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quarta-feira, 14 de junho de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - DÉCIMO-PRIMEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

A Palavra do Senhor do Décimo Primeiro Domingo Comum nos fortalece. Ajuda-nos a descobrir as pequenas manifestações de sua presença entre nós. O crescimento do Reino ultrapassa nossas fragilidades e não se baseia na eficiência das organizações e dos inúmeros programas bem elaborados. Está intimamente ligado à escuta atenta da Palavra de Deus, à confiança em sua graça e ao confronto frequente com o Evangelho, na humildade e na oração.
            E, qual insignificante semente lançada pela iniciativa gratuita de Deus, o Reino aguarda nosso empenho laborioso, movido pela sua graça, para atingir seu crescimento em nós e na humanidade.
            Uma alegria nos acompanha e nos invade: a semente da Palavra, a força do crescimento do Reino mora em nós, cresce na comunidade e já produz tantos frutos. Continua o milagre da multiplicação dos pães e nos leva a bendizer a Deus e a nos alegrarmos com a realização do seu Reino.
            A Palavra nos incentiva à fé na ação de Deus na história. Ela torna a história prenhe de sentido, grávida do Reino, aberta a toda a humanidade. Chama-nos à esperança no processo lento do crescimento da semente e do broto do Reino, frágeis e pequenos, mas resistentes pela ação constante de Deus.
            O Reinado de Deus não crescerá pelo esforço humano nem se desenvolverá com força e violência; seu desenvolvimento é misterioso como o crescimento da semente plantada no silêncio da terra. Exige esperança e paciência, como acontece com quem prepara a terra e planta, pois a vitalidade, a capacidade de crescer se encerra na semente, embora cultivemos, plantemos e cuidemos do terreno. O poder escondido e misterioso da vida acontecerá a seu ritmo. Foi Deus quem inseriu a força vital e é Ele que continua agindo na semente. É Deus quem faz crescer o Reino.
            Ele foi plantado na terra pela encarnação, vida e ação de Jesus Cristo. Ele crescerá em direção ao projeto indestrutível de Deus. O acontecimento “Jesus” jamais será apagado da história. Essas são a fé e a esperança inquebrantáveis. Muitos homens, mulheres e seus projetos podem recusar a realidade trazida por Jesus de Nazaré, mas não serão capazes de destruí-la jamais! (O que não é de Deus cai, um dia cai...)
            Jesus de Nazaré e seu projeto são sementes de mostarda, pequenas, mas fecundas. Ele é o novo ramo de cedros; é a árvore frondosa, nascida de pequena semente verde, e onde todos podem se abrigar, principalmente os pobres e marginalizados.
            Nossa esperança não é risco, mas uma certeza. Jesus é o Senhor da história e de sua meta final, mesmo que os projetos dos grandes e opressores da terra teimem em desmentir essa verdade esperançosa. A luta da comunidade cristã para a transformação do mundo não é medida pelos êxitos e fracassos, mas pela confiança com que adere ao Senhor e caminha aos seus passos.
            A Palavra de Deus nos desliga da ideologia de um reino ostensivo, de uma religião triunfalista, que se anuncia com ufanismo, grandeza visível e numérica. Mas nos convida a nos dedicar à missão e ao serviço na comunidade que cresce organicamente, a partir do que é pequeno e, às vezes, até invisível ao mundo.
            Costumamos fazer comparações. Comparamos quem é melhor, mais eficiente e medimos a eficiência pelo tamanho e suntuosidade de nossos Templos (Espaços Celebrativos), Obras faraônicas; Resultados de Promoções como Quermesses; Quantidades de Diplomas de nossos Ministros Ordenados e até a quantidade de espectadores, que chamamos de fiéis assistindo a espetáculos que dizemos serem evangelizadores. Barulho espetaculoso e multidão não medem a configuração de um Pastor verdadeiramente eficiente, porque configurado com Cristo, que preferiu a discrição, “pois a semente germina no silêncio da terra e faz crescer o Reino na vida e na história das pessoas”.
            Gosto muito do discurso de Jesus, quando dá graças a Deus: “Eu te dou graças, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois escondeste estas coisas aos sábios e as revelaste aos humildes” (Mt 11,25). Não poucas vezes tentamos garantir a posse do prestígio, fazendo mais barulho do que plantando no coração das pessoas a semente da Palavra de Deus!  Tornamo-nos tão ocupados com grandes eventos, que deixamos de lado os preferidos do Reino de Deus: os humildes, os enfermos, os pobres, os que vivem em situações constrangedoras ou pessoas que chamamos de irregulares, enfim, os que não nos garantem fama!
            Geralmente sabemos o quanto arrecadamos em nossas promoções, quantas obras materiais realizamos e quantas placas inaugurais existem (com nossos nomes) em nossos espaços. Saberíamos quantas Missas, quantos batizados, quantas absolvições e unções dos enfermos celebramos bem? Muitos se tornam tão ocupados e até mesmo famosos, logo, tão inacessíveis como políticos e autoridades que ocupam altos postos, cargos e funções. Outros agendam atendimento de pessoas como são agendados exames de nossos Convênios Médicos, hoje tão demorados quanto demorado é o atendimento da Saúde Pública. Sem esquecer, que para alguns poucos falarem com os “configurados com Cristo” que insistiu na humildade e no serviço (quem quiser ser o maior entre vós, seja aquele que serve) distribuem senhas. Para ir à Casa do Pai, o Templo; ser acolhido pela Mãe, a Igreja, precisamos de senhas? Entregamos a chave do Sacrário a muita gente, enquanto que a do cofre só fica em nosso bolso. Quem nos elogia, torna-se Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão, enquanto quem nos questiona é convidado a deixar o Conselho Administrativo, pois se torna uma ameaça aos nossos gastos nem sempre tão sóbrios e justos.
            Ética, Conversão, Coerência e Bom Senso são apelos fundamentais para nós Ministros Ordenados e nossas Comunidades, neste domingo! Do contrário fica até difícil cumprir nossa missão profética. Como denunciar o mau uso do bem comum, se em nossas Comunidades não é diferente? Não deixemos as sementes da bondade, humildade, verdade e justiça mofarem no silêncio de nosso subsolo: a consciência de simples e pequenos servos! Sejam nossos bustos e placas de honra, enfermos ungidos, penitentes absolvidos, enlutados consolados, povo acolhido e alimentado espiritual e materialmente! Não nos escondamos dos que buscam a sombra da árvore frondosa, pois a semente de nossa vocação ao serviço gratuito, sem esperar recompensa e nem reconhecimento de quem quer que seja já deve ter virado broto, crescido e ser bálsamo para quem busca em nosso Ministério e Comunidades, nova esperança e sentido de vida Cristã!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,

Padre Gilberto Kasper
(Ler Ex 19,2-6; Sl 99; Rm 5,6-11 e Mt 9,36-10,8).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Junho de 2017, pp. 69-72 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Junho de 2017), pp. 15-18.