Pesquisar neste blog

sexta-feira, 9 de maio de 2014

FRATERNIDADE E TRÁFICO HUMANO

Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.

Com a Campanha da Fraternidade deste ano, a Igreja do Brasil tenta “identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-lo como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar esse mal, com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus” (Objetivo Geral da CF/2014).
“O tráfico humano condiciona as pessoas à escravidão e fere a dignidade da pessoa humana, a qual perde todos os seus direitos inalienáveis: de estar livre de toda forma de exploração; de estar de livre de tratamento desumano e cruel; de estar livre de todas as formas de violências e torturas físicas e psicológicas; de estar livre de discriminações baseadas em origem, raça, sexo, cor, idade; a garantia da liberdade de ir e vir, de permanecer e ficar; a garantia de exercer sua personalidade, sua aptidão legal, para fazer valer seus direitos enquanto filho e filha de Deus.
No Brasil, são formas bem conhecidas do tráfico humano: a exploração, que atinge principalmente mulheres, mas também crianças e adolescentes, no mercado do sexo, e a exploração de trabalhadores escravizados em atividades produtivas.
É difícil dimensionar o tráfico humano, pois muitas de suas vítimas não são identificadas. No entanto, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que o tráfico humano renda, aproximadamente 32 bilhões de dólares anuais, situando-o entre os crimes organizados mais rentáveis, ao lado do tráfico de drogas e de armas.
Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) referentes às modalidades do trabalho escravo também contribuem para a percepção das dimensões desse crime internacional, mesmo considerando que nem todos os casos de trabalho escravo são resultantes de tráfico humano. No início de junho de 2012, a OIT estimou que as vítimas do trabalho forçado e exploração sexual chegam a 20,9 milhões de pessoas em todo o mundo. Essa pesquisa constatou que 4,5 milhões (22%) das vítimas são exploradas em atividades sexuais forçadas; 14,2 milhões (68%) em trabalhos forçados em diversas atividades econômicas; e 2,2 milhões (10%) pelo próprio Estado, sobretudo os militarizados” (cf. Manual da CF/2014 pp. 15-16).
A Campanha da Fraternidade não se sobrepõe ao rico Tempo da Quaresma, mas o enriquece, a fim de que celebremos com maior consciência e bem concretamente o mistério da morte e ressurreição de Jesus Cristo, sensibilizados para a solidariedade e o cuidado às vítimas desse mal. Afinal, “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1).