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sexta-feira, 26 de junho de 2015

SÃO JOÃO BATISTA E SUA MISSÃO!

Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do FAC – Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.

            As leituras bíblicas apresentam a vida e a missão de João Batista à luz dos grandes profetas antigos e de Jesus Cristo, o Messias esperado. Como diz Santo Agostinho, João representa a passagem do Primeiro para o Segundo Testamento. Ele recebe a missão de profeta, assume a vida de asceta, e é chamado de Batista. Pelo batismo, nós também recebemos a missão de profetizar e de denunciar, como João, a injustiça, a mentira e a opressão.

            Celebrar o nascimento de João é experimentar, como Isabel, Zacarias e os vizinhos, a manifestação da bondade de Deus, que transforma e fecunda a vida. É fazer a experiência da fé e da esperança no Deus misericordioso e compassivo, que ouve nosso clamor e nos socorre em meio aos sofrimentos e às aflições. É sentir que Deus continua soltando nossa língua para que tenhamos a coragem de vencer o medo e proclamar a justiça e a libertação. Como João Batista, possamos ser sinais proféticos de esperança, para anunciar o caminho da salvação e testemunhar Jesus Cristo, a luz que ilumina e liberta todos os povos.

            O jeito despojado de João Batista viver, entregue ao serviço de Deus, na gratuidade, é testemunho de vida, apelo à conversão. Jesus o elogia, dizendo que “entre os nascidos de mulher, não há ninguém maior do que João. No entanto, o menor no Reino de Deus é maior do que ele” (7,28).

O grande convite da Solenidade da Natividade de João Batista a todos nós, é à humildade vivida por ele. Saber dar lugar, retirar-se e deixar Cristo aparecer. Nem sempre é fácil tal atitude. Costumamos, devido nossas carências e limites, plantar com entusiasmo, regar e cultivar com zelo, mas queremos também saborear os frutos. Não parece ser assim na Igreja de Jesus Cristo. Nela, uns plantam, outros regam, ainda outros deveriam cultivar e zelar o plantado pelos que passaram e somente outros que virão posteriormente, é que usufruirão dos frutos. Tal Igreja, discípula e missionária do Senhor, só é configurada com Cristo, se conseguir agir assim. Do contrário corremos o risco de desfigurá-la, apossar-nos dela e isso, geralmente, termina em desastre eclesiológico e pastoral.

            Sejamos a exemplo de São João Batista, Comunidades simples, descomplicadas, acolhedoras, amorosas e cheias de ternura, porém sem ter medo de corajosa e ousadamente “perdermos nossa cabeça”, a própria vida, cargos, funções e prestígios, por conta da coerência do Evangelho anunciado e vivido no hodierno de nossas relações, sobretudo nos serviços que prestamos, sempre gratuitamente neste mundo tão vazio de Deus!