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quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

AINDA É TEMPO DE NATAL!

 

Pe. Gilberto Kasper-Teólogo 

Deus fala à nossa alma por meio da leitura orante de Sua Palavra, de boas leituras, pregações, exemplos, testemunhos, boas inspirações. Sua voz  faz-se ouvir especialmente neste Tempo de Natal. Jesus Cristo nos convidou, por meio de João Batista, a aplainar as colinas do orgulho, do amor próprio, do egoísmo, da inveja, da avareza, a fim de preparar para a sua vinda, corações retos, onde Ele possa plantar e cultivar as virtudes, especialmente o amor: este amor tão mal compreendido e tão paganizado.

Deus é a fonte do amor puro, verdadeiro, sem fingimento. Amor que se dá, que busca satisfazer os desejos de bem, que compreende as fraquezas alheias, que dá até a própria vida sem temer sacrifícios.

Ainda é Tempo de Natal e a ternura é a marca registrada do Natal. Neste Novo Ano que já geme em dores de parto, somos convidados a repensar o Menino nascido na gruta e na manjedoura, cercado de animais, cheirando a feno, que facilmente é substituído por Helliger Klaus, São Nicolau, que traz um saco cheio de presentes manufaturados e pré-fabricados. Pelas chaminés das grandes casas, entrou a nova economia, e no ideário dos pais e filhos, o Natal virou a festa dos presentes, mais do que a Festa de Alguém que se fez presente.

A urbanização do mundo tirou o protagonista de cena. Isto é: o Menino que nasceu pobre, numa gruta de um país carente, cedeu lugar a um velho gordo e opulento, que tem dinheiro, é bonzinho e chega com um sacolão de presentes. É o símbolo da riqueza europeia, generosa com os pobres, ao menos naqueles dias do Natal.

Na década de 80, quando vivi no Sul da Alemanha, participei do Natal das Famílias da Baviera durante quatro anos. Os presentes eram dissociados da Festa do Natal. No dia 6 de dezembro, Memória de São Nicolau, é que se distribuíam os presentes em torno da árvore do Natal. Algumas famílias encomendavam também o Papai Noel. Já na noite e no dia de Natal, ninguém falava em presentes: as Famílias todas participavam das Celebrações do Natal de Jesus Cristo, nas ações litúrgicas e confraternizavam em torno da mesa da Ceia de Natal, sem mais nenhum presente. Celebrava-se de verdade a presença de Deus feito pessoa. Jesus, nascido em Belém e em cada lar, era o maior Presente!

Pouco a pouco, as famílias influenciadas pela mídia e a serviço do comércio e da indústria aceitam substituir os Presépios e a cena agropastoril pelo Papai Noel. Os pastores, o povo simples, os colonos, o casal pobre, o Menino, os Anjos que trazem uma boa nova são substituídos por vitrines cheias de novidades, comidas raras e por um homem idoso, tipo vovô. É o ter e o dar derrotando o ser e o dar-se. Mas ainda há tempo de mudar, porque ainda é tempo de Natal!



quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

NATAL DE COMUNHÃO, PARTICIPAÇÃO E MISSÃO! Pe. Gilberto Teólogo

 Pe. Gilberto  Teólogo.

O Natal é a celebração de Deus que, em Jesus Menino, assume a fragilidade humana. A pessoa humana, tão sensível e pequena, se torna roupagem da manifestação de Deus. Desce o divino que eleva o humano.

 


           O Natal manifesta a determinação de Deus em querer encontrar-se conosco, propondo uma forma de acolher e cuidar de cada pessoa em sua peculiar dignidade. Torna-se por isso visível e palpável! O Natal é a “Sinodalidade” pura, porque o Senhor da Vida vem para “Caminhar Junto” de seu povo! Caminhemos juntos na comunhão, participação e missão sempre!

 

           Natal é comunhão! Deus não desiste dos homens e por isso sempre encontra meios de bater a nossa porta. “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa” (Ap 3,21). Em tempos de insegurança temos medo de abrir as portas e isto pode impedir de acolher o Senhor que quer habitar em nossa casa, fazer refeição conosco e oferecer a salvação. São tantas as batidas em nossas portas: telefonemas, e-mails, mensagens de Whats App, carteiros trazendo cartões, vendedores… Abrir a porta requer atitudes de discernimento, comunhão e hospitalidade.

 

           Natal é participação! Deus, para realizar o seu projeto de amor, recebeu a acolhida de Maria. Inicia um diálogo com ela que termina com as palavras de Maria “Eis a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38). A participação requer escuta, argumentação, proposição e respeito entre os dialogantes. A participação possibilita conhecer as pessoas e criar laços de solidariedade e amizade. O contrário da participação são os fundamentalismos. Que aprendamos a participar com os planos de Deus e das pessoas.

