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terça-feira, 25 de outubro de 2016

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - TRIGÉSIMO-PRIMEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
            O amor criador de Deus não é um feito do passado, mas uma força atual que continua a agir sobre todas as realidades criadas, mantendo-as na existência. A vida da criação é uma prova desse amor de Deus. Esse amor ainda revela-se misericordioso: não é um amor ciumento ou controlador, mas um amor que está sempre pronto a receber de volta quem se afastou. Já o sabemos, mas é preciso relembrar: a misericórdia é a única esperança de salvação para o ser humano caído e pecador. Por isso mesmo, a única possibilidade de as pessoas romperem o círculo vicioso de violência, injustiça, desconfiança, receios mútuos, ódio e de toda exploração e opressão.
            Deus é amigo e defensor de toda obra de suas mãos. O discípulo que agrada a Jesus é o que sabe partilhar e colocar o poder a serviço da vida. A segunda vinda do Senhor não deve causar transtornos nem pode nos acomodar.
            Alguém poderia ler superficialmente a primeira leitura e entender que não precisamos levar a vida tão a sério assim, porque no final Deus sempre agirá com misericórdia. Não é assim! A misericórdia de Deus não pode ser pretexto para justificar nossos pecados e injustiças. A misericórdia é a certeza de que sempre é tempo de voltar a Deus. Ninguém merece o amor de ninguém, ainda que todos sejam muito dignos de ser amados. Por isso, reduzir o amor a amar os que nos amam é uma maneira de mercantilizar o amor e fazê-lo impossível.
            Ao olharmos para Zaqueu, que era um caso perdido para a sociedade religiosa da época, nos damos conta de que ninguém pode se excluir da misericórdia de Deus. Podemos mudar, descobrir um dia que alguém nos ama. Só quando tocados pelo amor de Deus é que faremos com que nossa vida se conforme aos valores do Evangelho. Lembremos ainda que a salvação cristã implica consequências sociais e econômicas. Zaqueu certamente deixou seu emprego e perdeu o dinheiro acumulado. Encontrou, no entanto, a justiça e o amor em Cristo, realização humana e salvação eterna. Zaqueu não conseguia ver Jesus, porque era de baixa estatura. Usou, porém, os meios disponíveis: subiu: subiu numa árvore para conseguir o que queria. Nós também devemos ir ao encontro, subir mais alto, correr à frente da multidão para nos encontrarmos como Senhor.
 Cabe a pergunta: se Cristo quisesse hoje ficar em nossa casa, o que teríamos que mudar para que com Ele entrasse a salvação em nossa vida? Zaqueu logo percebeu o que lhe faltava. A nós, que nos falta para receber a salvação? Se pensamos que não temos nada a mudar, cuidado! Podemos estar com a mesma atitude do fariseu, rezando no Templo. Santo Agostinho lembra que, como se tratava de Zaqueu, o chefe dos publicanos e grande pecador público, aquela multidão, que se acreditava salva por estar com Jesus e queria impedi-lo de entrar na casa de um pecador, fazia o mesmo que reprovar o médico por entrar na casa do enfermo. De que te surpreendes, enfermo? Chama também tu a Jesus, não te creias são. O enfermo que recebe o médico é um enfermo com esperança; mas já perdeu a esperança quem dispensa aquele que lhe pode curar.
            Paulo pede a Deus por nós, para que Deus torne ativa nossa fé. Quando vivemos a fé que temos, Jesus Cristo e glorificado em nós e nós nele. Não nos cabe a preocupação sobre o como e o quando da segunda vinda de Cristo. É certo que acontecerá, mas, mais importante do que saber a data é viver na firmeza e na constância do Evangelho.
            Neste dia da Juventude, lembremos nossos jovens, que são nova esperança na missão e, a exemplo de Zaqueu, buscam conhecer Jesus. Cristo entre em nossa casa, toque nosso coração e nos ensine a partilhar nossos dons e bens com os necessitados.
Sejam todos muito abençoados. Com ternura e gratidão, meu abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler Sb 11,22-12,2; Sl 144 (145); 2Ts 1,11-2,2 e Lc 19,1-10)

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Outubro de 2016, pp. 88-90 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Outubro de 2016), pp. 57-62.