Pesquisar neste blog

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

A CATEQUESE BATISMAL!

 

Pe. Gilberto Kasper - Teólogo 

Ainda há pessoas que pedem, especialmente por redes sociais, o batismo para suas crianças. Sempre me pergunto onde estão as mais de 200 famílias que celebraram o batismo de seus filhos e afilhados ao longo dos quase 15 anos em que caminho com a Igreja Santo Antoninho? E os que batizamos na Paróquia Santa Teresa D’Ávila nesses 3 anos? Simplesmente sumiram e algumas delas retornam para pedir um novo batizado. Que pena! Quando a resposta precisa ser “não é possível”, gritam aos quatro ventos que “a Igreja enxota seus fiéis”! Como enxotar quem não se encontra presente? Que fiéis são esses, que buscam a Igreja como um “supermercado de sacramentos”, sem nenhum compromisso para com a comunidade de fé, oração e amor? Só aparecem quando precisam de algum sacramento, especialmente o batismo. 

            Durante o ano de 2022 os catequistas da Pastoral do Batismo se prepararam seriamente, para assumirem com toda a Arquidiocese de Ribeirão Preto, as orientações sobre a Catequese Batismal, que entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 2023. Depois de um pedido do Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, coordenado pelo Pe. Luís Gustavo Tenan Benzi e dois anos de encontros de formação da Comissão Bíblico-Catequética da Arquidiocese; depois de apresentado ao Clero o subsídio: “Catequese Batismal – Itinerário de Inspiração Catecumenal para preparação de pais e padrinhos para o Batismo de Crianças”, publicado pelas Edições CNBB e aprovado pelo Conselho Presbiteral que representa todos os Presbíteros da Arquidiocese de Ribeirão Preto, nosso Arcebispo Metropolitano, Dom Moacir Silva, chancelado pelo Pe. Samuel Matias, Chanceler do Arcebispado, emitiu as seguintes disposições: 

            “A Arquidiocese de Ribeirão Preto adota como conteúdo e método de preparação para o Batismo: o subsídio ‘Catequese Batismal – Itinerário de Inspiração Catecumenal para a preparação de pais e padrinhos para o Batismo de Crianças’, publicado pelas Edições CNBB. 

            Cada paróquia organizará os encontros de preparação a partir de sua realidade e necessidade. Os encontros, que deverão ser no mínimo 3, deverão ser realizados separadamente com intervalo de, pelo menos, 1(uma) semana entre um e outro. 

            A Catequese Batismal deverá ser realizada para cada batizado, ou seja, o Certificado da Catequese Batismal será válido para aquele determinado Batismo. 

            Dentro do território da Arquidiocese de Ribeirão Preto, nenhum batismo seja conferido sem a Catequese Batismal, a não ser em casos de Batismo de Emergência (quando a criança corre o risco de morrer). 

            As paróquias deverão preparar os catequistas para o Batismo para esta nova modalidade de Catequese Batismal até 31 de dezembro de 2022 (o que fizemos zelosamente). 

            Esta nova modalidade de preparação para o Batismo na Arquidiocese de Ribeirão Preto entra em vigor no dia 1º de janeiro de 2023. 

            Determino que estas disposições sejam amplamente divulgadas nas paróquias, nos nossos meios de comunicação (Igreja Hoje, Boletins Informativos, rádios, etc.) e também nos outros meios de comunicação. 

            Todas as paróquias deverão empenhar-se também na preparação imediata conforme disposto nesta carta. Ribeirão Preto, 08 de setembro de 2022”. Assinado por Dom Moacir Silva, Arcebispo Metropolitano e Pe. Samuel Matias, Chanceler do Arcebispado sob o Protocolo Nº 263/2022. 

            Lembro ainda aos pais e padrinhos, que, para pedirem o Batismo de seus filhos e afilhados, deverão ter eles próprios recebido os Sacramentos da Iniciação Cristã: Batismo, Crisma, Eucaristia, e viver em situação “regular” em seu matrimônio, o que dizemos “estarem casados na Igreja ou no religioso”, não bastando o casamento civil ou ainda, simplesmente viverem “amasiados”. 

