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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

COMENTANTO A PALAVRA DE DEUS - QUARTO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
O Quarto Domingo do Tempo Comum nos remete às Bem-aventuranças do Reino de Deus. Estamos ouvindo o Evangelho de Mateus, que tem por objetivo de fundo mostrar que Jesus é o verdadeiro Messias-salvador esperado. Não um Messias segundo a mente humana, mas um Messias segundo o pensamento de Deus: Filho de Deus. E qual é o pensamento de Deus? A justiça em favor dos pequenos, os fracos, os pobres, os oprimidos, os abandonados da sociedade. E Jesus é a concreta encarnação desta sabedoria de Deus. Razão pela qual ele nasceu, viveu e morreu pobre, totalmente humilde e desprendido, para estar com os pobres desta terra. Esta sabedoria de Deus é o segredo da verdadeira felicidade humana: “Reino dos Céus”.
A chave do Evangelho deste domingo está na primeira bem-aventurança: “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. Esta bem-aventurança se dirige aos que, no modo hebraico de falar, são os curvados no seu alento, pobres até a alma, como a Bíblia diz dos pobres de Deus. A bem-aventurança não se dirige ao pobre com mania de rico, mas às pessoas que assumem sua pobreza, sabendo que Deus tem outros critérios de felicidade do que nós. E quando se trata dos que têm fome e sede, que tenham, antes de tudo, fome e sede de justiça de Deus, incomparável com a justiça humana. Pois só essa justiça fará com que tudo seja radicalmente bom. Assim, o estado de espírito dos que são aqui felicitados torna-se um programa de vida para todos os que querem ser do Reino. A pobreza, quando assumida “de coração”, é a situação privilegiada para reconhecer a justiça de Deus. Riqueza e poder tornam cego. Mas quem vive a situação de pobreza como uma procura da justiça de Deus, esse tem chances de a encontrar. Por isso, os pobres são o sacramento da justiça de Deus.
Levando isso para a prática, podemos dizer que Jesus anuncia o Reino de Deus, como dom e missão, aos que têm o “espírito do pobres de Deus”: os que não pretendem dominar os outros pelo poder e a riqueza, mas se dispõem a colaborar na construção do reino de amor, justiça, paz, tornando-se pobres, colocando-se do lado dos pobres e confiando antes de tudo no poder de Deus e no valor de sua “justiça”, que é a sua vontade, seu plano de salvação. Os “pobres de Deus” assumem atitudes inspiradas por Deus e seu reino: pobreza (não apenas forçosa, mas no espírito e no coração), paciência (com firmeza), justiça (com garra), paz (na sinceridade), etc. Aos que vivem assim, Jesus anuncia a felicidade (“bem-aventurança”) do Reino. Esses são cidadãos do Reino, os herdeiros da terra prometida. E, de fato, o “manso”, o não violento tem bem mais condições de usar a terra que o grileiro. Os pobres solidários constroem uma sociedade melhor que os ricos egoístas. Há quem diga que as Bem-aventuranças não visam os pobres materialmente, porque esses não podem ser os “promotores da paz” aos quais se refere a sétima bem-aventurança (Mt 5,9). Mas será que a verdadeira paz, fruto da justiça, não é promovida pelos pobres que em solidariedade com eles lutam pelo direito de todos?
Enfim, à luz da Palavra de Deus hoje ouvida, podemos chegar a esta conclusão prática: “Devemos optar, na vida, pelos valores do Reino e não pelo poder baseado na opressão, na exploração... Devemos optar pelos pobres e não pelos que os empobrecem! Para isso precisamos do desprendimento, pobreza até no nosso íntimo (“no espírito”). A Bem-aventurança não vale para o pobre com mania de rico! Os pobres no espírito são os que não apenas “quereriam”, mas efusivamente querem e optam por formar “povo de Deus” com os oprimidos e empobrecidos, porque têm fome e sede do Reino de Deus e sua justiça.
Que a Palavra de Deus deste domingo nos anime e fortaleça no mistério das bem-aventuranças.
Sejam todos muito abençoados. Com ternura, meu abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Sf 2,3; 3,12-13; Sl 145(146); 1 Cor 1,26-31 e Mt 5,1-12).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Janeiro de 2017, pp. 80-82 e Roteiros Homiléticos da CNBB do tempo Comum (Janeiro de 2017), pp. 79-83.