 

           Natal é missão! Todas as criaturas necessitam de cuidado. O ser humano com a sua criatividade e inteligência tem uma imensa capacidade de desenvolver meios de cuidado e de destruição. Ao mesmo tempo em que assistimos imensos avanços na medicina para cuidar da vida, assistimos o desenvolvimento de tecnologias que geram a morte. “Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor tinha mandado e acolheu sua esposa” (Mt 1,24). Deus restabelece a confiança de José em Maria e ele passa a cuidar de Maria e de Jesus. Cuidar uns dos outros é nossa missão diante de Deus.


          “Encontrarão um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura” (Lc 2,12). Os pastores, em sua simplicidade, acolheram a mensagem do anjo e foram ao encontro do Deus Menino, deitado na manjedoura. Só o encontraram por que abriram a porta da sua vida e assim estabeleceram um diálogo.

 

O Natal é a “Sinodalidade” concreta, porque o Senhor da Vida vem para “Caminhar Junto” de seu povo! Caminhemos juntos na comunhão, participação e missão em mais este aniversário de Jesus!

 

Feliz, santo e abençoado Natal repleto de toda minha ternura!


quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

ADVENTO É TEMPO DE MUITA LUZ!

 Padre Gilberto Kasper - Teólogo 

Aproxima-se o Natal e vimos muita luz. São luzes enfeitando Árvores de Natal, Presépios, Praças, Ruas e Shopping Centers. Milhares de luzinhas piscando para alegrar os corações humanos e aquecer a “Cultura do Consumo”. Há mais Papai Noel do que a Imagem do Aniversariante verdadeiro: o Menino Jesus. Esse sempre aparece ofuscado num presépio, quando montado. Fica escondido entre imagens de animais e arranjos, os mais diversificados.



           A luz veio ao mundo e os homens preferiram as trevas à luz. Porque suas obras eram más. De fato, quem faz o mal odeia a luz e dela não se aproxima, para que suas obras não sejam desmascaradas. Mas quem pratica a verdade aproxima-se da luz para que transpareça que suas obras são feitas em Deus.

           O mentiroso é escravo da trama que tem de armar e manter para conservar a aparência de verdade em sua vida. O homem amigo da verdade nada tem a temer. Ela liberta o espírito, deixa-o livre em si mesmo e em relação a todos.

           Verdade e mentira significam no Evangelho de São João o modo de viver conforme ou desconforme a vontade de Deus. Realizar a verdade é agir sincera, fiel e honestamente diante de Deus, diante dos irmãos e diante da própria consciência.

           O amor à verdade facilita o desenvolvimento de todas as nossas capacidades, pois caminha sem obstáculos. O espírito fingido e enganador vive em sobressalto, armado, temeroso e desconfiado, preso a tudo o que o obriga a reter sua posição como verdadeira.

           Nenhum ser humano sobre a face da terra tem toda a verdade. Cada um de nós tem apenas uma pequena parte dela; mas se estivermos dispostos a compartilhar nossos fragmentos, nossos pedacinhos da verdade, teremos todos uma parte muito maior, muito mais completa da realidade total.

           A verdade é ter a luz de Deus em nossa mente e em nosso coração iluminando nossas vidas, e, indicando caminhos de entendimento para todos.

           A figura de Maria do Advento nos ajuda a encontrarmos a verdade, que é Jesus feito meigo Menino reclinado numa manjedoura. A gravidez de Maria nos convida a engravidarmo-nos também do Senhor, tornando-nos seu porta-jóias. Deixemo-nos iluminar porque o Advento é Tempo de Muita Luz!

           Na Paróquia Santa Tereza de Ávila no Jardim Recreio, teremos o encerramento da Novena de Natal, neste ano celebrada nas residências dos paroquianos, durante a Santa Missa na Igreja Matriz, no domingo, dia 18 de dezembro, às 18 horas e logo a seguir, às 19 horas um magnífico Concerto de Natal com o Coral Feminino Zenit da USP, sob a regência do maestro Sérgio Alberto de Oliveira! Sintam-se todos convidados!


quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

ADVENTO É TEMPO DE ALEGRIA!


Padre Gilberto Kasper

Teólogo 


A maior de todas as alegrias emana do nosso encontro com Deus. Esse é o grande tesouro que devemos procurar e ao mesmo tempo distribuir entre os outros. A Alegria do Gaudete, terceiro domingo do Advento, neste ano dia 11 de dezembro, nos remete à manjedoura onde reclina na meiguice de uma criança o Deus em pessoa!


 Mas essa alegria sobrenatural não se opõe às alegrias cotidianas, pelas quais também devemos agradecer a Deus. Essas podem ter causas diversas: uma promoção profissional, a possibilidade de realizar a viagem dos sonhos, o gesto carinhoso da pessoa amada, o sorriso de uma criança. A alegria é sempre um bálsamo que faz bem à alma. Quando a experimentamos, devemos nos aproximar ainda mais de Deus, que se faz humano como um de nós.

 Assim como as alegrias terrenas, as tristezas possuem diversas origens, desde uma simples contrariedade até uma grande decepção ou perda. Podemos nos entristecer quando sofremos uma desilusão amorosa, quando deparamos com a conduta inadequada de um amigo ou até mesmo quando ouvimos um comentário indesejado de algum familiar. Isso e muitos outros contratempos podem fazer a tristeza entrar em nossa alma.