            Como Sacerdote há 33 anos, desta Igreja particular de Ribeirão Preto, sempre procurei viver a fidelidade, o respeito e a obediência ao Arcebispo que me ordenou padre, bem como aos seus sucessores, hoje, Dom Moacir Silva. Portanto será inútil pedirem-me o contrário às orientações aqui devidamente descritas. Contando com a seriedade de vivermos em sinodalidade, ou seja, caminhando juntos pela construção do Reino de Deus entre nós, com ternura e gratidão sempre!



quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

TEOLOGIA DA TERNURA! Pe. Gilberto - Teólogo

 

Há 33 anos, na manhã de um sábado, dia 20 de janeiro de 1990, Festa de São Sebastião, na Catedral Metropolitana de Ribeirão Preto, ajoelhado sobre o túmulo do primeiro Bispo de nossa Arquidiocese, Dom Alberto José Gonçalves, por imposição das mãos de nosso amado Dom Arnaldo Ribeiro, fui ordenado Sacerdote para Sempre! Muitos erros e acertos, grande experiência de vida e profunda gratidão a cada dia, sem nenhum momento de arrependimento, pelo sim dado com minhas mãos entre as mãos do Arcebispo.

 


               Quantas pessoas passaram por minha vida nestes 33 anos? Pela vida de quantas pessoas passei eu? Penso ser um momento de avaliação, de balanço, de gratidão e de pedido de perdão, pelas vezes em que não consegui ser um bom padre! Escolhi como lema sacerdotal, a quinta bem-aventurança do Sermão da Montanha: "Bem-Aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7), já que sempre me senti um servo inútil e indigno da graça do ministério sacerdotal! Mesmo assim Deus me quis Padre, tamanha é Sua Bondade, Seu Amor e Sua Misericórdia para comigo.

 

               Ao longo do amadurecimento no meu exercício ministerial, fui descobrindo que a melhor maneira de ser fiel ao Sacerdócio, é adotar a Teologia da Ternura! Mesmo que não tenha conseguido ser fiel, como quis ou deveria sempre me acompanhou o esforço pessoal por ser um sacerdote bom e misericordioso, a exemplo de São João Maria Vianney, o Cura D'Ars, cuja vida conheci no primeiro Seminário que me acolheu na Arquidiocese de Porto Alegre (RS), dedicado a ele. Como ele, o Sacramento que mais gosto de celebrar, é o da Reconciliação, depois, é claro, da Eucaristia. Como é bom ser dispensador do perdão de Deus àqueles que perderam sua paz interior para o pecado. Pois é no Sacramento do Perdão, que Jesus nos devolve a paz que o pecado nos rouba. Tenho sido muito feliz ao acolher tantas pessoas em nossa amada Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres nos Campos Elíseos há 15 anos, e desde o dia 1º de março do ano de 2020, da também já amada Paróquia Santa Tereza de Ávila no Jardim Recreio de Ribeirão Preto, que são para mim, lugares ideais para a santificação de meu sacerdócio, colaborando na santificação de tão queridos irmãos e irmãs na fé!

                                                                                                                                            

                Como coroinha na Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus, no Bairro Santo Afonso e Coordenador da Catequese, Regente do Coral e Animador de Comunidade na Capela Santo Antoninho, no Bairro Liberdade em Novo Hamburgo (RS) ou brincando de Missa com os vizinhos na estrebaria de casa, minha vocação ao sacerdócio foi se confirmando a cada dia que passava. Sentia sempre a necessidade de perdoar, desde tenra idade a quem me ofendesse ou machucasse. Nunca consegui bater em ninguém. Mas sempre fui muito peralta e, mais pedia perdão do que precisava perdoar. Daí meu lema sacerdotal ser a bem-aventurança da misericórdia.

 

               Que eu consiga viver meu sacerdócio pautado nos olhos de Deus, que promovem a justiça e amar as pessoas com o coração de Jesus, que dão sentido ao meu lema e à minha fidelidade sacerdotal: "Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”! E em cada Eucaristia que celebro, cabem todas as pessoas que me ajudaram a ser Padre, no precioso cálice do Senhor, como minha mais sublime e profunda gratidão!

