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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - TERCEIRO DOMINGO DA QUARESMA


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!


            A Palavra de Deus do Terceiro Domingo da Quaresma nos ajudará a revermos a pureza de nossa relação com Deus. A relação pessoal e a relação com Deus, seja através das leis que administram a vivência de nossa , seja através da fé transformada em obras, logo, nossa relação com Deus por intermédio dos irmãos, seja à luz da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, cuja Páscoa preparamos!
            A página do Livro do Êxodo nos apresenta o Decálogo, a Lei Mosaica, os Mandamentos como bússola orientadora de caminharmos em direção ao nosso fim último que nada mais é do que a felicidade eterna! A lei torna-se necessária na medida em que a ética se distancia do comportamento humano. O Decálogo é resumido, por Jesus, num único mandamento: o do Amor! Jesus não subestima os Dez Mandamentos, mas os enriquece. Quem ama a Deus e ao próximo como a si mesmo, acolhe o Decálogo com muita simplicidade, sem escrúpulos, descomplicadamente. Para muitos, os Dez Mandamentos são ainda um “peso”, ou então compreendidos como meras proibições ou castigo. Já para quem desenvolve sua capacidade de amar um amor com sabor divino, os Mandamentos são um modo de administrar bem o dom precioso da vida.
            Jesus vai além dos Mandamentos e se irrita quando a lei é colocada acima do amor. Pior fica, quando se utilizam do Templo, da Religião, de iniciativas pastorais que sacrificam as pessoas, favorecendo lucros indecentes. Não penso que o chicote utilizado por Jesus, tivesse os vendilhões como alvo, mas a estrutura da instituição religiosa de seu tempo, que se utilizava do Templo e do Culto para angariar riquezas. Há uma grande diferença entre manter o Templo, zelar por ele, conservá-lo e ampliá-lo, do que faziam as autoridades religiosas de Jerusalém. O não cumprimento dos preceitos implicava na exclusão do povo simples. Todos se esmeravam por cumprir o que estava prescrito. O povo viajava meses para a celebração da páscoa judaica, e naturalmente necessitava de “suporte” em torno do Templo para ali adorar a Javé. A exploração do simplesmente necessário foi que irritou a Jesus e o fez expulsar os vendilhões do Templo. Impor sacrifícios descabidos sobre os ombros do povo, exigir o cumprimento de leis simplesmente, não agrada o coração de Deus. Jesus tenta demonstrar que o amor supera e deve estar sempre acima da lei!
            Toda celebração da Eucaristia é um divisor de águas. Nela vivemos a tensão entre o culto perfeito e o culto baseado nos interesses pessoais e mesquinhos. O evangelho fala da substituição do templo antigo pelo novo. Nós já somos o novo templo, contudo, a cada momento, precisamos ser purificados de tudo aquilo que não nos deixa oferecer sacrifícios agradáveis ao Senhor. Daí a importância da escuta da Palavra de Deus, da avaliação das nossas práticas, do afinar-se com os desígnios do Senhor e do entrar no espírito do culto em espírito e verdade. A liturgia transpira do começo ao fim, o sentido e a espiritualidade do culto prestado por Cristo ao Pai.
            Importa nos deixarmos impregnar por esta liturgia e fazer da vida um culto perfeito. Na celebração, bebemos na fonte que é a misericórdia de Deus Pai. Nele aprendemos a confessar as nossas faltas. Na liturgia importa cantar tudo o que o Senhor fez por nós, antes e depois de ter proposto o código da aliança. A oração eucarística canta exatamente isso, tendo como centro o memorial da páscoa de Cristo.
            Na fé, a cruz parece satisfazer e superar as expectativas humanas. Enviar seu filho para sofrer a morte por amor desafia todo pensamento humano. Nesta Quaresma, devemos ser mais solidários entre nós e, certamente, fazer uma loucura como a da cruz, um gesto insensato em benefício da justiça para com os pobres.
            Estamos em plena Campanha da Fraternidade. Tantas realidades ligadas ao seu tema poderíamos trazer presentes... Poderíamos lembrar a sociedade tão violenta, que profana o templo que é o nosso corpo. FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA! Não podemos dissociar nossa vida dos problemas. É urgente que vivamos o lema da Campanha da Fraternidade deste ano: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). Saibamos promover a dignidade de nosso povo, ajudando a superar as vergonhosas corrupções e o desrespeito tão desumano à cidadania de nosso povo, esfolado, explorado e enganado por aqueles que deveriam ser servidores, mas se sentem donos do Povo!
            São Paulo, em sua Primeira Carta aos Coríntios lembra e atualiza essa questão também a nós, de que não devemos correr atrás do espetaculoso, mas procurar encontrar o espetacular na própria cruz de Cristo. É dele que emana todo o sentido de nossa fé e a esperança de nossa salvação. Cristo não espera “coisas” de nós, Ele não precisa delas; mas espera que nos amemos, seguindo o Seu exemplo. Saibamos ser misericordiosos uns para com os outros. Mas também solidários e comprometidos com a promoção da dignidade humana.
            Oxalá consigamos passar a Quaresma esforçando-nos por não falar nada mal de ninguém, bem como reservar os frutos de nossos exercícios quaresmais de penitência, como o jejum, a abstinência e outros, para o grande dia da Coleta da Solidariedade, no Domingo de Ramos!
           
