos Cipós, um hospital e um abrigo para idosos e órfãos” (cf. Histórico sobre Origens, Carisma e História dos Monges Beneditinos Olivetanos).
A grande celebração alusiva ao Centenário da chegada dos Monges da Basílica de Santo Antônio de Pádua ao Brasil e a Ribeirão Preto será no dia 15 de novembro, sexta-feira com início às 17 horas no pátio do Santuário das Sete Capelas. Dali seguirá uma procissão em direção à Basílica de Santo Antônio de Pádua, onde às 19h30 sua Eminência Reverendíssima Dom Odilo Pedro Cardeal Scherer presidirá a Santa Missa.
Portanto, a primeira residência, o início da rica presença dos Monges Beneditinos Olivetanos em nossa Arquidiocese de Ribeirão Preto, foi o Mosteirinho anexo à nossa amada Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres. Os Monges de hoje, solenizam o Centenário de sua chagada ao Brasil e a Ribeirão Preto, realizando desde o dia 1º de novembro “visitas celebrativas” às Comunidades por onde atuaram eclesial, litúrgica e pastoralmente.
Segundo o atual Prior Dom Bernardo Bergamin e o Pároco Reitor Dom Gregório Botelho, foi na Santo Antoninho que tudo começou. Serviu de residência para o primeiro Abade e os Monges que vieram posteriormente,  ecoando das entranhas desse simbólico espaço monástico (hoje em estado deplorável por falta de manutenção e restauro, por causa da burocratização existente em relação aos Tombamentos em nossa cidade, por parte das Secretarias Municipais que levam meses e  em algumas solicitações até anos para responderem aos nossos ofícios) a proclamação da Boa Nova, a celebração dos Sacramentos, evangelizando e santificando tantos fiéis.
A Santo Antoninho, Pão dos Pobres acolhe os Monges para a Celebração Eucarística no próximo domingo, dia 17 de novembro às 9 horas. A Santa Missa será presidida pelo Prior, Dom Bernardo Bergamin, e além dele e do Pároco Reitor, Dom Gregório Botelho, estarão entre nós outros sete Monges. Será grande nossa alegria em receber os Monges, bem como todos os nossos queridos Pupilos e Pupilas, Fiéis e Amigos para aquele momento de ação de graças. Sintam-se todos convidados. Vamos acolher os Monges com a ternura que nos é própria!

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - TRIGÉSIMO-SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM



Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

“Chegue até vós a minha súplica;
Inclinai vosso ouvido à minha prece (Sl 87,3).

           
Se há alguns poucos anos falar de sexo abertamente era tabu, hoje é tabu falar em "morte". Por que medo da morte? A grande certeza que vivemos, é que um dia morreremos, no entanto "morremos de medo de morrer...". Cada vez que a morte passa por perto, ou me encontro diante dela através do exercício de meu ministério, encomendando alguma pessoa falecida, meu questionamento é em relação à vida que levo! A morte é uma excelente oportunidade de melhorar minha qualidade de vida. Geralmente deixamos para depois, as mudanças que talvez teriam de ser revistas logo. É bom não sabermos o dia e a hora de nossa morte, mas quando vier, e nosso nome ecoar na eternidade, não terá outro jeito, a não ser morrer! Há quem chama a morte de terceiro parto. O primeiro acontece quando deixamos o “útero materno”, que geralmente é aconchegante e delicioso. Talvez por isso a criança, ao nascer chora. O segundo parto é, para os cristãos, o momento em que nascemos do "útero da Igreja", a Bacia Batismal. Já o terceiro parto, é quando deixamos o “útero da terra”. Por mais difícil que seja viver, ninguém quer partir. A morte dói e nos faz chorar e traz vazio com sabor de saudade inexplicável.

Para os cristãos a morte não é a última palavra. Vivemos e convivemos com a vida e a morte. A morte e a vida além da morte sempre fizeram parte das preocupações humanas. Há uma tendência de “esticar a vida” cada vez mais. Há décadas, morrer aos 60 anos, morria-se velho. Hoje, quando as pessoas morrem aos 90 anos de idade, achamos que ainda teriam algum tempo pela frente. Isso é assim, porque a máxima aspiração do ser humano é a imortalidade.

            Nossa vida poderia ser comparada a uma viagem de ônibus. Quem ainda não andou de ônibus? Quando nascemos, entramos num ônibus, que é a vida terrena. A única certeza que temos é que há um lugar reservado para nós. Uma poltrona. Não sabemos quem serão nossos companheiros de viagem. Apenas sabemos que a poltrona reservada para nós deverá ser ocupada. Às vezes, ocupamos a poltrona do outro, e isso nos traz constrangimentos. Já assisti muitos "barracos" em ônibus cuja mesma poltrona estava reservada para duas pessoas. Não sabemos quem serão nossos pais, irmãos, amigos, parentes, enfim...
                   