 Embora nos faça sofrer, a tristeza tem uma característica ímpar de tornar nosso coração mais compassivo. Quando estamos tristes, mergulhados em nossos sentimentos, realizamos reflexões mais profundas. Por isso, podemos afirmar que a tristeza ensina, e muito. Ela desperta a voz do silêncio que vem e toca nosso espírito para que possamos aprender com a experiência e nos tornar melhores, crescendo em nossa fé.

 Ajustar nossa forma de lidar com os problemas equivale a encontrar a chave da alegria, aquela que abre a mente e a alma para a luz de Deus, fazendo com que encontremos as soluções mais interessantes para a nossa vida. Além disso, amplia nossa consciência para identificarmos o que realmente importa.

 A vida está cheia de possibilidades, e você pode descobrir novos sentidos, aprofundando-se no entendimento das suas inquietações, com a firme esperança de que dias melhores virão. Haja o que houver, não podemos esquecer: “Se de tarde sobrevém o pranto, de manhã vem a alegria” (Sl 30,6).

 Por isso, encha seu coração de amor e diga para si mesmo: “Eu quero ser feliz agora”. Não tenha dúvida, você é muito mais forte e poderá ser muito mais feliz do que é capaz de imaginar.

 A alegria verdadeira massageia a alma. Ela nasce dos valores de Deus e conforta nosso espírito. Esse é o estado que devemos buscar para nós e desejar para os outros. A alegria verdadeira fica impregnada em nossa alma para todo o sempre. Por isso, esteja aberto para que ela possa brotar em sua alma. Que a felicidade seja o pão nosso de cada dia. Eis o sentido do Domingo da Alegria, o Gaudete. O terceiro domingo deste rico tempo em preparação ao Natal do Senhor, antecipa tudo que celebraremos, porque o Advento é Tempo de Alegria!

 

A maior de todas as alegrias emana do nosso encontro com Deus. Esse é o grande tesouro que devemos procurar e ao mesmo tempo distribuir entre os outros. A Alegria do Gaudete, terceiro domingo do Advento, neste ano dia 11 de dezembro, nos remete à manjedoura onde reclina na meiguice de uma criança o Deus em pessoa!

           Mas essa alegria sobrenatural não se opõe às alegrias cotidianas, pelas quais também devemos agradecer a Deus. Essas podem ter causas diversas: uma promoção profissional, a possibilidade de realizar a viagem dos sonhos, o gesto carinhoso da pessoa amada, o sorriso de uma criança. A alegria é sempre um bálsamo que faz bem à alma. Quando a experimentamos, devemos nos aproximar ainda mais de Deus, que se faz humano como um de nós.

           Assim como as alegrias terrenas, as tristezas possuem diversas origens, desde uma simples contrariedade até uma grande decepção ou perda. Podemos nos entristecer quando sofremos uma desilusão amorosa, quando deparamos com a conduta inadequada de um amigo ou até mesmo quando ouvimos um comentário indesejado de algum familiar. Isso e muitos outros contratempos podem fazer a tristeza entrar em nossa alma.

           Embora nos faça sofrer, a tristeza tem uma característica ímpar de tornar nosso coração mais compassivo. Quando estamos tristes, mergulhados em nossos sentimentos, realizamos reflexões mais profundas. Por isso, podemos afirmar que a tristeza ensina, e muito. Ela desperta a voz do silêncio que vem e toca nosso espírito para que possamos aprender com a experiência e nos tornar melhores, crescendo em nossa fé.

           Ajustar nossa forma de lidar com os problemas equivale a encontrar a chave da alegria, aquela que abre a mente e a alma para a luz de Deus, fazendo com que encontremos as soluções mais interessantes para a nossa vida. Além disso, amplia nossa consciência para identificarmos o que realmente importa.

           A vida está cheia de possibilidades, e você pode descobrir novos sentidos, aprofundando-se no entendimento das suas inquietações, com a firme esperança de que dias melhores virão. Haja o que houver, não podemos esquecer: “Se de tarde sobrevém o pranto, de manhã vem a alegria” (Sl 30,6).

           Por isso, encha seu coração de amor e diga para si mesmo: “Eu quero ser feliz agora”. Não tenha dúvida, você é muito mais forte e poderá ser muito mais feliz do que é capaz de imaginar.

           A alegria verdadeira massageia a alma. Ela nasce dos valores de Deus e conforta nosso espírito. Esse é o estado que devemos buscar para nós e desejar para os outros. A alegria verdadeira fica impregnada em nossa alma para todo o sempre. Por isso, esteja aberto para que ela possa brotar em sua alma. Que a felicidade seja o pão nosso de cada dia. Eis o sentido do Domingo da Alegria, o Gaudete. O terceiro domingo deste rico tempo em preparação ao Natal do Senhor, antecipa tudo que celebraremos, porque o Advento é Tempo de Alegria!