            Nesta semana celebramos o Dia Internacional da Mulher. Rezemos e renovemos nossa acolhida às Mulheres de nossas Comunidades. O que seria da Igreja sem elas? Sintam-se valorizadas, inseridas e protagonistas da evangelização de nossa Igreja na Sociedade, especialmente neste Ano Nacional do Laicato!
                       
            Desejando-lhes abençoada semana, com ternura e gratidão, o abraço sempre fiel e amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Ex 20,1-17; Sl 18(19); 1 Cor 1,22-25 e Jo 2,13-25)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Março de 2018, pp. 22-25 e Roteiros Homiléticos da CNBB para a Quaresma de 2018, pp. 21-23.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!


A Palavra de Deus do Segundo Domingo da Quaresma nos permite uma espiadinha no céu, através do evento da Transfiguração do Senhor diante de três discípulos: Pedro, Tiago e João na Montanha Sagrada.
A página do Livro de Gênesis nos leva a pensar que, de quando em vez, Deus brinca conosco. Não é possível à nossa razão, um Deus de Amor pedir a Abraão, que sacrifique seu próprio filho. Mas não é brincadeira de Deus, e sim uma pedagógica provação da maturidade da fé. Será que somos realmente fiéis à Aliança que Deus selou conosco? É lógico que Ele não quer sacrifícios, muito menos de vidas, mas fidelidade. O holocausto Ele já tem preparado; é Seu Filho Amado. Por isso, o episódio narrado em Gênesis de hoje, remete-nos à Paixão e Morte de Jesus na cruz.
            As provações que a vida nos impõe, ou amadurecem nossa fé em Deus, ou nos revoltam e afastam d’Ele. Sempre dependerá de nossa eleição pessoal.
            Ao nosso redor, tantas coisas mexem com o coração e desafiam a nossa fé. Tantas pessoas que se afastaram das nossas comunidades. Milhões de crianças que moram nas ruas, na mais triste pobreza. Tantos jovens entregues às drogas.


É incontável a fila de irmãos e irmãs que passam fome e não tem casa para morar. Entre os poderosos e donos do dinheiro impera o egoísmo, a concentração de poder, os privilégios. São milhões os sobrantes e excluídos da mesa da vida, no dizer dos Bispos em Aparecida.
            O que essa situação tem a ver com a nossa preparação para a festa da Páscoa e com o evangelho da Transfiguração de Jesus.
            Como a narrativa da Transfiguração está no centro do Evangelho de Marcos, o evangelista quer responder a uma pergunta bem concreta: Quem é Jesus? O povo vai descobrindo que ele é o Messias. Mas não um Messias milagreiro, rei glorioso, vencedor, rico, poderoso, capaz de mudar rapidamente a condição da humanidade e fazer acontecer num rito mágico a presença do Reino. Pedro, na montanha, tem essa idéia e acredita que o reino, simbolizado nas três tendas, pode acontecer sem a doação, sem os sacrifícios, sem a morte e a entrega da vida.
Hoje, nas filosofias do mundo, somos contaminados por falsas expectativas como as presentes na conversa de Pedro na montanha. Ter fé significa entrar nos desígnios de Deus que frutifica na solidariedade com os irmãos. A doação na força da páscoa de Jesus nos transfigura por dentro e por fora. Transforma a situação e a realidade dos abandonados e dos privados do necessário para viver e cantar a vida: saúde, pão, terra, casa, salário digno, respeito e amor pela vida...
            A fome do irmão, as crianças abandonadas nas ruas, as violências ao ser humano são chamadas de Jesus para subirmos com ele a um monte alto e entrarmos nos desígnios de Deus Pai, depois descermos da montanha e fazermos a nossa parte. Páscoa é isso: passagem de situações de menos vida para situações de mais vida, de situações de pobreza e miséria para uma vida digna, bonita, feliz e realizada para todos.
            Na leitura da carta aos Romanos, aprendemos que o amor de Deus Pai é imenso, gratuito, generoso, infinito e que não pode ser destruído por nenhuma quebra da aliança ou infidelidade por parte do ser humano.
            Acolhamos o convite deste Segundo Domingo da Quaresma, deixando-nos transfigurar com Jesus e, também transfigurarmos a vida desfigurada de nossos irmãos cuja dignidade lhes foi tirada por conta do consumismo, do hedonismo e do egoísta individualismo.
            Debrucemos nossa esperança sobre a possibilidade de dias melhores. Uma das mais edificantes visitas que fiz, nos meus 28 anos de ministério ordenado, foi há algum tempo: entrando no quarto de um irmão enfermo pensei: Este moço é um santo!... A santidade dele se fazia sentir naquele quarto. Nem bem terminara de pensar, a irmã que cuida dele, disse em voz alta: “Padre, este meu irmão é um santo. E tem mais: ele me ensina a santidade... faz 57 anos que ele se encontra acamado e sempre sorridente e agradecido a Deus. Nunca meu irmão reclamou de nada...”.

Diante daquela realidade, do semblante sereno e agradecido do moço, senti muita vergonha pelas vezes em que reclamei da vida. Isso não significa que devamos ficar passivos à precária Saúde Pública, que não raras vezes trata das pessoas como se fossem bichinhos. Todos somos conclamados a promover a dignidade e rezar com a Campanha da Fraternidade “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8).


Desejando-lhes muitas bênçãos e saúde, com ternura e gratidão o abraço amigo e fiel,

Pe. Gilberto kasper
(Ler Gn 22,1-2.9-13.15-18; Sl 115(116B); Rm 8,31-34 e Mc 9,2-10)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Fevereiro de 2018, pp. 83-87 e Roteiros Homiléticos da CNBB para a Quaresma de 2018, pp. 17-20.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!



