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quarta-feira, 17 de agosto de 2016

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Felizes aqueles que ouvem a
Palavra de Deus e a guardam!” (Lc 11,28).

            Celebramos no Vigésimo-Primeiro Domingo do Tempo Comum uma das festas mais populares e consoladoras dedicadas à Virgem Maria: Assunção de Nossa Senhora!
            Cantamos as maravilhas que Deus realizou em Maria, exaltada acima dos anjos na glória junto a seu Filho Jesus. A páscoa de Cristo se realiza nos corações e comunidades que, a exemplo de Maria, se abrem à palavra de Deus e formam família com o Ressuscitado.
            Elevada ao céu, Maria intercede por nós e nos espera para que desfrutemos de sua companhia. Celebramos em comunhão com os vocacionados à vida consagrada: religiosos e consagrados seculares, que a exemplo de Maria, dão seu sim generoso ao projeto de Jesus.
            Mulher revestida de honras e glórias, Maria reconhece, agradecida, as maravilhas que Deus nela realizou em favor do povo. Ela é o grande sinal da nova humanidade redimida pelo seu Filho.
            Maria assunta ao céu é sinal da vida do povo grávido de Deus que aguarda a revelação da glória. Em Maria, humilde serva do Senhor, Deus tem espaço para operar maravilhas. A vitória de Cristo sobre a morte é símbolo também de nossa vitória.
            Maria já participa do banquete do reino com seu Filho. Quanto a nós, na eucaristia nos é concedido antecipar a alegria que o Pai reserva a todos os que são fiéis a Jesus.
            É a partir da gloriosa vitória da Páscoa sobre o pecado e a morte que nós contemplamos Maria toda gloriosa no céu. Vemos como o próprio Evangelho coloca na sua boca palavras que proclamam a beleza de Deus que, na vitória de Jesus, realizou uma tríplice inversão das falsas situações humanas, para restaurar a humanidade na salvação, obra de Cristo:
            No campo religioso, Deus derruba as autossuficiências humanas, confunde os planos dos que nutrem pensamentos de soberba, erguem-se contra Deus e oprimem os seres humanos.
            No campo político, Deus destrói os injustificáveis desníveis humanos, abate os poderosos dos tronos e exalta os humildes; repele aqueles que se apoderam indevidamente dos povos, e aprova os que os servem para promover o bem das pessoas e da sociedade, sem discriminações...
            No campo social, Deus transforma a aristocracia estabelecida sobre ouro e meios de poder, e cumula de bens os necessitados e despede de mãos vazias os ricos, para instaurar uma verdadeira fraternidade na sociedade e entre os povos.
            A festa de Nossa Senhora da Assunção representa uma injeção de ânimo para todos que, em meio a tantas dificuldades, peregrinamos na fé e na caridade rumo à pátria definitiva. Nela celebramos a esperança de estarmos todos juntos, um dia, com Maria, participando da festa que no céu nunca se acaba, a festa da total e definitiva libertação.
            Congratulando Maria, congratulamo-nos a nós mesmos, a Igreja. Pois, mãe de Cristo e mãe da fé, Maria também é Mãe da Igreja. Sua glorificação são as primícias da glória de seus filhos na fé.
            Para os tempos de hoje, no momento histórico em que vivemos, a contemplação da serva gloriosa pode nos trazer uma luz preciosa.  Que seria a humilde serva no século 21, século da publicidade e do sensacionalismo? Não se assemelha a isso a Igreja dos pobres? A exaltação de Maria é um sinal de esperança para os pobres. Sua história joga também uma luz sobre o papel da mulher, especialmente da mulher pobre, duplamente oprimida, Maria é a mãe libertadora.
            Assumindo responsavelmente o projeto de Deus, Maria é figura e esperança de quantos aspiram por liberdade e vida. Ela vem reforçar a confiança dos pobres, ao mostrar que neles o Poderoso opera maravilhas de libertação. Serva fiel, bem-aventurada porque acreditou nas promessas, solidária com os necessitados, é mãe das comunidades que lutam contra os dragões que procuram roubar-lhe as esperanças. Associada intimamente a Jesus por sua maternidade e mais ainda pela prática da Palavra participa da vitória de Cristo, primícia da vida em plenitude. O canto de Maria nos estimula a lutar pelo mundo novo já iniciado com a ressurreição de Jesus. Esse mundo novo irá se tornando realidade concreta se formos cidadãos conscientes e responsáveis.
            Reunimo-nos, neste domingo, com Maria para proclamar as maravilhas operadas em nós pela morte e ressurreição de Jesus. Desta forma, iniciamos mais uma semana que, com a graça de Deus e proteção de Maria, será uma semana de paz, abençoada.
            Neste domingo, na Arquidiocese de Belém do Pará, encerra-se o XVII Congresso Eucarístico Nacional. Somos convidados a acolher os frutos deste evento tão lindo, comungando com nosso povo sofrido, castigado e surrado pelas crises, que não nos deverão desanimar. Pelo contrário: Nossa Senhora Assunta ao Céu nos enche de esperança por um Município Melhor e um País mais Justo, menos corrupto e mais ético, que promova e zele por todos!
            Nada mais justo que Jesus acolhesse de corpo e alma Sua Mãe, a Virgem Maria, na feliz eternidade, uma vez que, totalmente Imaculada emprestou seu útero, a fim de que se tornasse o porta-jóias do próprio Deus, feito pessoa. Penso que o grande convite desta festa, é que cada um de nós se sinta, igualmente, o porta-jóias, o sacrário, o tabernáculo de Jesus Sacramentado, bem como no semblante do irmão, preferencialmente no rosto triste, enrugado, sofrido, desolado e desesperançado. Enfim, celebrar, a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, para nós é celebrar novo ânimo, nova esperança e novas perspectivas de um mundo mais humano e fraterno.
            Que todos sintam as carícias da bênção materna de Nossa Senhora Assunta ao Céu! Com ternura e gratidão, meu abraço amigo e fiel,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Ap 11,19; 12,1.3-6.10; Sl 44(45); 1Cor 15,20-27 e Lc 1,39-56).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Agosto de 2016, pp. 71-74 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Agosto de 2016), pp. 93-99.