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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Textos Padre Gilberto Kasper

Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.

CAMPANHA ELEITORAL EM CLIMA DE MISERICÓRDIA!

Nesta semana tem início a Campanha Eleitoral. Na Vigília da Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia na Polônia, no dia 30 de julho passado, o Papa Francisco falava aos Jovens e ao Mundo: “Se Deus lhe chamar para cumprir uma missão, não diga que não será capaz. Não pensem no que somos, no que fomos, mas no que poderemos ser e fazer, em favor de um mundo melhor”! Costumamos de um lado, rotular as pessoas por seu passado, e de outro, ignorar que a Misericórdia é o segredo mais íntimo de Deus!

A Campanha eleitoral deste ano tem sabor de misericórdia. “Misericórdia é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro. Misericórdia é a Lei Fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida. Misericórdia é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à Esperança de sermos amados para sempre, apesar de nossas limitações” (cf. Papa Francisco).

Campanha Eleitoral em Clima de Misericórdia significa que não há quem não tenha defeitos e não há quem não tenha virtudes. O que será necessário por parte de nós, eleitores, são o discernimento e a consciência política sobre os candidatos que realmente são vocacionados ao bem comum. Aqueles que são chamados por Deus para cumprirem a missão de resgatar a dignidade de nosso Povo tão sofrido, explorado e enganado por políticos, que fazem de sua missão, um meio de vida. Aqueles que se lembram dos mais pobres a cada quatro anos, quando os visitam, lhes prometem oportunidades, quando na verdade só lhes ofereçam “migalhas” depois de eleitos.


Será necessário que acompanhemos com atenção a Campanha Eleitoral em Clima de Misericórdia. A maioria desliga a televisão e o rádio no Horário em que os candidatos se apresentam. Se não elegermos com critérios éticos nossos próximos Vereadores e Prefeitos, passaremos outros quatro anos “chorando o leite derramado”. Não poderemos eleger quem nos promete “coisas”, nem os que delimitam projetos pessoais desse ou daquele bairro. Os Vereadores deverão zelar por leis que promovam a solidária dignidade de toda a população, e não apenas de alguns grupos. Já os Prefeitos deverão cercar-se de técnicos responsáveis e capazes de resgatar nossas cidades do “fundo do poço” a quem foram esmagadas nos últimos anos. Tenhamos um Governo que saiba dialogar com a sociedade, que não grite, mas que seja humilde e não se aposse do Povo, subestimando sua honestidade e capacidade de emitir juízos. A Igreja, neste ano do Jubileu da Misericórdia é chamada a oferecer sinais de presença e proximidade de Deus, despertando nos corações de todos a capacidade de olhar para o essencial nas próximas eleições: o Bem Comum e não o bem pessoal ou de interesses de alguns poucos privilegiados!

MELHOR QUE DINHEIRO!

Mudar a sociedade! Eis o desafio que nossos jovens receberam ao final da JMJ (Jornada Mundial da Juventude). Mudar os sentimentos, desejos e planos que não privilegiam a vida e precisam ser transformados por fraternidade, amor, respeito, tolerância. Nossa sociedade precisa ser misericordiosa que é uma via de mão dupla, ou seja, oferecer e receber a misericórdia em todos os relacionamentos. Nossa juventude não precisa de migalhas, e sim de oportunidades para colocar em prática seus ideais de vida e fraternidade que acalentam em seu generoso coração; precisa também ter respeitados os seus direitos: a educação com excelência, emprego e salário dignos.

            Mudar a sociedade com entusiasmo, fé, amor, otimismo que são fonte da empolgação e desafio para os desanimados; mudar os costumes semeando fraternidade e solidariedade, tolerância e respeito, porque todo fanatismo é ausência de inteligência e morte da vida digna.

            E, no final, os trabalhos, esforços e fadigas foram recompensados com uma experiência ímpar de se encontrar com jovens de todas as partes do mundo, ouvir palavras de ânimo e esperança para semear amor e misericórdia nesse nosso mundo assustado de hoje em dia.

            A Jornada Mundial da Juventude é um capítulo especial para começarmos entender como superar certos problemas políticos e sociais do nosso tempo. Acompanhar atentos o desfecho do Impeachment da Presidente Afastada e as reais intenções e propostas do Presidente Interino, seja qual for o resultado desse desgastante processo. Quem mais sofre com tudo isso é o Povo Brasileiro, especialmente o trabalhador e cidadão honesto, tão surrado e enganado com “sofismas” absurdos e diabólicos.

            Melhor que dinheiro mal administrado, desviado e roubado escancaradamente, é a paz de consciência, a transparência e a verdade que liberta. O grande convite, enfim, é que acompanhemos com muita lucidez e senso crítico o processo eleitoral que se aproxima. Fiquemos atentos às propostas dos Candidatos que se apresentam aos Palácios Municipais e às Câmaras de Vereadores. A consciência crítica política será indispensável a todos os eleitores. A Juventude nos encoraja a assumirmos nossa missão profética numa sociedade movida simplesmente pelo dinheiro. E Melhor que dinheiro são as riquezas de uma sociedade acolhedora, fraterna, preocupada com os mais pobres, que vise antes do bem pessoal e partidário, o bem comum!

 É urgente apoiar os jovens em causas nobres, libertá-los das escravidões modernas e dar-lhes lugar no protagonismo da história poderá ser o início de uma nova jornada que se abre.

(Em parceria com o Pe. João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Mogi Guaçu – SP)