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sexta-feira, 16 de maio de 2014

SERMOS PASTORES SEGUNDO O CORAÇÃO DE CRISTO, O BOM PASTOR

Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.


Há muitos modos de ser pastor e de evangelizar. Cada um colocando seus dons a serviço do Reino de Deus, conforme lhes foram concedidos gratuitamente. Mas há algo em comum que nunca poderá faltar em nosso pastoreio: Sermos todos configurados com Cristo, o Bom Pastor, que conhece suas ovelhas pelo nome, as ama, as acolhe, as compreende, as aceita como são, as perdoa e as traz de volta nos ombros (melhor seria ainda, apertá-las ao coração), não para seu prestígio próprio, mas o rebanho eclesial.

O Pastor que atrai as ovelhas para si, sem conseguir conduzi-las pelo itinerário do Senhor a Deus, é desfigurado do Cristo, o Bom Pastor. Sermos pastores que não machuquem, surrem, enxotem as ovelhas que lhes são confiadas, às vezes porque não nos bajulam ou discordam de nossos métodos, ou ainda, tentam ajudar-nos por meio da correção fraterna. Sermos pastores que não emoldurem e engessem o rebanho em nossas estruturas, muitas delas já ultrapassadas e opressoras. Quantos de nós ainda somos pastores que não saem de suas sacristias e salas de atendimentos: há até os que exigem ofício para uma conversa, ou exigem senha para um encontro com suas ovelhas, o que é diferente de agendar atendimentos espirituais ou pastorais. Há os que exploram as ovelhas e quando já não satisfazem mais seus caprichos, são excluídas do rebanho, sem nenhuma tentativa de diálogo.

Nossas ovelhas são mais exigentes em nossos dias, e não saem mais atrás de qualquer pastor, só porque é bonito, atraente, canta bem, se veste com roupas de marca e frequenta regularmente shoppings e reuniões que lhes garantam um minuto de fama. As que fazem isso acabam desistindo no meio do caminho profundamente decepcionadas, porque não chegaram ao verdadeiro destino: Jesus Cristo Ressuscitado. Pararam em alguém que brincou de ser pastor e que não soube cumprir com sua missão: a de conduzir o rebanho às verdadeiras pastagens propostas pela Igreja de Jesus Cristo, que é despretensiosa, simples, pobre com os pobres, totalmente despojada de poder, arrogância, prepotência e falsos valores, mas que chora e sofre com as ovelhas machucadas por uma cruel Cultura de Sobrevivência, despida de dignidade humana! Na Igreja de Jesus Cristo não há lugar para disputas que geralmente produz a inveja, fruto de desequilíbrios mal administrados, interiormente. Quem não gasta sua vida pelas ovelhas não serve para ser pastor, é antes um impostor!

Precisamos de Vocações santas, simples, puras, configuradas a Cristo, o Bom Pastor! Não esqueçamos o pronunciamento dos Bispos reunidos em Puebla na III Conferência Episcopal da América Latina e do Caribe: "As  Vocações (santas e não mercenárias) são a resposta de um Deus providente à uma Comunidade orante...".