Natal
não é senão uma Páscoa
em
tom menor!
Pe. Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor
Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo da
UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da
Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto,
Presidente do FAC – Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.
Natal é um tempo e lugar de encontro. É como se todos os
povos marcassem um tempo e lugar para, em torno do Presépio, uma casa modesta,
viver um momento de paz e de balanço da própria vida.
O Natal é celebrado como um tempo da manifestação de Deus
no meio de nós: Epifania! É o momento em que o céu se encontra com a terra:
Deus se encontra com homens, mulheres, crianças, jovens, idosos, santos e
pecadores, anjos e pastores. Não é linda a cena de Belém? A “Belém” de nosso
tempo é nossa casa, nosso lar, nossas Comunidades e Paróquias, é a manjedoura
que o Príncipe da Paz busca em cada coração humano. Uma
nova Paróquia, convertida, acolhe como Belém, o Príncipe da Paz!
A estrela de Belém aponta a direção. Cada cristão hoje é
convidado a ser essa estrela e apontar a direção que decifre a mensagem para
encontrar o Menino, o Príncipe da Paz! Interessante! Normalmente as pessoas famosas
em um trono ou palco é que costumam chamar a atenção e aglomerar a multidão. De
repente um desconhecido recém-nascido, na periferia da periferia, sem casa e
sem trono, torna-se o Príncipe da Paz! Até o cruel Herodes
queria encontrar o Menino. É claro que a sua intenção era o pior possível. Não
poderia deixar que outro rei nascesse ali bem perto. Isto ameaçaria seu trono.
É a velha história de sempre. O singelo Natal acaba mexendo com todos.
O Natal é muito parecido com a Páscoa. Nascimento e
Ressurreição são como que as duas faces da mesma moeda. A Páscoa é o nascimento
definitivo para uma nova vida. O Natal é o início de uma quaresma que dura toda
a vida. Pode parecer estranho, mas o Natal não é senão uma Páscoa em tom menor!
Se o Verbo se fez pessoa armando
sua tenda, sua casa entre nós (cf. Jo 1,14), somos também convidados a sermos o
bálsamo do Natal, que anime os desanimados, que ilumine os desencantados,
encarnando de tal modo O Príncipe da Paz, que nos tornemos
Palavra, tempo e lugar para o mundo!
O nascimento do Príncipe da Paz é muito mais do que
panetones e presentes. Há uma Teologia muito profunda por detrás deste
maravilhoso mistério da encarnação. Mas a generosidade de quem escolhe um
presentinho para a pessoa amada é um sinal singelo de que, mais importante do
que dar presentes, é se fazer presente! Antes de fazermos um juízo sobre o Natal
comercial, devemos aproveitar a oportunidade para dar um grito de paz
neste minuto em que o mundo pára para ouvir a proposta cristã.
Natal é tempo de abrir a casa de nosso coração para
celebrar a vida que renasce!