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sexta-feira, 3 de maio de 2013

A MENTIRA NOS TRAI


Há alguns dias alguém me perguntou, se a Celebração Litúrgica na Igreja é lugar de avaliar o Governo Municipal? Na medida em que a Palavra de Deus nos interpela a falarmos sobre nossa missão de servidores, e não senhores ou donos dos munícipes de uma Metrópole como é a cidade de Ribeirão Preto, não só podemos, como é nosso dever colaborar na formação de consciência crítica, ética e de cidadania de nossas assembleias celebrativas. Foi exatamente esta a missão que o Ressuscitado confiou aos seus discípulos e hoje a cada um que se sente cristão comprometido com o Reino de Deus, que é um Reino de Justiça, de Conversão, de Misericórdia e de Amor ao próximo. Enquanto houver um só cidadão de nossa cidade carente dos cuidados evangélicos que o ser cristão exige, teremos a obrigação de levar nossas celebrações espirituais à vida hodierna, da porta da Igreja para fora. O Governo que é transparente, que não maquia recursos econômicos e projetos de qualquer natureza, não teme que alguém faça uma lúcida, consciente e crítica avaliação de sua atuação.

            Triste mesmo foi constatar que no dia 2 de abril de 2013, nosso Legislativo decepcionou mais uma vez seus eleitores. Nove dos vinte e um vereadores foram fiéis e coerentes com o Projeto de Transparência vetado pela Prefeita Municipal, que pedia maior participação da Câmara de Vereadores nas licitações de volumosos valores. A Prefeita entende que deve ter “Carta Branca” para contratar quem quer que seja sem a apreciação e aprovação dos Vereadores. O Projeto foi aprovado por unanimidade pelos 22 Vereadores. Não entro em questões de quem tem razão. Certamente a Prefeita assegurou seu veto juridicamente, lembrando que o jurídico mesmo sendo politicamente correto, nem sempre é ético e contempla o bem da comunidade. Ela exerceu seu privilégio de vetar a maior participação do Povo representado pelos Vereadores eleitos pelo mesmo Povo. O que nos entristece profundamente e nos decepciona novamente, é que dos 22 Vereadores, apenas 9 mantiveram coerência, votando contra o veto da Prefeita. 10 não votaram contra, nem a favor: se abstiveram de votar, o que demonstra ainda mais claramente, de que não merecem nossa confiança. Um precisou ausentar-se durante a votação para socorrer a esposa e outro faltou à sessão. O que o cristão comprometido com o Ressuscitado e a missão que nos confia, deve pensar e fazer? Marcar bem o nome dos Vereadores que voltaram à trás de seu voto inicial; cobrar pessoalmente deles uma postura mais ousada e corajosa e ter o zelo e cuidado de nunca mais elegê-los para SERVIÇO NENHUM!

            Durante a Campanha Eleitoral o discurso é um: promissor! Na diplomação dos Eleitos, o discurso já “amarela” um pouco e depois da posse, o discurso já não é mais nem um e nem outro. A verdade não se deixa burlar, comprar, corromper e nem está à venda por conta de promessas não cumpridas. Só participa da ressurreição do Senhor quem for coerente sempre entre o que pensa, fala e faz! Portanto, é sim missão e serviço à fraternidade e à promoção da Dignidade Humana, da Igreja de Jesus Cristo Ressuscitado, começando por seus líderes e passando por cada um que se atribua a denominação de Cristão. O resto está fadado a ser diabólico, como diabólicas são as deslavadas Mentiras que ocupam nosso vocabulário politiqueiro, todos os dias! Sejamos honestos e transparentes diante de nós mesmos, de Deus e dos outros. Assim não precisaremos temer a ninguém e a nada que tente nos  desestruturar. O que é Deus não cai. A mentira nos trai!

 

Padre Gilberto Kasper
*pe.kasper@gmail.com
Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Coordenador do Curso de Teologia e Professor Universitário na AFARP, Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.