 

                 Para selar a ternura de Deus em meu Sacerdócio, celebrarei minha ação de graças no recolhimento. Passarei em oração silenciosa. Sei que poderei contar com as orações dos amigos, o melhor presente que poderia receber. Estarei ausente das Redes Sociais, especialmente com telefones desligados! Conto com a compreensão dos que insistirem em ligar. Rezemos em silêncio, porque até mesmo nosso silêncio Deus escuta.

 

Aqueles que desejarem me cumprimentar, por favor, façam-no na oração por mim e sintam o carinho de minha oração por cada um dos que meu Sacerdócio permitiu amar! O maior presente será sempre a participação de uma das Celebrações das Santas Missas que celebro na Igreja Santa Tereza de Ávila no Jardim Recreio aos sábados e domingos às 18 horas, bem como na Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres, aos domingos às 9 horas, na Avenida Saudade, 202, nos Campos Elíseos em Ribeirão Preto. O mais precioso presente de um sacerdote é ver sua Igreja cheia de gente, saindo cheias de Deus, e não do padre!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

O BATISMO DO SENHOR! - Pe. Gilberto Kasper Teólogo

 

Concluídas as celebrações natalinas no último domingo, festejamos também no dia 9 de janeiro o Batismo de Jesus. Embora não precisasse ser batizado, o Senhor quis se solidarizar com todo o povo que buscava o batismo de João. Esta liturgia é momento favorável para relembrarmos e renovarmos nossos compromissos batismais.

           Somos servos do Senhor a serviço da comunidade e responsáveis por construir uma sociedade justa. Jesus busca, em João, o batismo. Aí é proclamado “Filho amado de Deus”. A prática da caridade e da justiça deve ser nosso diferencial diante de Deus.

           Em cada batizado que celebro, costumo fazer três perguntas aos pais e padrinhos: Sabem o dia em que foram batizados? Quem (o padre, diácono ou ministro) os batizou? São de Igreja, participando de alguma Comunidade de Fé? E quando a reposta é “NÃO”? Quem não sabe o dia do batizado, também não o celebra, pelo menos, consciente e livremente. Talvez por tradição, ou porque é hábito da família. Sem uma Comunidade, que sustente os compromissos batismais, a fé recebida no dia de nosso batismo esclerosa, resseca, mofa. Já a Festa do Batismo do Senhor é um insistente convite, de que arejemos nossa fé, cultivando-a e por meio dela, anunciemos as maravilhas que os dons do Espírito Santo realizam naqueles que se abrem e se convertem a Ele. Esconder tais dons significa insensibilidade, indiferença e até omissão. Eis a hora de assumirmos nossa fé, como dom precioso que nos é dado desde o “Útero da Igreja”, a Pia ou Bacia Batismal!

           Podemos nos perguntar se, a partir do Batismo de Jesus, procuramos entender e concretizar o nosso batismo. Estamos dispostos a “mergulhar” no projeto de Jesus para construir relações humanas dignas, a começar pela família, no aconchego do lar, na escola, no trabalho, na Igreja, no mundo, com atitudes solidárias, ecumênicas?


           Deus se revelou em Jesus, confiando-lhe a missão de Servo e Filho amado. Pelo batismo, mergulhamos no mistério da morte e da ressurreição de Jesus para vivermos a vida nova. Em Cristo, recebemos o Espírito para a missão e fomos adotados/as como filhos e filhas de Deus. Somos gerados a cada dia, pelo amor misericordioso e bondade infinita do Pai, para renovarmos a nossa adesão e o nosso compromisso com o seu Reino.

Vamos abrir o ouvido do coração para acolher a voz do Pai, que ressoa dentro de nós, e que declara nossa missão: Tu és minha filha muito amada, tu és meu filho muito amado.

