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quinta-feira, 17 de julho de 2014

A SECRETARIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL ESTÁ DE PARABÉNS OU DE PÊSAMES?

Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do FAC – Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.

A mídia tem divulgado atividades infinitas sobre o exaustivo trabalho da Secretaria da Assistência Social de Ribeirão Preto. Até parece que tal Secretaria está fazendo um favor aos cidadãos que lhe compete assistir. Deixa a impressão de que está desenvolvendo com êxito e satisfação os projetos que lhe são próprios e pagos com os altos impostos dos ribeirãopretanos, que deveriam ser revertidos com justiça à causa dos surrados pela vida.

Minha pergunta é por que as pessoas em risco não querem nem ouvir falar na CETREM (Central de Triagem e Encaminhamento ao Migrante/Itinerante e Morador de Rua) e temem o Creas Pop (Centro de Referência Especializado de Assistência Social)? Certamente muitos preferem a vulnerabilidade e não aceitam as propostas da Secretaria da Assistência Social. Imagino como isso deve frustrar nossa querida Secretária e seus incontáveis colaboradores. Diz-se facilmente que “ajudar pobre é um desafio sem retorno!” Fico em dúvida se A Secretaria da Assistência Social está de parabéns ou de pêsames! Embora leiamos números de pessoas assistidas, atendidas e encaminhadas, que não conferem com a realidade, até porque a Secretaria da Assistência Social do Município não tem condições humanas e muito menos financeiras de cumprir com suas obrigações, o que é lamentável, há Organizações constituídas por pessoas de boa vontade, que oferecem suporte, procurando suprir o que o Governo não faz.

Tais organizações não poucas vezes são subestimadas e não encontram o apoio necessário de quem deveria ser o primeiro responsável por maior dignidade do povo de uma cidade tão rica como a nossa. O FAC – Fraterno Auxílio Cristão da Cidade de Ribeirão Preto, fundado em 15 de janeiro de 1957, tem por finalidade promover a pessoa humana e abrir a possibilidade de recuperação da sua dignidade, independentemente de cultura ou religião, por meio de ações de solidariedade, de fraternidade, de enfrentamento e superação da miséria e da fome, de recuperação e preservação do vínculo familiar, de recuperação de dependentes químicos e entorpecentes. O FAC se enquadra na Tipificação Nacional de Serviço de Proteção Social Especial de Média Complexidade para Pessoas em Situação de Rua, e desenvolve suas atividades por intermédio de três projetos. Um deles está na mira da Secretaria da Assistência Social, embora tenha encaminhado de janeiro a junho deste ano 340 pessoas, devolvendo-lhes oportunidades de reinserção na sociedade: família, trabalho ou tratamento. Para readequar a Tipificação Nacional, a Secretaria da Assistência Social nos propôs ao invés, a Tipificação de Abordagem dos Moradores de Rua. Seria um projeto que deveria funcionar 24 horas com quatro equipes, com uma subvenção em torno de R$ 20.000,00 por mês. Para nosso trabalho atual, recebemos R$ 2.400,00 por mês, quando nossa Folha de Pagamentos e Encargos Sociais ultrapassam a quantia de R$ 25.000,00 mensais. Além da subvenção oferecida ser insuficiente para manter um trabalho de abordagem 24 horas por dia, não podemos expor a integridade física de pessoas voluntárias às madrugadas, abordando Moradores de Rua que consomem drogas e se tornam, geralmente, violentos. Isso me parece obrigação do Governo em parceria com a Polícia.

        O FAC – Fraterno Auxílio Cristão da Cidade de Ribeirão Preto continuará desenvolvendo suas atividades ao que foi fundado. Não nos surpreenderemos se perdermos a subvenção do Governo Municipal, já que nossa sobrevivência vem dependendo, especialmente no atual Governo, da generosidade de pessoas sensíveis e generosas, voluntárias e desinteressadas, sem nada esperar em troca. Por isso é que paira a dúvida: A Secretaria da Assistência Social está de parabéns ou de pêsames?