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quinta-feira, 27 de agosto de 2015

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - VIGÉSIMO SEGUNDO DOMINGO COMUM

DIA NACIONAL DO CATEQUISTA

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            Neste Vigésimo Segundo Domingo do Tempo Comum, com toda a Igreja no Brasil, queremos destacar e valorizar o Dia Nacional do Catequista. Para este domingo, a Igreja no Brasil propõe o aprofundamento do Evangelho de Marcos, que continuará no mês de setembro, dedicado especialmente à Bíblia Sagrada!
            Em cada Celebração Eucarística, o Senhor nos convida para participarmos das mesas da Palavra e da Eucaristia, estreitando assim os laços que nos unem a ele e aos irmãos e irmãs. Nossa semana é marcada pelo encontro com Deus e com os irmãos, no Dia do Senhor. O domingo é o dia em que a família de Deus se reúne para escutar a Palavra e repartir o Pão consagrado, recordar a ressurreição do Senhor na esperança de ver o dia sem ocaso, quando a humanidade inteira repousar diante do Pai.
            Somos convidados a discernir o que é ensinamento da Palavra de Deus do que é tradição humana. A liturgia que agrada ao Senhor é fazer opção pelo seu projeto, que se realiza na prática da solidariedade.
            A Palavra de Deus propõe leis e normas que favorecem a vida do povo, e não o apego a detalhes insignificantes. Sejamos praticantes da Palavra de Jesus, não apenas ouvintes. Pois é necessária a preocupação com leis justas que promovam a vida, sem subestimá-la como tanto acontece em nosso tempo. Contemplamos sentenças injustas, com argumentos e silogismos que justificam até mesmo crimes incontestáveis. O que é mais importante: a vontade de Deus ou a tradição humana? Na medida em que o homem cria seu próprio deus, ao invés de reconhecer na Palavra, a loucura do amor de um Deus verdadeiramente apaixonado por sua criatura predileta, a pessoa, alimentamos a ideia de um mundo vazio, sem perspectivas, sentido e esperança! A verdadeira religião é solidariedade com os marginalizados e ruptura com as instituições injustas.
            A palavra que ouvimos na celebração deste domingo é uma palavra que liberta e que comunica vida. A escuta e o cumprimento da lei de Deus são apresentados como um caminho de vida e libertação. Jesus corrobora isso, ensinando que é o esquecimento do mandamento de Deus e o apego às tradições dos homens o que perverte o coração humano.
            Os fariseus e alguns mestres da lei se aproximaram e se reuniram em torno de Jesus, o observando. Também nós, tantas vezes e por tantos motivos, nos reunimos em torno de Jesus. De que modo observamos a prática de nossos semelhantes, discípulos de Jesus Cristo? Acaso nos consideramos fiéis cumpridores de sua palavra? Que direito isso nos dá de julgarmos as atitudes de nossos semelhantes?
            Além de criarmos nosso próprio deus, com frequência tentamos ser deus sobre a vida dos outros. Isso acontece quando julgamos, condenamos e nem por fim escondemos nossos defeitos atrás dos defeitos e limites de nossos semelhantes. Coisa feia é sentir-se no direito de julgar, de difamar, de excluir, de discriminar ou até mesmo de ser conivente com quem nos garante algum prestígio. Ainda não conseguimos viver o Evangelho que pede correção fraterna, que acredita na mudança das pessoas. Ao contrário: preferimos colar adesivos na testa dos que não nos interessam ou por pura inveja, investimos nossa incapacidade de perdoar, dificultando e destruindo a vida do próximo. Isso é notável nas relações sociais, políticas e também eclesiais. Como viver configurados com Jesus Cristo sem a capacidade de sua misericórdia e capacidade de perdoar o outro, incondicionalmente? Com facilidade espalhamos o erro dos outros, desviando os olhares dos nossos próprios, não poucas vezes bem mais graves e cabeludos. É a mesma coisa que abrir um travesseiro de penas de ganso e espalhá-las ao vento. Nunca mais conseguiremos recolher todas as penas e devolvê-las ao travesseiro. Isso me parece no mínimo diabólico!
            Longe dos seguidores e seguidoras de Jesus deve estar todo tipo de culto exterior e vazio! Ouvir e praticar é o refrão que se repete, constantemente, na liturgia deste domingo.
            Israel era um povo admirado pelas demais nações por ter um Deus tão próximo e uma lei tão justa. Nossas comunidades cristãs, por quais motivos são admiradas e respeitadas? Realizamos, através das comunidades e de outras organizações, tantas coisas importantes para os indivíduos e para a sociedade, em diversos campos como os da educação, da saúde e da assistência social? As atividades subsidiárias um dia podem não serem mais necessárias, então, o que sobrará para essas organizações? Restará sempre o tesouro mais valioso que é a Palavra de Deus, o Evangelho.
            A Palavra ouvida se faz presença na ação eucarística! Aquele que é anunciado, proclamado na Palavra, se torna presença na Eucaristia.
            Com nossos corações inundados pelo amor de nosso bom Deus e de laços estreitados com ele, pela escuta atenta de sua Palavra, nos unimos ainda mais ao participarmos da mesa do Corpo e do Sangue de nosso Senhor. Mergulhamos mais perfeitamente nessa comunhão, quando a Eucaristia, alimento da caridade, nos faz reconhecê-lo e servi-lo em nossos irmãos e irmãs.
            Não canso de renovar o esforço por ser coerente entre o que penso, falo (anuncio) e faço. Do contrário torna-se hipocrisia minha missão e discipulado. Saibamos temperar nossas relações com conversão, coerência e bom senso sempre!
            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, especialmente agradecidos aos nossos Catequistas, vocacionados a anunciarem a Palavra de Deus com a coerência da própria vida e do testemunho vivo, o abraço sempre amigo e fiel,

Padre Gilberto Kasper
(Ler Dt 4,1-2.6-8; Sl 14(15); Tg 1,17-18.21-22.27 e Mc 7,1-8.14-15.21-23)

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Agosto de 2015, pp. 98-101 e Roteiros Homiléticos da CNBB de Agosto de 2015, pp. 101-108.