Nossa única missão é tornar a viagem a mais agradável possível. Às vezes há pessoas que tornam a viagem insuportável; outras vezes a viagem é agradável!
                   
Há também o bagageiro. Nossas coisas não podem ocupar o lugar dos outros, mas devem caber em nosso próprio bagageiro do ônibus, a vida!
                  
O ônibus, de vez enquando pára na rodoviária. Se a viagem de ônibus é a vida terrena, a rodoviária é a morte. Ninguém gosta da rodoviária: há cheiro de banheiros, de óleo diesel, barulho de ônibus chegando e saindo, ninguém se conhece, muita gente se esbarrando ou até se derrubando. Há sempre uma incerteza, um friozinho na rodoviária que arrepia nossa espinha, que é a morte. Ninguém gosta da rodoviária: todos passam por ela porque precisam, mas não porque gostam. Haverá um momento em que nosso nome será chamado no alto-falante da rodoviária. Então precisaremos descer do ônibus da vida. Se tivermos enviado algum bilhete, uma carta, feito um telefonema, enviado um torpedo ou email para a eternidade, avisando nossa chegada, não precisaremos ter medo, porque Deus estará esperando por nós. O bilhete, a carta, o telefonema, o torpedo ou email são nossa maneira de viver a fé, a esperança e a caridade através de nossa relação conosco, com Deus e com os outros!
                   
Assim Deus estará esperando-nos na rodoviária da morte. Seremos identificados e acolhidos por Ele, de acordo com o que fomos e nunca com o que tivemos. Se Deus não tiver tempo, pedirá ao Seu Filho Jesus para buscar-nos e conduzir-nos à morada eterna. Se de tudo Jesus também não tiver tempo, Nossa Senhora nunca nos deixará perdidos ou esperando na rodoviária da morte. Ela estará lá, de braços abertos, para receber-nos e levar-nos à presença de Deus, colocando-nos em Seu Eterno Colo de Amor. É o que rezamos sempre: “...rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém!"

Nossa fé se debruça sobre a esperança de que morrendo, veremos Deus como Deus é, e isto nos basta. A morte é superada pela ressurreição. Foi o que o Ano da Fé tentou amadurecer na nossa relação com a vida terrena e a celeste. É preciso transcender e mergulhar no mistério que Santo Agostinho de Hipona nos propunha: “Nascemos para morrer, e morremos para viver de verdade!”. Assim que vivermos essa realidade, direcionando o olhar de nossa fé para a ressurreição, nossa vida será mais harmoniosa, feliz e cheia de novas esperanças, sentido e perspectivas!

Sintamos, todos o carinho da bênção do Senhor da Vida! Pois “Ele é Deus não de mortos, mas de vivos” (Lc 20,38). Com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler 2Mc 7,1-2.9-14; Sl 16(17); 2Ts 2,16-3,5 e Lc 20,27-38).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Novembro de 2019, pp. 47-50e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Novembro de 2019) pp. 73-75.
                                                                                                 
                                                                                                           


Tarde de Confraternização do FAC


Fica o convite para a Tarde de Confraternização que o FAC - Fraterno Auxílio Cristão prepara sob a coordenação da sempre dedicada Amália Terezinha Balbo Di Sicco. O valor é de R$ 60,00.

Além de se sentirem convidados para aquela tarde do dia 20 de novembro, contamos, também, com quem desejar e puder, com a generosidade em oferecer "bons Brindes" a serem sorteados durante o encontro de quem têm o que partilhar para com os que têm menos do que nós.

O FAC necessita da partilha de nossa pobreza para continuar seus projetos que promovem a dignidade de 84 crianças e adolescentes, 64 famílias em situação de vulnerabilidade e mais 120 jovens, que a cada dois meses são inseridos no mercado de trabalho ou de volta aos estudos.

Quem puder doar algum Brinde, ou quem desejar adquirir um Convite, basta ligar na Sede do FAC e conversar com a Coordenadora Ana Abe: (16) 3237-0942(16) 99191-6841,ou fazer-nos uma visita: Rua Barão do Amazonas, 881 - esquina com a Rua Prudente de Moraes, bem no Centro de Ribeirão Preto de segunda a sexta-feira entre 8 e 17 horas. Buscaremos os Brindes ou levaremos os Convites a quem se dispuser a participar da promoção da dignidade de tantos irmãos nossos, mais necessitados do que nós! Não percamos mais essa oportunidade de voltarmos ao "caminho da santidade"!

Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, meu abraço amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper