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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

COMENTANTO A PALAVRA DE DEUS - QUARTO DOMINGO DO TEMPO COMUM


FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

“Meus olhos viram o Salvador que preparastes,

ó Deus, para todos os povos” (Lc 2,30s).

 

            “No Quarto Domingo do Tempo Comum, quarenta dias depois do Natal, celebramos o mistério da Apresentação de Jesus no Templo, nos braços de Maria e José. Esta festa situa-se ainda no contexto do Natal, apresentando outro aspecto da manifestação do Senhor: humano como nós, nasce de uma mulher e submisso às tradições da lei.

            Esta festa já era celebrada nos finais do século IV, em Jerusalém, e, mais tarde, foi assumida por toda a Igreja. No século V, com inspiração no cântico de Simeão, eram usadas tochas, tornando a celebração mais expressiva: Celebremos o mistério deste dia com lâmpadas flamejantes, dizia São Cirilo de Alexandria (+ 444). O Missal atual conserva, com este sentido, o rito inicial da bênção das velas.

            Com a reforma do Concílio Ecumênico Vaticano II, a festa que, por muito tempo tinha o título de ‘Purificação da Bem aventurada Virgem Maria’, em conformidade com a prescrição da lei judaica de os pais apresentarem o filho recém-nascido, quarenta dias após o nascimento, e da purificação de sua mãe, foi mudado para a Apresentação do Senhor. Fica assim mais evidente que se trata de uma festa do Senhor, cujo mistério se inscreve na dinâmica da Páscoa.

            Contudo, entre nós esta festa mantém ainda um acentuado caráter mariano, recebendo vários títulos, como: Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Luz, Candelária, Nossa Senhora de Belém.

            A festa da Apresentação do Senhor enche-nos novamente do espírito natalino. O conjunto desta festa é de alegria, mesmo que uma espada paire sobre a vida de Maria. É festa de pureza e de luz. É festa que une o início e a plenitude da vida humana. Festa da família, na qual se reúnem crianças, jovens, adultos e idosos, cada um com sua preciosa contribuição para que se realize o projeto de Deus na humanidade. Ao mesmo tempo, é festa que evoca o mistério de Deus encarnado em Jesus de Nazaré.

            Ao nascer, Jesus se manifestou, em primeiro lugar, aos pastores, que eram pobres e excluídos. Agora, ao ser apresentado no Templo, revela-se, em primeiro lugar, não aos levitas nem aos sacerdotes que executaram os ritos da purificação de Maria e do resgate do Menino, mas a dois ‘pobres de Deus’, os anciãos Ana e Simeão. Os dois pertenciam aos círculos dos anawim e esperavam a libertação de Israel. O lugar da nova revelação messiânica não é o campo aberto, a manjedoura, entre trabalhadores pobres, mais é o Templo.

            O nome ‘Simeão’ significa ‘escutador’, aquele que vive atentamente à escuta dos sinais dos tempos, dos acontecimentos como Palavra viva de Deus. É idoso justo, piedoso e esperançoso pela consolação de Israel. Vivia à espera e à escuta. Foi ao Templo, e, ao ver aquele Menino, pegou-o nos braços: por isso, os padres gregos dão a Simeão o título de Theodóchos = recebedor de Deus.

            Também Ana, profetisa, uma velhinha que andava sintonizada em onda curta com a Palavra de Deus, chegou carregada de esperança. Ana, significa ‘graça’. Tanta intimidade com Deus! Também a profetisa Ana, serena e feliz, viu aquele Menino. Diz o evangelho que se pôs a falar dele a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém!

            Hoje, onde encontramos Ana e Simeão? Em nossos Templos? Em nossas famílias? Na sociedade? Como os ouvimos? Que lugar ocupam neste mundo da globalização do bem estar e da beleza?

            Com nossas velas acesas, entramos no mistério de Cristo, deixando-nos iluminar por ele, luz do mundo. Maria, com seu silêncio e meditação, nos ensina como acolhê-lo, reconhecê-lo e oferecê-lo” (cf. Roteiros Homiléticos do Tempo Comum de 2014 da CNBB, pp. 89-96).

            Gosto do silêncio: em minha vida pessoal, passando bom tempo durante o dia, meditando em silêncio. Gosto do silêncio nas celebrações: procuro cultivar vários momentos de silêncio, especialmente durante a Celebração Eucarística. Penso sempre que “Deus é de longos silêncios e raras palavras!”. Não corramos o risco de, num mundo tão barulhento, deixarmos de ouvir o que Deus tem a nos dizer, ao ouvido de nosso coração. Certamente nos pedirá que, acesos em Jesus Cristo, sejamos luz e seta para a humanidade!

            Sejam todos muito abençoados. Com ternura e gratidão, meu abraço,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler Ml 3,1-4; Sl 23(24); Hb 2,14-18 e Lc 2,22-40).