Pesquisar neste blog

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

ONDE SERÁ QUE ELE SE ENCONTRA

Pe. Gilberto Kasper
                                *pe.kasper@gmail.com

Numa das noites mais frias de São Paulo, dirigindo-me ao meu destino, observava os mais pobrezinhos ajeitando suas camas de papelão às portas das lojas já fechadas nas calçadas. Uma cena, porém chamou-me a atenção: uma senhora muito simples, mal vestida fazia um embrulho de jornal. Embrulhava algo ou alguém? Parei e perguntei o que embrulhava com aquele jornal, ao que me respondeu: “É meu bebê que nasceu ontem”. Mas por que o embrulha no jornal? “É para não morrer de frio moço; o jornal esquenta”. Pensei alto: deve ser JESUS! “Quem é Jesus, moço?”

Expliquei a ela que também Jesus precisou nascer e dormir entre animais; não havia lugar para ele em hospedaria nenhuma.  Então a mulher perguntou: “Onde será que ele se encontra?” Continuei conversando com aquela mãe preocupada com seu bebê.

            Finalmente surgiu-me a idéia de oferecer-lhe hospedagem num hotelzinho próximo dali. Ela aceitou. O gerente do hotel colocou inúmeras dificuldades para aceitar a hóspede com seu filhinho a quem já decidira chamar de Jesus. “Gostei do nome e da história dele. Ele vai chamar-se JESUS”. Depois de muita insistência e pagamento adiantado o gerente do hotel cedeu-lhe um quarto para dormir aconchegado com seu filhinho nascido há apenas um dia.

              O Natal nos conduz para o encontro entre o humano e o divino, a maravilhosa partilha, o Deus humano, a humanidade divina, a participação na divindade daquele que assumiu a nossa humanidade.

              A Festa da Sagrada Família está, neste ano, coladinha à Festa do Natal. Apesar da crescente onda de descrença em relação à família, o projeto de Deus ensina o valor inalterável que ela merece. É uma de nossas prioridades no Plano Arquidiocesano de Pastoral e merece nossa especial deferência. A Sagrada Família ajuda-nos a caminhar na fé, na constante sintonia com Deus.

            Neste Natal somos convidados a perguntar-nos como acolher, aconchegar Jesus em nossos corações. A manta de calor chama-se coração, amor, aos nossos irmãozinhos mais pobres, no seio da Família.  Embrulhá-los  em simples jornal significa indiferença. Não sejamos indiferentes, mas celebremos a VIDA COM DIGNIDADE, todos os dias do novo ano, já a partir do Natal do Senhor em nós!

              As celebrações em nossa Igreja Santo Antoninho, na Av. Saudade, 202, nos Campos Elíseos, serão às 19 horas no dia 24, quarta-feira; às 9 horas na quinta-feira, dia 25, celebrando a Solenidade do Natal do Senhor. Já a Sagrada Família celebraremos no domingo, dia 28, as 8 e 10 horas, para as quais celebrações todos são convidados! Permitam-nos partilhar de nossa pobreza e simplicidade!

              Deus nos criou à Sua imagem, quis participar de nossa humanidade na meiguice de um Menino não embrulhado em jornal, mas envolto em faixas numa manjedoura, a fim de que pudéssemos saborear de Sua divindade! Que este seja um Natal de amor com sabor divino em cada dia do Novo Ano!


*Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do FAC – Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.