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quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

TEOLOGIA EM MISSÃO!

 TEOLOGIA EM MISSÃO!


O Papa Francisco, desde o início de seu Pontificado, seguramente percebeu a necessidade de convocar um novo Concílio. Mas não encontrou clima para tanto, então incrementou algumas das reformas mais imediatas. Ele convida a Igreja do mundo inteiro a abraçar o diálogo e a escuta através do Sínodo: “Envolver a todos, sem excluir ninguém”.


Busca as duas colunas de Puebla (1979), Comunhão e Participação e a coluna de Aparecida (2007), a Missão na condução do Décimo-Sexto Sínodo dos Bispos, alargando-o aos leigos e leigas, até mesmo com direito a voto. É com essa inédita iniciativa que o Santo Padre propõe a tão sonhada “Igreja em Saída”, que gosto de chamar da “Igreja do Ir, a quem já não pode ou não quer mais vir”! O Pe. Boris, diretor da Teologia da PUC-SP, lembrou em uma de suas Lives, que depois da ampla fase de escuta, achou-se por bem, colocar a Missão entre a Comunhão e a Participação. Não haverá comunhão e nem participação efetivas, se os cristãos não compreenderem sua missão, como sacerdotes e sacerdotisas, cada um e cada uma, por conta do seu batismo.


São João XXIII ao convocar o Concílio Ecumênico Vaticano II, sentiu a necessidade de arejar a Igreja, abrindo-lhe portas e janelas, daí ser o Concílio Ecumênico, porque cheirava a mofo e bolor. Fechada e ensimesmada, seria urgente uma releitura da Igreja sonhada por Jesus Cristo. Parecia que tentavam aprisionar o Espírito Santo em sacristias e gabinetes de acordo com conveniências clericais. Os fiéis mais pareciam ovelhinhas correndo atrás de seus pastores com um “mémémé” = amém, amém, amém sem pouco comprometimento ou comprometimento nenhum.


Pouco se ouve a expressão Ecumênico na afirmação Concílio Ecumênico Vaticano II de lábios episcopais, sacerdotais e laicais. Já São Paulo VI, ao dar continuidade ao Concílio sofreu muito. Alas mais conservadoras achavam que com a morte de São João XXIII, morreria também o Concílio Ecumênico. Foi desafiador a compreensão e aplicabilidade dos documentos conciliares. Convivi com sacerdotes que sequer quiseram ler os documentos. Dom Angélico, certa vez ousou dizer que entre o episcopado brasileiro, se houvesse uma prova sobre os documentos conciliares, a metade dos prelados seria reprovada. São Paulo VI assinou o maior número de pedidos de laicizações de sacerdotes. O problema nem era o celibato, a castidade, porém a obediência, dali para frente com maior comprometimento e responsabilidade. Sair da zona de conforto era o grande problema. Escutar os leigos e as leigas, sem antes emitir ordens de que isso pode, aquilo não pode, desinstalava os clérigos em seu ministério.


São João Paulo II, na preparação do Grande Jubileu do encontro do segundo com o terceiro milênio, além de três anos estudando as três pessoas da Santíssima Trindade, insistiu que relêssemos cuidadosamente o livro dos Atos dos Apóstolos. A Igreja fez muitas plásticas, bioplastias e Botox? Investiu na Família e na Juventude com a criação das JMJs.


Desfiguramos a Igreja de Jesus Cristo quando ao invés de reler e assumir a origem apostólica romana, migramos para a Idade Média, ao Concílio de Trento, a uma Igreja meramente assistente, sem comprometimento. A Igreja não é um teatro ou mero espetáculo a ser assistido. Sou dessa época, porque fui coroinha em pleno Concílio e dia 4 de outubro fez 59 anos que (em 1964) fiz minha primeira comunhão. Os menos jovens do que eu, sabem do que estou falando.


Numa de suas visitas canônicas ao CEARP, o Pe. Boris foi contundente ao afirmar que nossa Teologia ou assume o Concílio Ecumênico Vaticano II, ou estará fadada a não produzir os frutos desejados. Mesmo assim alguns grupos dentro como fora da Igreja, dos Cursos de Teologia e, principalmente na sociedade que se denomina católica apostólica romana, demonstra aversão ao mesmo Concílio. Dom Moacir Silva, nosso Arcebispo Metropolitano, igualmente, tem insistido que o Concílio Ecumênico Vaticano II deverá nortear a vida acadêmica e eclesial de nossa Igreja particular. Até porque enquanto a comunhão não nos levar à participação efetiva da Igreja, não comungaremos, pelo contrário, dividiremos – misturando partidos políticos com ideologias e não assumiremos nossa MISSÃO de servidores e não mandantes. Acho muito antipáticas as expressões funções e cargos. Voltemos nosso olhar e nosso coração ao Lava-Pés da Quinta-Feira Santa. Gosto de chamar esse evento como o Sacramento da Humildade! 


Pe. Gilberto Kasper

         Teólogo