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terça-feira, 26 de junho de 2012

SOLENIDADE DA NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            O Décimo Segundo Domingo do Tempo Comum cede lugar à Solenidade da Natividade de São João Batista, tamanha sua importância na História da Salvação. Além de Jesus Cristo e Maria Santíssima, João Batista é o único santo que tem celebrado no Calendário Litúrgico, seu nascimento, enquanto os demais são lembrados no dia de sua páscoa natural ou na data de seu martírio! A Igreja celebra também sua Vigília, preparando-se para celebrar o precursor, a luz que haverá de preparar os caminhos e abrir as cortinas para a estreia do verdadeiro Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo, Jesus, o Messias! Com João, o que batiza um Batismo de Conversão, nos deparamos com o encontro do Antigo com Novo Testamento. Com João Batista, o último e principal dos Profetas acontece o enlace da Antiga com a Nova Aliança; a maior compreensão do pacto de Fidelidade de Deus para com a Humanidade! Ressalta a “teimosia” de Deus em amar, apaixonadamente, sua Criatura predileta: a Pessoa!

            São João Batista é importante para os cristãos. Santo muito querido e estimado pelo povo brasileiro. Em todas as regiões, principalmente do norte e nordeste, existem as festas tradicionais de São João, celebradas com alegria, muita comida e bebida, danças e trajes típicos, à luz da tradicional fogueira de São João. Estas festas ocupam lugar de destaque no calendário popular.

            A Igreja, já no século VI, reservou o dia 24 de junho para comemorar o nascimento de São João Batista. Santo Agostinho escreve: ‘A Igreja celebra o nascimento de João como um acontecimento sagrado. Dentre os nossos antepassados, não há nenhum cujo nascimento seja celebrado solenemente. Celebramos o de João, celebramos também o de Cristo: tal fato tem, sem dúvida, uma explicação... João apareceu, pois, como ponto de encontro entre os dois Testamentos, o Antigo e o Novo. O próprio Senhor diz: ‘A lei e os profetas até João Batista(Lc 16,16)... Antes mesmo de nascer, já é designado; revela-se de quem seria o precursor, antes de ser visto por ele’ (Ofício das Leituras, in Liturgia das Horas).

            Jesus o declara o maior de todos os profetas. Homem simples, austero, corajoso, apontou o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (cf. Jo 1,29-36). Deu testemunho da luz, aplainou os caminhos e preparou o povo para acolher o Salvador. Antes que Jesus chegasse, pregou um batismo de conversão.

            A celebração do seu nascimento nos associa à alegria de Isabel, de Zacarias e dos vizinhos, porque Deus se lembra de nós, indica os caminhos da salvação e aponta os horizontes da liberdade.

            A Palavra anunciada nos conduz para dentro da verdadeira Luz de todos os povos, o Salvador, do qual nem merecemos desamarrar as sandálias. Celebramos, acima de tudo, o mistério daquele que se fez o menor no reino de Deus, e, por isso, é o maior: Jesus.

            As leituras bíblicas apresentam a vida e a missão de João Batista à luz dos grandes profetas antigos e de Jesus Cristo, o Messias esperado. Como diz Santo Agostinho, João representa a passagem do Primeiro para o Segundo Testamento. Ele recebe a missão de profeta, assume a vida de asceta, e é chamado de batista. Pelo batismo, nós também recebemos a missão de profetizar e de denunciar, como João, a injustiça, a mentira e a opressão.

            Celebrar o nascimento de João é experimentar, como Isabel, Zacarias e os vizinhos, a manifestação da bondade de Deus, que transforma e fecunda a vida. É fazer a experiência da fé e da esperança no Deus misericordioso e compassivo, que ouve nosso clamor e nos socorre em meio aos sofrimentos e às aflições. É sentir que Deus continua soltando nossa língua para que tenhamos a coragem de vencer o medo e proclamar a justiça e a libertação. Como João Batista, possamos ser sinais proféticos de esperança, para anunciar o caminho da salvação e testemunhar Jesus Cristo, a luz que ilumina e liberta todos os povos.

            O jeito despojado de João Batista viver, entregue ao serviço de Deus, na gratuidade, é testemunho de vida, apelo à conversão. Jesus o elogia, dizendo que ‘entre os nascidos de mulher, não há ninguém maior do que João. No entanto, o menor no Reino de Deus é maior do que ele’ (7,28). [...] Eis um dos maiores elogios aos cristãos comprometidos com o Reino de Deus, que é um Reino de Amor, Justiça, Verdade, Liberdade e Paz. Envolve-nos na esperança de sermos reconhecidos no Reino de Deus pelo esforço que empreendermos por promover desde já maior dignidade humana, começando ainda hoje o céu na terra... Como mostra também o Servo, na primeira leitura deste domingo, João é modelo de vida por causa de sua entrega total ao Reino. Que o Senhor nos dê a graça de viver conforme sua Palavra e testemunhar a Boa Notícia do Reino, o ‘Sol nascente que vem nos visitar’ (1,78). Precisamos de testemunhos proféticos, como João Batista, capazes de denunciar a corrupção, as injustiças e de conduzir o povo para Deus para criar um mundo melhor, mais justo e mais fraterno” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB n. 22, pp. 45-50).

            O grande convite da Solenidade da Natividade de João Batista a todos nós, é à humildade vivida por ele. Saber dar lugar, retirar-se e deixar Cristo aparecer. Nem sempre é fácil tal atitude. Costumamos, devido nossas carências e limites, plantar com entusiasmo, regar e cultivar com zelo, mas queremos também saborear os frutos. Não parece ser assim na Igreja de Jesus Cristo. Nela, uns plantam, outros regam, ainda outros deveriam cultivar e zelar o plantado pelos que passaram e somente outros que virão posteriormente, é que usufruirão dos frutos. Tal Igreja, discípula e missionária do Senhor, só é configurada com Cristo, se conseguir agir assim. Do contrário corremos o risco de desfigurá-la, apossar-nos dela e isso, geralmente, termina em desastre eclesiológico e pastoral.

            Sejamos a exemplo de São João Batista, Comunidades simples, descomplicadas, acolhedoras, amorosas e cheias de ternura, porém sem ter medo de corajosa e ousadamente perdemos nossa cabeça = a própria vida por conta da coerência do Evangelho anunciado e vivido no hodierno de nossas relações, sobretudo nos serviços que prestamos, sempre gratuitamente neste mundo tão vazio de Deus!
            Sejam todos sempre abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço,

Padre Gilberto Kasper
(Ler Is 49,1-6; Sl 138(139); At 13,22-26 e Lc 1,57-66.80)