Pesquisar neste blog

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Uma Fé Missionária e Evangelização


Outubro,   mês   das   missões.  No  Ano da Fé.  Se  a Fé é algo transcendente,  incompreensível  aos olhos humanos, maior do que podemos e do que produzimos, é ela que impulsiona os seguidores de Cristo a levar adiante a proposta de Deus de vida para todos, algo sem limites. Fé missionária!
 
Mas as coisas devem estar em seu lugar e definidas: é verdade que “ninguém vai ao  Cristo  se  não  for atraído pelo Pai”; é verdade, também, que o Pai nos atrai pela Palavra proclamada e acolhida - por alguém -, pelo testemunho experimentado, pela história de vida de cada um de nós,  por  circunstâncias às vezes inesperadas e não explicadas... A fé não é ingênua,    nem   conclusão  humana, é dom gratuito de Deus, mas entra para fazer parte da vida do crente; é vida nova, nova maneira de ver, apreciar, agir... E ela não é invasiva, manipuladora,  opressora; ela é proposta de vida para o amor, proposta de rumo novo em vista à esperança, impulso de vitalidade para se levar aos  outros aquilo que se vive.
 
Não me passou despercebida a indignação do senhor Daniel Sottomaior, presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, em suas considerações na edição de 24 de agosto, do Jornal Folha de São Paulo, A3, sob o título “Oração da vitória”, sobre a atitude dos atletas brasileiros de vôlei, ouro na Olimpíada recém realizada, de se ajoelhar em “ostensiva prece de agradecimento” ao que ele chama de “hipotético sujeito poderoso suficiente para fraudar uma competição olímpica”.  Diz  ele  que “professar uma religião em público não é crime nenhum, embora costume ser desagradável para quem está em volta”. Acrescenta que “crescente parcela dos cristãos não se contenta com a prática privada; para eles é importante a ostentação... ela tem valor de proselitismo.” “No caso das Olimpíadas, a publicidade é irregular por que... deixa  em  situação constrangedora todos os que não  partilham  a   mesma   crença...”  “A oração  fere a liberdade constitucional de consciência  e  crença  dos  jogadores”.   “O   que   os   atletas fizeram foi sequestrar aquele  privilegiado espaço publicitário para promover atividades sectárias  que  só beneficiam seus fins particulares, em detrimento de todos os demais cidadãos brasileiros”. Amplia o raciocínio o autor: “no que diz respeito aos poderes públicos, somos todos, sim, cristãos à força...” Quanto aos atletas, diz que  “a  seleção olímpica deixa de representar a mim e aos milhões de brasileiros não cristãos”. Para ele “aí está um dos aspectos mais corrosivos da religião: priorizando pretensos seres metafísicos em detrimento dos humanos de verdade, ela só causa sofrimento”.
 
São afirmações que fazem pensar, mesmo  parecendo  ter muito  de suposição,  exagero  e  racionalização da própria atitude. Tanto quanto me causou agradável surpresa e contentamento ver os atletas ajoelhar-se e agradecer Àquele que é a fonte da vida, o Pai do Senhor Jesus e de todos nós, um Deus pessoal, o que não os eximiu de terem se preparado ao máximo para a competição, percebo que se deve mais e mais estar atento para que fé não seja só reação emocional, ou apenas sentimentalismo, ou acomodação, ou fuga dos problemas. Nem seja algo como verniz exterior, só casca, só aparência. E que a decisão de viver a fé e levar vida a todos não  seja  proselitismo,  imposição ou desrespeito ao que os outros pensam ou deixam de pensar, mas oportunidade de favorecer vida a todos.
 
Que nossas autênticas atitudes de fé missionária favoreçam à vida, ao crescimento das pessoas, à dignidade de todos, ao reino que vai se estabelecendo contando com nossa generosa, embora frágil colaboração!
 
Sejamos   missionários    de    fé   profunda, feliz e provocadora. E com muita  alegria  e  convicção  de estar vivendo e fazendo o melhor! 

 

Pe. Nasser Kehdy Netto,
administrador arquidiocesano