            A forte insistência da Palavra de Deus proclamada no Primeiro Domingo da Quaresma é a conversão: mergulhados nos porões de nossa intimidade, reconhecermos o que não está bem e querermos mudar... Devemos sempre querer ser melhores hoje do que ontem. Ser melhores, significa ser mais humildes, bondosos, amorosos e ternos uns com os outros.
            A página do Livro de Gênesis apresenta este Deus “louco de amor” pela humanidade, insistindo em selar Aliança! Aliança implica em fidelidade! Quando o ser humano deixa Deus falando sozinho, virando-lhe as costas, este mesmo Deus tão misericordioso, teima em retomar a amizade com sua criatura predileta: a PESSOA!
            O dilúvio lembrado neste texto, remete-nos ao nosso Batismo, no qual somos lavados de todas nossas misérias e definitivamente adotados como filhos e herdeiros de Deus. Já o arco-íris lembra a ponte que Deus constrói entre o céu (a eternidade) e a terra (a humanidade), selando Sua aliança que nos permite tomar parte em Sua divindade, enquanto Ele se submete à nossa humanidade!
            O Evangelho de São Marcos é um convite ao deserto. Deserto implica em silêncio, interiorização. Olharmos para dentro de nós. Quanto mais olharmos para dentro de nós mesmos, menos encontraremos defeitos nos outros. Assim, nosso exercício de não falarmos mal de ninguém durante a Quaresma, torna-se mais deleitoso. Mas em nossa intimidade, seguramente encontraremos algum mofo, bolor, entulho, pó e mal cheiro a serem purificados na riqueza que o Tempo Quaresmal nos propõe: a conversão! Porém, não basta mudarmos o errado e pronto. É preciso também, crer no Evangelho. E o Evangelho tem suas exigências, quando colocado em prática na relação hodierna com os outros. Ele nos propõe um novo projeto de vida, pautado em valores essenciais, como o amor gratuito, a verdade, a justiça, a liberdade e a paz!
            Imagino o quanto Deus gosta de ser reconhecido no rosto dos irmãos, especialmente os enfermos, sofredores e surrados pelas injustiças de nosso mundo. De que adianta passarmos a mão no ostensório, se o Cristo Sacramentado não nos remete ao sacrário humano, tantas vezes desrespeitado em seus direitos básicos, como a Saúde Pública, por exemplo. Enquanto não nos esforçarmos por maior dignidade humana, estaremos falando com o Senhor, como se fala em telefone desconectado.

            São Pedro, em sua Primeira Carta, também lembra o dilúvio e nos propõe a alegoria da arca: “À arca corresponde o batismo, que hoje é a vossa salvação. Pois o batismo não serve para limpar o corpo da imundície, mas é um pedido a Deus para obter uma boa consciência, em virtude da ressurreição de Jesus Cristo”. No dia de nosso Batismo, recebemos como dom precioso de Deus, a , que nos possibilita a fidelidade diante da Aliança de Amor de Deus para com seus amados filhinhos, nascidos do “útero da Igreja, a Pia Batismal!”.


Que o início da Quaresma nos ajude a sermos Anjos Bons uns para com os outros. Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, meu abraço amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Gn 9,8-15; Sl 24(25); 1 Pd 3,18-22 e Mc 1,12-15)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Fevereiro de 2018, pp. 65-68 e Roteiros Homiléticos da CNBB para a   Quaresma de 2018, pp. 14-16.

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - QUARTA-FEIRA DE CINZAS

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!



Iniciamos, nesta Quarta-Feira de Cinzas, dia de Jejum e Abstinência, o sagrado tempo da Quaresma para celebrarmos, de coração renovado, o mistério pascal de Jesus. Desde os tempos mais antigos, a Quaresma foi considerada como período de renovação espiritual, de revigoramento interior, para o testemunho do Evangelho.

A celebração da bênção e a imposição das cinzas lembram as palavras de Jesus: "Convertei-vos e crede no Evangelho".

Na abertura da Quaresma, tempo favorável de conversão, as leituras fazem forte apelo de mudança de vida e nos convidam a intensificar as práticas de caridade, oração e jejum. Quaresma, quarenta dias que nos separam da grande festa da Páscoa da Ressurreição do Senhor! Neste tempo, procuremos trilhar o caminho da conversão proposto pelo Evangelho e pela Campanha da Fraternidade, que nos leva a refletir sobre o tema: FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA, e o lema: “Vós sois todos irmãos” (cf. Mt 23,8).

Quaresma é tempo de voltar para o Senhor, ele é benigno e compassivo. Há três grandes práticas quaresmais: caridade, oração e jejum. Neste tempo favorável, reconciliemo-nos com Deus e com os irmãos.

Pela escuta da Palavra do Mestre e pela acolhida da misericórdia divina revelada em Jesus, superam-se a falsidade e a infidelidade, constitui-se o novo povo de Deus. É nesta perspectiva que podemos compreender a palavra do Evangelho proposto para a celebração da Quarta-Feira de Cinzas: os cristãos são chamados pelo Mestre a assumirem, com fidelidade, as obras da justiça - no relacionamento com o próximo: a esmola; para com Deus: a oração; para consigo mesmo: o jejum.

Na caminhada quaresmal, somos convidados a fazermos a experiência de Deus que acolhe nossa penitência, corrige nossos vícios, cuida de nós incansavelmente, fortifica nosso espírito fraterno, nos dá a graça de sermos nós também misericordiosos.

            Gosto sempre de propor um exercício aparentemente simples, mas que na verdade é bem difícil: Durante a Quaresma não falaremos mal de ninguém. Se não houver motivos para elogios, calaremos! Será um exercício proposto diariamente. Se conseguirmos passar um dos dias da Quaresma sem falar mal de ninguém não importa. O que importa é o esforço que renovaremos todos os dias.
           
            Os frutos de nossos exercícios quaresmais, como jejum, abstinência e outros, deverão ser revertidos à Coleta da Solidariedade, realizada nas Comunidades de todo o Brasil no Domingo de Ramos! Seria bom que desde a Quarta-Feira de Cinzas já guardássemos aquilo de que abrimos mão em favor de quem tem menos do que nós. Assim não chegaremos ao dia da coleta com uma migalha apenas. Mas os saborosos frutos de nossa Penitência! É isso que converte e nos faz sermos melhores hoje do que ontem!

Na Igreja Santo Antoninho, teremos a Celebração da Abertura da Quaresma com o Início da Campanha da Fraternidade de 2018, às 19 horas desta Quarta-Feira de Cinzas!

Desejando-lhes um Tempo muito rico de Bênçãos Quaresmais, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler: Jl 2,12-18; Sl 50(51); 2Cor 5,20-6,2 e Mt 6,1-6.16-18).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Fevereiro de 2018, pp. 55-58 e Roteiros Homiléticos da CNBB para a Quaresma de 2018, pp. 7-13.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SEXTO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

“Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão,
tocou no leproso e disse:
‘Eu quero: fica curado!’” (cf. Mc 1,41).


