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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

HOMILIA PARA O TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM DE 2013



Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            “Neste Terceiro Domingo do Tempo Comum, Jesus continua a se manifestar. Hoje ele se manifesta num culto semanal na sinagoga de Nazaré, onde costuma participar, exercendo o ministério de leitor. Jesus, a Palavra de Deus viva e encarnada na história humana, proclama seu programa de vida.

            Nós comunidade de fé, seguidora de Jesus, escutamos como discípula fiel a Palavra do Senhor e renovamos o nosso compromisso de vivê-la, nos tornando amigos e amigas de Deus.

            ‘Deus nos reúne em torno da sua palavra a fim de celebrarmos a eucaristia, para a qual convergem o programa de Jesus e a vida das nossas comunidades. Conscientes de que somos membros do único corpo de Cristo, façamos, nesta liturgia, memória da prática libertadora do Senhor, o ungido do Pai.

            Ouçamos a palavra de Deus, a qual cria comunidade e provoca a transformação dos corações, para que as pessoas se sintam membros do corpo de Cristo e sejam, a exemplo dele, ungidas para a missão.

            Na celebração, a assembleia escuta a palavra de Deus e dá adesão a ela. Por meio da palavra da Escritura, Jesus revela sua missão. A comunidade é o corpo de Cristo e cada pessoa é membro desse corpo. Cada Eucaristia, tornando presente Cristo libertador dos pobres, deve ser marcada pela dimensão da liberdade’ (cf. Liturgia Diária de Janeiro de 2013 da Paulus, pp. 74-77).

            Jesus realiza plenamente as Escrituras, anunciando a Boa Nova aos pobres, a liberdade aos que se encontram aprisionados, a vista aos que não enxergam a libertação aos oprimidos. Assim ele cumpre o ano da graça do Senhor, proclamando a salvação integral do ser humano, ou seja, a libertação de todas as formas de opressão. O olhar fixo nas palavras e nas ações de Jesus, nos leve a centrar as forças no serviço ao Reino da vida.

            O documento de Aparecida, no número 361, afirma que ‘o projeto de Jesus é instaurar o Reino de seu Pai. Por isso, pede a seus discípulos: ‘Proclamem que está chegando o Reino dos céus!’ (Mt 10,7). Trata-se do Reino da vida. Porque a proposta de Jesus Cristo a nossos povos, o conteúdo fundamental dessa missão, é a oferta de vida plena para todos. Por isso, a doutrina, as normas, as orientações éticas e toda a atividade missionária das Igrejas, deve deixar transparecer essa atrativa oferta de vida mais digna, em Cristo, para cada homem a para cada mulher’. E no número 358, acentua: ‘as condições de vida de muitos abandonados, excluídos e ignorados em sua miséria e dor, contradizem com o projeto do Pai e desafiam os cristãos a um maior compromisso a favor da cultura da vida. O Reino de vida que Cristo veio trazer é incompatível com essas situações desumanas’.

            A Palavra de Deus é sempre atual, pois fala da vida e da história do ser humano, interpelando-o a gestos de amor fraterno e de partilha. Fortalece a fé e a esperança para que todos sejam ‘Teófilo’, isto é, amigos de Deus. Ela deve ressoar em nossa vida e missão, conduzindo-nos a uma prática libertadora integral, conforme a Boa Notícia trazida por Jesus de Nazaré.

            Recebemos dons do Espírito para realizarmos nosso compromisso batismal a serviço do Reino. Como membros do corpo de Cristo, somos impelidos a colaborar para a realização do amor e da justiça. Formamos uma comunidade fraterna, chamada a continuar a missão de Jesus. Que possamos ser instrumentos de libertação, participando das alegrias e dos sofrimentos uns dos outros, tendo um cuidado especial com os membros do corpo mais necessitados.

            Que de fato, se cumpra a Palavra da Escritura que proclamamos e ouvimos.

            Que a Palavra que se faz carne no hoje da comunidade celebrante, Palavra que é luz para os olhos, alegria ao coração, de fato seja traduzida na realidade, num programa de vida que transforme todo tipo de morte em vida” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB nº 24, pp. 72-78).

            São Paulo compara nossa Igreja a um corpo, do qual a cabeça é o próprio Cristo, e nós seus membros. O ANO DA FÉ nos remete à experiência eclesial das primeiras comunidades cristãs, descritas no Livro dos Atos dos Apóstolos, bem como nas Cartas de São Paulo. Somos convidados a sermos uma Igreja, isto é, um Corpo bem malhado, sarado e cuidado, como dizemos de nossos físicos atualmente. Para isso é preciso dieta balanceada: capacidade de acolhida, perdão, misericórdia, diálogo com o diferente e, sobretudo humildade. Precisamos, também, malhar: fazer o exercício do serviço ao invés da busca de cargos, poder e prestígios. Há membros em nossas Comunidades de Fé que querem escolher qual membro será. Mas quem determina nossa missão não somos nós mesmos, e sim o Espírito Santo. Há até quem pensa que poderia “barganhar” com o Espírito que conduz a Igreja de Jesus Cristo, tentando ser o dedo indicador, o olho, ou não aceitando ser o dedo mínimo, aquele que fica escondido no sapato. Tais eventos mutilam a Igreja; deformam-na, deixam-na aleijada. Imaginemos um corpo feito só de olhos, ou só de dedos indicadores. Teríamos diante de nós um monstro, não um corpo.

            Outros ainda pensam que faltando à Comunidade não farão falta. Um corpo que seja privado, mesmo pelo menor dos membros, torna-se um corpo portador de deficiências. Por isso, TODOS são imprescindíveis. Ninguém pode faltar. Todos são importantes, cada um na sua missão eclesial, discípula e missionária. Não mutilemos a Igreja de Jesus Cristo por querermos ser melhores, e muito menos por nos sentirmos dispensados da Comunidade de Fé!

            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, meu abraço sempre amigo e fiel,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Ne 8,2-6.8-10; Sl 18B(19); 1 Cor 12,12-30 e Lc 1,1-4; 4,14-21)