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sexta-feira, 10 de maio de 2013

O QUE É DE DEUS NÃO CAI

Pe. Gilberto Kasper

Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Coordenador do Curso de Teologia e Professor Universitário na AFARP – Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
Há alguns dias alguém me perguntou, se a Celebração Litúrgica na Igreja é lugar de avaliar o Governo Municipal? Na medida em que a Palavra de Deus nos interpela a falarmos sobre nossa missão de servidores, e não senhores ou donos dos munícipes de uma Metrópole como é a cidade de Ribeirão Preto, não só podemos, como é nosso dever colaborar na formação de consciência crítica, ética e de cidadania de nossas assembleias celebrativas. Foi exatamente esta a missão que o Ressuscitado confiou aos seus discípulos e hoje a cada um que se sente cristão comprometido com o Reino de Deus, que é um Reino de Justiça, de Conversão, de Misericórdia e de Amor ao próximo. Enquanto houver um só cidadão de nossa cidade carente dos cuidados evangélicos que o ser cristão exige, teremos a obrigação de levar nossas celebrações espirituais à vida hodierna, da porta da Igreja para fora. O Governo que é transparente, que não maquia recursos econômicos e projetos de qualquer natureza, não teme que alguém faça uma lúcida, consciente e crítica avaliação de sua atuação.

            Triste mesmo foi constatar que no dia 2 de abril de 2013, nosso Legislativo decepcionou mais uma vez seus eleitores. Nove dos vinte e um vereadores foram fiéis e coerentes com o Projeto de Transparência vetado pela Prefeita Municipal, que pedia maior participação da Câmara de Vereadores nas licitações de volumosos valores. A Prefeita entende que deve ter “Carta Branca” para contratar quem quer que seja sem a apreciação e aprovação dos Vereadores. O Projeto foi aprovado por unanimidade pelos 22 Vereadores. Não entro em questões de quem tem razão. Certamente a Prefeita assegurou seu veto juridicamente, lembrando que o jurídico mesmo sendo politicamente correto, nem sempre é ético e contempla o bem da comunidade. Ela exerceu seu privilégio de vetar a maior participação do Povo representado pelos Vereadores eleitos pelo mesmo Povo. O que nos entristece profundamente e nos decepciona novamente, é que dos 22 Vereadores, apenas 9 mantiveram coerência, votando contra o veto da Prefeita. 10 não votaram contra, nem a favor: se abstiveram de votar, o que demonstra ainda mais claramente, de que não merecem nossa confiança. Um precisou ausentar-se durante a votação para socorrer a esposa e outro faltou à sessão. O que o cristão comprometido com o Ressuscitado e a missão que nos confia, deve pensar e fazer? Marcar bem o nome dos Vereadores que voltaram à trás de seu voto inicial; cobrar pessoalmente deles uma postura mais ousada e corajosa e ter o zelo e cuidado de nunca mais elegê-los para SERVIÇO NENHUM!
            Durante a Campanha Eleitoral o discurso é um: promissor! Na diplomação dos Eleitos, o discurso já “amarela” um pouco e depois da posse, o discurso já não é mais nem um e nem outro. A verdade não se deixa burlar, comprar, corromper e nem está à venda por conta de promessas não cumpridas. Só participa da ressurreição do Senhor quem for coerente sempre entre o que pensa, fala e faz! Portanto, é sim missão e serviço à fraternidade e à promoção da Dignidade Humana, da Igreja de Jesus Cristo Ressuscitado, começando por seus líderes e passando por cada um que se atribua a denominação de Cristão. O resto está fadado a ser diabólico, como diabólicas são as deslavadas Mentiras que ocupam nosso vocabulário politiqueiro, todos os dias! Sejamos honestos e transparentes diante de nós mesmos, de Deus e dos outros. Assim não precisaremos temer a ninguém e a nada que tente nos  desestruturar. O que é Deus não cai. A mentira nos trai!