           O Batismo é nosso segundo parto. Primeiro partimos do útero de nossa mãe. Quando batizados, partimos do útero da Igreja, preparando-nos à luz da fé que nele recebemos para o parto definitivo, que se debruça sobre a esperança de que morrendo, partindo do útero da terra, veremos Deus como Deus é, e isso nos basta. Renovemos nossos compromissos batismais, buscando viver nosso Batismo na relação com Deus, que nos adota como seus de verdade, e com os outros, que se tornam nossos irmãos, para santificar-nos. Todo batizado torna-se um ser divinizado, isto é, candidato à santidade. Por isso não é nenhuma pretensão descabida, queremos ser santos. Devemos, isso sim, esforçar-nos todos os dias, para sermos santos.

Padre Gilberto Kasper - Teólogo 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

É POSSÍVEL VIVER E CONVIVER EM PAZ!

Pe. Gilberto Kasper - Teólogo

A vida pode ser uma sucessão de coincidências felizes, de encontros prazerosos, de união entre as pessoas. Mas nem sempre é isso o que vemos ao nosso redor. Na correria diária, são muitos os “ruídos” que tiram o nosso sossego e atrapalham a nossa convivência.

           Por vezes nos tornamos porta-vozes da difamação ao invés de instrumentos da Paz. Como então celebramos no último final de semana a Festa da Sagrada Família, Jesus, Maria e José, se desfiguramos nossas próprias famílias por causa de ideologias tantas vezes nefastas? E a Oitava de Natal que celebrou a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, juntamente com o Dia Mundial da Paz? Que tipo de paz promovemos entre nós? A paz de cemitério, que nos silencia por medo de criarmos “encrencas”, ou a verdadeira paz trazida desde a manjedoura que tanto decantamos no recente Natal celebrado? Essa última exige de nós posturas e respostas proféticas de amor, verdade, justiça e liberdade em todos os sentidos. Não somente naquilo que nos convém!

           Na era da Internet, toda e qualquer mensagem se propaga num piscar de olhos. Fatos que ocorrem num canto do planeta atravessam fronteiras, chegando a outras cidades, outros países e continentes com a rapidez de um clique. Alimentadas pela fofoca, histórias que envolvem a intimidade das pessoas tomam proporções inimagináveis e invadem nossos lares como se fossem verdades absolutas. E essas histórias fomentam antipatias, preconceitos e desprezo.

           Outro agente semeador de discórdia é a necessidade que alguns têm de impor suas idéias e sua maneira de ser. Parecem querer provar a si mesmos que são superiores aos outros. Muitas pessoas gostam de recitar a Oração de São Francisco, como um poema em homenagem à Paz. É fundamental que todos compreendam que a construção desta Paz, em nível mundial ou dentro de casa, depende de cada um de nós. Depende de uma mudança de conduta pessoal. Nas palavras de São João Paulo II num discurso que fez em Assis, a Paz é descrita como um canteiro de obras aberto a todos: “A paz é uma responsabilidade universal: passa através de milhares de pequenos atos da vida cotidiana. Por seu modo cotidiano de viver com os outros, as pessoas optam pela Paz ou a descartam”.

           Sempre que deparamos com a tentação da discórdia, é bom lembrar o exemplo da Família de Nazaré. Foram muitas as apreensões vividas por Maria, José e o Menino Jesus enquanto buscavam um lugar seguro para morar, mas em nenhum momento perderam o sentido da união. Mantiveram-se juntos para o que desse e viesse.

           Assim também deve ser a nossa vida. Não podemos nos perder uns dos outros. E, mais importante ainda, não podemos nos perder de Deus, que é a fonte de toda união. Não nos afastemos de sua Palavra em nossa vida pessoal, familiar, social e profissional. A fé em Deus nos ensina a contribuir para a união entre os seres humanos.

           Esse discernimento nos leva a refletir antes de realizarmos toda e qualquer ação. A reflexão é o exercício dos sábios. Quando desenvolvemos o hábito de refletir, conseguimos criar um equilíbrio entre razão e emoção, atuando com mais cordialidade e gentileza. Nossas palavras serão mais adequadas, nossas conversas mais oportunas e positivas. Nossas decisões serão mais justas. Nosso comportamento dará aos outros a certeza de que é Possível Viver e Conviver em Paz!