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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

NESTE ANO, QUERO PAZ NO MEU CORAÇÃO!

Pe. Gilberto Kasper

Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP, Coordenador do Curso de Teologia, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.

A minha geração cantou muito essa música que parecia o “hino oficial” do final do ano; e continuava dizendo “quem quiser ter um amigo que me dê a mão”. Era bonito, emocionante, mas depois do efeito emotivo das festas, tudo voltava ao normal e a carruagem voltava a ser abóbora, a Cinderela continuava escrava da megera e ninguém se lembrava da paz no coração ou da mão estendida aos amigos.
           
Quantas promessas de início de ano que eu vejo e escuto de diversas pessoas com uma certeza que os grãozinhos da romã, ou as ondinhas do mar por si resolvem todos os problemas. Aí a pessoa acorda e a vida continua na mesma.
           
Essas promessas, desejos e sonhos dependem do passo que damos em direção a eles; a vida se transforma se eu der o primeiro passo. Desejos de início de ano parecem-se com a reforma da previdência que quer economizar cortando os benefícios dos aposentados, como se resolvesse o problema. Até agora ninguém falou de cortar os privilégios, mordomias e similares que são um verdadeiro deboche da classe política em relação ao povo que sempre paga a conta.
           
O ano que começa precisa nos encher de ânimo e entusiasmo. Há muitos desejos e sonhos que podem se realizar; eles começam dentro de nós, dependem de nossa decisão. Quem deseja “saúde para dar e vender”, no mínimo precisa cuidar da própria saúde; as dietas durante o ano novo devem significar não só reduzir o consumo de alimento, mas evitar o desperdício que gera a miséria, partilhar o alimento com quem fica dias e meses sem comer...
           
Há os que querem malhar para ficar com o corpinho sarado, idolatram a academia, não podem ouvir falar das “rugas”... O Papa disse que as rugas não nos enfeiam, o que nos enfeia são as “manchas” do egoísmo, da arrogância. Investem no corpo que fica bonito por fora e não tem nada por dentro. São adultos só na idade, pois a fé não lhes ilumina a vida. Ainda escutei alguém dizer que no ano novo vai começar a investir no futuro dos seus filhos. E lhes enchem de presentes, tecnologia, tablets, games, e não ensina a buscar a Deus. Quantos filhos com a vida desorientada por falta do incentivo da fé. Se os que rezam enfrentam cada “buchada” no dia a dia, imagina os que idolatram o mundo, a fama e o poder.
           
Eu não sou contra as famosas “promessas de fim de ano”, só penso que elas são esquecidas no dia primeiro de janeiro à noite. Tenho até algumas sugestões para a gente conquistar no ano novo: trabalhar a favor da Paz, desarmando as artimanhas da ira, do ódio e do preconceito. Lutar contra toda violência praticando o respeito ao pensamento do próximo, vencendo a intolerância e os rótulos.
           
Creio que ainda tem espaço para mais alguma sugestão para ser vivida no ano novo: evitemos reclamar, murmurar ou ofender. Ao invés, amemos mais, escutemos mais os irmãos, perdoemos mais, rezemos mais, ajudemos mais, sirvamos mais, participemos mais da comunidade, da cidade e da sociedade e semeemos os valores do Evangelho.

Já na próxima semana os Poderes constituídos: Suprema Corte, Senado, Câmara dos Deputados, Vereadores e Outros retomam suas atividades chamadas “normais”. O que esperar de novos Governos afogados na lama de dívidas, da colheita de desmandos dos anteriores, sem as mínimas condições de honrar com compromissos descumpridos há anos? Criatividade e competência na administração da “coisa pública”. Transparência e solidariedade de todos para com o Bem Comum e jamais individual. Chega de perguntar: “O quê vamos ganhar com isso?”. Sejamos unidos e assim neste ano que nasce novo não caberão os vícios do ano que se foi.


(Parceria com Pe. João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Mogi Guaçu – SP)