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quarta-feira, 9 de março de 2016

“CONVERTEI-VOS!”

Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.

“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito”. (cf. Rm 12,2)
           
O tempo de Quaresma nos convida a caminhar em direção a uma vida nova, a uma experiência profunda da misericórdia divina que nos renova e, através de nós, também pode transformar a sociedade. O beato Oscar Romero disse certa vez que o tempo de Quaresma era como o seu “retiro espiritual, seu êxodo rumo à Páscoa na qual todo o povo de Deus pudesse respirar mais vida e dignidade”. Assim, para nós, a Quaresma é um momento importante de escutar a Deus que nos propõe vida nova, digna e alicerçada na verdade e no amor.
           
“Não nos conformar” com o mundo é dizer que nossa conversão deve se refletir nas mudanças que a sociedade necessita para corresponder aos planos amorosos de Deus para a humanidade inteira. Creio que não há pessoa que esteja contente com o “mundo” de hoje: corrupção, violência, terrorismo, fome, miséria, inimizades, intrigas, o drama dos refugiados, a falta de honestidade, os desvios de verba pública nas áreas de educação e saúde, a falta de saneamento básico e tantos outros descontentamentos em nossos dias.
           
“Transformai-vos” mudando o pensar, o agir e o falar. A mudança, ou melhor, a conversão nossa e do mundo é possível. É preciso que passemos dos lamentos para atitudes sinceras de caridade e fraternidade. Nossa penitência quaresmal tem seu significado completo quando não olhamos somente para nós, ou para aquela tranquilidade da consciência e sim quando nossa oração e nosso jejum nos levam a uma prática sincera de caridade que não faz propaganda e realiza o bem. As ações de solidariedade vão de uma generosa partilha com os que mais sofrem, passa pela coleta da solidariedade no Domingo de Ramos e deve nos levar a uma grande e consciente participação nos conselhos municipais de saúde e saneamento básico como fruto da reflexão da Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano.
           
“Discernir a vontade de Deus”, o que é justo, bom agradável e perfeito. A conversão da sociedade acontecerá quando os vícios de toda ordem forem extirpados de nosso meio. O grande tumor da nossa sociedade é a corrupção; esta é o câncer da sociedade, da política, da educação e dos relacionamentos humanos. Um professor universitário disse recentemente que “a vida sem ética” encarece a vida de todos. Gasta-se mais para mentir e para comprar o silêncio dos simpatizantes.  Assim, a conversão passa, necessariamente pela mudança de atitudes. Os grandes corruptos bancam os pequenos, os corruptos da cúpula sustentem os da base. Além disso, vemos também as “pequenas” corrupções diárias como, por exemplo: furar as filas, gente nova ocupando a vaga do idoso ou do portador de deficiência, pessoas que não devolvem o troco recebido a mais, motoristas e pedestres que não observam e nem respeitam a faixa de pedestres... e ainda há os que não estão nem aí com Dengue, Zika e Chicungunha despejando lixo e outras coisas que estragam o paraíso que Deus pensou e dedicou para nós, a nossa casa comum, nossa mãe Terra.
           
Neste tempo de Quaresma, mergulhemos na Misericórdia divina, acolhamos os apelos do nosso Deus e nos deixemos converter por seu amor. Ajudemos a sociedade e o mundo caminharem para a Páscoa da vida nova.


Fonte: Pe. João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Mogi Guaçu – SP.