Se puder escolher duas palavrinhas centrais que nos remetem à Palavra de Deus proclamada neste Sexto Domingo do Tempo Comum, seria: Compaixão e Dignidade! Trata-se de uma Compaixão Especial e de uma Dignidade Integral! Não uma dó apenas, e nem uma esmolinha a quem se encontra em dificuldades, principalmente portadores de doenças contagiosas, incuráveis, como a lepra! Tanto a Compaixão como a Dignidade implicam em compromisso. Da dó passamos a comprometer-nos com a pessoa necessitada e sofredora.
            O Profeta Eliseu indica o caminho a Naamã que o procura para curá-lo de sua lepra. O Profeta não é milagreiro. Faz com que o enfermo faça sua parte; participe do processo de sua própria cura. De acordo com a página do Segundo Livro dos Reis, basta que Naamã se banhe sete vezes no Rio Jordão para adquirir a cura. Mas Naamã, ao invés, esperava algo de mão-beijada. Um milagre mais espetaculoso do que espetacular. Mas ouvindo seus servos, Naamã fez o que Eliseu lhe sugeriu e curou da lepra.
            Com frequência, também nós esperamos as coisas acontecerem ou corremos atrás de coisas espetaculosas. O espetacular é operado pelo próprio Criador, que deseja suas criaturas felizes e cheias de saúde, realizando-se com a dignidade que lhes é conferida, por serem as criaturas prediletas do próprio Deus. O grande espetáculo do milagre Deus já operou; basta que nos demos conta disso e vivamos de acordo com a Vontade de Deus para conosco, que não é outra, do que nossa própria felicidade e realização plena. Ir ao Rio Jordão hoje, significa ir ao médico, confiar nele, tomar os remédios e seguir suas orientações. Quem espera curas milagreiras, sem participar do processo do restabelecimento da saúde, acaba frustrado, porque Deus não é mágico e nós não somos suas petecas, porém suas criaturas prediletas, convidadas a colaborar na administração das curas de nossas enfermidades, sobretudo, da lepra do pecado!
            O Evangelho de São Marcos determina uma das principais atividades ministeriais da Missão de Jesus: com compaixão, devolver a dignidade aos enfermos, sobretudo aos excluídos da convivência social, por causa de suas doenças contagiosas, como no caso da lepra. O processo da cura começa com a vontade da pessoa de querer a saúde!
O querer a cura, implica em ter fé, confiança e disponibilidade de pedir: “Se queres, tens o poder de curar-me”. Ao perceber a fé de quem pede, Jesus imediatamente age com compaixão, respondendo: “Eu quero: fica curado!”. Muitos de nós, ao sentirmo-nos curados, damos por encerrado o processo. Não é bem assim. Jesus pede que as formalidades preceituais sejam cumpridas. Mais do que fazer promessas e até mesmo cumpri-las depois, Jesus espera engajamento na Comunidade de Fé, na Comunidade Eclesial, no Compromisso e no Testemunho de ternura, amor, compaixão e misericórdia para com os demais enfermos em nossas relações. Implica, também, em zelarmos por uma melhor qualidade de vida. Sem nossa efetiva participação, nada acontece. Somos os protagonistas de nossa própria saúde ou de nossas enfermidades.
            São Paulo, ao escrever sua Primeira Carta à Comunidade de Corinto nos indica como melhor agir, para que também nossas Comunidades gozem de saúde. A cura individual não combina com o cristianismo. Somos responsáveis pela saúde da Comunidade à qual somos inseridos. “Fazer tudo para a glória de Deus... Procurar agradar a todos em tudo, não buscando apenas o que é vantajoso para nós mesmos, mas para todos...”. Lembro-me bem dos três pecados paroquiais, que nosso saudoso Dom Arnaldo Ribeiro, sempre elencava em suas Visitas Pastorais, e que precisam ser superados: saudosismo, milindrismo e estrelismo. E a pior lepra a ser curada em nossas atividades ministeriais, pastorais e missionárias é a inveja, ao lado de outras como: carreirismo, competição entre agentes e clérigos, indiferença e insensibilidade com o bem-estar da Comunidade, omissão, hipocrisia, fofocas caluniosas, falta de transparência, para não dizer mentiras descabidas e a aguda falta de humildade!
O médico que cura as enfermidades de nossas Comunidades é o próprio Cristo Jesus! Se não desviarmos nosso olhar, nosso coração, nosso discurso, nossas atividades pastorais do Messias, seremos saudáveis e protagonistas de Compaixão e de Dignidade num mundo que está simplesmente doente! Com a Campanha da Fraternidade deste ano, possamos colaborar para com a FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA Vós sois todos irmãos (cf. Mt 23,8).

            Sejam todos muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço fiel.
Pe. Gilberto Kasper

(Ler 2 Rs 5,9-14; Sl 31(32); 1Cor 10,31-11,1 e Mc 1,40-45).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Fevereiro de 2018, pp. 46-49 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum (Fevereiro de 2018), pp. 60-63.

O ANO DOS LEIGOS!


Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente e Coordenador da Teologia na Faculdade de Ribeirão Preto da UNIVERSIDADE BRASIL e UNIESP S.A., Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

Uma agradável surpresa nos reserva o ano que iniciamos há um mês. Apesar de muita insegurança, muitas decepções, mesmo com a avalanche da corrupção, atos terroristas, dentre tantos absurdos, nós não perdemos a esperança. Sabemos que podemos sonhar, planejar e acreditar pois, mesmo no meio de tanta confusão, o nosso Deus, que nos abençoa com a sua paz, também ilumina a nossa inteligência para vencermos o tédio do desânimo e a maldade a fim de construir e realizar o bem.

No ano novo é comum as pessoas fazerem listas de desejos, alguns fazem simpatias ou se vestem com roupa desta ou daquela cor para “atrair” sorte, riqueza e sei lá mais o que... e depois do carnaval, já emendado com o Réveillon, só fica a ressaca! O bem que sonhamos e desejamos não está na lista de pedidos, nem na roupa ou nas lentilhas; se não nos decidirmos, nos empenharmos e mudarmos o rumo das nossas atitudes, os sonhos continuam sonhos. Um ditado antigo nos ensina que “quem quer faz”; assim, o que desejamos que aconteça neste novo ano depende das decisões e atitudes que tomamos já, agora!

Começamos o ano novo ouvindo o carinho de Deus para nós:- “O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer sobre ti o seu rosto  e tenha compaixão de ti; o Senhor te mostre a sua face e te dê a sua Paz!” (cf. Nm 6,22-26) Deus nos abençoa, nos ilumina e nos estimula a viver conforme sua Palavra os sugere, ou seja, estimulando o amor, a fraternidade e a justiça e evitando o mal e suas manifestações através de atitudes que respeitem a vida e o ser humano lembrando sempre que o homem e a mulher são criados “à imagem e semelhança de Deus”! Precisamos vencer todo pessimismo que tenta desencorajar a alegria esperançosa do coração humano. Papa Francisco disse que “o pessimismo não é cristão”!

Falando em boa surpresa, teremos neste ano uma reflexão profunda sobre o “ministério” de nossos cristãos leigos e leigas, seu papel fundamental na evangelização e na construção da sociedade que tem como alicerce o Evangelho. Aliás, é muito oportuno que sejam valorizados os leigos em sua tarefa que já realizam em nossas comunidades e que não rivalizam com os membros do clero. A Igreja é organizada de modo hierárquico, porém, ela é o “Povo de Deus” e o “Corpo de Cristo” no qual tudo e todos tendem para a unidade e a comunhão.

Será o ano de valorizar o Sacerdócio comum dos fiéis que nos é conferido no Batismo e que faz da Igreja também ser o “Povo Sacerdotal” que intercede e reza, que celebra, evangeliza e lança no terreno da sociedade as sementes do Evangelho, que serve na Caridade e ilumina com a prática das boas obras. Será o tempo de formarmos mais lideranças, de aprofundarmos os conteúdos da nossa fé e renovar nosso empenho missionário e evangelizador.

Será também o ano de lembrar que os leigos não são “menos” que o clero. Já dizia o grande e santo Dom Hélder a esse respeito: “eu não sou mais importante, a minha responsabilidade é maior; sou o pastor a conduzir o rebanho”! Assim, neste ano de eleições, de copa do mundo, incentivemos nossos catequistas, ministros, cantores, animadores de comunidades a viver com mais alegria e esperança a nossa missão de Povo de Deus que ainda caminha neste deserto das cidades que podem se transformar num imenso e frondoso jardim.


(Parceria com o Pe. João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Mogi Guaçu, SP)

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Rifa da Catedral Metropolitana de Ribeirão Preto

Ajude você também na reforma da Catedral Metropolitana de Ribeirão Preto!


O sorteio será em 14/07, dá tempo de adquirir sua rifa por apenas R$ 2,00 e concorrer a um belo Fusca ano 1994. Vale a pena ajudar.

Para adquirir pode se dirigir à Catedral Metropolitana de Ribeirão Preto na Rua Florêncio de Abreu, S/N - Centro, Ribeirão Preto ou pelo tel. 16 3625-0007.