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domingo, 17 de março de 2013

NOVO SANTO PADRE O PAPA É FRANCICO I

Pe. Gilberto Kasper*
 
Após cinco escrutínios do Conclave que durou dois dias, foi eleito o primeiro Papa Jesuíta, e depois de 1.300 anos o primeiro Papa não europeu, e por fim, o primeiro Papa Latino-Americano. Nasceu dia 17 de dezembro de 1936 na Argentina, na Vila das Flores em Buenos Aires, de pais italianos o Cardeal Jorge Mário Bergoglio. Bispo Auxiliar de Buenos Aires de 1992 a 1997, sendo elevado a Arcebispo Metropolitano da mesma Arquidiocese em 1998. Em 2001 Papa João Paulo II, Beato, integrou-o ao colégio cardinalício. De hábitos simples, como preparar a própria refeição, utilizar o transporte público como ônibus e metrô, Cardeal Bergoglio é extremamente culto e ao mesmo tempo simples, verdadeiro testemunho de desprendimento e sua riqueza consiste na vivência da pobreza.


A máxima de que quem “entra Papa num Conclave, sai Cardeal”, foi mais um drible do Espírito Santo para as demasiadas especulações divulgadas antes e durante o Conclave. A impressão era de que a Mídia deveria decidir o perfil do novo Papa, enquanto somente o Espírito Santo tem tal tarefa, como já o afirmava Jesus Cristo, ao escolher o primeiro Papa, segundo o Evangelho de São Mateus, 16, 18-19.
 
Com 75 anos de idade, o Papa Francisco I leva para dentro do Vaticano seu caráter, sua personalidade e sua grande experiência pastoral. Foi grande colaborador na elaboração do Documento da V Conferência Episcopal Latino-Americana e Caribenha, de Aparecida em 2007. Além de sua simplicidade e sábia preparação intelectual: formou-se em Farmácia, Literatura, Filosofia e Teologia, nos inspira a esperança de grande mudança numa Cúria “emoldurada e engessada”, demonstrado desde sua primeira aparição no balcão da Basílica de São Pedro. Falou e rezou no idioma italiano. Afirmou que é tarefa dos Cardeais escolherem um “Bispo de Roma”. E que “escolheram um quase lá do fim do mundo”. Não se denominou a priori Papa, mas Bispo de Roma! É profundo conhecedor dos desafios da Igreja, sobretudo da América Latina. Está preparado para inovar caminhos para a tão desejada por todos os católicos, a nova evangelização! Sempre foi Pastor no meio do seu Povo, visitando as Paróquias de sua Arquidiocese, deslocando-se, geralmente de ônibus.
 
Segundo seu amigo pessoal, de quem fui coroinha na década de 60 em Novo Hamburgo (RS), Pe. Jesùs Sanches Hortal, também Jesuíta, Reitor Emérito da PUC do Rio de Janeiro, o novo Papa Francisco I ficou em segundo lugar no Conclave de 2005, que elegeu Josef Alois Ratzinger. Conta Pe. Hortal que o então Cardeal Jorge Mário Bergoglio suplicou aos irmãos Cardeais que o poupassem desta árdua missão e não votassem mais nele. Tais informações só são conhecidas oficiosamente, porque nada do que acontece num Conclave pode ser revelado. Mas foi o próprio colega jesuíta que anos depois o deixou escapar ao Padre Hortal.

Enquanto Arcebispo de Buenos Aires, o Papa Francisco I enfrentou com elegância e profunda dor e humildade os desafios que seu País lhe impunha. A Argentina foi o primeiro País Latino-Americano a formalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Foi duramente atacado pela Presidente Cristina Kirschner, quando declarou que crianças adotadas por tais uniões seriam discriminadas na sociedade extremamente hedonista e cruel.
Certamente escolheu ser chamado Francisco, porque em 1200, São Francisco de Assis foi convocado na Igreja de São Damião, numa visão que teve, de reconstruir a Igreja de Jesus Cristo. A grande expectativa do mundo todo é a renovação da Igreja através de uma nova Evangelização. Tema abordado inúmeras vezes por Bento XVI e pelas Conferências Episcopais, especialmente de nosso Continente. A “hemorragia de fiéis” da Igreja Católica e o acentuado crescimento de seitas e religiões pentecostais não podem ser remetidos ao Papa, mas a todo cristão batizado que deve estar consciente de sua missão evangelizadora num mundo de “mudança de época”, mergulhado no relativismo e hedonismo que não condizem com os valores evangélicos. Não depende do Papa tão somente o número de pessoas que

se afastam da Igreja Católica, antes depende da coerência entre o que professam e
vivem todos os católicos.


O Papa Francisco I em sua primeira aparição já acenou um Pontificado da modéstia, da simplicidade, da pobreza, da proximidade do Povo, da elegância, da abertura ao diálogo com as sedes de um mundo cheio de contrastes. Seu pedido foi: “Vamos iniciar este caminho juntos. Caminho de fraternidade, de unidade e de comunhão. Rezemos uns pelos outros. Eis o caminho que desejo caminhar com todos”. Convidou o mundo a rezar com ele pelo Papa Emérito Bento XVI. Depois, antes de conceder sua primeira Bênção Apostólica, bem como a Indulgência Plenária, suplicou silêncio à multidão comprimida na Praça de São Pedro e disse: “Antes de lhes conceder minha bênção, peçam, por gentileza, em silêncio, que Deus me abençoe!”. Inclinou-se por alguns instantes e depois proferiu a bênção.
 
Apresentou-se vestindo apenas a batina branca. Na hora da bênção impôs a estola, veste principal para ações litúrgicas, e depois ficou novamente à vontade. Para minha leitura, tais
gestos antecipam que teremos um Papa simples, amante da pobreza, pastor entre o rebanho e sedento de renovar em cada um de nós, o ardor de nossa fé, num projeto de Igreja Missionária, Ministerial conduzida por uma Nova Evangelização. Quebrou duas vezes o esperado protocolo: falou a língua italiana, o que me pareceu elegante diante da multidão e não o tradicional latim. Quando já havia concedido a bênção, pediu de volta o microfone, para mais uma vez agradecer a acolhida e desejar a todos uma “Boa Noite” e um “Bom Descanso”. Concluiu: “Nos veremos muito em breve!”.
Segundo o Porta Voz do Vaticano, Pe. Frederico Lombardi, a Concelebração Eucarística da Inauguração do Ministério Petrino do Papa Francisco I será às 9h30 (hora de Roma) 5h30 (hora de Brasília) do dia 19 de Março, Dia de São José, o Padroeiro da Igreja Universal. Porém, domingo ao meio-dia (Roma), 8 horas (Brasília) rezará o Angelus e saudará o Povo na Praça de São Pedro.
Agradecemos a Deus pelo novo Papa. Agora temos um Avô, Bento XVI, e um novo Papa Francisco I, que seguramente estará na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 23 a 28 de Julho próximo. A Iª JMJ foi sediada pela Argentina. Teremos o privilégio de conhecer um Papa do Povo, um Papa no meio do Povo, um Papa que sem dúvida sentir-se-á mais do que nunca acolhido e amado por nossa Nação, a maior católica do mundo! Desde já amamos nosso novo Papa Francisco I!


Padre Gilberto Kasper
 
Reitor Igreja Santo Antoninho de Ribeirão Preto.

Imagem retirada da internet.