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quarta-feira, 14 de setembro de 2016

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - VIGÉSIMO-QUINTO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
            Domingo é o dia do Senhor, o dia em que Nosso Senhor Jesus Cristo ressuscitou dos mortos e mudou para sempre o curso da história humana, oferecendo vida e esperança nova a quantos viviam nas trevas e na penumbra da morte. Esta é a razão pela qual os cristãos em todo o mundo se reúnem neste dia para louvar e agradecer a Deus as grandes maravilhas por Ele realizadas para nós.
            Nos reunidos no Vigésimo-Quinto Domingo do Tempo Comum para celebrar a Eucaristia, a mais completa de todas as ações de graças que se pode elevar a nosso Deus uno e trino.
            Em espírito de oração e ação de graças, nós nos reunimos para celebrar a eucaristia, sacramento da alegria e da salvação. Somos convidados a ser criativos e fiéis na administração dos bens que Deus nos confia. Seguir Jesus implica romper com a ganância e pôr os nossos recursos a serviço da construção da fraternidade entre todos.
            Diante da maldade e da injustiça, Deus sempre se põe ao lado do injustiçado. Sua palavra nos revela seu projeto salvífico de vida e dignidade para todas as pessoas e seu desejo de que todos se beneficiem dos bens da criação.
            Deus se põe ao lado do pobre e não aceita que este seja lesado. A opção por Cristo afasta a ganância e cria novas relações de justiça e fraternidade. Em nossas orações, devemos nos lembrar de todos e por todos rezar.
            A eucaristia é a reunião dos filhos e filhas na mesma mesa. Não podemos celebrá-la dignamente se dela excluímos alguém e não somos solidários com os que passam necessidades.
            A página do Livro da Profecia de Amós lança luz às palavras evangélicas. A ganância do mau administrador, a qual o levou a perder seu tesouro, não o constituído por dinheiro, mas o tesouro interior formado pelo bem praticado pelas qualidades advindas de uma vida reta, íntegra. Assim também, os comerciantes da época de Amós rompiam sua relação com Deus por não praticarem a justiça social, mas, ao invés, buscarem só vantagens pessoais.
            O Evangelho de São Lucas narrado neste domingo não é para ser compreendido com a razão puramente humana, mas com o coração cristão.
            A parábola mostra um mau administrador que não correspondendo à confiança de seu empregador, está ameaçado de perder o emprego, tendo que arcar com todas as penosas conseqüências desta situação. O que faz ele? Corrompe outros empregados, os levando a agir de modo tão desonesto quanto ele (Situação bem parecida com o mensalão, o petróleo, a Lava Jato e tantas verbas desviadas do bem comum, como escolas, hospitais, previdências em nosso País. Verbas que não chegam ao destino, mas seguem para bolsos corruptos. Prestações de Contas Públicas maquiadas que enriquecem alguns poucos, empobrecendo cada vez mais os menos favorecidos. Falcatruas em licitações desonestas e nem por último desvio de coletas e esmolas de nosso Povo bom e pobre, em nossas Comunidades Eclesiais. Sempre me pergunto: como pregar profeticamente contra as Injustiças Sociais, a Corrupção em nossos Governos, quando não fazemos diferente em relação às nossas Comunidades de Fé? Toda administração desonesta como desvio de verbas só acontece em grupo. Uma única pessoa necessita de uma multidão de coniventes, para que seja viável a corrupção. Assim, como no Evangelho, leva consigo, para a perdição um grupo de pessoas, muitas delas, não raras vezes, inocentes.). No entanto, porque o empregador elogiou o administrador desonesto? De fato, o que o empregador elogia não é a desonestidade, mas a prontidão com que o administrador buscou uma solução para seu problema, embora tenha sido a solução errada (É o caso dos numerosos Partidos Políticos, por exemplo. Uma vez partidário, deverá o indivíduo mesmo honesto, dançar a música que seu partido toca e nem sempre tal música é afinada com a ética e a justiça.). Ao final da narrativa, está a frase que conduz ao entendimento da parábola: “de fato, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz”. Isso significa que, muitas vezes, aqueles que não assumem os valores evangélicos são mais ágeis, mais astutos em seu agir, do que nós que pretendemos ter assumido os valores cristãos e, no entanto, nos acomodamos, não procuramos mostrar ao mundo os caminhos de salvação.
            São Paulo, escrevendo a Timóteo, comenta sobre o não se fechar em si mesmo, abrir-se aos irmãos e rezar por eles. O pequeno trecho desta carta nos transmite todo o sentido e significado da oração cristã.
            Que a Palavra deste domingo nos lapide na relação com Deus, ajudando-nos a sairmos de nós mesmos, em relação aos outros, especialmente os que precisam mais do que nós. “Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes”. A questão da fidelidade, principalmente nos bens perecíveis, na busca de poder, prestígio e cargos, será sempre um desafio para todos os cristãos, especialmente nas dimensões políticas, eclesiais e também sociais.  Não deixemos nossas carências afetivas atrapalharem nossa fidelidade em relação ao que o Senhor nos pede. Saibamos despir-nos de nossas pretensões egoístas e passageiras, deixando a graça de Deus agir em nós, cada vez mais de graça. Não compremos honras, títulos e elogios. Deixemos que as pessoas nos reconheçam bons, pela bondade que por elas vivemos. A bondade, quanto mais gasta pelos outros, mais abundantemente se nos é concedida!
Sejam todos muito abençoados. Com ternura e gratidão, meu abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler Am 8,4-7; Sl 112(113); 1Tm 2,1-8 e Lc 16,1-13).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Setembro de 2016, pp. 59-61 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Setembro de 2016), pp. 19-23.