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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - VIGÉSIMO-SEXTO DOMINGO DO TEMPO COMUM

DIA DA BÍBLIA


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

“Tu que és um homem de Deus, foge das coisas perversas,
procura a justiça, a piedade, a fé, o amor, a firmeza, a mansidão.
combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna” (cf. 1Tm 6,11-12).

            É o Senhor que nos reúne no Vigésimo-Sexto Domingo Comum do Tempo Litúrgico. Chamados a viver o amor, procuramos, na escuta da Palavra de Deus, entender e aperfeiçoar nossa vivência desse grande mistério. Na Celebração da Eucaristia, em que Cristo se entrega a nós, vamos ao encontro do Pão da Vida eterna, alimento para nossa caminhada. É o amor que nos reúne, para juntos elevarmos nossas preces e pedidos a Deus Pai.
            Chegamos ao final do mês de setembro, especialmente dedicado à escuta e à reflexão sobre a Palavra de Deus. Inspirada por ele, a Sagrada Escritura manifesta de modo primordial o imenso desejo do Pai de nos revelar o grande mistério da salvação.
            Neste domingo celebramos especialmente o Dia da Bíblia. A exemplo de São Jerônimo queremos aprofundar nossa compreensão da Palavra para vivenciarmos o chamado de Deus para vivermos na plenitude do amor.
            Veremos, através das leituras, que a perspectiva do futuro tem influência sobre o hoje e que a relação da pessoa com seus irmãos incide na vida definitiva na presença de Deus.
            Chamados a participar da eucaristia, o banquete da vida eterna, acolhamos o apelo que a liturgia deste domingo nos faz para passarmos da avareza para a partilha e do egoísmo para a solidariedade. Neste dia da Bíblia, a palavra de Deus abra os nossos olhos e ouvidos para vermos a realidade e escutarmos o clamor dos Lázaros sofredores de nossa sociedade.
            Não há maior insulto a Deus do que a indigência dos pobres ao lado do luxo dos ricos. Acolhamos com alegria a palavra da vida, que nos motiva a procurar os valores que constroem o reino e voltar nosso coração e atenção para aqueles cuja dignidade foi arruinada.
            O profeta Amós deixa um alerta à sociedade de consumo, que não se preocupa com a desgraça do povo. Na parábola do rico e Lázaro, Deus fez a opção pelos pobres. O cristão é convidado a estar sempre atento para não ser enganado por falsas seguranças ou falsas ideologias. Celebrar este dia da Bíblia é reconhecer a importância da palavra de Deus em nossa vida.
            Participar da Eucaristia é render graças ao Pai por nos ter ensinado como amar e agir para superar as injustiças.
            A liturgia da Palavra deste domingo nos chama a atenção para a forma como levamos nossa vida. A força com que são apresentados os acontecimentos, na parábola que ouvimos, nos convoca a avaliar a forma como vivemos e nos relacionamos com os irmãos. O critério para tal avaliação é o mandamento do amor.
            Escutamos ponderações semelhantes nas demais leituras de hoje. O profeta Amós chama a atenção para a prudência, a reflexão e o exame de consciência necessários à vida com Deus. O apóstolo Paulo reflete sobre a vivência em plenitude da Palavra de Deus e o cuidado com o objetivo a que fomos chamados: o amor.
            Como vivemos? Com que nos preocupamos? Mais ainda: com quem nos preocupamos?
            Através da figura do rico da parábola, Jesus nos ensina como a abundância dos bens materiais pode retirar a atenção de nosso verdadeiro plano de vida, aquele dito por Jesus no evangelho: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento; e a teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12,30 ss). Toda a vida de Jesus foi ocupada em demonstrar a necessidade do amor para viver, viver bem e viver para sempre.  A preocupação com os bens materiais, assim como o prazer em excesso, retiraram daquela pessoa sua humanidade.
            Ao nos atermos à figura do pobre chamado Lázaro, nos damos conta do grande amor de Deus, manifestado de especial forma pelo cuidado com os pobres e necessitados. Somos todos chamados a demonstrar diariamente nosso amor aos irmãos. O amor, essência de Deus em nossa vida, de fato, apenas pode ser vivido se nos ocupamos dele no trato com as pessoas. Na parábola, não tendo quem dele cuidasse, o pobre Lázaro recebe de Deus as bênçãos e a recompensa por sua vida de fé.
            Se, em sua vida, Lázaro, apenas e tão somente sofre as injúrias do mundo, ao ser chamado por Deus à vida eterna, é carregado pelos próprios anjos à Vida. Se era o sofrimento que o acompanhava anteriormente, muito maior será o cuidado de Deus para com ele na vida eterna.
            O pobre Lázaro caracteriza nossos irmãos flagelados pela Cultura do Consumo, esta que alimenta a arrogância, prepotência e autossuficiência dos ricos, cheios de si mesmos e que dispensam a graça de Deus. Ser rico não significa apenas ter posses, mas apoderar-se dos mais fracos, explorando-os, excluindo-os de suas relações tantas vezes ridículas, porque hipócritas. Ser o pobre Lázaro é estar sempre atento à vontade e à graça de Deus. É aquele que procura configurar-se com Jesus, perguntando-se sempre: O que Jesus diria? Como Jesus agiria diante desta ou daquela situação, especialmente onde nos falta a justiça e a promoção de maior dignidade humana em nossas relações familiares, religiosas, políticas e sociais?
            Saibamos responder com sinceridade e viver a coerência entre o que pensamos, rezamos, falamos e fazemos no dia-a-dia. Saibamos ser promotores de maior dignidade em relação aos que têm menos do que nós; aos que sofrem mais do que nós. Solidariedade e fraternidade são fundamentais para chamarmo-nos cristãos!
            Sejam todos muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Am 6,1.4-7; Sl 145(146); 1Tm 6,11-16 e Lc 16,19-31).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Setembro de 2016, pp. 75-77 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Setembro de 2016), pp. 24-28.